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Costumes[editar | editar código-fonte]

Sem os véus, diferente de outras mulheres mulçumanas, as jovens disfrutam de liberdade. Apesar do Islã, a monogamia é uma regra absoluta entre os tuaregues. A mulher não pode casar sem o seu consentimento, além disso, o divórcio é uma possibilidade e ele pode partir dela; ela continua sendo dona de suas próprias propriedades (cabras e camelos) e às vezes administra as propriedades da família.[1]

Três homens vestindo mantos azuis no meio do deserto.
Tuaregues usando o Tagelmust.

Apesar disso, não existe, de fato, um “MATRIARCADO”, [Recomendo não utilizar letra maiúscula desta forma, a palavra pode ser toda escrito com letra minúscula - Cami] a verdade é que os tuaregues seguem uma estrutura matrilinear”, [O uso so itálico é só para alguns casos específicos, conforme o livro de estilos - Cami] ou seja, os filhos recebem a posição social da sua mãe (nobre, vassalo, escravo) e pertencem ao respectivo grupo. [Fiz uma pequena alteração nessa frase - Cami] Da mesma forma, o poder político, que está concentrado nas mãos de famílias antigas é transmitido, apenas, através das mulheres, sendo assim o ancestral comum das famílias no poder das grandes tribos tuaregues é uma mulher, a rainha guerreira Tin Hinan.[1] [2]

São os homens que não dispensam um véu azul-índigo característico, o Tagelmust, que usam mesmo entre os familiares. Dizem que os protege dos maus espíritos. Tem a função prática de proteger contra a inclemência do sol do deserto e das rajadas de areia durante suas viagens em caravana. Usam como um turbante que cobre também todo o rosto, exceto os olhos.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Era pré-colonial[editar | editar código-fonte]

Sahara e Sahel

O comércio transaariano e suas diversas rotas eram a conexão mercantil de diversas áreas economicamente ativas que se deu no deserto do Saara. Dentro desse comercio, diversos povos nômades e sedentários interagiam uns com os outros, os tuaregues não foram a excessão, alimentando o comercio transaariano com escravos e produtos diversos. Ainda assim, a relevância comercial deles não era nem de longe comparável com os povos sedentários dos oásis do norte ao qual detinham apoio nos portos mediterrâneos.[3]

Apesar de suas atividades comerciais no comércio transaariano, o povo nômade era visto de maneira negativa, principalmente devido suas atividades de incursão aos povos vizinhos, tais atividades que se estendiam tambem as caravanas das rotas comerciais do Saara, tendo essas incursões, perdurado por décadas.[4] Diferente das caravanas do Saara, que ainda possuíam a opção de pagar tributos por proteção para não serem saqueadas, os povos que eram vítimas das incursões não tinham opção além da submissão, alguns virando escravos,[5] outros sendo submetidos a um saque cíclico, sendo reservas de suprimentos para os tuaregues que eventualmente retornavam. [6] [3]

Fora aos processos econômicos ligados ao saque, incursão e comercio, o povo tuaregue, como vários outros povos nômades, tinham como fonte primária de renda e subsistência, o pastoreio.[5] Os animais criados pelos tuaregues eram camelos e cabras, mais adaptados ao clima hostil do Saara que o gado convencional.

Era colonial[editar | editar código-fonte]

Colonel Paul Flatters (1832–1881)

No final do século 19, os tuaregues resistiram à invasão colonial francesa de suas terras natais os guerreiros tuaregues resistiram fortemente à incursão colonial nas diferentes regiões em que viviam. Aniquilaram uma expedição francesa liderada por Paul Flatters em 1881,[7] e em 1901-2, e novamente em 1916-17, eles se levantaram contra os franceses, que tiveram que conduzir extensas campanhas contra eles. Apesar desses eventos, os tuaregues vinham se sentido ameaçados pela França a, no minimo, vinte a trinta anos antes disso, desde a penetração francesa no deserto, ao longo dos anos 1850 e 1860, resultando na realização de uma ação unificada entre os tuaregues do Hoggar, esses que seriam derrotados em 1902. [3]

No longo prazo, os tuaregues não foram páreo para as tropas francesas, mas não só isso, a derrota dos tuaregues foi acompanhada da dizimação da classe guerreira. [5] A classe religiosa tentou tirar proveito da situação e posicionou-se como chefes e intermediários da administração colonial. Apesar dos tuaregues não representarem mais ameaça ao poder francês, os nômades foram pouco a pouco sendo negligenciados sobre o comando do gigante europeu.

