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O Reino de Epiro (em grego: Ηπειρος) foi um estado grego antigo. Situado no noroeste da Grécia, em uma região montanhosa com o mesmo nome. Localizado entre a Ilíria ao norte, pela cordilheira de Pindos a leste e com o mar Jónico a oeste, era habitada por três tribos: molossos, dólopes e fags. Entre as tribos, prevaleceu no século VI. a.C. a dos Molossos, que conseguiu formar uma confederação. A língua materna era o dialeto grego chamado ocidental.
História
[editar | editar código-fonte]Entre 430 e 390 a. C., há registro de um rei chamado Taripas, que em sua juventude viveu e foi educado em Atenas. Em seu retorno organizou o reino sob uma nova lei e introduziu um senado e magistrados eleitos anualmente para a rege-lo. Destacou-se por aproximar Epiro da civilização helênica. Segundo Aristóteles, os reis de Molosia possuíam certas restrições legais sobre o uso do poder, os reis não eram absolutos como os macedônios. Os primeiros relatos de uma intervenção externa datam do reinado de Alcetas, que apoiou Dionísio I em sua campanha no Adriático, em 379 a. C.
Epiro se manteve neutro e imóvel, alheia a política grega durante grande parte de sua existência, mesmo nas Guerras Médicas. A chegada de Alexandre I de Epiro produziu uma mudança na sua história. Alexandre, o Molosso ascendeu ao trono graças ao seu cunhado Filipe II da Macedónia. Alexandre I, paralelamente com as campanhas de Alexandre, o Grande, seu sobrinho, interveio para ajudar o povo de Tarento contra os povos de Brucia e Lucania. Ele começou sua campanha na Itália, em 338 a.C. , conseguindo vitórias significativas, pelas quais os romanos firmaram um tratado de paz e amizade. Mais tarde, ele tentou implementar a sua soberania sobre as cidades as quais dava proteção, o que fez com que os tarentinos e outras cidades da Magna Grécia se unissem contra ele e travassem uma batalha, na qual ele foi derrotado e morto. Morto Alexandre, o Molosso, Epirus adotou uma monarquia dupla, semelhante a diarquia espartana[1].
Guerras Pírricas
[editar | editar código-fonte]Ver artigo principal: Guerras Pírricas
No século III a.C., um novo rei chamado Pirro auxiliou de novo as cidades gregas da Magna Grécia contra os "bárbaros". Entre 280 a.C. e 275 a.C., Pirro realizou duas grandes campanhas, em um esforço para proteger e estender a influência grega no Mediterrâneo Ocidental: um contra o crescente poder da república romana que ameaçava as colônias gregas no sul da Itália, e a outra contra Cartago em uma nova tentativa de manter a influência grega na Sicília.
A concentração sob o mesmo comando das cidades gregas da Itália e Sicília teve como consequência imediata a coalizão de Cartago e Roma[2]. Pirro conseguiu desembarcar sem obstáculo na Sicília, imediatamente levantando o cerco de Siracusa, reuniu em pouco tempo todas as cidades gregas da ilha, liderando a confederação siciliana, e tomou dos cartagineses quase todas as suas possessões. Cartago pode apenas manter a fortaleza de Lilibea graças a sua esquadra[3]. Depois de conquistar a Sicília começou a construir uma poderosa frota nos estaleiros de Siracusa, para servir como um elo entre todos as suas possessões e garantir a sua segurança. No entanto, sua política interna minou seu poder, ao governar como um rei absoluto e não respeitar as assembleias dos cidadãos e estabelecer as leis, baseado na sua própria vontade. Por isso algumas cidades sicilianas se posicionaram novamente de acordo com Cartago[4].
Acreditando ter assegurado seu poder na Sicília, Pirro retomou as hostilidades na Itália, mas sofreu uma derrota naval que precipitou a queda do reino síciliano-epirota. As cidades sicilianas abandonaram Pirro e se recusaram a fornecer homens e dinheiro. Ele foi finalmente derrotado em Benevento e voltou para Epiro, deixando uma pequena guarnição em Tarento. Mais tarde, ele continuou a sua luta contra a Macedônia, ajudando as cidades gregas do Peloponeso a livrarem-se do jugo macedónio. Foi morto em uma emboscada em Argos. Depois de sua morte Tarento entregou-se a Roma em 272. a.C.[5]
Fim do Reino
[editar | editar código-fonte]No ano de 232 a.C., se tornou uma república submetida ao reino da Macedônia, transformando o país em um estado fantoche que durou até o Epiro ser conquistada pelos romanos em 167 a.C., tornando-se parte da República Romana.
