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Sofia Aboim[editar | editar código-fonte]
Sofia Aboim [1]é uma socióloga portuguesa, é Investigadora Principal com Habilitação em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa[2]. No ICS é Coordenadora do Grupo de Investigação LIFE[3] e Diretora da revista Análise Socia[4]l. É doutorada em Sociologia pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa [5](2004).
Está envolvida, como docente, em vários programas de doutoramento no ICS e na Universidade de Lisboa. Atualmente, leciona no Programa Interuniversitário de Doutoramento em Sociologia[6]: conhecimento para sociedades abertas e inclusivas (OpenSoc) e no Programa de Doutoramento em Estudos de Género[7] (FCSH/FD, UNL/ISCSP, ULisboa). Em 2023-24, é professora associada convidada no Departamento de Sociologia do ISCTE-IUL[8]. Foi também investigadora visitante e docente convidada na Universidade de Lausanne, na Universidade Eduardo Mondlane, na Universidade de Tallinn e no Centro de Excelência de Género (GEXcel), Universidade de Linkoping na Suécia. Desde 2018 é membro regular dos painéis de avaliação do Conselho Europeu de Investigação (ERC).
Contribuições e Pesquisas[editar | editar código-fonte]
Tem trabalhado sobre vários temas, destacando-se a sociologia do género, os estudos críticos da masculinidade, as sexualidades e a cidadania, as desigualdades sociais e as intersecções entre posições de género, migração e raça/etnia em Portugal, Europa e mundo pós-colonial. A sua investigação atual centra-se em grupos marginalizados e abrange múltiplas temáticas, mobilizando uma perspetiva interseccional e transnacional. Estes temas estão refletidos nas suas publicações (mais de 40 artigos em revistas e vários livros, incluindo Plural masculinities. The remaking of the self in private life (Routledge, 2016) e Gender fields. The social organization of gender identity[9] (Routledge, no prelo 2024). Tem publicado vários artigos de investigação e capítulos de livros sobre a partir de uma perspetiva pós-colonial, em resultado do seu trabalho de investigação em Moçambique e da sua investigação sobre grupos marginalizados.
Esteve envolvida em 19 projetos de investigação nacionais e internacionais. Nos últimos anos, coordenou o projeto TRANSRIGHTS: Cidadania de Género e Direitos Sexuais na Europa, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação[10] (CoG n.º 615594. Este projeto comparou 5 países europeus (Portugal, Reino Unido, Suécia, Holanda e França) e incluiu uma vasta equipa de investigadores/as e consultores/as científicos/as. Atualmente lidera o projeto Race Trouble[11] financiado pela FCT. Este projeto adota uma estratégia exploratória qualitativa e analisa os significados situados das categorias raciais e étnicas, a par das discriminações experienciadas por minorias raciais e migrantes. Lidera ainda a equipa portuguesa do projeto UNITE: University Network for Inclusive and Digital Education[12] (consórcio Erasmus 2023-2027), que se centra em estudantes vulneráveis.
Obras[editar | editar código-fonte]
Conjugalidades em Mudança. Percursos e dinâmicas da vida a dois[editar | editar código-fonte]
Este livro oferece uma análise abrangente dos diferentes estilos de vida conjugal no Portugal contemporâneo. Através da combinação de dados censitários, estatísticas demográficas, inquéritos familiares e entrevistas aprofundadas, são exploradas três perspectivas distintas sobre a vida a dois. São investigados os percursos que levam à formação de casais, examinadas as normas e orientações afetivas que conferem significado social ao casamento, e identificadas as dinâmicas conjugais que caracterizam casais mais ou menos fusionais, abertos ou fechados ao mundo exterior, igualitários ou diferenciados por género.
Ao longo deste trabalho, são analisados os diversos e não monolíticos caminhos da mudança na vida conjugal e familiar em Portugal, evidenciando a intersecção entre traços da sociedade tradicional e sinais da modernidade.
