Usuário(a):Olivia Campos/Testes
Esta é uma página de testes de Olivia Campos, uma subpágina da principal. Serve como um local de testes e espaço de desenvolvimento, desta feita não é um artigo enciclopédico. Para uma página de testes sua, crie uma aqui. Como editar: Tutorial • Guia de edição • Livro de estilo • Referência rápida Como criar uma página: Guia passo a passo • Como criar • Verificabilidade • Critérios de notoriedade |
Rede Escolar de Bibliotecas Interativas de São Bernardo do Campo
[editar | editar código-fonte]Em 2019, a Rede Escolar de Biblioteca Interativas de São Bernardo do Campo (REBI) é composta por 103 Bibliotecas Escolares e 67 Adequações e conta com um acervo de aproximadamente 709.000 exemplares[1]. A REBI é subordinada à Seção de Biblioteca Escolar (SBE) da Divisão de Incremento ao Ensino do Departamento de Ações Educacionais da Secretaria de Educação do município de São Bernardo do Campo.
Histórico
[editar | editar código-fonte]A REBI tem origem oficialmente em 23 de agosto de 1999, a partir do convênio de cooperação técnico-acadêmico firmado entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e a Universidade de São Paulo (USP), com a proposta de oferecer um novo conceito de biblioteca, para além da sobreposição da conservação dos materiais em relação ao seu uso e que tampouco se limita apenas a oferecer acesso a acervo e equipamentos de qualidade[1].
Se a REBI nasce do referido convênio, a situação que a gesta reporta ao ano de 1997, quando a então Secretaria de Educação e Cultura (atual Secretaria de Educação) realiza uma grande compra de livros gerando demandas por parte das escolas e dos atores envolvidos por um sistema organizacional eficiente de gerenciamento de acervo e de práticas educacionais consistentes para sua utilização[2].
No contexto da municipalização do ensino em nível nacional[3], quando a prefeitura de São Bernardo do Campo assume a responsabilidade pelas escolas de ensino fundamental e inicia a reforma e construção de edifícios, atendendo as reinvindicações, decide incluir na planta das escolas um espaço destinado à biblioteca nos moldes inovadores propostos.
Em diálogo com a concepção sócio-interacionista que fundamenta o ensino da Rede Municipal de Ensino de São Bernardo do Campo, a proposta da REBI busca o estabelecimento de relações dinâmicas do sujeito com a informação por meio do desenvolvimento de autonomia, criticidade e criatividade.
O conceito de Biblioteca Escolar Interativa
[editar | editar código-fonte]A primeira biblioteca escolar construída sob o conceito de biblioteca escolar interativa (BEI), o qual norteou a implantação da REBI, foi a BEI da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEF) Professor Roberto Mange (zona oeste da cidade de São Paulo), resultado de uma parceria entre a USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Uma vez estabelecido o convênio entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e a USP, foram organizadas várias visitas à EMEF Professor Roberto Mange para que os profissionais da rede de ensino e demais envolvidos conhecessem um exemplo concreto[2].
O projeto conceitual da BEI, e da REBI, é de autoria do professor Doutor Edmir Perrotti da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com a cooperação de pesquisadores do PROESI (Programa Serviços de Informação em Educação), e o projeto arquitetônico e de mobiliário da professora Cibele Haddad Taralli da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP[1].
Podem ser destacados três elementos que sustentam a concepção de Biblioteca Escolar Interativa, são eles:
- Proposta dialógica: o processo de construção do conhecimento dá-se em interação, em diálogo entre os sujeitos e a informação.
- Espaço de comunicação: que garante a diversidade de suportes, de usos, e, por conseguinte, de acesso à informação e ao conhecimento.
- Apropriação da biblioteca: enquanto espaço planejado para que seja convidativo à leitura e à pesquisa e para que os usuários possam apropriar-se dos recursos informacionais, o que passa pela organização dos materiais de maneira acessível e pela existência de profissionais capacitados para atuarem na mediação entre o usuário e os suportes de informação.
