Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Spionida/Spionida

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaSpionida[1]
Prancha de desenhos de Scolelepsis e Magelona.
Prancha de desenhos de Scolelepsis e Magelona.
Classificação científica
Reino: Animalia[1]
Sub-reino: Bilateria[1]
Infrarreino: Protostomia[1]
Superfilo: Lophozoa[1]
Filo: Annelida[1]
Classe: Polychaeta[1]
Subclasse: Sedentaria[1]
Infraclasse: Canalipalpata[1]
Ordem: Spionida[1]
Resumo dos táxons reconhecidos
Suborderm Spioniformia[2]

Spionida é uma ordem de animais anelídeos poliquetas[2]. São geralmente marinhos[4][5][6][7][8][9] e existem globalmente[10], havendo poucas espécies de água doce[7]. Eles se caracterizam principalmente pelo par de palpos sulcados que sai de sua cabeça e é utilizado na alimentação. No entanto, palpos também ocorrem em outros grupos.[4][5][11][12]. Normalmente, seus órgãos de excreção se encontram nos segmentos anteriores do tronco, enquanto os posteriores são férteis.[4]

São animais relativamente pequenos. Seus representantes podem atingir até 90 mm de comprimento e são finos,[11] alguns tendo 1 mm de largura[4][7]. O número de segmentos de seu corpo pode variar em torno de 30 a 200 segmentos.[11]

Sendo do grupo dos anelídeos poliquetas, seu corpo possui três regiões principais: a cabeça, o tronco e o pigídio.[11][13] A cabeça é formada por duas partes: o prostômio, que é a mais anterior, e o peristômio, a mais posterior, onde fica a boca.[11][13] O tronco é formado por vários segmentos repetidos.[11][13] E o pigídio é a extremidade posterior, onde fica o ânus.[11][13]

Na cabeça, os prostômio e peristômio podem estar fundidos ou não.[6][11] O prostômio pode apresentar formas variadas como arrendado,[9] triangular[4][5][7] e elipsoidal[11]. Nele, pode haver ou não olhos e projeções.[4][12] Os órgão nucais, quando presentes,[11] ficam no prostômio e podem possuir formas variadas[4][5]. O peristômio pode estar reduzido em alguns grupos[4][5], podendo apresentar projeções[11]. Há um par de palpos sulcados[4][5][11][12], que pode se originar do prostômio[10] ou do peristômio[4][5], com tamanho que pode variar desde bem curto, até mais longo do que o corpo do animal[11]. Ambos, origem e tamanho, dependem do grupo tratado.[4][5][10][11]

No tronco, os segmentos podem ser semelhantes entre si, de forma que não haja uma clara regionalização, como ocorre nos espionídeos.[10] Mas eles também podem ser bem diferenciados entre si, havendo regionalização, como ocorre nos longosomatídeos, que possuem o tronco dividido em tórax, abdômen e região posterior.[4][5][7][11]

Nos segmentos, pode haver estruturas chamadas parapódios, que podem estar reduzidos[7][11] ou não[4][5]. Esses parapódios são todos birremes,[4][5][7][10][11][12] com exceção dos trocoquetídeos, que possuem os parapódios unirremes, em sua região mediana [4][11], além de alguns espionídeos[9]. Os parapódios não possuem acículas,[4][5] com exceção dos apistobranquídeos[6]. Suas cerdas são todas simples[4][5][6] e apresentam as mais diversas formas entre os grupos[6][11]. Nos parapódios, também pode haver brânquias.[4][5][7][10][11]

Normalmente, os órgãos de excreção se encontram anteriormente no tronco e os de liberação de gametas, posteriormente.[4]

O pigídio pode apresentar cirros.[4][5][11][12]

Diversidade e hábitos

[editar | editar código-fonte]

Spionida ocorre globalmente,[10] tendo mais de mil espécies descritas, sendo a maioria pertencente à família Spionidae[9]. Grande parte do grupo é marinha bentônica, com poucos representantes de água doce.[4][5][6][7][8][9][14] Ocorrem desde águas rasas,[4][7] até profundidades de 10.000 metros[12]. Muitos vivem em sedimentos macios ou lodosos,[4][5][7] em tubos construídos pelos próprios animais.[4][5][10][15]No Brasil, há registros das famílias Apistobranchidae, Longosomatidae, Poecilochaetidae e Spionidae.[16]

São animais comedores de depósitos superficiais e suspensívoros.[7][17][18] Nos espionídeos, foi observado o uso do par de palpos sulcados em ambas as modalidades de alimentação.[7][17][18] Como as demais famílias também possuem palpos, acredita-se que boa parte delas também as utilize para se alimentar.[4][5][6][12][19]

Streblospio benedicti preservado em formol 10% e álcool 70% (foto de Eric A. Lazo-Wasem).

