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João Carlos Cavalcanti Reis (Salvador, Bahia, 08 de agosto de 1945São Paulo, Capital, 30 de outubro de 1972) foi um militante do Movimento de Libertação Popular (Molipo) morto durante a repressão da ditadura militar.[1]

Militância e Exílio[editar | editar código-fonte]

Filho de João Viveiros Reis e Helena Cavalcante Reis, João Carlos era baiano, mas mudou-se para São Paulo para cursar a faculdade de Engenharia Mecânica na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Logo, a insatisfação com o regime militar instaurado o levou à militância política contrária à ditadura. Tornou-se membro da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização socialista que participou de lutas armadas contra a ditadura.

Após a cisão ideológica interna da ALN, João Carlos filiou-se ao Movimento de Libertação Popular (Molipo), organização militar revolucionária formada por jovens universitários opostos ao regime. Durante suas ações para a Molipo, usou vários codinomes, entre eles, Marcos, Tales e Vicente.

Após a prisão de vários militantes da Molipo (entre eles o sobrinho de João Carlos, Manoel Cyrillo de Oliveira Neto), João exilou-se em Cuba. Lá, realizou treinamento de guerrilha e voltou ao Brasil em 1971, de forma clandestina.

Emboscada, prisão e morte[editar | editar código-fonte]

João Carlos foi fuzilado no bairro da Vila Carrão, em São Paulo, em 30 de outubro de 1972, aos 27 anos de idade. Estava cursando o quinto semestre da faculdade de Engenharia Mecânica.

Segundo o jornalista Elio Gaspari, a morte de João Carlos Cavalcanti Reis pode ter sido decorrente de denúncia de um operário metalúrgico chamado Rubens Carlos Costa, que era morador do bairro Vila Carrão e mantinha contato com agentes da Molipo. Segundo ele, Rubens fora preso e interrogado por agentes do DOI-CODI/SP, e pode ter dado a eles o nome do militante. Essa teoria está presente em um dos livros de Elio Gaspari, chamado Ditadura Escancarada.[2]

João Carlos foi pego na casa do próprio Rubens, onde havia ido com outro militante chamado Natanael de Moura Girardi à procura de Antonio Benetazzo, também do Molipo. Eles não sabiam que Antônio havia sido preso dois dias antes, em 28 de outubro, e que a chegada deles à casa de Rubens era esperada.

Natanael escapou à emboscada, mas João Carlos foi ferido e capturado. Em testemunho prestado pelo irmão da vítima, José Trajano Paternostro Reis, em 19 de março de 1996, consta: [...] foi preso, ferido, foi interrogado nas dependências do DEOPS, falecendo, posteriormente, ali, horas depois. Segundo os legistas que assinaram o óbito, Isaac Abramovitc e Orlando Brandão, a morte teria sido causada por “lesões traumáticas crânio-encefálicas”. João Carlos foi enterrado no cemitério do Morumbi por seus familiares.

Após o atentado e a fuga do companheiro, a morte de João Carlos foi extensamente noticiada pela imprensa, numa tentativa de encontrar o militante sobrevivente.

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • O nome de João Carlos foi citado no Projeto de Lei nº 438, de 2010, de autoria do deputado estadual Carlos Giannazi. Este projeto foi transformado na norma nº 14.594, de 2011, que instituiu o Dia Estadual de Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos no Estado de São Paulo, a ser celebrado anualmente no dia 04 de setembro.[3]
  • Em sua homenagem, a cidade de São Paulo deu o seu nome a uma rua localizada no Conjunto Habitacional Jova Rural.

Veja também[editar | editar código-fonte]

Lista de mortos e desaparecidos políticos na ditadura militar brasileira

Referências

  1. Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Instituto da Violência do Estado – IEVE, Grupo Tortura Nunca Mais – RJ e SP. Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a Partir de 1964. Companhia Editora de Pernambuco, 1995.
  2. Gaspari, Elio. As Ilusões Armadas Vol. 2 - A Ditadura Escancarada. Editora Intrínseca, 2014.
  3. Projeto de lei Nº 438/2010. Assembleia Legislativa de São Paulo. Página acessada em 12/06/14.



Lista de mortos e desaparecidos políticos na ditadura militar brasileira