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Usuário(a):M.Matrangolo/Revolução Científica

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A Revolução Científica é geralmente considerada como um período de transformação e criação do pensamento científico moderno. Esta série de transformações teriam acontecido entre os séculos XVI e XVII na Europa e se expressado no desenvolvimento de novos métodos e teorias na física, matemática, astronomia, biologia e química. Os primeiros usos deste rótulo se deram em obras de divulgação científica e de historiografica sobre a história da ciência no começo do século XX. Nas últimas décadas, a noção de Revolução Científica tem passado por diversas revisões, sobretudo no que diz respeito a sua implicação em uma ruptura total com os saberes antigos, medievais e renascentistas.

[Adaptar a partir da Intro do verbete em espanhol e em francês, cotejando com italiano]

Essa ideia, no entanto, se origina de uma narrativa criada durante o século XX. Devido ao fato de que o mundo pós 1ª guerra mundial buscava fundar novas bases distantes das trágicas consequências dos grandes conflitos armados, nacionalismo e divisão racial, era preciso estabelecer uma educação progressiva, centrada nos direitos humanos, cooperação e ciência, capaz de transformar a maneira de pensar, sendo essencialmente científica. Dessa forma, com o intuito de resgatar aquilo que deu origem a estes novos ideais, busca-se na Europa do século XVII as bases da modernidade. [Correto, mas muito aprofundado para o verbete]

[Desenvolver uma linha do tempo narrativa dos usos da expressão: Ornstein, Robinson, Butterfield, Koyré etc.]

História do termo [novo cabeçalho]

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O termo Revolução Científica e as obras de Herbert Butterfield e Alexander Koyré são reconhecidamente associados. Contudo, sua narrativa mestre, que explica como a revolução científica do século XVII cria a ciência do mundo moderno/contemporâneo, os precede. Na verdade, o conceito de Revolução Científica é uma consequência dos debates acerca da reconstrução social dos Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial, e foi promovido por Martha Ornstein e James Harvey Robinson.

Segundo Ornstein e Robinson, as ideias sobre a natureza desenvolvidas na Europa dos séculos XVI e XVII seriam um dos maiores, se não o maior desenvolvimento intelectual da história e, por isso, teriam fundado o mundo ocidental [referência]. Em busca das origens do mundo contemporâneo, Ornstein e Robinson entenderam o desenvolvimento das Ciências da Natureza e Exatas como uma linha evolutiva cujo ponto inicial teria sido a chamada Revolução Científica.

[Ver o verbete em espanhol sobre o costume de se usar a categoria "revolução" na historiografia sobre a história da ciência. Colo abaixo:


Los avances en la ciencia han sido llamados "revoluciones" desde el siglo xviii. En 1747, Clairaut escribió que «se decía que Newton en vida había creado una revolución».​ La palabra también fue usada en 1789 en el prefacio de la obra de Antoine Lavoisier anunciando el descubrimiento del oxígeno. «Pocas revoluciones en la ciencia han excitado inmediatamente tanta expectación general como la introducción de la teoría del oxígeno... Lavoisier vio su teoría aceptada por todos los hombres más eminentes de su tiempo, y se estableció en gran parte de Europa en pocos años desde su primera publicación».

En el siglo xix, William Whewell estableció la noción de una revolución en la ciencia misma (o el método científico) que había tenido lugar en el siglo xv-xvi. Entre las más visibles de las revoluciones que han experimentado las opiniones sobre este tema, está la transición de una confianza implícita en las facultades internas de la mente del hombre a una profesa dependencia de la observación externa; y de una veneración ilimitada por la sabiduría del pasado, a una ferviente expectativa de cambio y mejora."​ Esto dio lugar a la visión común de la revolución científica de hoy en día:

«Una nueva visión de la naturaleza surgió, reemplazando la visión griega que había dominado la ciencia durante casi 2000 años. La ciencia se convirtió en una disciplina autónoma, distinta de la filosofía y la tecnología; y llegó a ser considerada por tener objetivos utilitarios».