Os recursos financeiros
[editar | editar código-fonte]Seus habitantes cultivavam a oliveira e a vinha, viviam do mar e em áreas montanhosas dedicavam-se ao pastoreio de ovinos e caprinos.
Organização
[editar | editar código-fonte]Estrutura política do mundo grego antigo (8 a.C. – 5 a.C.). Na antiguidade, Epirus foi colonizada pelas mesmas tribos helênicas nômades que colonizaram o resto da Grécia[6]. Ao contrário da maioria dos outros gregos da época, que viviam em cidades-estados ou em torno delas, como Atenas ou Esparta, os Epirotes viviam em pequenas aldeias e seu modo de vida era estranho ao da polis dos gregos do sul. Sua região estava na fronteira do mundo grego e estava longe de ser pacífica; por muitos séculos, manteve-se uma área de fronteira contestada com os povos Ilíricos da costa do Adriático e do interior. No entanto, Epirus teve uma importância religiosa muito maior que se poderia esperar, dado o seu afastamento geográfico, devido à presença do santuário e oráculo de Dodona, considerado o segundo mais famoso depois do oráculo de Delfos[7].
Cultura
[editar | editar código-fonte]Os Epirotes falavam "epichoric" um dialeto do noroeste grego, diferente do dório das colônias gregas nas ilhas jônicas, e portadores de nomes em sua maioria gregos, como evidenciado pela epigrafia. Eles parecem ter sido considerado com algum desdém por alguns escritores gregos clássicos. No século 5 a.C. o historiador Tucídides descreve-os como "bárbaros" em sua História da Guerra do Peloponeso[8], assim como Estrabão em sua Geografia[9]. Outros escritores, como Dionísio de Halicarnasso[10], Pausanias[11], e Eutrópio[12], descrevem-nos como gregos. Simon Hornblower interpreta os comentários vagos, e às vezes até antitéticos, de Tucídides sobre os Epirotes como o reconhecimento de que eles não eram nem completamente "bárbaros" nem completamente gregos, mas semelhantes a este último. Nicholas Hammond opina que a principal estrutura social das Epirotes era a tribo e que falavam um dialeto grego oriental[13].
Plutarco menciona um elemento cultural interessante dos Epirotes sobre o herói grego Aquiles. Em sua biografia do rei Pirro, ele afirma que Aquiles "tinha um status divino no Epiro e no dialeto local, ele foi chamado Aspetos" (que significa indizível, indizivelmente grande, em grego homérico)[14].
Referências
- ↑ *Juniano Justino Epítome de las Historias Filípicas de Pompeyo Trogo, viii.6, ix.6, xii.2 Tito Livio, Historia de Roma desde su fundación, viii.3, 17, 24 Aulo Gelio, Noches Áticas, xvii.21.
- ↑ Mommsen, Theodor Historia de Roma, vol. I, "Alianza de Roma y de Cartago tercera campaña de Pirro, su llegada a Sicilia".
- ↑ Mommsen, Theodor, Historia de Roma, vol. I, "Decae la Guerra en Italia. Pirro, Dueño de Sicilia".
- ↑ Mommsen, Theodor, Historia de Roma, vol. I, "Gobierno de Pirro en Sicilia. Vuelta del Rey a Italia".
- ↑ Mommsen, Theodor Historia de Roma, vol.I, "Caída del reino sículo-epirota renovación de las hostilidades en Italia".
- ↑ Borza 1992, p. 62; Minahan 2002, p. 578.
- ↑ Hammond, 1967.
- ↑ Tucídides , História da Guerra do Peloponeso 1,8
- ↑ Estrabão , Geografia.
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas.
- ↑ Pausânias, Descrição da Grécia.
- ↑ Eutropius. Abridgment of Roman History (Historiae Romanae Breviarium).
- ↑ Hammond 1998: "Epirus was a land of milk and animal products...The social unit was a small tribe, consisting of several nomadic or semi-nomadic groups, and these tribes, of which more than seventy names are known, coalesced into large tribal coalitions, three in number: Thesprotians, Molossians and Chaonians...We know from the discovery of inscriptions that these tribes were speaking the Greek language (in a West-Greek dialect)."
- ↑ Cameron 2004, p. 141.