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Usuário(a):Orávio B Rodrigues/Testes

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Testes acumétricos[editar | editar código-fonte]

A acumetria, na prática, procede a audiometria tonal e se caracteriza por utilizar diapasões para a realização de testes auditivos, este instrumento metálico permite facilmente e rapidamente a determinação do tipo de perda auditiva diferenciando a perda condutiva da perda sensorioneural através da comparação das vias aérea e óssea. O diapasão deve ser colocado em vibração e aproximado do canal auditivo externo da orelha que será testada de forma que explicitará se a condução do sistema está preservada. Já para pesquisar a via óssea, o cabo instrumento deve ser posiciado no vertex, região frontal ou mastoide fazendo com que a cóclea entre em vibração por condução óssea.

Logo, se houver perda condutiva, o paciente tem a cóclea e demais funções da orelha interna preservadas permitindo que tenha resposta à vibração do crânio. Essa vibração causada pelo diapasão, tanto na parte aérea como óssea, gera tons puros (512 Hz e 1024Hz são os mais utilizados).

Dentre os vários testes que podem ser realizados, os mais conhecidos e utilizados são os testes de Weber e Rinne. Foram criados em 1834 (Weber) e 1855 (Rinne), mas até os dias atuais são conhecidos e utilizados por sua praticidade e por permitirem que se tenha informações sobre a situação auditiva do paciente (FROTA, 2003).[1] [2]

Testes por via óssea[editar | editar código-fonte]

Webber[editar | editar código-fonte]

O teste de Webber está entre os mais conhecidos e é muito sensível para perdas condutivas de forma que pequenas perdas já são suficientes para lateralizar para o lado afetado, entretanto não é tão sensível para perdas sensórioneurais. Já nas disacusias bilaterais, o Weber lateraliza para o lado do maior "gap" (diferença maior que 15dB entre limiar ósseo e aéreo). Quando o "gap" é pequeno, o Weber lateraliza, mesmo o Rïnne sendo ainda positivo nesse lado.[3]

No teste, coloca-se o diapasão vibrando no alto da cabeça, se o paciente acusar que ouve o som do lado direito, isso pode indicar duas coisas: a) surdez de percepção, à esquerda; ou b) surdez de condução, à direita. O teste do diapasão, colocado perto dos ouvidos, determinará se a opção a ou se a opção b está correta. Ouvido esquerdo surdo, opção a; ouvido direito surdo, opção b. (Yoshikawa et. al)[4]

É de extrema importância que o profissional oriente bem o paciente com o que deve responder de forma condizente com o que está sentindo. O paciente tende a dizer que escuta melhor por via óssea sempre do lado oposto ao lado da deficiência auditiva. E importante, também, que o profissional observe os olhos do paciente, por ter uma tendência de ele dirigir seu olhar para o lado que está tendo a maior sensação sonora transmitida.[3]

Bonnier[editar | editar código-fonte]

Nesse teste, o diapasão 128 Hz ou 256 Hz deve ser colocado em saliências ósseas à distância (cotovelo fletido, rótula, processo estiloide do rádio ou cúbito) no intuito de provocar sensação auditiva no ouvido com grande "gap". Caracteriza paracusia à distância.[3]

Schwabach[editar | editar código-fonte]

O teste de Schwabach consiste em apoiar o diapasão na mastóide do paciente (região antral), que em indivíduos com hipoacusia condutiva é maior que o do indivíduo normal. O paciente com perda sensórioneural severa tem um tempo de audição por via óssea menor do que o normal.

Schwabach prolongado - Surdez condutiva

Schwabach encurtado - Surdez sensórioneural

Esse teste é realizado pela comparação da via óssea do paciente com a via óssea do examinador (supostamente normal). Na surdez condutiva, começamos colocando o diapasão na mastoide do médico; quando ele para de escutar, coloca-se então o diapasão na mastoide do paciente; se ele escutar, o Schwabach é prolongado. Na hipoacusia sensórioneural, começamos pelo paciente; quando ele deixar de escutar em sua mastoide, o diapasão é rapidamente apoiado na mastoide do examinador, que continua a escutá-lo; é o Schwabach encurtado.[3]

Bing[editar | editar código-fonte]

O diapasão grave é apoiado sobre a região mastoidea, em seguida o tragos é comprimido pelo dedo do examinador. No indivíduo normal ou com perda sensórioneural, após essa manobra existe um incremento na sensação auditiva (percepção secundária).

