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Usuário(a):Phyllodocida user/Yndolaciidae

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Yndolaciidae[editar | editar código-fonte]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaYndolaciidae

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Annelida
Classe: Polychaeta
Pleistoannelida
Subclasse: Errantia
Ordem: Phyllodocida
Subordem: Phyllodocida incertae sedis
Família: Yndolaciidae

Yndolaciidae é uma família de anelídeos poliquetas errantes pelágicos atualmente classificada dentro da ordem Phyllodocida, embora seja considerada de afinidade incerta. Foi descrita originalmente por Carl Støp-Bowitz em 1987, em sua obra "A new genus and species (Yndolacia lopadorrhynchoides) of pelagic polychaetes representative of a new family, Yndolaciidae". Tratam-se de animais encontrados em ambientes marinhos e estima-se que a família possua 3 espécies atualmente.[1]

Caracterização[editar | editar código-fonte]

As características-chave assumidas como caracteres ancestrais da família são a ausência de tentáculos cefálicos, um cérebro fracamente desenvolvido, parapódios birremes simples com ramos iguais, cirros similares sem cirróforos (parte ou artículo basal de um cirro[2]), sistema nervoso com uma posição superficial, presença de dois cordões nervosos e ausência de inchaços ganglionares. Yndolaciidae possui algumas semelhanças com a família Tomopteridae; além disso, possuem coloração semitransparente e não apresentam brânquias nem olhos.[3]

Os métodos alimentares de Yndolaciidae ainda não estão claros, mas eles podem ser tanto macrófagos quanto suspensívoros (utilizando cílios e muco).[4]

Diversidade[editar | editar código-fonte]

Até recentemente, considerava-se que a família de poliquetas pelágicos Yndolaciidae possuía somente um único gênero e espécie: Yndolacia lopadorrhynchoides Støp-Bowitz, 1987, do Golfo da Guiné. Entretanto, em 2010 foram registrados dois novos gêneros, cada um com uma espécie: Yndolaciella polarsterni e Paryndolacia tomopteroides, presentes nas profundidades marinhas do Oceano Ártico.[3] O pequeno número de espécies pode significar tanto pouca diversidade quanto pouca quantidade de estudos.

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Yndolacia lopadorrhynchoides Støp-Bowitz, 1987[editar | editar código-fonte]

A espécie Yndolacia sp. reúne algumas características que a diferem de outras espécies, como órgãos nucais simples, primeiro e segundo segmentos do corpo separados, número diferencial de cerdas e segmentos, bem como um comprimento relativo do cirro tentacular. Além disso, essa espécie possui um tipo de faringe axial eversível (também chamada de probóscide) incomum, com a parte dorsal muito maior que a ventral, pacotes ciliares e glândulas que se abrem na superfície interna.[4]

Além disso, essa espécie possui corpo achatado, afunilado para a extremidade posterior. Em espécimes coletadas por Zhadan & Tzetlin (2008), o comprimento da maior amostra, incluindo a probóscide evertida, era de 4,9mm, e a largura máxima no terceiro segmento de cerdas, incluindo parapódios, era equivalente a 1,3mm; os espécimes íntegros continham 14 segmentos.[4] Já Buzhinskaja (2004) caracteriza essa espécie como possuindo cerca de 20 segmentos. [3]

O prostômio é fundido com o peristômio ventralmente; em forma de trapézio, a parte anterior é mais larga que a posterior. Quando a probóscide é evertida, o prostômio aparenta ser bilobado; não há apêndices visíveis, exceto por dois processos alongados com "listras" ciliadas longitudinais, presumivelmente órgãos nucais, na parte lateral-posterior do prostômio.[4]

A longa musculatura axial da faringe é eversível, como típico da ordem Phyllodocida, além de ser desarmada (isto é, sem estruturas de ataque e defesa), desprovida de papilas e expandida distalmente, com o lado dorsal muito mais longo que o ventral. A borda da probóscide é coberta por curtos cílios, e tufos de cílios distribuídos aleatoriamente formam um campo em formato de crescente na superfície interna da expansão dorsal da probóscide. Aberturas de células glandulares com glândulas secretoras são visíveis.[4]

O primeiro segmento (peristômio) é dorsalmente reduzido e fundido com o prostômio. Cada um dos dois próximos segmentos anteriores possui um par maciço e longo de cirros, com amplas bases abruptamente estreitas na parte distal. Esses cirros possuem pacotes de cerca de 14 cerdas capilares simples e finas, alguns deles ligeiramente projetados da extremidade distal dos cirros.[4]

Figura 1 - Representação da visão dorsal da extremidade anterior, do parapódio, de uma cerda e da extremidade posterior da espécie Yndolaciella polarsterni.