Implantação
[editar | editar código-fonte]O planejamento inicial da REBI previa a criação de cinco bibliotecas escolares interativas no município: uma em escola de educação infantil, outra de educação especial e três de ensino fundamental. Uma sexta escola de ensino fundamental foi agregada e acabou sendo a primeira a ter sua biblioteca finalizada. Após a inauguração desta que foi a unidade pioneira da rede, foi elaborado um programa regular de visitas, para que os profissionais da educação envolvidos conhecessem a biblioteca, o que foi determinante para a aceitação e expansão da REBI para a rede de escolas. Foram nove anos de trabalho para que se atingisse a conformação de uma rede de bibliotecas escolares interativas articuladas, conforme previa a política pública e o convênio[2].
A proposta era de articulação, mas também de autonomia de cada unidade em consonância com seu contexto particular. Pois, entendia-se que a consolidação das bibliotecas e da própria rede dar-se-ia pela criação de vínculos com os alunos e com a comunidade. Neste sentido, uma das estratégias foi a escolha do nome das bibliotecas pelos alunos, a partir de eleição interna. Outra estratégia, promovida pela SBE, foi incluir os alunos no processo de organização do acervo[1].
O público das REBI compreende, portanto, Educação Infantil, Educação Especial, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos e tanto a Comunidade Escolar (gestores, docentes, etc.) quanto a Comunidade Local.
Projeto Arquitetônico
[editar | editar código-fonte]De autoria da professora e arquiteta Cibele Haddad Taralli, trata dos aspectos de concepção, organização e funcionamento das atividades no ambiente, considerando os elementos arquitetônicos e construtivos, o mobiliário e o sistema de comunicação visual pensados especialmente para as bibliotecas interativas[4]. Uma das preocupações centrais do projeto arquitetônico da REBI era criar um ambiente favorável aos diferentes modos de produção e expressão - cognitivas, orais ou gestuais - no desenvolvimento de competências informacionais e na construção de significados pelos sujeitos em interação com a informação.
A composição da biblioteca escolar interativa é intencional e visa garantir a autonomia do usuário, o espaço é projetado para que se identifique facilmente onde realizar as diferentes atividades (leitura, pesquisa, etc.), o mobiliário é construído para promover acesso ao acervo e recursos pelos diferentes públicos e até mesmo as cores (das paredes, do mobiliário) têm a função de informar.
Um dos elementos conceituais do projeto arquitetônico é o de flexibilidade da organização original do espaço interno da biblioteca, pensada para que possa ser modificada – por meio de desmontagem e remontagem dos objetos - de forma prática e eficiente atendendo a uma multiplicidade de usos.
Espaços da Biblioteca
[editar | editar código-fonte]Arquibancada
[editar | editar código-fonte]A arquibancada é um dos espaços diferenciais do projeto arquitetônico da REBI e exemplo do compromisso em criar um ambiente favorável aos diferentes modos de produção e expressão de conhecimento.
Trata-se de uma estrutura em anfiteatro, em desnível, com bancos fixos revestidos por pisos de madeira maciça aparafusada e os pufes e almofadas de vinil contribuem para uma melhor acomodação dos usuários[4].
Com capacidade para cerca de 35 pessoas é identificado como espaço cênico e de oralidade, destinado à leitura individual, ouvir música, fazer anotações, leitura em grupos ou compartilhada, discussões, assistir a vídeos e realizar apresentações artísticas e culturais. Para potencializar este último uso, há uma demarcação de palco em frente à arquibancada, além de refletores e spots para iluminação especial[1].
Mobiliário
[editar | editar código-fonte]O mobiliário é composto por estruturas metálicas que se combinam a peças de madeira formando estantes, mesas, armários, carrinhos para acervo, racks, baús, escaninhos e cadeiras. O sistema de móveis é original, foi especialmente desenhado para atender aos conceitos do projeto, e preza pela segurança e conforto de todos os usuários, durabilidade e estabilidade, funcionalidade e também pela composição da beleza do conjunto para que atraia o indivíduo a entrar e permanecer no espaço. Nas palavras da arquiteta responsável:
“Além de atendimento a requisitos de ergonomia, alguns dos móveis possuíam dimensão simbólica. Exemplo disso eram as cadeiras, ‘mais que objetos para sentar adequada e confortavelmente. Remetem ao imaginário do abraço, do colo, sensações agradáveis e convidativas à leitura’” (TARALLI, 2007, p. 30)[4].
