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Usuário(a):Savio Cabral/Testes

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Barreira de Waismann


A Barreira de Weismann muitas vezes é confundida com o dogma central da biologia molecular, essa comparação e errada. O dogma da biologia molecular indica apenas que a proteína não pode copiar uma molécula de RNA ou de DNA, essas duas idéias são erroneamente ligadas, porque o dogma tem sido reafirmado em termos mais gerais, incluindo a hipótese de que o RNA não pode copiar o DNA, hoje sabemos que essa hipótese e falsa. A herança de características adquiridas, se ocorrer, requer a modificação no DNA dos gametas, ou das células germinativas, e uma maneira em que isso pode ocorrer é através da cópia do RNA. Entretanto, seria errado, em qualquer caso, supor que este é o único caminho, e as duas idéias são bem separados, assim como os conceitos de seleção natural e lamarckismo não estão em conflito, uma vez que a seleção natural constitui apenas parte da teoria de Darwin.

Apesar dessas observações, a idéia da barreira de Weismann é fundamental para o que é agora a teoria geralmente aceita de evolução, fundada sobre a síntese evolutiva moderna. De acordo com a teoria da evolução, as variações ocorrem com o decorrer do tempo nos indivíduos de uma população, como resultados de mutações genéticas que ocorrem naturalmente, podendo ser causadas por erros de copia do DNA, mas também pode ocorrer através da exposição de agentes mutagênicos (químicos) e radiação ionizante. Algumas variações são favorecidas de alguma forma pela reprodução, assim, essas variações são passadas, através da hereditariedade, para a prole com mais facilidade em relação às demais variações, assim a estrutura genética de uma população muda gradualmente. Para Weismann, esse processo aleatório de mutações, que ocorre nos gametas (ou nas células-tronco), e a única fonte de mudanças que alimenta a seleção natural[1].

A idéia de que as células germinativas alteradas geneticamente contem informações que passam para a próxima geração e independente das células somáticas, veio a ser conhecido como a barreira de Weismann, e é frequentemente citado que a barreira de Waismann colocou um ponto final à teoria de Lamarck e a herança de características adquiridas [2].


O Experimento com ratos[editar | editar código-fonte]

Weismann baseava suas idéias em seu conhecimento limitado de células e sua teoria de germoplasma, ele também é amplamente citado como tendo provado a não-existência de herança lamarckiana pelo experimento de cortar os rabos de 1500 camundongos, repetidamente ao longo de 20 gerações, e relatórios mostram que nunca um rato já nasceu, em conseqüência do experimento, sem rabo. Durante o experimento 901 jovens foram produzidos por cinco gerações de pais artificialmente mutilados e ainda não havia um único exemplo de uma cauda rudimentar ou qualquer outra anormalidade do órgão. Apesar do fato de que esta experiência tem sido repetidamente declarada o experimento como invalido, tanto naquela época quanto hoje, muitos livros modernos continuam a declarar que Weismann "provou" que a herança de características adquiridas não ocorre. É também comumente relatado que suas experiências não foram necessárias, pois varias gerações de judeus haviam praticado a circuncisão, sem qualquer efeito observado na prole[3].

