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Usuário(a):Vitor razoilo/Testes

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O reuso de águas industriais

Com o crescimento industrial, os recursos naturais apresentam-se mais escassos levando ao desenvolvimento de leis ambientais cada vez mais rígidas. Com a globalização do mercado, muitas empresas procuraram se modernizar objetivando tornar-se mais competitivas. Os custos envolvidos com o uso dos recursos naturais têm levado as indústrias a buscar alternativas a curto e médio prazo para minimizar estes custos sem que com isso interfiram na qualidade do produto final, e procurando reduzir seus impactos ambientais.

Uma vez que do ponto de legislação muitas vezes é necessário tratamento de efluentes para atender os padrões legais, o trabalho de tratamento pode em alguns casos ser aproveitado para que o efluente tratado seja reutilizado. A busca por um menor consumo de água através de técnicas de reuso e reciclagem nos processos industriais passa a fazer parte do planejamento estratégico de várias empresas.

No entanto, nem todas as empresas estão estruturadas para tratar do assunto. Por exemplo, foi realizada uma análise das informações disponibilizadas pelas Companhias do setor de Petróleo que compõem ou em algum momento participaram do Jones Sustainability Index, desde sua criação, e também a partir de informações veiculadas sobre empresas do setor a partir de relatórios públicos de instituições de avaliação de risco ambiental Gonzalez (2011). Um estudo concluiu que apenas 50% das empresas apresentam dados globais de captação de água e somente 40% são capazes de apurar estas informações e por região de atuação ou fontes de captação, 33% apresentam dados sobre reciclagem e/ou reuso de água em suas atividades. Somente 17% das empresas possuem sistemáticas de verificação de seus dados referentes ao reuso da água, utilização de indicador de intensidade de uso e de intensidade econômica.

Os maiores setores consumidores de água doce disponível são a agricultura e as indústrias, sendo o setor têxtil o responsável por 15% da água consumida, segundo Gonzalez (2011).[1]

Diversos exemplos tem sido divulgados que demonstram que em várias situações o reuso de água em indústrias dá bom retorno. Em um estudo foram realizados testes em escala industrial em curtume na cidade de Roca Sales (RS, Brasil). Foi tratada uma mistura de lavagem de purga. Os processos com reuso não apresentaram diferenças significativas comparados com os processos convencionais, demonstrando a viabilidade do reuso. O couro obtido nestes testes atendeu as especificações do curtume, não tendo prejuízo da qualidade obtida com o reuso. No processo usual entra 550% de água, com o reuso suprime-se o uso de 200% de água, reduzindo em até 30% do consumo de água nas etapas (Passos, 2007).[2]

Numa indústria têxtil do Estado de Santa Catarina (Brasil), O tingimento é o processo no qual são aplicados corantes ao material têxtil esse processo é uma das etapas determinantes do sucesso comercial dos produtos têxteis, além da padronização da cor, o consumidor exige algumas características básicas do produto, como, elevado grau de solidez em relação à luz, lavagem e transpiração, tanto inicialmente quanto após o uso prolongado. Para garantir essas propriedades, as substâncias que conferem coloração à fibra devem apresentar alta afinidade, uniformidade na coloração, resistência aos agentes desencadeadores do desbotamento e ainda serem economicamente viáveis. As análises foram feitas em escala laboratorial em indútria de grande porte, chegando-se as seguintes conclusões: através do reuso das correntes efluentes do tingimento e enxágües pode-se obter uma economia de 80% no total dos tingimentos realizados, e em torno de 40% de redução na geração total de efluentes a ser tratado.[3]

No caso de confecções de pequeno e médio porte no Brasil, foi feito um estudo de caso de otimização de produção mais limpa aplicada, com a instalação de válvulas de bloqueio e torneiras com fechamento automático e a reutilização de água na área de tinturaria e acabamento dos tecidos. O estudo concluiu que houve em uma redução no consumo de água de 111,22 milm3/mês em 1997 para 83,73milm3/mês no ano de 2000. Na produção o consumo de água era de 33,89 l/Kg de tecido e diminuiu no mesmo período para 27,68 l/kg.[4]

Outro estudo foi realizado em um frigorífico de suínos no estado do Rio Grande do Sul (Brasil). Com a otimização das torres de resfriamento devido ao alto consumo de águas (26% do total consumido no processo), otimização do sistema de efluentes principalmente na redução de sais, com vistas ao reuso da água, tais medidas contribuem para a redução da carga poluidora lançada na Bacia Hidrográfica do rio da Várzea e buscam a sustentabilidade socioambiental da empresa.[5]

Referências

  1. Gonzalez, Carlos de Sousa Castro. A gestão de recursos hídricos na indústria do petróleo e seu alinhamento às práticas de mercado. Diss. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.
  2. Passos, Joana Baleeiro. "Reúso de água: uma proposta de redução do consumo de águas em curtumes", 2007.
  3. Twardokus, Rolf Guenter. Reuso de água no processo de tingimento da indústria têxtil. Diss. Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.
  4. GUIMARÃES, Bárbara A.; MARTINS, Suzana Barreto. Proposta de metodologia de prevenção de resíduos e otimização de produção aplicada à indústria de confecção de pequeno e médio porte. Projetica, v. 1, n. 1, p. 184-200, 2010
  5. Krieger, Elisabeth Ibi Frimm . Avaliação do consumo de água, racionalização do uso e reúso do efluente líquido de um frigorífico de suínos na busca da sustentabilidade socioambiental da empresa Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia, 2007.