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Glossolalia Religiosa
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No Cristianismo, glossolalia religiosa (ou dom de línguas) é narrada pela primeira vez na Bíblia, no livro dos Atos dos Apóstolos,[1] que descreve o evento ocorrido no dia de Pentecostes, uma data em que judeus de várias partes do mundo se reuniam em Jerusalém: partos, medas, elamitas, povos da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto, a província da Ásia, Frígia, Panfília e Egito. A relação ainda incluía as regiões da Líbia na direção de Cirene, visitantes de Roma (tanto judeus como convertidos ao judaísmo), cretenses e árabes (Atos 2:9–11). Estes tais se maravilharam por conseguir ouvir a mensagem em sua própria língua ou dialeto. Sinal similar ocorreu na casa de Cornélio, um oficial romano. Antes disso, o Apóstolo Pedro teve uma visão de que não deveriam ser recusados aqueles a quem Deus purificasse, independentemente da origem. Este sinal se mostra com propósito inverso ao ocorrido na construção da torre de Babel.
O fenômeno é descrito na carta de Paulo aos Coríntios, como sendo um dos dons oferecidos pelo Espírito Santo.[2]
O termo "pentecostal" é inspirado no episódio de Atos 2.
Doutrina cristã tradicional
[editar | editar código-fonte]Segundo a doutrina cristã tradicional, antes do advento do pentecostalismo e neo-pentecostalismo, foi amplamente difundida a crença que o fenômeno de falar em línguas foi restrito ao fato de Pentecostes.[3]
Segundo esse entendimento, o fenômeno de línguas narrado em Pentecostes não é o mesmo narrado em São Paulo, na primeira carta aos coríntios - sendo esse decorrente do paganismo que ainda se praticava naquela cidade da Grécia Antiga.[3]
Interpretações para o Dom de línguas
[editar | editar código-fonte]Apesar da descrição bíblica ser clara, algumas denominações religiosas confundem o chamado dom de línguas com a Glossolalia, ou mesmo com a xenoglossia. Assim, tem-se a glossolalia como a tradução para o dom de línguas em denominações pentecostais e neo-pentecostais, como a Assembléia de Deus e a Congregação Cristã, ambas de origem estadunidense e pentecostais, aspecto que enfatizam em sua teologia.[4] Já a xenoglossia, segundo estudos antropológicos feitos no Brasil, são mais raros, pois consistem em falar-se uma língua, viva ou morta, existente; O sociólogo Pedro A. Ribeiro de Oliveira, por exemplo, consignou em sua pesquisa a existência de apenas um caso de xenoglossia (ou xenolalia), entre os grupos evangélicos pesquisados, apontando que a grande maioria dizia falar em "..glossolalia, isto é, um conjunto de sons pronunciados de modo rítmico, sem significação aparente."[5]
Dom de línguas na modernidade
[editar | editar código-fonte]Existem, nas modernas acepções para o "falar em línguas", três formas de manifestação nos cultos religiosos: o falar, o orar e, finalmente, o cantar em "línguas". Quanto à condição consciencial do momento diz-se que podem ser extáticos e não-extáticos, em suas variantes o orador mantendo quase sempre a consciência do quanto lhe ocorre ao redor, como em situações registradas em cultos afros e da Renovação Carismática Católica.[5]
Oliveira Júnior, estudioso da PUC-SP, refere-se à glossolalia como a "língua dos anjos" e que, portanto, não precisa de significado outro, senão aquele contextual no qual está inserido, chamando-a, entretanto, de "glossolalia religiosa".[6] Segundo este autor o embasamento para o dom de línguas pelas denominações cristãs modernas afastam-se do conceito dos Atos dos Apóstolos, e fiam-se nas epístolas de Paulo de Tarso, notadamente com expressões que considera ligadas aos fatos narrados em Atos, tais como: "língua dos anjos" (1 Coríntios, 13,1), "palavras inefáveis ditas no paraíso" (2 Cor. 12,4), "cantos em espírito" (1 Cor. 14, 15; Efésios 5, 19), "gemidos inefáveis", dentre outras.[7]
Igreja Católica
[editar | editar código-fonte]A Igreja Católica não nega existir o "Dom de Línguas" como foi afirmado por São Paulo na 1.ª Carta aos Coríntios, testemunhado pelos Apóstolos e pelos Santos Padres, mesmo que a manifestação deste carisma seja de certo modo incomum a muitos fiéis. A atual prática, inserida expressivamente dentro da Renovação Carismática Católica (RCC), não é estranha ao ensinamento da Igreja, já que a mesma tem conhecimento e aprovação de todos os estatutos do movimento eclesial, que inclusive tem seu escritório internacional no Vaticano.