Sob controle francês, os tuaregues restantes tiveram sua área de migração reduzida, o que afetaria seu modo de vida nômade, mas tambem seria um empecilho a projeção de poder que o povo tinha sobre os povos vizinhos, evitando as depredações por parte dos tuaregues para com outras populações. O sul agrícola escapou gradualmente do controle tuaregue à medida que os franceses forneciam melhor proteção à população local, isso unido ao fato da casta militar já ter quase desaparecido por completo, fez com que os tuaregues fossem cada vez mais empurrados para o clima hostil do deserto, a depender do seu pastoreio. [5] [8]

Apesar disso, o povo tuaregue manteve boa parte do seu sistema econômico escravagista pré-colonial. Mesmo após a abolição formal da escravatura, as mudanças sociais não retiraram toda influencia possuída pelo povo até então. Alguns ex-escravos migraram para cidades onde se juntaram aos estratos mais baixos de moradores urbanos, não exatamente reintegrados a sociedade, esses, estavam condenados a marginalização da mesma maneira. A maioria dos ex-escravos permaneceu como mão-de-obra dependente de seus antigos senhores, sendo servos domésticos ou continuando a cuidar das propriedades de seus senhores, mesmo sem o vinculo de posse, que antes existia. [5]

Era pós-colonial[editar | editar código-fonte]

Três homens Tuareg em seus mantos. Imagem em preto e branco. Um deles esta em um camelo.
Postal da Exposição Colonial de 1907.

Na década de 1960, quando a independência pós-colonial foi alcançada em Níger, Mali. e Argélia. O domínio que ainda restara nas mãos do povo tuaregue, fora agora, definitivamente ameaçado. Eles estavam muito mal representados na estrutura do estado. A maioria dos tuaregues ainda eram nômades, mas o ciclo de seus movimentos encurtou ainda mais devido a recentes fronteiras fora do domínio francês além que eles também continuaram a perder o controle sobre seus dependentes agrícolas, que eram apoiados pelo governo central. [5]

A obrigatoriedade da educação tambem encontrou resistência no modo de vida nômade que o povo tuaregue buscava preservar. A falta de uma postura sedentária, tambem lhes proporcionou vários outros problemas, tais como, na década de 1980, onde foram confundidos com “agentes líbios” e sujeitos à repressão por parte das forças militares do Níger. [5]

Desde 1998, três bandeiras diferentes foram desenhadas para representar os tuaregues, apesar disso, eles ainda são um povo sem nação e são marginalizados nos mais diversos países aos quais habitam.[9] O tratamento do povo se diversifica de país para país, o governo argelino pós-colonial, por exemplo, estava empenhado em destruir a sociedade tuaregue tradicional, por não se enquadrar na ideologia socialista revolucionária, porém, ele tambem estava interessado em manter os remanescentes da cultura tuaregue como exposições para turistas. Comparado a Argélia nem no Níger nem no Mali o turismo foi muito desenvolvido.[5] Apesar disso, os incentivos em prol a sedentarização continuaram existindo na maioria dos países, convertendo parte dos tuaregues, mas uma grande parte, ainda se relegando ao deserto, em busca de manter viva sua cultura.

Apesar de tudo, a área habitada pelo povo, é correspondente a uma grande área desértica, de clima quente e seco, somando a sua baixa arrecadação por limitada área de ação e a perca do poder obtido em períodos pré-coloniais tornou cada vez mais dificil o sustento do pastoreio. A seca que se fazia presente junto a morte dos seus animais, condenou muitos a centros de socorro de emergência, sem sustento e sem possibilidade de manter a forma de vida nômade, enquanto outros, para encontrarem sustento, prontamente se uniram a bandos rebeldes nas mais diversas guerras que ocorrem na região. [5]

Revoltas[editar | editar código-fonte]

Primeira Revolta[editar | editar código-fonte]

No Mali, os tuaregues foram em rebelião aberta contra o governo durante a maior parte dos anos pós-coloniais, logo depois da sua independência em 1960, e suas regiões foram fechadas por razões de segurança. No final de 1964, os métodos fortes do governo esmagaram a rebelião. As atrocidades e as violações dos direitos humanos cometidas por ambos os lados contribuíram para um clima de medo e desconfiança no Norte.[10]

Segunda Revolta[editar | editar código-fonte]

Mali e Níger em mapa mundi

De 1990 a 1995, ocorreu uma rebelião de vários grupos tuaregues no Níger e no Mali , com o objetivo de alcançar autonomia ou formar o seu próprio Estado-nação. Em 1991, a insatisfação pública com a economia, as condições sociais e as políticas governamentais transbordaram, provocando uma resposta violenta do governo e uma revolta popular. A essa altura, o país tinha acabado de embarcar em uma paz tênue que pôs fim iniciaria à guerra civil com os tuaregues no Norte.[10] [11]

A insurgência ocorreu num período que se seguiu à fome regional da década de 1980 e à subsequente crise de refugiados, e num período de repressão política generalizada e de crise em ambas as nações. O conflito faz parte de uma série de conflitos originados nas relações com o povo tuaregues e sua história colonial e pós-colonial para com estas nações. [10] [11]

Os tuaregues no conflito da Líbia[editar | editar código-fonte]

Muamar Gaddafi (1942-2011)

Muamar Gaddafi, ex-ditador da Líbia, empregou muitos tuaregues no grupo paramilitar “Legião Islâmica” tambem conhecida como “Legião Verde”, fundado em 1972. Após a desastrosa guerra com a república do Chade, que acabou em 1987, muitos destes, aos quais, permaneceram na Líbia e ingressaram no exército líbio, onde foram formadas brigadas compostas por tuaregues. [12]

Em 2011, cerca de 2.000 mercenários tuaregues malianos foram para a Líbia para apoiar o ditador na sua luta contra a oposição. Os que regressaram ao seu país, lideraram a rebelião de 2012. Uma parte continuou leal ao antigo ditador, outra migrou para o Mali e formando o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA). [13]Azawad é uma região na parte norte do Mali.