]


Termos como “revolução” e “revolucionário” no sentido de quebra de paradigma e total reorientação ideológica são imbuídos às ideias desse período, em grande parte devido a Ornstein. Seu papel se destaca e é original pois defende uma ruptura no começo do XVII

[Não cabe análise]

, usando expressões que associam este século com revolução. Ademais, afirmava que durante o século XVI haveria ocorrido uma mutação de grandes agentes singulares, grandes gênios revolucionários- em sua maioria homens de fácil identificação e mais próximos daquilo que se prezava como ideal pelo ocidente moderno. Nesse sentido, via o caráter revolucionário de suas ideias como característica de um evento maior, que perpassava uma quebra de paradigma geral na história. O livro de Ornstein atingiu um público seleto e foi a primeira expressão de uma agenda progressista e pragmática da História da Ciência, colocando a ideia de uma revolução científica no mapa cultural. Assim, foi a primeira a aliar a linguagem de revolução na ciência do XVII com o movimento que estava se tornando conhecido como New History.   

Outro livro de grande importância para a difusão dessa visão é “Mind in the Making” de James Harvey Robinson, seguindo a mesma concepção progressista e teleológica que impunha aos séculos XVI e XVII a finalidade de fundar a ciência moderna através de uma grande revolução. O diferencial desta obra é o escopo e alcance no qual foi espalhada. O interesse transformativo da New History não só era convincente e interessante, mas também vendia muito. O público-alvo ao qual livros como os de Robinson eram direcionados se fascinava em poderem afirmar quais as transformações sociais eram necessárias, distanciados dos eventos em si. Contudo, não só intelectuais de poltrona se interessaram, Mind in the Making se popularizou entre estudantes e até mesmo militares, com versões acessíveis. Ainda assim, o que mais contribuiu foi a adição de seu conteúdo no sistema educacional americano, aproximando a história europeia com os avanços democráticos estadunidenses, propondo a ciência como a verdadeira liberdade, fruto do pensamento crítico. É deste modo que a New History se tornou uma das mais poderosas campanhas pela inovação na educação nos Estados Unidos. Koyré publica seu artigo apenas após todos esses eventos, mas fica popular pois publica o primeiro artigo com o termo em língua inglesa.  

Autores como George Sarton e Carl Becker já notávam à época de Robinson e Ornstein que a problemática de suas obras era cristalizar transformações históricas complexas em um termo abrangente. Enquanto se falava em revoluções em disciplinas específicas, ainda não tinha sido pensado em um sentido que abrangesse um período completo. As transformações, como afirma Becker, seriam mais no sentido de uma evolução que uma revolução. Porém, apesar de não fazerem menção a uma Revolução que englobasse todo o período, as obras faziam uso amplo da linguagem revolucionária, o que encoraja os leitores a pensar na ciência por meio do drama de uma revolução.

Dessa forma, o desejo de imaginar um certo tipo de passado nos livros de História coloca a Revolução Científica dentre as outras grandes revoluções, uma vez que defendia o viés antiguerra, liberal, defensor da liberdade da religião e exemplo do triunfo ocidental sobre o resto do mundo. Ainda que tenha havido tentativas de questionar o estabelecimento dessa proposição, a redução simplista da Revolução Científica perdura, reforçando o papel de grandes homens brancos e a marginalização de povos não europeus.

Na história da ciência, chama-se Revolução da Científica ao período que começou no século XVI e prolongou-se até o século XVIII.[1][2] Começou

[a partir daqui se conectaria com o primeiro parágrafo - Logo, na era renacentista...]

na era renascentista, dava-se ênfase na experiência e na razão para que os na sequência deste espírito crítico. Osconhecimentos fossem só eram considerados corretos, depois de confirmados pela experiência e razão, surgindo assim o método experimental ou científico. Os defensores desse termo argumentam que a A partir desse período, a Ciência, que até então estava atrelada à Teologia, separa-se desta e passa a ser um conhecimento mais estruturado e prático. Para eles, as causas principais da revolução podem ser resumidas em: Renascimento cultural e científico, a imprensa, a Reforma Protestante e o hermetismo.[1] A expressão "revolução científica" foi criada por Alexandre Koyré, em 1939. Em seguida, foi popularizada por Thomas Kuhn.[3] muito utilizada por nomes como Alexandre Koyré, Thomas Kuhn, Herbet Butterfield, Martha Ornstein e James Harvey Robinson.