Adequações de espaços existentes ao projeto arquitetônico
[editar | editar código-fonte]Relativo às unidades escolares que não puderam ter suas bibliotecas escolares interativas implementadas desde a planta, foram realizadas adequações do espaço físico à linguagem da REBI, de forma que pudessem contar com um espaço onde os princípios básicos da rede - diversidade de suportes informacionais, organização do acervo, acesso a sua base de dados, alguns de seus elementos físicos - estivessem presentes[1].
Acervo
[editar | editar código-fonte]Seleção
[editar | editar código-fonte]Pode-se afirmar que o critério de seleção de acervo da REBI pauta-se pela diversidade e qualidade[1]. A Seção de Biblioteca Escolar mantém no Portal da Educação a Lista REBI[5], uma compilação de obras já analisadas que orientam a aquisição de acervo pelas unidade escolares; também há indicação para assinatura de periódicos. A listagem é atualizada semestralmente e inclui títulos relativos às diferentes áreas do conhecimento, considerando o perfil dos públicos atendidos, as diretrizes pedagógicas da Rede Municipal de Ensino de São Bernardo do Campo e o Plano Político Pedagógico das unidades escolares. Desta forma, garante-se que todas as unidades escolares da rede disponham de um acervo comum e títulos adequados.
Organização
[editar | editar código-fonte]Para a organização do acervo, a REBI utiliza uma versão adaptada da CDD (Classificação Decimal Dewey) – classificação adotada na maioria das bibliotecas do mundo – e uma classificação por cores, a qual permite um reconhecimento geral da organização tanto para usuários não alfabéticos como para os demais públicos.
O acervo de literatura infantil também dispõe de uma sinalização específica e os livros são expostos com as capas viradas para frente de modo a facilitar a localização e a escolha. A identificação dos assuntos, com diversas subdivisões das áreas de conhecimento, nas prateleiras das estantes destina-se a buscas mais específicas. A organização também permite o destaque de acervo para composição de estantes, mesas ou carrinhos temáticos.
Gerenciamento
[editar | editar código-fonte]Para o gerenciamento e recuperação das informações disponíveis em seu acervo, a REBI utiliza a base de dados KOHA[6]. O Koha Library Software é um software neozelandês livre, de código aberto e utilizado em diversos países. Ele possibilita o trabalho em rede, a codificação de informações catalográficas em formato internacional MARC (Machine Readable Cataloging ou Catalogação Legível por Computador), é ágil no processamento técnico, possui uma interface amigável para uso pelos alunos, professores e comunidade e permite acesso online.
Equipamentos
[editar | editar código-fonte]Os equipamentos visam garantir o acesso à informação através dos diversos recursos disponíveis na atualidade e a compreensão das variadas linguagens.
Os equipamentos básicos de som, imagem e informática são: televisor, aparelho de DVD (digital video disc ou disco óptico digital), aparelho de som e microcomputadores[1].
A aquisição dos equipamentos, e também de acervo, é realizada pelas Associação de Pais e Mestres (APM) sob orientação da Seção de Biblioteca Escolar. As APM têm sido atuantes desde o processo de implantação das bibliotecas e esse modelo - de repasse de verbas e participação ativa dos pais nos processos decisórios e financeiros - não se desenvolveu a partir das bibliotecas, mas já vinha sendo adotado, com sucesso, para as escolas da rede de ensino de São Bernardo do Campo[2].
