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Usuário(a):Sarrazola/Tectos Decorativos de Madeira

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Tecto medieval segundo Viollet-le-Duc.
Igreja de Nossa Senhora da Oliveira em Guimarães, Portugal.

Os tectos de madeira decorativos em Portugal foram construidos durante centenas de anos, sendo o exemplar mais antigo ainda existente a cobertura da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (Guimarães), construido no início do Séc. XV, durante a campanha de obras feita pelo Rei João I de Portugal. A madeira é um dos mais antigos materiais de construção, utilizado há já milhares de anos. Com a evolução dos sistemas construtivos das coberturas dos edifícios, cedo se começaram a fazer tectos, tendo provavelmente os mais antigos sido em Portugal, os de vigas à vista.

Infelizmente, em virtude de a madeira ser um material perecível, não nos chegaram quaisquer exemplares destes antigos tectos. Já nos tratados Romanos de arquitectura e construção, eram mencionados tectos em madeiras preciosas e ricamente decorados, sendo o do pórtico do Panteão em Roma decorado com embutidos de madeiras coloridas, de marfim, de madrepérola e utilizando também lâminas de bronze . Após o período romano, muito pouco se sabe acerca destas estruturas, uma vez que aos nossos dias, só chegaram exemplares construídos a partir do Séc. XIII/XIV. De acordo com Viollet-le-Duc, no seu Dictionnaire raisonné de l’architecture française du XIe au XVIe siècle, no período medieval, os tectos como os conhecemos hoje não existiam. Confundiam-se com a própria estrutura de cobertura ou dos pavimentos, tendo todo o vigamento à vista. Eram assim constituídos por vigas mestras, sobre as quais se assentavam vigas secundárias perpendiculares e sobre esse vigamento era aplicado o soalho do piso superior. Este tipo construtivo, é muito semelhante ao que na Península Ibérica foi utilizado na carpintaria mudéjar com a denominação de alfarge.

Posteriormente, esta solução evoluiu para outra mais elaborada, em que o vigamento é constituído por vigas mestras, mas deixando de existir o segundo nível de vigas, que é substituído por vigas pequenas que encaixam nas principais através da abertura de caixas nas vigas mestras por meio de respigas. Estas pequenas vigas, denominam-se tarugos ou chincareis, e destinam-se a manter a estabilidade dimensional do conjunto, evitando movimentos horizontais e empenos.

Com o surgimento do movimento renascentista e o gosto pela arquitectura clássica, foi adaptada a estrutura anterior à construção de tectos de caixotões, também denominados artesoados ou artesonados. A grande diferença para o anterior, é a de que o espaço entre as vigas, passou a ser preenchido com painéis decorativos. Passaram também a ser utilizadas as formas curvas, arcos e abóbadas, também artesoadas. Este tipo de estrutura perdurou até ao Século XIX, tendo sofrido alterações ao nível decorativo, em que com o surgimento do barroco, os caixotões vão sendo progressivamente abandonados, dando lugar a decorações de perspectiva arquitectónica e, posteriormente, aos tectos estucados. Surgiram também os tectos sanqueados, que serão abordados em pormenor nos capítulos seguintes.

A Península Ibérica, surge como um caso especial dentro do panorama europeu. Se por um lado, absorveu todas estas influências, por outro a ocupação árabe, de vários séculos, deixou marcas profundas no modo de construir e na decoração. Os tectos de viga à vista, medievais, derivaram para os alfarges mudéjares, construídos com madeira perfeitamente esquadrilhada e de menor secção. Destes tectos, numerosos apresentam decoração gótica ou renascentista, pelo que são em Espanha classificados como gótico-mudejares ou no segundo caso como mudéjares renascentistas. Também as armações de cobertura sofreram alterações construtivas,que as distinguem das restantes correntes europeias. Este tipo de estruturas ibéricas, atingiu o seu apogeu a nível decorativo após a reconquista, em que a carpintaria ibérica, incorporou a decoração geométrica tipicamente árabe, produzindo autênticas obras-primas. Este tipo construtivo, influenciou de forma decisiva o gosto em termos de forma dos tectos, tendo sido o precursor dos típicos tectos de masseira e dos tectos de três panos que forram asnas de nível e que se constroem até hoje


Tipos de sistemas construtivos quanto à estrutura[editar | editar código-fonte]

Tipos de Tetos quanto ao forro[editar | editar código-fonte]

Tipos de tetos quanto à forma[editar | editar código-fonte]


Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • COSTA, F. Pereira da - Enciclopédia prática da construção civil. Edição do autor. Lisboa: Portugália Editora, 1955[1]
  • MARTINS, João Sarrazola. Tectos Portugueses do séc. XV ao Séc. XIX.2008. Disertação de mestrado em recuperação e conservação de património construído. Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior Técnico, Lisboa.[2]
  • NUERE MATAUCO, Enrique - La carpintería de armar española. 3.ª Edição. Madrid: Editorial Munilla-Lería, 2008, ISBN-13: 978-84-89150-37-9
  • NUERE MATAUCO, Enrique – Nuevo Tratado de la carpintería de lo blanco . Madrid: Editorial Munilla-Lería, 2001, ISBN 84-89150-46-x


Predefinição:Esboço-Tectos decorativos de madeira

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