A reprodução é melhor conhecida para os espionídeos.[7][9] Para eles, a reprodução é majoritariamente sexuada gonocórica, ou seja, há machos e fêmeas, e o desenvolvimento pós-embrionário é indireto, apresentando um estágio larval.[7][9] Também ocorrem formas de reprodução assexuada.[7][9]

Pouco se sabe sobre a biologia reprodutiva dos demais grupos.[4][5][7]

A maior parte dos grupos não possui registro fóssil conhecido, exceto os espionídeos.[9][11]



Taxonomia e Filogenia

[editar | editar código-fonte]

A ordem Spionida possui atualmente apenas uma subordem, chamada Spioniformia,[2] a qual abrange seis famílias: Apistobranchidae, Longosomatidae, Poecilochaetidae, Spionidae, Trochochaetidae e Uncispionidae.[2][1][3]

O nome Spionida foi primeiro usado para denominar um grupo de oito famílias de poliquetas, que incluíam: Apistobranchidae, Spionidae, Trochochaetidae, Longosomatidae, Poecilochaetidae, Chaetopteridae, Paraonidae e Sabellariidae.[4] Antes disso, o nome Spiomorpha já era usado comumente, em referência a animais da família Spionidae e outros grupos de poliquetas semelhantes a eles.[4][20]

Mais tarde, Spionida foi reformulada.[21] Paraonidae e Sabellariidae foram removidos e Magelonidae foi incluído no grupo.[4] Além disso, Spionida foi dividida em três subgrupos: Spioniformia (com seis famílias), Chaetopteriformia (com Chaetopteridae) e Cirratuliformia (com Acrocirridae e Cirratulidae).[4]

O grupo Cirratuliformia, inicialmente incluído na ordem Spionida, foi posteriormente colocado na ordem Terebellida.[4] E a família Uncispionidae, que foi conhecida depois das demais, foi adicionada a Spionida.[4][9]

Trabalhos recentes identificaram Magelonidae e Chaetopteridae como grupos basais de anelídeos, retirando-os de Spionida .[22]

São consideradas sinapomorfias de Spionida a presença de um par de palpos sulcados na região da cabeça, órgão nucais formando projeções anteriores, órgãos excretores anteriores e gonodutos posteriores.[4]

Um estudo realizado com sequências de alguns genes corroborou a tradicional monofilia do grupo[23], já indicada pelos estudos morfológicos.[12] Entretanto, análises posteriores, com mais genes e sequências, indicaram Spionida como grupo parafilético, devido à adição de Uncispionidae.[9][12] Algumas análises cladísticas colocam Poecilochaetidae, Trochochaetidae e Uncispionidae como subgrupos de Spionidae.[9]

Com isso, tem-se que as hipóteses filogenéticas para o grupo não apresentam consenso.