Funcionamento
[editar | editar código-fonte]É estabelecido que todas as turmas da escola tenham no mínimo um horário semanal de uso da biblioteca. Uma vez no espaço da biblioteca, a professora de apoio à biblioteca escolar desenvolve ações específicas com os estudantes – pesquisa, roda de histórias, uso de vídeo, práticas de construção de memória, etc. - , planejadas previamente e articuladas aos conteúdos da sala de aula[2]. Para além da articulação com as atividades educativas, a perspectiva é que os alunos criem vínculos e passem a utilizar a biblioteca em suas horas livres.
São também definidas a disponibilização de uso noturno para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e um dia para atendimento exclusivo à comunidade.
A escola deve garantir que a biblioteca permaneça aberta e com seu funcionamento normal e as bibliotecas localizadas em uma mesma região devem oferecer dias de atendimento diferentes, ampliando as possibilidades de uso principalmente da comunidade externa[1].
Atendimento à comunidade local
[editar | editar código-fonte]O uso pela comunidade local é um dos princípios fundamentais das bibliotecas escolares interativas, cuja perspectiva é transformar a biblioteca em um espaço de referência cultural e social. Inclusive, um dos eixos de atuação das bibliotecas é voltado à Memória e se desdobra, entre outros, no sentido de promover o resgate das memórias da comunidade.
Empréstimos
[editar | editar código-fonte]Deve-se garantir o empréstimo do acervo aos alunos, professores, funcionários e comunidade. A realização do empréstimo domiciliar é questão essencial e constitui uma diretriz, a qual visa o estabelecimento de relações afetivas com os livros.
Quadro Profissional
[editar | editar código-fonte]A proposta da REBI é de trabalho em rede, na perspectiva de articular profissionais da área da Educação e da Informação e também de articular as bibliotecas, para que não funcionem como unidades isoladas.
Conforme previa o projeto de implantação, o quadro profissional foi tanto ampliado quanto inovado. Para dar conta da coordenação de uma extensa rede de bibliotecas, além da bibliotecária-chefe da Seção de Biblioteca Escolar, foram incluídas na estrutura administrativa outras quatro bibliotecárias e ainda uma profissional especializada incumbida da seleção de acervo.
Para a atuação diretamente nas bibliotecas escolares foram concebidas, formadas e introduzidas as Professoras de Apoio a Biblioteca Escolar (PABE). Estes novos postos foram preenchidos por professores que já trabalhavam no sistema de ensino de São Bernardo do Campo, por meio de processo de seleção interna. A função destes profissionais é atuar como elos de ligação entre a sala de aula e a biblioteca, os alunos e o acervo, em parceria com os professores e de maneira articulada aos conteúdos por eles desenvolvidos e na resolução de adversidades relativas às bibliotecas[2].
As PABES são, portanto, responsáveis pela mediação e negociação, sendo peça fundamental na implementação e funcionamento da REBI conforme as premissas da biblioteca escolar interativa.
Com relação à formação dos profissionais envolvidos, ações de formação continuada foram desenvolvidas pela equipe da USP, antes mesmo da inauguração das bibliotecas e ocorreram até o fim do convênio.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f g h i REBI: Gerenciando a Biblioteca Escolar Interativa (PDF). São Bernardo do Campo: SE/SBE. 2019
|nome1=
sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - ↑ a b c d e f VIANA, Lilian (2014). Bibliotecas escolares: políticas públicas para a criação de possibilidades. São Paulo: [s.n.] doi:10.11606/D.27.2014.tde-18122014-094444
- ↑ «Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional» (PDF). BRASIL. 1996. Consultado em 11 de dezembro de 2020
- ↑ a b c TARALLI, Cibele Haddad (2007). Espaço, mobiliário e comunicação visual. Col: Cadernos REBI. São Bernardo do Campo: Secretaria de Educação e Cultura
- ↑ «Lista Geral - REBI». Secretaria de Educação de São Bernardo. Seção de Biblioteca Escolar. Consultado em 11 de dezembro de 2020
- ↑ «Manual do Funcionário KOHA» (PDF). Prefeitura de São Bernardo do Campo. Seção de Biblioteca Escolar. 2017. Consultado em 11 de dezembro de 2020