O Renascimento trouxe como uma de suas características o humanismo. Esta corrente de pensamento e comportamento pregava a utilização de um senso crítico mais elevado e uma maior atenção às necessidades humanas ao contrário do teocentrismo da Idade Média, que pregava a atenção total aos assuntos divinos e, portanto, um senso crítico menos elevado. Este maior senso crítico exigido pelo humanismo permitiu ao homem observar mais atentamente os fenômenos naturais em vez de renegá-los à interpretação da Igreja Católica.

Modelo heliocêntrico do Sistema Solar no manuscrito de Nicolau Copérnico

Houve antes muitas teorias revolucionárias que diferem na intensidade com que influenciaram o pensamento humano. Algumas representaram profundas modificações na forma do homem examinar a natureza, como por exemplo, a introdução de um tratamento matemático na descrição dos movimentos dos planetas, introduzida pelos babilônios e depois aperfeiçoada pelos gregos. Outras representaram microrrevoluções, como o sistema de classificação de seres vivos, introduzida por Aristóteles.

Eventos marcantes da revolução científica, no início do século XVI, foram a publicação das obras De revolutionibus orbium coelestium ("Das revolucões das esferas celestes") por Nicolau Copérnico e De Humani Corporis Fabrica ("Da Organização do Corpo Humano") por Andreas Vesalius. A publicação do Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, por Galileu Galilei e o enunciado das Leis de Kepler impulsionaram decisivamente a revolução científica.

Ao se entender as mudanças desses séculos como uma Com a referida revolução, é possível dizer que a ciência moderna, mudou sua forma e sua função, passando a ser repensada nos moldes de uma na nova sociedade que emergia estava emergindo nesta época. Os objetivos do homem da ciência e da própria ciência acabaram sendo redirecionados para uma era livre das influências místicas da Idade Média. guiavam se agora pela experiência e pela razão.

A Fabrica é conhecida por suas ilustrações detalhadas de dissecações humanas, frequentemente em posições alegóricas.

A imprensa, após a invenção do tipo móvel por Johannes Gutenberg, disseminou-se neste período e desempenhou um papel fundamental na revolução científica.[1]Assim, desapareciam os erros de interpretação e cópia que acabavam por deturpar as traduções na época dos pergaminhos. A impressão em vernáculo permitiu uma maior divulgação de material se comparado aos escritos em latim, que eram compreendidos apenas pelos estudiosos desta língua.[1]

Enquanto isso, a reforma religiosa impactou participou de modo decisivo a organização do conhecimento do desencadeamento da revolução científica. Os reformistas pregavam que uma forma de se apreciar a existência de Deus era através das descobertas na ciência e por isto estas foram incentivadas, proporcionando uma propulsão ao desenvolvimento da revolução científica.

Finalmente, o hermetismo selou a revolução, na medida em que representava um conjunto de ideias quase mágicas, mas que exaltavam a concepção quantitativa do universo, encorajando o uso da matemática para relacionar grandezas e demonstrar verdades essenciais. A difusão da matemática criou um ambiente propício para o desenvolvimento de um método científico mais rigoroso e crítico, o que modificou a forma de fazer ciência.

Não é necessário enumerar As consequências deste período na história da ciência foram inúmeras. Todos os gGrandes desenvolvimentos posteriores talvez não tivessem sido possíveis sem a mudança no paradigma científico da época. No entanto, a reestruturação científica. como toda revolução, esta não ocorreu de maneira isolada ou por motivos próprios, mas foi consequência principalmente de uma nova sociedade imbuída em novas ideias historicamente localizadas.