Na verdade Weismann tinha conhecimento das limitações de sua experiência, e deixou claro que ele embarcou na experiência, precisamente porque, na época, houve muitas reclamações de animais herdando mutilações. Havia também reivindicações de judeus nascidos sem o prepúcio. Nenhumas destas reivindicações foram apoiadas por evidências confiáveis de que o pai tinha de fato sido mutilado, deixando, em aberto, a possibilidade perfeitamente plausível que a descendência modificada foi o resultado de um gene mutante. Ele realizou seu experimento a fim de sanar tais duvidas, sobre a mutilação especificamente. Weismann, que não sabia quase nada sobre a complexidade da genética moderna, portanto, não estava em posição de declarar tal barreira, pois para provar que algo não pode acontecer necessita de investigação de todos os mecanismos que podem causar tal variação ou mudança[3].O filósofo Henri Bergson explicou isso muito bem, já em 1911, em resposta à afirmação de Weismann, quando disse, em seu livro Evolução Criativa: Depois de ter sido afirmado como um dogma, a transmissibilidade de características adquiridas não foi menos dogmaticamente negada, por motivos desenhados a priori da suposta natureza das células germinais [4]. É bem conhecido como Weismann foi levado, por sua hipótese da continuidade do germoplasma, a considerar as células germinativas (óvulos e espermatozóides) como quase independente das células somáticas. A partir desta, que tem sido afirmado, e ainda é reivindicada por muitos, de que a transmissão hereditária de um caráter adquirido é impossível. Mas se, por acaso, o experimento mostrar que as características adquiridas são transmissíveis, provaria, portanto, que o germoplasma não é tão independente do envelope somática como foi alegado, e transmissibilidade de caracteres adquiridos seriam possível, então podemos dizer que o fato de caracteres adquiridos não ser herdado não tem nada a ver com o caso, e que a experiência só deve resolver a questão. Bergson passa a descrever as dificuldades que surgem em tal experimento, de separar o efeito do hábito de uma aptidão natural que pode ter existido para induzir o hábito [4].


A Barreira de Weismann e a Terapia Gênica[editar | editar código-fonte]

A terapia gênica e a inserção de genes em células e tecidos, cujo DNA, possui alelos defeituosos, assim, a terapia gênica visa melhorar o alelo defeituoso, prevenindo, retardando e ate curando certas doenças, principalmente doenças hereditárias. A terapia gênica realizada em humanos e aplicada somente em células somáticas, pois há uma grande controversa em relação à aplicação em células germinativas. Embora a tecnologia esteja em seu estado inicial de desenvolvimento, a terapia gênica tem sido utilizada com um determinado sucesso.

A terapia gênica pode causar alguns problemas, pelo fato da sua tecnologia ainda não ser bem desenvolvida, como a curta vida natural da terapia gênica, ou seja, a célula tratada com o DNA terapêutico deve ser de vida longa e estável, pois a rápida divisão celular que ocorre naturalmente impede que a terapia atinja seu objetivo e traga os benefícios desejados, assim os pacientes estarão sempre sendo submetidos à terapia gênica. Outro problema e que muitos distúrbios que surgem por causa de mutações que surgem e um único gene são os principais alvos da terapia genética. Distúrbios como problemas cardíacos, pressão arterial elevada, mal de Alzheimer, artrite e diabetes são doenças causadas devido a variação de efeitos combinados de muitos genes, esses distúrbios são muito difíceis de tratar de maneira eficaz usando terapia genética. A terapia gênica também pode causar tumores, uma vez que o DNA e integrado no lugar errado no genoma, em um gene supressor tumoral, pode acabar induzindo um tumor[5].

A barreira de Weismann é fundamental para a segurança da terapia do gene, pois ela impede a “troca” de informações entre as células somáticas (onde e aplicado a terapia gênica) e as células germinativas. No entanto, há rumores de que a barreira pode ser rompida, no caso de ocorrer um tratamento intensivo realizado sem as devidas precauções, pode haver a contaminação de células germinativas, indo contra as intenções da terapia.


Referências

  1. Essays upon heredity (1889) Oxford Clarendon Press – Full online text
  2. Jablonka, E; Lamb, M. J. Evolução em Quatro Dimensões: DNA, comportamento e a Historia da Vida: Editora Schwarcz LTDA. 2005. 511 pag.
  3. a b Germ-Plasm, a theory of heredity (1893)- Full online text
  4. a b Bergson, H. Creative Evolution. Authorized Translation by Arthur Mitchell, Ph,D New York Henry Holt and Company 1911. 370 pag.
  5. http://www.ornl.gov/sci/techresources/Human_Genome/medicine/genetherapy.shtml, acessada no dia 07/04/2013