Na surdez tipo transmissão, em especial na fixação do estribo pela otospongiose, existe uma diminuição da sensação de percepção da via óssea ao ser comprimido digitalmente o trágus.

Bing positivo - normal ou sensórioneural

Bing negativo - surdez de transmissão[3]

Gellé[editar | editar código-fonte]

É específico para fixação da platina do estribo. Utiliza-se além do diapasão um espéculo de Siegle ou pêra de Politzer. Geralmente não faz parte da rotina de exame, pois considera-se suficiente os outros testes.[3]

Testes mistos[editar | editar código-fonte]

Rinne[editar | editar código-fonte]

O teste de Rinne tem por função somente perceber como está a condução óssea através do mastoide e da aérea permitindo a comparação de percepção de som entre vias aérea e óssea, não pretendendo avaliar a acuidade auditiva.[5] A prova de Rinne consiste em aplicar o diapasão na região mastoide. Quando o paciente deixar de ouvir a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (Rinne positivo). Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução. (Yoshikawa et. al)[4]

Quando a via aérea é muito mais sensível do que a via óssea, caracteriza-se um Rinne positivo. Em perdas sensórioneural , o Rïnne é positivo em limiar mais baixo, pois ocorre um rebaixamento tanto da via aérea como da via óssea caracterizando o Rinne positivo patológico. Já a perda condutiva é caracterizada pelo Rinne negativo que ocorre quando a sensação por via óssea for maior do que a sensação em via aérea. No caso da hipoacusia neurossensorial unilateral total, ocorre a compensação da audição prejudicada em uma das orelhas pela orelha não afetada durante o teste de condução óssea do ouvido patológico, o que faz com que o doente afirme que a condução óssea é superior à aérea caracterizando falso negativo do teste Rinne.[5]

Prova de Lewis (Federici)[editar | editar código-fonte]

Introduzida em 1926, compara a via óssea com a via ósteocartilaginosa. Tem grande importância no diagnóstico de fixação do estribo (otospongiose).

Apoia-se o pé do diapasão na mastoide e em seguida comprime-se o tragus com essa mesma parte do diapasão'.

No indivíduo normal ou com perda sensórioneural , ouve-se melhor pela via ósteo-cartilaginosa, o que caracteriza teste positivo.

Na fixação do estribo escuta-se melhor pela via óssea do que pela via ósteo-cartilaginosa; nesse caso, chamamos o teste de negativo.

Nos testes de Bing, Rïnne e Lewis (Federicí), temos como norma chamá-los de positivo (+), no indivíduo normal ou com surdez sensórioneural parcial, e de negativo (-), nos pacientes com perda tipo condutiva. Naturalmente, nas perdas bilaterais ou com componente misto, o raciocínio é muito mais elaborado. Impossível de tabular, tantas são as suas variáveis.[3]

Medição Audiométrica Tonal[editar | editar código-fonte]

A audiometria tem por objetivo a medição da acuidade auditiva, sendo geralmente realizada pelo audiômetro e, assim como nos testes acumétricos, devem ser medidas separadamente vias aérea e óssea. Neste exame, o paciente é colocado em uma cabine com um fone de ouvido e o profissional irá apresentar tons puros em diferentes frequências e intensidades, chegando aos limiares de via aérea. O mesmo procedimento se faz com a via aérea, entretanto com a diferença de fone e que são testadas somente as frequências de 1000Hz, 2000Hz, 3000Hz, 4000Hz e 500Hz. É um procedimento mais utilizado que os outros testes atualmente. [6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Viaje ao mundo da audição». www.cochlea.eu. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  2. «Avaliação Audiológica Básica». www.ufrgs.br. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  3. a b c d e f g 1 CAMPANA, 2 FREIRE, 1 Décio Renato, 2 Luiz Antonio da Silva (1994). «Diapasão - Um Velho Método, Um Enfoque Atual.». Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Diapasão - Um Velho Método, Um Enfoque Atual. 60 (3): 218-223. Consultado em 12 de Outubro de 2022 
  4. a b 1 YOSHIKAWA, 2 CASTRO, 1 Gilberto, 2 Roberto Chaves (2015). Manual de semiologia médica: a prática do exame físico (PDF). Belém: EDUEPA. p. 325. ISBN 978-85-8458-005-7 
  5. a b PRADA, Sofia (2019). «Surdez Neurossensorial Súbita» (PDF). Surdez Neurossensorial Súbita: 9. Consultado em 12 de outubro de 2022 
  6. «Viaje ao mundo da audição». www.cochlea.eu. Consultado em 13 de outubro de 2022