A problemática do termo [Era o que estava no começo que para indicar marquei como rasura]

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Apesar da grande difusão da ideia de uma Revolução científica como um evento da época moderna, como explicado acima, o uso desse termo Essa ideia, no entanto, pode e deve ser localizado historicamente. Ele se origina de uma narrativa criada durante o século XX. Devido ao fato de que o mundo pós 1ª guerra mundial, buscava fundar novas bases distantes das trágicas consequências dos grandes conflitos armados, do nacionalismo e da divisão racial, era preciso estabelecer uma educação progressiva, centrada nos direitos humanos, na cooperação e na ciência, capaz de transformar a maneira de pensar, sendo essencialmente científica. Dessa forma, com o intuito de resgatar aquilo que deu origem a estes novos ideais, busca-se na Europa do século XVII as bases da modernidade e, mais especificamente, da ciência moderna.

O termo Revolução Científica e as obras de Herbert Butterfield e Alexandre Koyré são reconhecidamente associados. Contudo, sua narrativa mestre, que explica como a revolução científica do século XVII cria a ciência do mundo moderno/contemporâneo, os precede. Na verdade, o conceito de Revolução Científica é uma consequência dos debates acerca da reconstrução social dos Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial, e foi promovido por Martha Ornstein e James Harvey Robinson.

Segundo estes pensadores anteriores a Butterfield e Koyré as ideias desenvolvidas nos séculos XVI e XVII seriam o teriam sido o maior desenvolvimento intelectual, que teria fundado o novo mundo, isto é, o mundo ocidental. A fim de buscar um passado que refletisse esse desenvolvimento essas características, buscando as origens da modernidade, Ornstein e Robinson traçaram uma linha evolutiva das ciências, além de defenderiam o questionamento crítico, centrado no método científico, e viam a relevância da história da ciência como meio de resolver problemas sociais.

Termos como “revolução” e “revolucionário”, no sentido de quebra de paradigma e total reorientação ideológica, são imbuídos às ideias desse período, em grande parte devido a Ornstein. Seu papel se destaca e é original, pois defende uma ruptura no começo do XVII, usando expressões que associam este século com revolução. Ademais, afirmava que durante o século XVI haveria ocorrido uma mutação de grandes agentes singulares, grandes gênios revolucionários em sua maioria homens de fácil identificação e mais próximos daquilo que se prezava como ideal pelo ocidente moderno. Nesse sentido, vêia o caráter revolucionário de suas ideias como característica de um evento maior, que perpassava uma quebra de paradigma geral na história. O livro de Ornstein atingiu um público seleto e foi a primeira expressão de uma agenda progressista e pragmática da História da Ciência, colocando a ideia de uma revolução científica no mapa cultural. Assim, foi a primeira a aliar a linguagem de revolução na ciência do XVII com o movimento que estava se tornando conhecido como New History.   

Outro livro de grande importância para a difusão dessa visão é “Mind in the Making” de James Harvey Robinson, seguindo a mesma concepção progressista e teleológica que impunha aos séculos XVI e XVII a finalidade de fundar a ciência moderna através de uma grande revolução. O diferencial desta obra é o escopo e alcance no qual foi espalhada. O interesse transformativo da New History não só era convincente e interessante, mas também vendia muito. O público-alvo ao qual livros como os de Robinson eram direcionados se fascinava em poderem afirmar quais as transformações sociais eram necessárias, distanciados dos eventos em si. Contudo, não só intelectuais de poltrona se interessaram, Mind in the Making se popularizou entre estudantes e até mesmo militares, com versões acessíveis. Ainda assim, o que mais contribuiu foi a adição de seu conteúdo no sistema educacional americano, aproximando a história europeia com os avanços democráticos estadunidenses, propondo a ciência como a verdadeira liberdade, fruto do pensamento crítico. É deste modo que a New History se tornou uma das mais poderosas campanhas pela inovação na educação nos Estados Unidos. Koyré publica seu artigo apenas após todos esses eventos, mas fica popular por ser pois publica o primeiro artigo com o termo em língua inglesa.  

