Usuário(a):Ricardo de Castro/Sexualidade em Roma
Usuário:Ricardo de Castro/Sexualidade em Roma
O tema da sexualidade foi primeiro abordado por Foucault que problematiza essa questão confrontando-a com a moral contemporânea. De acordo com o contexto social do mundo moderno, o papel do homem e da mulher na sociedade seria paralelo aos papéis dos dois gêneros no mundo greco-romano. Neste caso, os gêneros não são caracterizados em um aspecto biológico, mas sim pelo caráter social [1].Para os estudiosos de cultura contemporânea, o sexo não seria uma ação natural, e sim uma construção de cada época. Portanto, significa que o conceito de sexo muda de acordo com a convenção de cada sociedade. Sendo assim, o que é convenção seria considerado natural e adequado porque assim como "praticamente toda configuração imaginável de prazer pode ser institucionalizada como convenção."[2]
Para os estudos de sexualidade na Roma antiga, os historiadores se juntam a estudiosos de outras áreas como a Arqueologia e a Antropologia para analisar os grafites e afrescos encontrados no sítio arqueológico de Pompeia - que eram manifestações populares feitos nas paredes da cidade.[3] - devido ao fato desse tipo de fonte ser a única disponível aos pesquisadores para os estudos dessa área[4]
Um aspecto importante para o estudo da sexualidade em Roma é a ligação do sexo e a religião. Um exemplo dessa ligação é a origem dos deuses que geralmente nascem do casamento e do ato sexual entre outros deuses. Essa também é a origem dos fundadores da cidade de Roma, Rômulo e Remo, "filhos da união oculta entre Réa Silvia e o deus Marte".[5]. Um outro exemplo disso é a representação do falo, símbolo amplamente encontrado em escavações feitas em imagens e objetos, que, na visão dos romanos, é um símbolo relacionado à fertilidade e procriação, portanto era usado em amuletos para boa sorte e contra maus espíritos[5]. Além disso, o ato sexual e a verbalização do mesmo também tinham conotações sagradas e de prosperidade.[6]
Os grafites encontrados em Pompeia, cujo auge foi durante o período facista, no qual se buscava as origens da Itália em Roma para ser utilizado em discursos fascistas .[7], tratam dos mais variados temas como menções a práticas sexuais, declarações de amor, manifestação de ciúmes etc.[3]. Como os documentos escritos encontrados se referem mais a assuntos oficiais como política, economia e guerra, essas manifestações são as fontes disponíveis para os estudos de assuntos do cotidiano romano, como a própria sexualidade[8]. A utilização de técnicas de outras áreas é necessário porque as imagens são representações da realidade, mas possuem signos da cultura que ela representa, possuindo diversos significados[8]
Esses grafites se encontram em locais nos quais qualquer poderia vê-los, portanto, é possível considerar a sexualidade como um fenômeno cultural não apenas restrito à esfera da vida separada, mas sim parte de todas as outras esferas como a política, religião ou a economia.[9]
Durantes muitos anos, as análises em relação a esses grafites eram feitas a partir dos conceitos judaico-cristãos sobre sexo, que é visto como um pecado e, portanto, as imagens eram vistas até como pornografia.[9].
Devido a essa forma de percepção em relação ao sexo, muitas dessas imagens foram destruídas[7] ou escondidas do público geral no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles. Apenas no ano 2000 essa coleção foi reaberta mesmo com o veto do Vaticano a apresentação de "objetos obscenos", mas com agendamento prévio e acompanhamento de um guia[7]
Homossexualidade em Roma[editar | editar código-fonte]
Segundo o autor Paulo Funari, para os romanos, as relações homossexuais - conhecidas em Roma como "amor grego" - era aceita, desde que fosse entre um aristocrata e o seu escravo. Essa prática não era aceita entre dois cidadãos romanos[10]. A diferença entre a visão dos gregos e dos romanos sobre a homossexualidade é que para os gregos, haveria um cárater "pedagógico" na relação entre o homem mais velho (mestre) e o mais novo (aprendiz)[11].
Existe uma interpretação na qual o homem deve apenas penetrar e não ser penetrado, mas isso é relativo, pois há exemplos como Caio Júlio César que era conhecido por ser "esposa de todos os homens e marido de todas as mulheres".[12]. Segundo Funari, os romanos condenavam o ato de se vestir como alguém de outro sexo e não as relações homessexuais[12]
Referências
- ↑ Blanshaard, 2007:328
- ↑ WINKLER, 1990:171
- ↑ a b SANFELICE, Pérola de Paula.(2010) p.174
- ↑ SANFELICE, Pérola de Paula. (2010) p.167-190
- ↑ a b SANFELICE, Pérola de Paula.(2010) p.172
- ↑ FUNARI,Pedro Paulo.(2002) p.88
- ↑ a b c SANFELICE, Pérola de Paula.(2010) p.175
- ↑ a b SANFELICE, Pérola de Paula.(2010) p.168
- ↑ a b SANFELICE, Pérola de Paula.(2010) p.176
- ↑ GRIMAL, Pierre.(2005) p.106-107
- ↑ FUNARI,Pedro Paulo.(2002) p.87
- ↑ a b FUNARI,Pedro Paulo.(2002) p.88
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- SANFELICE, Pérola de Paula. (2010) Sexualidade, amor e erotismo na Roma Antiga: As representações de Vênus nas paredes de Pompéia.OPSIS n.2.
- FUNARI,Pedro Paulo. Grécia e Roma.Sao Paulo: Ed. Contexto. 2002.
- GRIMAL, Pierre. O amor em Roma. Lisboa: Edições 70. 2005.