Xenoglossia e Glossolalia
[editar | editar código-fonte]O fenômeno que se alega ter ocorrido durante o Pentecostes pode ser entendido também como Xenoglossia (uma oração em língua desconhecida de quem ora, mas que existe ou já existiu e ainda é do domínio humano) uma vez que os povos de todas as nações encontravam-se em Jerusalém e ouviam dos apóstolos as pregações cristãs em seu próprio idioma (Atos dos Apóstolos 2:6). A Glossolalia é um fenômeno que teria se dado sobretudo na comunidade cristã de Corinto (1 Cor 12, 10; 14, 2-19), mas também nas de Cesareia e Éfeso (At 10, 46; 19, 6); não é a mesma coisa que o “falar outras línguas”, mas um fenômeno em que a pessoa profere sons ininteligíveis e palavras sem nexo, que se tornariam compreensíveis apenas para quem possua o carisma da interpretação (1Cor 14,10).
Quanto à tonalidade, a oração em línguas normalmente se apresenta, dentro da compreensão católica, como: Louvor – oração sequenciada, de palavreado frequente, onde a pessoa fica “mergulhada” como criança diante de Deus; Júbilo - oração transbordante, jubilosa e extremamente alegre, quase interminável e sem pausas; Súplica – oração compassada e em tonalidade penitencial, que leva a frutos de contrição; Canto (cf. 1Cor 14,15) – é também uma espécie de louvor, sendo que em tonalidade musical. O chamado dom das línguas foi comum no início da Igreja, e alguns grupos católicos alegam experimentar o fenômeno atualmente.[8]
Protestantismo
[editar | editar código-fonte]No Protestantismo, a glossolalia, conhecida como dom de línguas (ou, simplesmente, falar em línguas), é admitida pelas correntes pentecostais e neopentecostais. As demais igrejas, tidas como históricas ou tradicionais, majoritariamente refutam a manifestação contemporânea da glossolalia.
Outras Religiões
[editar | editar código-fonte]Antes do cristianismo, diversos grupos religiosos praticavam formas de glossolalia. No Oráculo de Delfos, a sibila (sacerdotisa do deus Apolo) falava com estranhos sons que se supunham ser mensagens do deus. Alguns textos gnósticos do período do Império Romano possuem fórmulas silábicas como "t t t t t t t t n n n n n n n n n d d d d d d d…" etc. Crê-se que tais seriam transliterações de sons feitos por glossolalia.
Atualmente religiões como o Espiritismo apresentam fenômenos semelhantes, incluindo manifestações de Xenoglossia. Fenômenos de glossolalia são observados também no xamanismo, no vodu haitiano, em alguns grupos judaicos hassídicos e entre os sufi muçulmanos.
Abordagem Científica
[editar | editar código-fonte]Nos anos 70, o fenômeno atraiu a comunidade acadêmica, com estudos publicados pela antropóloga Felicitas Goldman e pelo linguista William Samarin. Goldman descreveu a ocorrência da glossolalia em situações distintas e Samarin considerou a glossolalia não constituía uma língua per se nos parâmetros conhecidos da ciência linguística. Recente pesquisa[9] (2006) da Universidade da Pensilvânia descobriu que quando um indivíduo produz glossolalia, a área do cérebro que controla a linguagem não é ativa, assim não possui controle sobre o sujeito. O fenômeno ainda está a ser estudado e desperta a curiosidade da ciência e do público familiar com a prática.
Através de inúmeros estudos realizados pela parapsicologia, tem se chegado à conclusão que o fenômeno da glossolalia ou xenoglossia pode ser resultado das faculdades humanas, visto que podem ser induzidos através de hipnose, euforia, transe, etc.; fora de ambientes religiosos.