Autores como George Sarton e Carl Becker já notávam à época de Robinson e Ornstein que a problemática de suas obras era cristalizar transformações históricas complexas em um termo abrangente. Enquanto se falava em revoluções em disciplinas específicas, ainda não tinha sido pensado em um sentido que abrangesse um período completo. As transformações, como afirma Becker, seriam mais no sentido de uma evolução que uma revolução. Porém, apesar de não fazerem menção a uma Revolução que englobasse todo o período, as obras faziam uso amplo da linguagem revolucionária, o que encoraja os leitores a pensar na ciência por meio do drama de uma revolução.

Dessa forma, o desejo de imaginar um certo tipo de passado nos livros de História coloca a Revolução Científica dentre as outras grandes revoluções, uma vez que defendia o viés antiguerra, liberal, defensor da liberdade da religião e exemplo do triunfo ocidental sobre o resto do mundo. Ainda que tenha havido tentativas de questionar o estabelecimento dessa proposição, a redução simplista da Revolução Científica perdura, reforçando o papel de grandes homens brancos e a marginalização de povos não europeus.

Transformações no pensamento antigo e medieval

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A Revolução Científica, ocorrida entre os séculos XVI e XVIII, foi um período de transformações no modo como o conhecimento era produzido e organizado. Baseada nos conhecimentos da Grécia e Roma Antiga, da Idade Média e nas contribuições de intelectuais bizantinos e islâmicos, essa revolução foi influenciada pelas tradições antigas, como a Física Aristotélica e o Modelo Ptolomaico, que continuaram sendo elementos centrais nas investigações do mundo natural no período.[4][5]

Uma das mudanças significativas durante a Revolução Científica foi a forma como o conhecimento passa a ser categorizado. Anteriormente, não havia uma única categoria "ciência" que abarcasse todas as formas de estudo disciplinado e metodológico dos fenômenos naturais. O conhecimento, ao invés de ser classificado pelo assunto ou pelos métodos utilizados, era classificado com base em seus propósitos, podendo ser especulativo (teórico), prático (relacionado a uma vida boa e útil) ou fáctico (relacionado à manufatura de artes e ofícios). No entanto, ao longo da Revolução Científica, um novo domínio de questionamentos começou a surgir, reunindo elementos de diferentes disciplinas e atividades existentes, com algumas características das ciências naturais como as conhecemos a partir do século XIX.[6]

Essas mudanças no conhecimento estavam intimamente ligadas a outras transformações que ocorreram durante o início da Idade Moderna, como a Reforma, a Contrarreforma, o desenvolvimento da prensa de tipos móveis e a expansão europeia pela América, África e Ásia. Um dos aspectos transformadores foi o empoderamento das cortes reais e principescas. Anteriormente, havia uma clara divisão entre artesãos e acadêmicos, refletindo-se nos tipos de conhecimento produzidos. O conhecimento prático estava centrado nas oficinas, enquanto o conhecimento teórico era desenvolvido nas universidades. À medida que as cortes ganhavam importância como espaços de produção de conhecimento, contratando diferentes tipos de intelectuais, artesãos e acadêmicos passaram a conviver mais intensamente, gerando novas formas de interação e colaboração entre eles. Essa mudança resultou na popularização de testes e experimentos práticos, impulsionada pela experiência e conhecimento de profissionais como alquimistas, engenheiros e navegadores, queestavam familiarizados com tais atividades.[5][6]

Esses eventos, juntamente com mudanças centradas na comunidade letrada, particularmente o humanismo, deram origem a debates, interpretações e abordagens renovadas do conhecimento existente. Disso resultou uma visão que considerava o conhecimento produzido na Idade Média como ultrapassado, mal-informado e restrito. Não houve um ataque direto e organizado aos métodos e doutrinas antigaos, mas sim um processo gradual e esporádico de mudanças, buscando acomodar os textos antigos aos novos métodos e descobertas. Somente a partir da segunda metade do século XVII é que parte da comunidade intelectual passou a buscar mudanças mais fundamentais, defendendo o abandono dos conhecimentos antigos em favor da construção de uma nova estrutura de investigação do mundo natural.[6]