Este livro representa uma contribuição inovadora e valiosa para a compreensão das relações entre indivíduo e sociedade, destacando-se pela sua abordagem interdisciplinar que pode estabelecer pontes entre a sociologia e a psicologia, bem como entre a análise sociológica e as práticas clínicas
Plural masculinities. The remaking of the self in private life[editar | editar código-fonte]
O projeto proposto visa fornecer uma análise contemporânea das diversas dinâmicas e formas de masculinidade, destacando os múltiplos e por vezes contraditórios caminhos pelos quais os homens estão redesenhando as suas identidades. Ao examinar os homens como parceiros e pais, o livro defende uma tese simples, porém persuasiva: em vez de uma evolução linear - da figura do provedor para a do cuidador, por exemplo -, as práticas e identidades masculinas estão se diversificando em formas múltiplas, híbridas e até paradoxais, à medida que os homens buscam encontrar um novo lugar na esfera privada.
O objetivo é situar os homens e as masculinidades dentro do contexto da vida familiar, investigando a sua história e evolução, e explorar as interligações entre a diversidade empírica observada entre os homens reais que vivem em famílias reais e a construção das masculinidades hegemónicas, entendidas como características ideológicas emergentes das relações de género dominantes.
A Sexualidade dos Portugueses[editar | editar código-fonte]
Nas últimas décadas, a sexualidade tem sido um dos principais motores de mudança na sociedade portuguesa. Este livro propõe-se a traçar um retrato dessas transformações, destacando tanto as continuidades como as rupturas em relação ao passado e delineando um presente onde a sexualidade e o sexo assumem novas formas. A emancipação das mulheres e o impacto revolucionário da pílula contracetiva, juntamente com o questionamento da tradicional hegemonia masculina e o surgimento das lutas pelos direitos das pessoas não heterossexuais, têm conduzido a uma redefinição mais diversificada das sexualidades. Neste ensaio, pretende-se promover uma reflexão crítica sobre a "revolução sexual" que teve início na segunda metade do século XX, sugerindo que, apesar da maior liberdade e valorização do prazer, novas formas de dominação e controlo emergem nos dias de hoje. Somente assim poderemos entender os dilemas das sexualidades contemporâneas.
O que é a masculinidade?[editar | editar código-fonte]
A construção da masculinidade e do masculinismo não é exclusivamente uma prerrogativa dos homens. Ambos são moldados também pelas mulheres, pela feminilidade e pelo feminismo. Enquanto algumas mulheres aceitam a dominação masculina, o feminismo, ao exigir igualdade de estatuto e oportunidades, reforça o masculinismo.
O 12.° número da coleção Cadernos de Ciências Sociais teve a seguinte pergunta de partida: o que é feminismo? Uma socióloga (Sofia Aboim), um psicólogo (António Manuel Marques), uma pedagoga (Maria Aparecida Souza Couto) e um médico psiquiatra (Adalberto Goulart) aceitaram responder à seguinte pergunta deste 23.° número da coleção: o que é masculinidade?
As suas respostas revelaram, com uma análise diversificada e uma profunda contextualização histórica, o quanto este termo é multifacetado e plural, ultrapassando a antiga dicotomia identitária entre homem e mulher, que, de certa forma, permeia o texto introdutório.
Vivemos num mundo de mudanças sociais rápidas, de transição, onde os antigos paradigmas parecem desaparecer e os novos ainda não se definiram. Um mundo onde a estabilidade está em crise. Como referiu o psiquiatra Adalberto Goulart, parte da equipa autoral deste livro, "Diante da crise de identidades de género, de identidades familiares, de identidades humanas, parece-nos que homens e mulheres, utilizando todo o seu conhecimento e experiência histórica, precisam reinventar-se. E todos os instrumentos de que dispomos na atualidade parecem ser insuficientes."
