Usuário(a):Israel Lacerda/Testes
Coleção Histórica da Oficina Guaianases[editar | editar código-fonte]
O artista pernambucano Delano junto ao paraibano João Câmara, foram responsáveis juntamente com os impressores Alberto Souza Barros e Hélio Soares dos Santos, por iniciar um dos movimentos artísticos pernambucanos mais autênticos e significativos para Pernambuco e para o Brasil.
A Oficina Guaianases, onde esse movimento surgiu, foi uma casa-editora dedicada à prática das artes gráficas, especialmente a litografia. Resultou da formação de um grupo que passou a contar com artistas como Gil Vicente, José Carlos Viana, Francisco Neves, Luciano Pinheiro, Inalda Xavier, Maria Tomaselli, Thereza Carmen entre outros.
As litogravuras criadas entre 1975 a 1994 foram doadas à Universidade Federal de Pernambuco em 1995 e hoje formam a chamada Coleção Histórica da Oficina Guaianases. [1]
Oficina Guaianases[editar | editar código-fonte]
[[|thumb| Sem título, de Liliane Dardot ]] No ano de 1974, na Rua Guaianases do bairro recifense de Campo Grande, um pequeno grupo de artistas começou a se reunir despretensiosamente aos sábados para a produção de litografias no ateliê de João Câmara. Com o tempo essas litografias foram se popularizando entre os artistas e foi se transformando num movimento artístico local.
Com a popularização desse movimento, a Oficina passou a ser aberta para qualquer artista que tivesse interesse em participar. Muitos tiveram, e o crescente número de associados fez com que a Oficina se transformasse em uma espécie de organização sem fins lucrativos dedicada a essa arte. E portanto precisaram de um espaço físico maior.
Sendo assim em 1979, a Guaianases mudou-se para o Mercado da Ribeira, na Rua Bernardo Vieira de Melo, no sítio histórico de Olinda. Lá, sob a tutela de João Câmara Filho e Franklin Delano de França e Silva, ela deixou de ser somente um ateliê, e passou a ser também um Centro Artístico-Cultural, com uma galeria de exposição permanente das obras produzidas lá. Além de cursos, exposições, edições e publicações de livros e cartazes. Com o tempo a Oficina tomou repercussão e se tornou um movimento artístico com repercussão nacional.
Participaram da Oficina mais de 200 artistas de vários estados brasileiros. Além dos seus idealizadores João Câmara e Delano, se destacaram alguns como:
- Gilvan Samico
- Guita Chafifker
- Gil Vicente
- Humberto Carneiro
- Thereza Carmen
- Luciano Pinheiro
- José Carlos Viana
- Tereza Costa Rêgo
- Raul Córdula
- Romero de Andrade Lima
- Maria Carmen
- Maurício Arraes
- Maurício Silva
- Liliane Dardot
- Inalda Xavier
- Isa Pontual
- Jeanine Uchoa
- José de Moura
- Petrônio Cunha
- José de Barros
- José Paulo
- José Carlos Xavier
- Maria Tomaselli
- Mário Ricardo
- Marisa Lacerda
- Marisa Varella
- Rinaldo
- Teresa Pacomio
- Carlos Haarle
- Francisco Neves
- Nilza Torres
- Flávio Gadelha
- José Alves de Moura
- José Cláudio.[2]
Dos temas[editar | editar código-fonte]
Durante a década de 1970, período em que no Brasil se vivia a plena ditadura militar, os temas mais comuns nas litografias eram relativos à própria ditadura. Denúncias e contestações políticas são características da obra de João Câmara, bem como de outros também. Há muito erotismo, libertação sexual, lirismo e abstracionismo por parte dos artistas. Nos anos de 1980, houve uma diversificação dos temas que se aproximaram mais da pintura. Foi nessa década que a Prefeitura da Cidade do Recife publicou o álbum Imagens do Recife, contendo 15 litografias da Guaianases, de vários artistas, todas assinadas, timbradas e numeradas, com texto bilíngue, representando a cidade em seus mais variados aspectos como a praia de Boa Viagem, o Recife antigo, seu Porto, suas pontes, o frevo, mocambos, mangues e caranguejos.