Durante a Revolução Científica, além da mudança na classificação do conhecimento, houve também uma mudança epistemológica que valorizava mais o conhecimento baseado em observações do particular. Anteriormente, conforme de acordo com as práticas medievais, o conhecimento considerado mais preciso e valorizado era aquele derivado de premissas e conclusões lógicas e universais. No entanto, surgiram e se popularizaram novas formas de experienciar o mundo, originadas nas práticas das oficinas, das enfermarias, do Novo Mundo e a bordo dos navios, o que levou a novas formas de argumentação baseadas em analogias, testemunhos e evidências. Isso resultou em uma valorização de formas de conhecimento anteriormente consideradas inferiores, como a História, por exemplo, que era vista como conhecimento do particular, que passou a ser considerada igualmente importante à Filosofia, considerada o conhecimento do universal. Além disso, houve uma valorização das experiências de camponeses, marinheiros e artesãos, à medida que a importância da experiência ganhava destaque.[6]

Experimentação científica

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Nos séculos XVI e XVII, experimentos ganharam importância como um modo de estudos do mundo natural. Métodos experimentais foram desenvolvidos em oposição à metodologia aristotélica, que construía o conhecimento a partir de experiências sensoriais universais, mas não valorizava experimentos artificiais e controlados, julgando que os resultados destes poderiam ser afetados por anomalias ou percepções equivocadas por parte do indivíduo. São muitos os diferentes argumentos sobre as origens dos métodos experimentais, de modo que não surge uma “filosofia experimental” com ideias e práticas unificadas.[5]

A valorização do experimento como uma forma legitima de produzir conhecimento foi gradual. Um dos nomes de grande importância para o desenvolvimento de um método experimental foi Robert Boyle e suas investigações acerca da pressão do ar. No século XVII, Boyle criou uma complexa bomba de ar e com ela desenvolveu uma série de experimentos que culminariam na formulação da Lei de Boyle. Enquanto os primeiros historiadores da ciência consideraram Boyle como o “pai” do método experimental, investigações tardias demonstraram que ele realizava seus experimentos no contexto da “cultura cavalheiresca”. Isso significa que os experimentos de Boyle eram realizados na frente de testemunhas da Royal Society, transformando os experimentos em experiências compartilhadas por “cavalheiros”. E seria essa transformação de experimento em experiência que garantiria legitimidade aos conhecimentos produzidos.[5]

Dois campos importantes para o desenvolvimento dos métodos experimentais foram a alquimia e as chamadas ciências "matemáticas mistas".

A alquimia era campo de estudos para nomes importantes da Revolução Científica, como Tycho Brahe, Robert Boyle e Isaac Newton, e era uma prática racional de investigação mundo natural, não um assunto místico ou religioso. A transformação alquímica consistia em uma série de práticas materiais conduzidas com equipamentos especializados em laboratórios, de modo que os alquimistas possuíam não só o conhecimento dos processos naturais, como também a habilidade de manipular artificialmente esses processos. Além disso, os alquimistas cultivavam amplas redes de comunicação onde experimentos e descobertas eram discutidos entre pessoas diversas, pois o principal palcos das atividades alquímicas eram as cortes, espaços abertos a homens e mulheres.[5]

As ciências matemáticas mistas englobavam áreas com componentes tanto teóricos quanto práticos, como a engenharia, a navegação, a cartografia e a balística. Durante a Idade Média, havia uma separação social, institucional e epistemológica entre os estudiosos dessas ciências e os homens práticos – arquitetos, engenheiros, navegadores, militares. Os estudiosos se concentravam nas universidades, enquanto os homens práticos, mais dispostos a realizar testes práticos e no aprendizado pela tentativa e erro, trabalhavam em oficinas. Porém, nos séculos XVI e XVII, as cortes passaram a contratar e a atrair indivíduos dos dois grupos, promovendo a interação e a colaboração entre eles.[5]