Carreira académica[editar | editar código-fonte]
Ano | Ciclo de ensino | Curso | Entidade | Ref. |
---|---|---|---|---|
1995 | Licenciatura | Sociologia | Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) | [13] |
2000 | Mestrado | Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais | ||
2004 | Doutoramento | Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) |
Ano | Categoria Profissional | Entidade | Ref. |
---|---|---|---|
2006 - 2011 | Investigadora contratada | Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais | [14] |
2011 - Presente | Investigador Auxiliar | ||
2023 - Presente | Investigador principal |
Ano | Entidade | Ref. |
---|---|---|
2013 - 2016 | Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais | [15] |
2016 - 2019 | Universidade de Lisboa |
Prémios e distinções[editar | editar código-fonte]
Ano | Prémio/Distinção | Entidade | Ref. |
---|---|---|---|
2011 | Prémio Estímulo e Reconhecimento da Internacionalização em Ciências Sociais (ERICS) – Edição 2010 | Caixa Geral de Depósitos | [16] |
2012 | Programme for the Internationalisation of Social Sciences in Portugal 2011 | Fundação Calouste Gulbenkian | |
2014 | Prémio Estímulo e Reconhecimento da Internacionalização em Ciências Sociais (ERICS) – Edição 2010 | Caixa Geral de Depósitos | |
2016 | Mulheres na Ciência, Ciência Viva, 1.ª Edição 2016 | Ciência Viva, Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica |
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ «(n.d.). Sofia Aboim. Ciencia Vitae. https://www.cienciavitae.pt/portal/pt/BA1C-7977-EA05» Ligação externa em
|titulo=
(ajuda) - ↑ «(n.d.). Instituto de Ciências Sociais. Instituto de CiêNcias Sociais. https://www.ics.ulisboa.pt/» Ligação externa em
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(ajuda) - ↑ «LIFE: Percursos de Vida, Desigualdade e Solidariedade: Práticas e Políticas. ICS- Instituto de CiêNcias Sociais. Retrieved April 20, 2024, from https://www.ics.ulisboa.pt/grupo/life-percursos-de-vida-desigualdade-e-solidariedade-praticas-e-politicas» Ligação externa em
|titulo=
(ajuda) - ↑ «Vol. 59 N.º 251 (2024): Populismo em Portugal. O Fim do Excecionalismo?». revistas.rcaap.pt. Consultado em 4 de maio de 2024 Texto "Análise Social" ignorado (ajuda)
- ↑ «Iscte». Iscte. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Sociologia - Programa Inter-universitário OpenSoc. Conhecimento para Sociedades Abertas e Inclusivas». Sociologia. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Doutoramento em Estudos de Género - NOVA FCSH/ISCSP/NOVA Direito». NOVA FCSH. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Apresentação». Iscte. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ ABOIM, Sofia, VASCONCELOS, Pedro (2024). Gender fields. The social organization of gender identity. [S.l.]: Routledge. ISBN 9781032322735
- ↑ «Gender citizenship and sexual rights in Europe: transgender lives from a transnational perspective | TRANSRIGHTS Project | Fact Sheet | FP7». CORDIS | European Commission (em inglês). Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Race Trouble»
- ↑ «UNITE: University Network for Inclusive and Digital Education»
- ↑ «Sofia Aboim (BA1C-7977-EA05) | CIÊNCIAVITAE». www.cienciavitae.pt. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Sofia Aboim (BA1C-7977-EA05) | CIÊNCIAVITAE». www.cienciavitae.pt. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Sofia Aboim (BA1C-7977-EA05) | CIÊNCIAVITAE». www.cienciavitae.pt. Consultado em 4 de maio de 2024
- ↑ «Sofia Aboim (BA1C-7977-EA05) | CIÊNCIAVITAE». www.cienciavitae.pt. Consultado em 4 de maio de 2024
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Aboim, S. (2006). Conjugalidades em mudança: percursos e dinâmicas da vida a dois. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais
Aboim, S. (2013). A sexualidade dos Portugueses. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos
Aboim, S. (2016). Plural masculinities: The remaking of the self in private life. London: Routledge.
Aboim, S., Marques, A. M., Couto, M. A. S., Goulart, A. (2017). O que é a masculinidade?. Lisboa: Escolar Editora