  1. a b c d e f g h i j k «ITIS Standard Report Page: Spionida». www.itis.gov. Consultado em 27 de junho de 2020 
  2. a b c d Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Spionida». World Register of Marine Species. Consultado em 26 de junho de 2020 
  3. a b c d e f g Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Spioniformia». World Register of Marine Species. Consultado em 26 de junho de 2020 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag Beesley, Pamela L.; Ross, Graham J. B.; Glasby, Christopher J. (2000). Polychaetes & Allies: The Southern Synthesis. Col: Fauna of Australia (em inglês). 4A Polychaeta, Myzostomida, Pogonophora, Echiura, Sipuncula. [S.l.]: Csiro Publishing. p. 189-190, 193, 196, 200-201 
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Fauchald, Kristian; Rouse, Greg (1997). «Polychaete systematics: Past and present». Zoologica Scripta (em inglês). 26 (2): 102, 111, 117,119-120. ISSN 1463-6409. doi:10.1111/j.1463-6409.1997.tb00411.x 
  6. a b c d e f g Blake, A. James; Petti, Mônica A. V. (2014). «7.2.2. Apistobranchidae Mesnil & Caullery, 1898». In: Purschke, Günter; Westheide, Wilfried. Annelida: Polychaetes. Col: Handbook of Zoology Online. [S.l.]: De Gruyter 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o p q González, Jesús A. L.; Zavala, José R. B.; Parra, Luis F. C.; Garza, María E. G.; Rivera, Alejandro P.; Vallejo, Sergio I. S.; Weiss, Vivianne S. (2009). Poliquetos (Annelida: Polychaeta) de México y América tropical. Monterrey, México: Dirección de Publicaciones, Universidad Autónoma de Nueva León. p. 251-254, 589-613. OCLC 757544977 
  8. a b Darbyshire, T.; Mackie, A. S. Y. (1 de outubro de 2011). «Review of Uncispionidae (Annelida: Polychaeta) with the description of a new species of Uncispio». Italian Journal of Zoology. 78 (sup1): 65–77. ISSN 1125-0003. doi:10.1080/11250003.2011.580993 
  9. a b c d e f g h i j k l Beesley, Pamela L.; Ross, Graham J. B.; Glasby, Christopher J. (2000). Polychaetes & Allies: The Southern Synthesis. Col: Fauna of Australia (em inglês). 4a. [S.l.]: Csiro Publishing. p. 63 - 66, 256 - 270 
  10. a b c d e f g h Fauchald, Kristian (1977). The polychaete worms: definitions and keys to the orders, families and genera (em English). S.l.: Natural History Museum of Los Angeles County. p. 22-28. OCLC 463129236 
  11. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v Rouse, Greg W; Pleijel, Fredrik (2008). «3 Polychaete anatomy; 63 Apistobranchus Levinsen,1883; 66 Heterospio Ehlers, 1875; 67 Poecilochaetus Claperède, 1875; 68, Spionidae, Grube, 1850; 69 Trochochaeta Örsted, 1843a; 70 Uncispionidae Green, 1982». Polychaetes (em English). [S.l.: s.n.] p. 253-255, 264-274. OCLC 838546601 
  12. a b c d e f g h i Purschke, Günter; Schmidt-Rhaesa, Andreas; Böggemann, Markus; Westheide, Wilfried (24 de fevereiro de 2020). «Seções 7.4.1 Spionidae Grube, 1850; 7.4.2 Poecilochaetidae Hannerz, 1956; 7.4.3 Trochochaetidae Pettibone, 1963; 7.4.4 Uncispionidae Green, 1982». Pleistoannelida, Sedentaria II (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter GmbH & Co KG 
  13. a b c d Brusca, Richard C.; Brusca, Gary J. (2018). Invertebrados 3ª ed. [S.l.]: Guanabara Koogan 
  14. PETTI, Mônica A. Varella; NONATO, Edmundo F.; BROMBERG, Sandra; GHELLER, PAULA F.; PAIVA, Paulo Cesar; CORBISIER, Thais N. (5 de abril de 2007). «On the taxonomy of Apistobranchus species (Polychaeta: Apistobranchidae) from the Antarctic». Zootaxa. 1440 (1). 51 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.1440.1.4 
  15. Allen, E J (1904). «The anatomy of Poecilochaetus, Claparède». Londres: J. and A. Churchill. Quarterly journal of microscopical science. Series: new (48): 83 – via BioStor 
  16. Amaral, A. C. Z.; Nallin, S. A. H.; Steiner, T. M.; Forroni, T. D. O.; Gomes-Filho, D. (2010). Catálogo das espécies de Annelida Polychaeta do Brasil (PDF). Campinas: Unicamp. p. 119-120, 123-134 
  17. a b «Spionidae». Wikipedia (em inglês). 2 de março de 2019 
  18. a b Bortone, Stephen A. (2005). Estuarine indicators. Boca Raton, FL: CRC Press. p. 277-278. OCLC 74274841 
  19. Fauchald, Kristian; Jumars, Peter A. (1979). «The diet of worms: a study of polychaete feeding guilds» (PDF). Oceanography and marine Biology annual review: 262 
  20. Dales, R.P. (1963) Annelids. Hutchinson University Library, London
  21. Fauchald, Kristian (1977). The polychaete worms: definitions and keys to the orders, families and genera (em English). S.l.: Natural History Museum of Los Angeles County. p. 22-28. OCLC 463129236 
  22. Weigert, Anne; Bleidorn, Christoph (junho de 2016). «Current status of annelid phylogeny». Organisms Diversity & Evolution (em inglês). 16 (2): 345–362. ISSN 1439-6092. doi:10.1007/s13127-016-0265-7 
  23. Bleidorn, C., Vogt, L., & Bartolomaeus, T. (2003). New insights into polychaete phylogeny (Annelida) inferred from 18S rDNA sequences. Molecular phylogenetics and evolution, 29(2), 279-288.