Ainda, o contato dos europeus com novas terras e novos povos também alterou as concepções do mundo natural e novas formas de estudar a natureza. Os primeiros desenvolvimentos de abordagens empíricas e experimentais da natureza vieram dos espanhóis lidando com os problemas de explorar e tirar proveito dos novos territórios e de uma fauna e flora até então desconhecidas. A Coroa Espanhola apoiou instituições como a Casa da Contratação, onde estudiosos e homens práticos interagiam e colaboravam para desenvolver e melhorar instrumentos e técnicas para explorar as novas partes do mundo. Encorajando financeiramente essas empreitadas, os espanhóis exigiam a verificação experimental das tecnologias desenvolvidas. Além disso, o contato com os povos nativos apresentou aos europeus novos recursos naturais e novas técnicas para aproveitá-los, que eram então expandidas por meio de experimentos que conciliavam o conhecimento nativos às tecnologias europeias.[5]

Enquanto a alquimia medieval era confinada ao ramo da metalurgia, se preocupando principalmente com a formação e transformação de metais, a partir do século XVI se tornou um tópico mais abrangente. Um dos nomes mais importantes para essa transformação foi Paracelso, que inclui o sal como um dos elementos básicos, ao lado do enxofre e mercúrio da alquimia medieval, e argumenta que, além dos metais, esses elementos estariam presentes em todos os corpos, orgânicos e inorgânicos. Paracelso, interessado na aplicação médica da alquimia, desenvolve novos métodos de diagnóstico por meio da urina, além de incentivar o uso de medicamentos químicos no lugar dos remédios herbais tradicionais. Apesar de importante e influente, a alquimia paracelsiana não foi universalmente aceita. Alguns alquimistas rejeitavam suas expansões, enquanto outros buscaram adicionar a elas, incluindo outros elementos, como flegma e terra, aos elementos básicos. A alquimia de Paracelso e daqueles influenciados por ele aproximaram os processos orgânicos e inorgânicos, tornando literais as comparações metafóricas que existiam na alquimia medieval. Além disso, à medida que a teoria se expandia, os métodos experimentais característicos dos estudos dos metais foram levados para outros campos de estudo, contribuindo para a disseminação da experimentação científica.[5]

Nomes que marcaram a revolução científica

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Galileu Galilei
  • Viveu entre 1564 e 1642;
  • Criticava a "pseudofilosofia", na época representada pelos aristotélicos dogmáticos (em grande parte teólogos alheios à atitude e ao espírito filosófico-científico genuíno de Aristóteles), dizendo que “A tradição e a autoridade dos antigos sábios não são fontes de conhecimento científico” (advertência esta que, aliás, o próprio Aristóteles em sua "Dialética" já fizera, chamando a atenção para a necessidade de se antepor os fatos aos discursos) e que a única maneira de compreender a natureza é experimentando-a racionalmente;
  • Achava que fazer ciência era é comprovar através da experiência;
  • Dizia que “o livro da natureza é escrito em caracteres matemáticos”;
  • Foi acusado, pelas autoridades, de ser inimigo da fé. Foi julgado pelo tribunal do santo ofício, a Inquisição. Ele reconheceu diante dos inquisidores que estava “errado”, para poder terminar suas pesquisas. Segundo a lenda, ele disse baixo: "Eppur si muove", ou, “mas ela anda”, ou seja, que a Terra não é um ponto fixo no centro do universo.
Isaac Newton
  • Por trás de fenômenos aparentemente banais construiu a base de teorias revolucionárias;
  • Nasceu em 4 de Janeiro de 1643, em Woolsthorpe, na Inglaterra;
  • Em 1661, com dezoito anos, ingressa na universidade de Cambridge, estudou matemática e filosofia;
  • Em 1668, depois de idealizar as leis de reflexão e refração de luz, construiu o primeiro telescópio reflexivo;
  • Em 1669, assume o cargo de professor de matemática na universidade de Cambridge;
  • Em 1672, é convidado para a Royal Society;
  • Em 1687, publica Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, o famoso Principia, em que descreve as leis da gravidade e dos movimentos;
  • Em 1696, é nomeado Guardião da Casa da Moeda;
  • Em 1705, foi nomeado Cavaleiro Celibatário pela rainha Anne;
  • Em 1727, morre, no dia 20 de março e é enterrado na abadia londrina de Westminster, na Inglaterra.
René Descartes
  • Viveu entre 1596 e 1650;
  • Demonstrou como a matemática poderia ser utilizada para descrever as formas e as medidas dos corpos;
  • Inventou a geometria analítica;
  • Sua obra mais famosa chama-se “discurso sobre o método” (1636). Nela, Descartes procura nos convencer que o raciocínio matemático deveria servir de modelo para o pensamento filosófico e para todas as ciências;
  • Uma das frases mais célebres da história do pensamento filosófico é: "Penso, logo existo". Ele acreditava que dessa verdade ninguém poderia duvidar;
  • O raciocínio matemático é baseado, principalmente, na lógica dedutiva, em que nós partimos de uma verdade para encontrarmos outras verdades, ou seja, que uma verdade é consequência da outra.