Do fim[editar | editar código-fonte]
Em 1994, diante de dificuldades e crise administrativa o grupo se desfez. Em janeiro de 1995, em assembléia geral, com todos os membros convocados previamente por edital, a Oficina Guaianases foi dissolvida. Seu acervo, contendo matrizes de trabalhos em papel, construído ao longo de 21 anos, com 2036 litografias, duas prensas e em torno de 700 pedras litográficas, foram doados ao departamento de Teoria da arte, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e sua gestão passou para o mesmo departamento daquela Universidade, sendo chamada de Laboratório Oficina Guaianases de Gravura (LOGG).[3]
Sob a guarda de Mestre Hélio na Universidade Federal de Pernambuco[editar | editar código-fonte]
As litografias criadas entre 1975 a 1994 foram doadas à Universidade Federal de Pernambuco em 1995 e hoje formam a chamada Coleção Histórica da Oficina Guaianases. Em 1996, Mestre Hélio (Soares dos Santos), que já havia trabalhado como impressor na Oficina desde o final da década de 1970, aceitou o convite da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e voltando da Paraíba assumiu o Laboratório Guaianases (LOGG), instalado no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da mesma universidade. Lá ele limpou a poeira das antigas impressoras e todos os dias deixa sua casa, em Brasilit, no bairro da Várzea, no Recife, para orientar os aprendizes que frequentam a oficina.
"[...] o último reduto do que chegou a ser um dia a litografia artística pernambucana se esconde entre alunos que vão e vêm entre os corredores e afazeres letivos. Uma fortaleza de um sentinela sozinho, que dedica seus dias a lustrar e manter vivas as máquinas, pedras e práticas que outrora gravaram no papel um capítulo importante da produção de arte no Estado. Aos 68 anos, Hélio Soares dos Santos trabalha todo santo dia para preservar, contar e multiplicar a história de um ofício que o sagrou mestre, há várias décadas. Mas admite que está cansado. 'Triste não', diz o homem de sorriso fácil, que aposentou-se oficialmente há dois anos e se considera realizado com os carimbos da sua carteira profissional. 'Trabalhei muito. Fiz muita coisa. Até sucesso. Mas dá um trabalho danado ser famoso. Um dia decidi desacelerar.' "[4]
Embora tenham havido esforços por parte do mestre, não houveram tantos por parte da administração da Universidade que não costuma lhe atribuir estagiários, desse modo ele não teve como passar o ofício adiante. E agora que está se aposentando, as duas prensas e em torno de 700 pedras litográficas ficarão desativadas.[5]
Na Biblioteca do CAC[editar | editar código-fonte]
O acervo, no entanto, ficou sob a guarda da Biblioteca Joaquim Cardozo, do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, parte do acervo foi recuperado e digitalizado, através de projeto financiado pela Petrobras Cultural. 929 peças, parte significativa das 2036, têm autorização dos detentores dos direitos autorais e estão disponíveis para consulta no site do projeto.
A proposta teve como objetivo reconstituir parte da história cultural de Pernambuco e disponibilizar em rede, em meios ótico-magnético e impresso, uma base de dados constituída de mais de duas mil litografias. Conseguiu-se assim preservar e conservar o acervo através de medidas que visavam desacelerar o processo de degradação das obras por meio da climatização e tratamento de higienização e restauração. Além da preservação e reconstituição de parte da memória coletiva de Pernambuco, estimulará e subsidiará a pesquisa e a produção de trabalhos sobre a história cultural do país. Na execução do Projeto estão envolvidos professores do Departamento de Ciência da Informação ligados à linha de pesquisa Memória e Sociedade, bibliotecários, restauradores, técnicos em informática e estudantes de biblioteconomia e gestão da informação na condição de estagiários.