Os próximos segmentos suportam parapódios longos e robustos. Esses parapódios são birremes com longas hastes e lóbulos cônicos igualmente desenvolvidos, cada um contendo finos acículos. Os cirros dorsais e ventrais são iguais, longos e curvados, e há numerosas cerdas compostas finas e longas. Possui pigídios com dois amplos cirros triangulares (Fig.1).[4]

Yndolaciella polarsterni Buzhinskaja, 2004[editar | editar código-fonte]

Essa espécie recentemente descoberta é similar a Yndolacia sp. no sentido de que também possui um órgão nucal simples, primeiro e segundo segmentos separados e o mesmo formato geral de parapódios (Fig.1). Entretanto, Yndolaciella polarsterni possui 9 segmentos ao invés de 14, que é o típico para Yndolacia sp., além de numerosas cerdas nos parapódios. Além disso, os cirros tentaculares nessa espécie são 7 vezes maiores que o corpo, enquanto em Yndolacia sp., essas estruturas possuem o mesmo tamanho. Buzhinskaja (2004) considera o pequeno número de segmentos como um caráter apomórfico do gênero Yndolaciella.[4]

Paryndolacia tomopteroides Buzhinskaja, 2004[editar | editar código-fonte]

Essa outra espécie, descoberta juntamente com Yndolaciella polasterni, apresenta cerca de 20 segmentos. O prostômio é desconhecido, e há noto e neuropódios com duas a três cerdas compostas; possui lobos aciculares curtos, em forma de folha, e cirros ovais, curtos e volumosos, morfologicamente não separados dos ramos podiais. O pigídio não possui cirros e o ânus é ventral. No espécime coletado por Buzhinskaja (2004) , foi observada articulação heterogonfa.[3]

Taxonomia e filogenia[editar | editar código-fonte]

As características que posicionaram Yndolaciidae dentro de Phyllodocida são as cerdas compostas, os acículos nos dois ramos dos parapódios, os cirros dorsais e ventrais e a faringe muscular axial. Entretanto, essa família possui algumas características diferentes dos outros membros da ordem: não possuem antenas nem palpos, possuem um formato incomum da faringe eversível e cirros tentaculares com pacotes de cerdas. Esses cirros aparentam ser parapódios rudimentares, como demonstrado em Tomopteridae, em vez de estruturas homólogas aos cirros anteriores alargados típicos de Phylldocida.

Buzhinskaja (2004) argumentou que Yndolaciidae pertence a Phyllodocida por possuir sistema nervoso primitivo, parapódios birremes com ramos iguais e cirros similares sem cirróforos. Essas últimas características são compartilhadas com Tomopteridae, o que pode indicar proximidade de parentesco. Atualmente, Yndolaciidae é agrupada em Phyllodocida incertae sedis, que reúne outras famílias de afinidade incerta dentro da ordem Phyllodocida[4]. Além disso, supõe-se que o poliqueta fóssil Eotomopteris aldridgei Briggs & Clarkson, 1987 pertença a Yndolaciidae[3].

  1. Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. Yndolaciidae Støp-Bowitz, 1987. Accessed through: World Register of Marine Species at: http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=249688 on 2020-06-24
  2. AMARAL, A. Cecília (1996). Annelida Polychaeta: Características, glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas, SP: Editora da UNICAMP. p. 30 
  3. a b c d e Buzhinskaja, G. (2004). Two new genera of the pelagic family Yndolaciidae (Polychaeta) from the Arctic Ocean with an addition to the description of Yndolacia lopadorrhynchoides Støp-Bowitz. Sarsia: North Atlantic Marine Science, 89(5), 338-345.
  4. a b c d e f g h i Zhadan, A. E., & Tzetlin, A. B. (2008). Polychaetes from deep pelagic zone of the Mid-Atlantic ridge. Invertebrate zo ology, 5(2), 97-109.