Muitos dos que permaneceram na Líbia tiveram sua nacionalidade reconhecida posteriormente pela “Câmara dos Representantes” já que muitos ainda lutavam sem cidania.[13]

Os tuaregues nas lutas no Sahel[editar | editar código-fonte]

Com o retorno em 2011 de um grande número de tuaregues que antes apoiavam o ditador Gaddafi, até então integrados na “legião islâmica”, agora integrantes do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), resultou na a última rebelião em 2012. Tambem conhecida como “rebelião tuaregue de 2012” foi uma guerra de independência contra o governo do Mali que ocorreu na região de Azawad ao norte do país. [14] [15]

Apesar de ter esse nome, a maior parte da população, não apoiou. Boa parte dos antigos milicianos tuaregues integraram milícias que cooperaram com os exércitos do Mali e do Níger, bem como com as forças francesas que lideravam a “operação Barkhane”, uma operação anti-terrorista no Sahel. Os tuaregues que não faziam parte dos grupos anteriores começaram a realizar as suas próprias ações contra grupos islâmicos radicais por conta própria.[16] [17]

  1. a b c ROGNON, Pierre (1962). «La confédération des nomades Kel Ahaggar (Sahara Central)». Annales de géographie. vol. 71 (no 388): 605. Consultado em 1 de julho de 2024 
  2. EL FASI, Mohammed (2010). História geral da África, III: África do século VII ao XI. Vol. IV. Brasilia: UNESCO. p. 176. 1054 páginas. ISBN 978-85-7652-125-9 
  3. a b c AJAYI, J.F. Ade (2010). História geral da Africa, VI: Africa do século XIX à década de 1880. Vol. VI. Brasília: UNESCO. pp. 598–646. 1034 páginas. ISBN 978-85-7652-128-0 
  4. OGOT, Bethwell Allan (2010). História geral da Africa, V: Africa do século XVI ao XVIII. Brasilia: UNESCO. pp. 596–609. 1208 páginas. ISBN 978-85-7652-127-3 
  5. a b c d e f g h i AZARYA, Victor; KHAZANOV, Anatoly M; WINK, André (2001). The Nomadic Factor in Africa: Dominance or Marginality. [S.l.: s.n.] pp. 250–284. ISBN 9780203037201 
  6. NIANE, Djibril Tamsir (2010). História geral da África, IV: África do século XII ao XVI. Brasilia: UNESCO. pp. 604–606. 892 páginas. ISBN 978-85-7652-126-6 
  7. «Charles de Foucauld et les Pères Blancs». web.archive.org. 23 de outubro de 2005. Consultado em 1 de julho de 2024 
  8. BOAHEN, Albert Adu (2010). História geral da Africa, VII: Africa sob dominação colonial, 1880-1935. Brasilia: UNESCO. p. 549. 1040 páginas. ISBN 978-85-7652-129-7 
  9. «Berbers: Armed movements». www.fotw.info. Consultado em 1 de julho de 2024 
  10. a b c HENK, Dan. "Conflict and conflict resolution in the Sahel : The Tuareg insurgency in Mali". Escritório de Publicações do Governo dos Estados Unidos, 1 de maio de 1998 p. 1-46.
  11. a b DECALO, Samuel; IDRISSA, Abdourahmane (2012). Historical Dictionary of Niger. Londres e Nova Jersey: Scarecrow Press. 541 páginas. ISBN 0810860945, 9780810860940 Verifique |isbn= (ajuda) 
  12. Gwin, Peter (31 de agosto de 2011). «Former Qaddafi Mercenaries Describe Fighting in Libyan War». The Atlantic (em inglês). Consultado em 1 de julho de 2024 
  13. a b LACHER, Wolfram. Libya’s Fractious South and Regional Instability. Security assessment in north africa: A Small arms survey project, 17 de jun. de 2017.
  14. NSAIBIA, Héni; WEISS, Caleb. The End of the Sahelian Anomaly: How the Global Conflict between the Islamic State and al-Qa`ida Finally Came to West Africa. Combating Terrorism Center ar West Point, Julio de 2020.
  15. «Groupe d'Autodéfense Tuareg Imghad et Alliés (GATIA) - Mapping armed groups in Mali and the Sahel». ecfr.eu. Consultado em 1 de julho de 2024 
  16. LEBOVICH , Andrew. The Local Face of Jihadism in Northern Mali. Combating Terrorism Center at West Point, Junio de 2013.
  17. Vall, Mohammed. «Niger's Tuareg community seeks stability». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 1 de julho de 2024