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Usuário(a):Maryn999/Testes

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Grutas Naturais do Poço Velho
Maryn999/Testes
Entrada principal da Gruta do Poço Velho renovada
Tipo Gruta

(Grutas Naturais 3º a 4º milénio)

Restauro 2018
Função atual Cultural
Geografia
País Portugal
Coordenadas 38° 42' 06" N 9° 25' 16" E
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Localização das grutas

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A vila de Cascais localiza-se na parte ocidental da Península Ibérica. A sua peculiaridade geográfica e climática foi desde cedo favorável à fixação de comunidades humanas, sendo conhecidos sinais de ocupação que remontam à cronologia desde o Paleolítico, como exemplo, a existência da jazida do Serigado.[1]. No período de passagem do Neolítico para o Calcolítico sucedeu um enorme aumento demográfico em Cascais com a descoberta de novos povoados. [2]

As grutas naturais do Poço Velho localizam-se na margem direita da Ribeira das Vinhas aproximadamente a 500 metros da sua foz, na Praia da Ribeira, no centro da vila de Cascais. Foram consideradas Imóvel de Interesse Público em 24 de Janeiro de 1967.

Enquadramento geológico

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A rocha calcária das grutas apresenta três galerias principais, com outras galerias de menor dimensão que procedem para os lados formando estreitos corredores. No lado Norte estão as duas entradas principais fazendo a gruta a formação de uma só caverna com várias entradas com a presença de um poço junto às mesmas, daí a derivação do nome Grutas do Poço Velho. [3] Têm cerca de 60 metros de extensão e estão orientadas no sentido Noroeste – Sudeste. Esta cavidade geológica resultou da passagem de um curso de água subterrâneo que, ao longo de milhares de anos, foi desgastando o substrato rochoso calcário, permitindo a criação de uma rede de galerias de percurso sinuoso.


Decorria o ano de 1879 quando o geólogo Carlos Ribeiro (geólogo), conhecido igualmente como o "fundador" da arqueologia cascalense, explora pela primeira vez as grutas naturais do Poço Velho tendo observado e estudado nos sedimentos pertencentes ao interior destas grutas vestígios arqueológicos cuja cronologia abrange desde o Paleolítico Superior até à Antiguidade Tardia.

Todavia, a principal ocupação diz respeito à época do Neolítico e do Calcolítico (4º e 3º milénio a.C), cuja utilização destas grutas remete para o uso como necrópole, tendo sido identificada mais de uma centena de enterramentos. Entre os anos de 1945 e 1947, o Engenheiro Abreu Nunes impulsiona novas intervenções arqueológicas cujos trabalhos de escavação permitiram recolher uma panóplia de conjuntos de espólio ligado ao mundo funerário, nos quais estariam presentes artefactos de pedra polida e lascada, artefactos votivos de calcários, placas de xisto decoradas e elementos de adorno e cerâmica. Foram realizadas outras intervenções arqueológicas no ano de 1879 e em 1967.

Depois de 70 anos fechadas as grutas do Poço Velho voltam a abrir ao público de 17 de maio a 30 de setembro. Sábados, domingos e feriados das 14h00 as 18h00.

Algum deste espólio arqueológico está em exposição no Museu da Vila de Cascais, localizado no interior do edifício Paços do Concelho.


Enquadramento histórico

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Na Península de Lisboa, no 3º milénio a.n.e temos presente quatro distintos espaços funerários: antas, tholoi, grutas artificiais e grutas naturais. Não é possível saber quem terá construído estes monumentos, mas o certo é que terão sido usadas por longos séculos.




Obras de requalificação

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As obras de requalificação aqui realizadas permitiram a reabertura das grutas a visitas ao público e a “devolução” à vila de Cascais o mais significante e impressionante monumento arqueológico.

Nas duas antecâmaras foram realizadas obras de remodelação do espaço e recolocadas novas portas que garantem a circulação de ar no interior das grutas, um fator fundamental para impedir o desenvolvimento de fungos e líquenes no seu interior. A entrada das grutas foi requalificada através da criação de duas pequenas salas, umas para a instalação do quadro elétrico e outra do lado oposto onde está presente a receção ao visitante e são guardados os capacetes cujo uso é obrigatório durante a circulação no interior das grutas.

Nas paredes de entrada foram colocados painéis onde está mencionada uma breve descrição da formação geológica, do desenvolvimento das investigações arqueológicas e do espólio que lhe está associado, complementada com a exibição de um pequeno filme à cerca das grutas. No interior da gruta foi produzido um circuito para a circulação, com um passadiço construído em plástico, com o acompanhamento nas laterais de uma iluminação suave e limitado por barreiras físicas que não permitem o avanço para as áreas que não são consideradas visitáveis. Em situações pontuais procurou-se reproduzir a iluminação de archotes. Esta reprodução tem como objetivo simular um cenário mais sensorial que nos remete aos tempos pré-históricos.


Materiais arqueológicos

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  • Um dos variados artefactos encontradas durante as intervenções arqueológicas foram artefactos de pedra polida. Enxó de rocha dura e basalto com polimento integral das superfícies, a sua cronologia deriva do 4º - 3º milénio a.C. Embora correspondam a objetos de carácter funcional, a inexistência de marcas de utilização nestes artefactos permite atribuir-lhes um uso exclusivamente votivo. [4]
  • Foram também descobertos artefactos de pedra lascada, mais concretamente, pontas de seta de sílex. Juntamente à ponta de seta estariam igualmente presentes dois geométricos de sílex, de forma trapezoidal. Estes micrólitos seriam utilizados como componentes de artefactos, provavelmente como ponta de dardos ou de outros projéteis leves.
  • Os artefactos de pedra lascada seriam lâminas de sílex com a funcionalidade de corte.
  • O ex libris das Grutas do Poço Velho são os três coelhos de osso polido. Estes coelhos de ossos polido apresentam as suas patas unidas, assim como perfurações na zona das patas o que transmite a funcionalidade de suspensão. Estes artefactos não só seriam de adorno pessoal como também deveriam ter um carácter simbólico, sendo um amuleto eventualmente relacionado com a fertilidade/fecundidade.
  • Há evidências ainda de um pendente de osso polido e um colar com componentes de pedra, osso e concha.
  • Foi encontrado um pequeno recipiente trabalhado em osso de bovídeo, com polimento integral da superfície e um fragmento pertencente à parte superior de um pente para o cabelo. Alguns deles têm os dentes que teriam a função de pentear o cabelo, apenas incisos e não recortados. Seriam representações de um artefacto de adorno pessoal que posteriormente seria transportado para o mundo dos mortos. [5]
  • A fivela de cinturão com uma figura de ave gravada é pertencente à cronologia do período visigótico.



Referências

  1. CARDOSO, G. (1991) - Carta arqueológica do concelho de Cascais. Cascais: Câmara Municipal de Cascais.
  2. CARDOSO, G. (1991) - Carta arqueológica do concelho de Cascais. Cascais: Câmara Municipal de Cascais.
  3. PAÇO, A; Bártholo, M, L; Brandão, A. (1959) – Novos achados arqueológicos das Grutas de Cascais; I Congresso Nacional de Arqueologia; Lisboa
  4. GONÇALVES, V. S. (2005) – Cascais há 5000 anos. Cascais: Câmara Municipal de Cascais.
  5. GONÇALVES, V. S. (2005) – Cascais há 5000 anos. Cascais: Câmara Municipal de Cascais.

Ligações externas

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Informações sobre visitas às grutas

Visita guiada

SIPA

[1]