Os linguistas concordam que a esmagadora maioria dos fenômenos gravados e analisados não apresenta um número suficiente de características de uma língua para serem aceitos como tais.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Atos 2:1–3
- ↑ «...Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência...e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.» (I Coríntios 12:1–10)
- ↑ a b Pereira, Pr. Luiz Fernando. «A Carta de II Coríntios confirma a solução dos problemas da Igreja em Corinto» (PDF). Cap. XV. Consultado em 3 de maio de 2010 Esse estudo baseia-se na seguinte bibliografia:
GARDINER, Jorge E. . A Catástrofe Corintiana. IBR, 1991
FRANKLIM, Wilson. A Ação do Espírito Santo nas Igrejas. JUERP, 2000
TARRY, Joe E. Paulo apoiou “as Línguas” em Cristo? 1989
LIMA, Delcyr de Souza, O Pentecoste e o dom de Línguas. 1.ª Edição, JUERP
FERREIRA, Franklin. A Igreja Cristã – Da Origem aos dias atuais. Edições Vida Plena. 2000.
GROMACKI, Robert G. Movimento Moderno de Línguas. JUERP, 1.972 - ↑ Mariano, Ricardo (2004). «Expansão pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal». revista Estudos Avançados, vol.18 n.º 52. in: Scielo. Consultado em 24 de abril de 2010
- ↑ a b Maués, Raymundo Heraldo (2003). «Bailando com o Senhor: técnicas corporais de culto e louvor (o êxtase e o transe como técnicas corporais)». Revista de Antropologia, vol.46 n.º 1, São Paulo. Consultado em 24 de abril de 2010
- ↑ Oliveira Junior, Antonio Wellington de. Editora Annablume, ed. Línguas de anjos: sobre glossolalia religiosa. 2000. São Paulo: [s.n.] 80 páginas. ISBN 8574191515
- ↑ Oliveira Júnior, op. cit., pág. 43 e seguintes - "São Paulo e o dom"
- ↑ http://www.rccbrasil.org.br/download/ENCARTE%20Carismas%2044.pdf
- ↑ Newberg, Andrew B.; Wintering, Nancy A.; Morgan, Donna; Waldman, Mark R. (22 de novembro de 2006). «The measurement of regional cerebral blood flow during glossolalia: A preliminary SPECT study». Psychiatry Research: Neuroimaging. 148 (1): 67–71. ISSN 0925-4927. doi:10.1016/j.pscychresns.2006.07.001
- ↑ Ver, por exemplo, William J. Samarim, "Tongues of Men and Angels: The Religious Language of Pentecostalism", 1972, caps 4-6
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Carlyle May, L. A survey of Glossolalia and Related Phenomena in Non-Christian Religions. American Anthropologist 1956 Vol.58: 75-96
- Goodman, Felicitas. "Phonetic Analysis of Glossolalia in Four Cultural Settings," Journal for the Scientific Study of Religion (1969), Pages 227 to 239.
Goodman, Felicitas."Speaking in Tongues. A Cross-Cultural Study of Glossolalia," University of Chicago Press, (1972).
- Samarin, William. "Tongues of Men and Angels. The Religious Language of Pentecostalism," Macmillan (1972).
- Samarin, William."Variation and Variables in Religious Glossolalia," Language in Society, (1972), 1:121-130.
- Samarin, William. "Glossolalia as Regressive Speech," Language and Speech (1973), 16:77-89.
- Samarin, William. "Review of Goodman (1972)," Language (1974), 5:207-213.
- Andrew Newberg, Nancy Wintering, Donna Morgan, and Mark Waldman, "The Measurement of Regional Cerebral Blood Flow During Glossolalia: a Preliminary SPECT Study." Psychiatry Research: Neuroimaging for 2006-NOV.
- Santo Agostinho - Homilias em 1 João 6-10; NPNF2, v. 7, pp. 497–498.
- Bettencourt, Dom Estevão Tavares in Crenças, Religiões, Igrejas & Seitas: quem são? Pág. 46, Ed. Mensageiro de Santo Antonio VIª Edição.
- Lima, Alessandro Ricardo, E-book "O Dom das Línguas", 1.ª edição, Brasília: 2008