Para o Departamento de Ciência da Informação, idealizador do Projeto, "a iniciativa representa a oportunidade de ampliar, em tempo e espaço, o universo de possibilidades de consulta a uma parte importante da produção artística de Pernambuco"[6]
No Memorial Denis Bernardes[editar | editar código-fonte]
Em 2016 esse imenso acervo está se mudando de novo. A Universidade Federal de Pernambuco conta desde julho de 2013 com Memorial Denis Bernardes, que funciona na Biblioteca Central da mesma. O material que é recebido no Memorial Denis Bernardes por vezes precisa ser higienizado e algumas vezes restaurado. Por fim é inventariado, tombado, classificado, catalogado e indexado pelos bibliotecários e estagiários para que um dia possa ser digitalizado pelo Laboratório de Tecnologia da Informação da UFPE (Liber) para que seja disponibilizado online de maneira gratuita e pública para qualquer um que tiver interesse.[7]
O Memorial já conta com diversos fundos documentais, Como parte da biblioteca pessoal de Methódio Romano Albuquerque Maranhão (1864 - 1951), a correspondência privada do conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira (1835 - 1919), o acervo pessoal de poemas e escritos filosóficos do Pe. Daniel dos Santos Lima (1916 - 2012), a biblioteca pessoal do professor de direito Ruy da Costa Antunes, a biblioteca pessoal de Joaquim Cardoso (1897 - 1978), o acervo de clippings reunidos por Marcos Freire no período entre 1952 e 1985, cerca de 15 mil fotografias da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (ASCOM), cerca de 11 mil discos de vinil da Rádio Universitária e aproximadamente 200 fitas U-Matic com programações da TV Universitária, o arquivo administrativo da antiga Faculda de Medicina (do Recife), o arquivo administrativo da Escola de Belas Artes de Pernambuco, a Produção Intelectual da Universidade (PIU) composto pelas publicações escritas por servidores, ex-servidores e pós-graduados, e ainda todas as teses e dissertações da instituição.[8]
A Coleção Histórica da Oficina Guaianases está sendo transferida para o MDB graças aos constantes esforços do professor Maurício Rocha de Carvalho, coordenador do Memorial, dos bibliotecários do lugar e de terceiros que têm interessa na preservação e divulgação da obra. Lá as 2036 litografias, que medem entre 25 e 70 centímetros, estarão seguras enquanto patrimônio artístico e enquanto memória de Pernambuco e do Brasil.[9]
Algumas exposições[editar | editar código-fonte]
- Em junho de 2008, o Consulado Geral do Brasil em Nova York, com produção da Universidade Federal de Pernambuco e o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, sediou a exposição Oficina Guaianases e Laboratório OGG da UFPE: "Tradição e Experimentação", apresentando litografias produzidas no período 1975-1994, além de trabalhos de professores do Laboratório Oficina Guaianases de Gravura (LOGG) da UFPE.[10]
- O Museu da Abolição-MAB em parceria com o Departamento de Teoria da arte e Expressão Artística da Universidade Federal de Pernambuco realizaram a exposição: "Oficina Guaianases de Gravuras: O Olhar Feminino", sob a curadoria do artista plástico Rinaldo Silva. Aconteceu entre os dias 25 e 30 de julho de 2014, na Rua Benfica, nº 1150, Madalena, Recife – PE[11]
- Em fevereiro de 2009, a Galeria Capibaribe, no Centro de artes e Comunicação da UFPE, realizou a exposição Oficina Guaianases de Gravura - Anos 70, divulgando peças do acervo doado à UFPE, que vai do popular ao erudito de inspiração popular, além de produções abstratas de arte moderna e contemporânea. Grande parte da coleção é de arte figurativa, com predominância de figuras femininas.[12]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- ↑ «ACERVO GUAIANASES EM EXPOSIÇÃO NO IAC». Instituto de arte contemporânea. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ «Oficina Guaianases de gravura». basilio.fundaj.gov.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Administrator. «Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Wallerstein, Caio. «Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Clipping» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ «Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Clipping» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ [https://www.ufpe.br/guaianases/modules/home/projeto.php «:: cole��o hist�rica - - Oficina Guaianases de Gravuras :»]. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016 replacement character character in
|título=
at position 8 (ajuda) - ↑ SMPB. «Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Memorial Denis Bernardes recebe acervos históricos» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Góis, Elilson. «Universidade Federal de Pernambuco - Sistema Integrado de Bibliotecas» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ «Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Memorial Denis Bernardes recebe acervos históricos» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Administrator. «Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Obras da Oficina Guaianases de Gravura são expostas em Nova York» 🔗. www.ufpe.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ «Noticias - Museu da Abolição». museudaabolicao.museus.gov.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ UFPE, Assessoria de Comunicação Social da. «CAC expõe célebre acervo da Oficina Guaianases». www.revistacontinente.com.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2016