Outros cientistas:

Nicolau Copérnico (1473 a 1543)

Mostrou que o sol fica no centro do sistema, mas, achava que a órbita da terra era uma circunferência perfeita, o que era errado, mas, o alemão Kepler (1571 a 1630) o corrigiu, mostrando que a distância da terra e do sol é variável, em forma de elipse.

Francis Bacon (1561 a 1626)

Mostrou a importância de um método de experimentação que reduzisse os equívocos tanto do intelecto quanto da pura experiência, aliando o melhor de ambos para a aquisição dos conhecimentos científicos. Defendeu o método indutivo nas ciências.

Francesco Redi (1626 a 1697)

Era um médico italiano e demonstrou que não existia a geração espontânea, uma ideia aristotélica. Ele fez uma experiência: Ele colocou carne em vários vidros. Deixou alguns abertos e cobriu outros com um tecido fino de algodão, que permitisse a entrada de ar. Este tecido era importante, pois para os defensores da geração espontânea, o ar era fundamental para que o fenômeno acontecesse. Se a teoria da geração espontânea fosse verdadeira, as larvas de moscas deveriam aparecer tanto nos vidros abertos quanto nos vidros cobertos com gaze, mas, após alguns dias, surgiram larvas só nos vidros abertos. Redi mostrou, então, que as larvas surgiam das moscas, e não por geração espontânea. As moscas podiam entrar nos vidros abertos e depositar seus ovos sobre a carne, mas não conseguiam entrar naqueles cobertos pelo tecido.

Louis Pasteur (1822 a 1895)

Foi o primeiro cientista a provar que seres invisíveis a olho nu, os micro-organismos, eram os responsáveis por diversas doenças. Suas descobertas ajudaram a salvar vidas e abriram as portas para o avanço da microbiologia e da imunologia.

Referências

  1. a b c d RONAN, Colin A. (1987). História Ilustrada da Ciência. Universidade de Cambridge. III - Da Renascença à Revolução Científica 1 ed. São Paulo: Círculo do Livro 
  2. Henry, John, (1998). A Revolução Científica e as Origens da Ciência Moderna 1 ed. [S.l.: s.n.] ISBN 9788571104426 
  3. Tozzini, Daniel. «OBJETIVIDADE E RACIONALIDADE NA FILOSOFIA DA CIÊNCIA DE THOMAS KUHN» (PDF). Universidade Federal do Paraná 
  4. Grant, Edward (2008). The foundations of modern science in the Middle Ages: their religious, institutional, and intellectual contexts. Col: Cambridge history of science. Cambridge: Cambridge Univ. Pr 
  5. a b c d e f g h Scott, Hamish; Crowther, Kathleen (1 de julho de 2015). Scott, Hamish, ed. «The Scientific Revolution». Oxford University Press. ISBN 978-0-19-959726-0. doi:10.1093/oxfordhb/9780199597260.013.3. Consultado em 25 de maio de 2023 
  6. a b c d Park, Katharine; Daston, Lorraine (2006). Early modern science. Col: The Cambridge history of science. Cambridge (GB): Cambridge university press