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Usuário(a):Lvlbomfim/Testes

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Segregação espacial[editar | editar código-fonte]

A segregação espacial é um processo histórico que configura a separação de grupos sociais ou étnicos dentro de um determinado espaço. O processo, que é estudado e debatido por especialistas do ramo das ciências humanas e sociais, é ocasionado pela classe mais alta da sociedade[1], uma vez que essa camada tende a adaptar o espaço urbano de acordo com seus interesses, produzindo dessa maneira, a segregação sócio-espacial e exercendo controle do espaço urbano.

Modelos de segregação[editar | editar código-fonte]

O primeiro modelo de segregação,proposto pelo geógrafo alemão J. G Kohl, surge em 1841, e frisava que o centro da cidade era habitado pela classe alta e a periferia pelos pobres. Em 1920, o sociólogo Ernest Burguess, propõe: a classe alta migra para a periferia em busca de qualidade de vida, enquanto os mais pobres vão em direção ao centro, por ser mais vantajoso em relação à trabalho[2]. No entanto, essas duas hipóteses são derrubadas pelo modelo proposto pelo economista Hyot, que diz: “o padrão de segregação não seguia um tipo concêntrico, mas em setores a partir do centro, onde a região de maiores amenidades era ocupada pela classe de mais alta renda, sendo circundada pela classe média e estando a classe pobre localizada diametralmente oposta.”

[1]Existem dois modelos de segregação espacial que vigoram no Brasil: a segregação voluntária e a involuntária. Na primeira, há opção de escolha a respeito de onde residir, um privilégio recorrente aos mais abastados da sociedade, e a segunda, acontece como uma consequência da primeira, uma vez que a outra camada da sociedade reside, geralmente ás margens da cidade, em áreas periféricas. O padrão segregacionista nessas áreas, junto à carência na qualidade dos serviços ofertados pelo poder público, confere a esses locais um impacto em diversos aspectos, seja cultural, educacional, social ou econômico[3].

Espaços privatizados[editar | editar código-fonte]

Nesse segmento, salienta-se o crescimento dos chamados espaços privatizados, como condomínios fechados, onde as classes média e alta tendem segregar-se ao trazer as atividades comuns da cidade para dentro dessas fortalezas, a fim de evitar contato com o “externo”. Essa forma de segregação acontece, principalmente, em razão do medo da violência nos grandes centros urbanos. Ao analisar a situação em São Paulo, é possível notar que, mesmo segregando-se por temer a criminalidade, essas pessoas dependem constantemente dos seus empregados, que na maioria das vezes residem do lado de fora desses locais. Fazendo uma comparação entre São Paulo, considerado uma das maiores metrópoles do mundo, e Los Angeles, nos Estados Unidos, nota-se que esses enclaves fortificados tendem a ser, em alguns aspectos, menos rígidos nos EUA do que no Brasil, mas, apesar disso, a segregação, ainda que sob diferentes contextos, está presente nas duas cidades de formas semelhantes, especialmente no que diz respeito ao preconceito contra quem está do “lado de fora”.[4]

Conclusão[editar | editar código-fonte]

Existe uma dificuldade em encontrar o melhor caminho para estudar e entender explicitamente a segregação urbana. É preciso, primeiramente, entender a produção do espaço urbano como produto produzido pelo trabalho do homem, como por exemplo, o movimento pendular que ocorre diariamente na cidade de São Paulo. Um dos problemas da segregação se faz presente, também, a partir do princípio de que a desigualdade econômica e o poder político são as bases para explicação de diversos aspectos da sociedade brasileira[5].

Diante disso, é importante frisar a desigualdade social como um dos principais fatores contribuintes para a segregação espacial, uma vez que, os mais ricos são beneficiados pelo ciclo vicioso de controlar o espaço, produzir a segregação e sustentar essa realidade por meio da própria segregação, enquanto a classe baixa se vê, quase sempre, a mercê desse controle.

  1. a b Villaça, Flávio (2000). «O Espaço Intra-Urbano no Brasil, 2 ed. p 360». O espaço intra urbano no Brasil 
  2. Corrêa, Roberto Lobato (30 de abril de 2011). «AS PEQUENAS CIDADES NA CONFLUÊNCIA DO URBANO E DO RURAL». GEOUSP: Espaço e Tempo (Online) (30). 5 páginas. ISSN 2179-0892. doi:10.11606/issn.2179-0892.geousp.2011.74228 
  3. Harvey, David (1976). «Teoría revolucionaria y contrarrevolucionaria em Geografía y el problema de la formación del ghetto». Revista Geo Crítica 
  4. CALDEIRA, TERESA PIRES (1996). «Enclaves fortificados: a nova segregação urbana» (PDF). Public Culture 
  5. Villaça, Flávio (1 de abril de 2011). «São Paulo: segregação urbana e desigualdade». Estudos Avançados. 25 (71): 37–58. ISSN 1806-9592