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Palafita

As palafitas são edificações erguidas sobre estacas de madeira que surgem devido à necessidade das populações construírem sobre a água, comumente nas margens fluviais. Nos países em desenvolvimento, em que parte da população vive em condições precárias de infraestrutura e ocupam áreas alagadiças, esse tipo de construção é bastante utilizado. Sobretudo possui carácter funcional seja na proteção contra a subida das marés ou no uso da água como meio de subsistência aos moradores. [1]

Origem[editar | editar código-fonte]

Desde o período neolítico, datando os anos 5000 a 1800 a.C.[2], foi descoberto em 1854 o primeiro indicio de palafitas interligadas por pontes e passadiços no lago de Zurique, em Meilen, na Suíça.[3]

Abrangendo-se como uma arquitetura pura, é possível encontra-la em vários continentes, principalmente na Europa nas margens dos lagos e zonas marítimas[3]. Veneza, como exemplo, uma cidade palafítica que se consolidou a partir dos tempos, de estruturas frágeis para edificações solidas fincadas diretamente dentro d´água.[4]

Tendo predominância do seu aparecimento em zonas intertropicais (Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio), as palafitas marcam forte presença também na Ásia, na América e um pouco menos na África, onde existe uma cidade semelhante a Veneza, chamada Ganvié.[4]

No mundo[editar | editar código-fonte]

Em Portugal[editar | editar código-fonte]

Em Portugal, as palafitas são denominadas, palheiros, que estão presentes no litoral e na margem dos rios.

  • Palheiros no litoral: corresponde as palafitas localizadas, desde Espinho até à Praia de Vieira de Leiria numa extensão com cerca de cem quilômetros. e são construídas principalmente para abrigar os pescadores e suas embarcações. Nessa área costeira, não aparecem acidentes geográficos.[5][6]
  • Palheiros do rio: tinham como objetivo abrigar os avieiros, emigrantes de décadas atrás que migravam,do litoral central do país para o rio Tejo.[5] As famílias que sofriam com uma economia precária viviam nos seus barcos, chamados de bateiras, agrupados em pequenos núcleos mesmo à beira da água. [5][6]

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Tipo palafita amazônica[editar | editar código-fonte]

O tipo corresponde as interações da população no uso do espaço, juntamente com os seus valores culturais[7], sempre levando em consideração as qualidades topológicas classificadas como[8]:

  • clausura ou sucessão - condiz com ambientes que fazem a integração entre o interior e o exterior, como varandas e quintais;
  • continuidade ou separação - delimita direções e sentidos (horizontal, vertical, direita, esquerda...);
  • proximidade diz respeito à distância entre uma comunidade e outra.[8]

O tipo palafita amazônica, contempla a resistência de uma cultura interligada a subsistência do uso da corrente fluvial, permanência da paisagem amazônica, laço comunitário e vivência atrelada a adaptação humana ao clima, a floresta densa e ao ciclo da maré[8].

Na cultura indígena, as três qualidades topológicas são bem evidentes, pois a população ribeirinha fazendo o uso da palafita, tira o sustento do rio e transita facilmente com a floresta, fazendo uma extensão entre a casa, floresta e rio.[8]

Já na cultura nordestina, a sucessão aparece com a demarcação do ambiente interno e externo, porém sempre com aberturas que dimensionam e localizam essa interação. E a continuidade também mostra uma planta retangular, com perspectiva linear, raramente com limites físicos.[8]

Da palafita aos loteamentos populacionais[editar | editar código-fonte]

Vila da Barca[editar | editar código-fonte]

A Vila da Barca, existente desde a década de 1920, é uma comunidade tradicional estruturada em palafitas no município de Belém, no Pará. Devido as condições precárias presentes na comunidade, através da Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB), a prefeitura apresenta projeto de realocação dos moradores a um novo conjunto habitacional em sobrados, iniciados em 2006, que garantem os direitos humanos antes negligenciados e a suposta eliminação das habitações antigas feitas em palafitas.[8]

Contudo, os moradores não parecem satisfeitos com as novas habitações, reclamando acerca do tamanho, da falta da interatividade do exterior com interior do espaço.[8]


  1. SAULE, Nelson. «Direito à cidade». Polis 
  2. Summermatter, Stefania. «Povoações lacustres, candidatas à chancela da UNESCO». SWI swissinfo.ch. Consultado em 8 de dezembro de 2019 
  3. a b Summermatter, Stefania. «Palafitas europeias podem virar patrimônio mundial». SWI swissinfo.ch. Consultado em 8 de dezembro de 2019 
  4. a b BAHAMÓN, Alejandro; ÁLVAREZ, Ana Maria (2009). «Palafita: da Arquitectura Vernácula à Contemporânea». Revista Argumentum 
  5. a b c RIBEIRO, Vanessa. «Construções sobre palafitas: Do Inquérito à Arquitectura Regional à Contemporaneidade». Laboratório de Cultura Arquitectónica Contemporânea 
  6. a b OLIVEIRA, Ernesto; GALHANO, Fernando (1964). «Palheiros do Litoral Central Português». Instituto de Alta Cultura, Centro de Estudos de Etnografia Popular 
  7. «Tipo e tipologia na palafita amazônica». www.nomads.usp.br. Consultado em 8 de dezembro de 2019 
  8. a b c d e f g MENEZES, Tainá; PERDIGÃO, Ana; PRATSCHKE, Anja (2015). «O Tipo Palafítico Amazônico: Contribuições ao Processo de Projeto de Arquitetura». Pontifícia Universidade Católica de Campinas  line feed character character in |titulo= at position 43 (ajuda)