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Da Torre de São Vicente - Francisco de Arruda[editar | editar código-fonte]

A Torre de São Vicente construída estrategicamente na margem norte do rio Tejo entre 1514 e 1520, a Torre de Belém é um ícone da arquitectura do reinado de D. Manuel I. O monumento faz uma síntese entre a torre de menagem de tradição medieval e o baluarte, mais largo, com a sua casa-mata onde se dispunham os primeiros dispositivos aptos para resistir ao fogo de artilharia.

Ao longo do tempo a Torre de Belém foi perdendo a sua função de defesa da barra do Tejo e, a partir da ocupação Filipina, os antigos paióis deram lugar a masmorras. Nos quatro pisos da torre, mantêm-se a Sala do Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e, finalmente, a Capela com as suas características abóbadas quinhentistas.

A Torre de São Vicente (1514) pertence a uma formação de defesa da bacia do Tejo mandada erigir por D. João II, que é composta a sul pela torre de São Sebastião da Caparica (1481), a oeste com a torre de Santo António em Cascais (1488).

O Estilo da Torre de São Vicente[editar | editar código-fonte]

Em 1495 O Rei D. Manuel torna-se uma figura importante do comércio internacional, visto que Vasco da Gama e posteriormente Álvares Cabral estabelecem rotas marítimas com a Índia, Goa e Malaca, África e Brasil, trazendo e oferecendo produtos exóticos. Essas experiências e conhecimentos levam à definição das características do estilo Manuelino, representado nos seus monumentos.[1] (David, 2005, p. 206) Portugal está associado muito especialmente ao estilo Manuelino, designação adquirida pelas obras decorrentes no reinado de D. Manuel I, entre 1495 e 1521. De alguma maneira esse estilo, segundo o autor, advém de contaminações do estilo Isabelino de Espanha, elaborado e ostentativo.[2] (David, 2005, p. 205) A Torre de São Vicente é um exemplo de transição entre a arquitectura militar da Idade Média e o Renascimento, de uma forma consonante aliada à boa maneira Manuelina, a massa de uma recuada torre quadrangular de índole medieval, com aproximadamente trinta metros de altura, num corpo avançado de "embasamento" e base, reforçando a horizontalidade e abraçando a forma hexagonal irregular, com quarenta metros de comprimento, orientados para sul e para o Tejo, visando desarmar com as suas baterias de fogo, colocadas no baluarte "acasamatado", qualquer tentativa de assalto por via marítima.[3] (Garcia, 2014, p. 40) A conotação da forma volumétrica da torre de pedra com uma nau traduz beleza, originalidade e inovação.

Do Arquitecto Francisco de Arruda[editar | editar código-fonte]

As características arquitectónicas de Francisco de Arruda, de Diogo de Arruda e conjuntamente com as do mestre Diogo de Boytac, resultaram na inclusão das influências mediterrânicas e nórdicas do tardo-gótico no panorama arquitectónico português, sagrando-se assim como expoentes do Manuelino na arquitectura de então. O uso sistemático de volumes cilíndricos, recorrentes da retórica militar como uma configuração de iconologia arquitectónica. Encontra-se a recorrência nas suas obras através de uma decoração hiper-realista, repleta de alusões à natureza como folhas ou animais e a objectos concebidos pelo homem, assim como representações de simbologia heráldica.[4] (Garcia, 2014, p. 43) Francisco de Arruda faz na exaltação dos elementos fundamentais do manuelino, o gosto pelos volumes puros, bem definidos e globais em termos de desenho, e dá ênfase na arquitectura, às aplicações ornamentais, profusas de carácter popular, ao invés das eruditas, com registos imediatistas acerca da função do edifício, ou pela liberdade obtida para transpor um novo discurso icónico nas orlas das construções, tudo isto faz com que a elocução da imponência do edificado desponte e concorra para uma exposição emblemática.

De Francisco de Arruda desconhece-se a data do seu nascimento, sabe-se que é oriundo de uma família de arquitectos de reconhecido gabarito na época, sediada em Évora. Irmão mais novo de Diogo de Arruda e pai de Miguel de Arruda, foi arquitecto e escultor, esteve ao serviço dos Reis de Portugal, tendo sido responsável pelo traçado e construção da Torre de São Vicente.[5] (Pereira, 2005) É incumbido como responsável pelas obras de reabilitação e conserto das fortificações de Moura, Mourão e Portel, mas para além de reparar as muralhas, insere no castelo torres semicirculares que são já uma postura de transição do estilo neuro-balística para a piro-balística . [6](Dias, 2009, p. 27) Constrói para D. Jaime, Duque de Bragança, os Paços do Castelo de Portel, e a Capela de São João Baptista, esta possui na parede "testeira" recta, dois volumosos "botaréus" cilíndricos na base e octogonais daí para cima, coroados por "pináculos" cónicos de "torsos" antecedidos de uma moldura encordoada. Posteriormente continua em 1512 no Convento de Cristo em Tomar. Francisco parte com Diogo ao Norte de África, a Safim e Mazagão, em 1513, incumbidos de trabalhar na praça-forte de Azamor.[7] (Garcia, 2014, p. 25)

Com o falecimento de Diogo de Arruda em 1531, Francisco aproxima-se sentimentalmente e progressivamente à cultura humanista. As suas obras seguintes vão dando mostras de uma erudição renascentista, ou "proto" renascentista. [8](Garcia, 2014, p. 25) Em 1547 termina os seus dias de vida. Sem confirmação é-lhe ainda atribuída a construção da Casa dos Bicos, em Lisboa, e o Palácio da Bacalhoa, na sua fase inicial (1530) onde são evidentes duas grandes torres cilíndricas com cobertura de gomos, semelhantes às da Torre de São Vicente.[9] (Dias, 2009, p. 27)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.

Referências

  1. David, W. (2005). A history of western architecture (4 ed.). London.
  2. David, W. (2005). A history of western architecture (4 ed.). London.
  3. Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.
  4. Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.
  5. Pereira, P. (2005). Torre de Belém. London: Publicações Scala.
  6. Dias, P. (2009). Arte Portuguesa: Arquitectura Manuelina (Vol. Vol. 5). Arte e Edições, Lda.
  7. Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.
  8. Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.
  9. Dias, P. (2009). Arte Portuguesa: Arquitectura Manuelina (Vol. Vol. 5). Arte e Edições, Lda.