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Introdução
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Islamismo |
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A quibla (em árabe: قِبْلَة, translit. qiblah, lit. 'direção') é a direção que aponta para a Caaba, edifício localizado na Mesquita Sagrada em Meca, que é usada pelos muçulmanos em diversos contextos religiosos, particularmente como direção de oração das salás. No islamismo, a Caaba é considerada um local sagrado construído pelos profetas Abraão e Ismael, e que seu uso como quibla foi ordenado por Deus em vários versos do Alcorão revelados a Maomé no segundo ano islâmico. Antes dessa revelação, Maomé e seus seguidores em Medina enfrentaram Jerusalém para orar. A maioria das mesquitas contém um mirabe (uma espécie de nicho de parede) que indica a direção da quibla.
A qibla também é a direção para se entrar no ihram (veste sagrada usada na peregrinação do haje); para a qual os animais são direcionados no dhabihah (sacrifício islâmico); a recomendada para realizar a dua (súplicas); aquela a evitar ao se aliviar ou cuspir; e para a qual falecidos são alinhados quando sepultados. A quibla pode ser observada voltando-se para a Caaba com precisão (ayn al-ka'bah) ou para uma direção geral (jihat al-ka'bah). A maioria dos estudiosos islâmicos considera que o jihat al-ka'bah é aceitável se o ayn al-ka'bah mais preciso não pode ser determinado.
A definição técnica mais comum usada por astrônomos muçulmanos da quibla é a direção do círculo máximo — na esfera terrestre — que passa simultaneamente pelo local onde a pessoa se encontra e a Caaba. Essa direção aponta para o caminho mais curto possível de um local até a Caaba, e permite o cálculo exato (hisab) da quibla usando uma fórmula trigonométrica esférica que leva as coordenadas de um local e da Caaba como entradas. ^^^ O método é aplicado no desenvolvimento de aplicativos móveis e sites para muçulmanos e para compilar tabelas de quibla usadas em instrumentos como a bússola de quibla. A quibla também pode ser determinada observando a sombra de uma haste vertical nas ocasiões semestrais em que o sol está diretamente acima de Meca — nos dias 27 e 28 de maio às 12h18, horário padrão da Arábia Saudita (09h18 UTC), e em 15 e 16 de julho às 12:27 SAST (09:27 UTC).
Localização
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A quibla é a direção da Caaba, um edifício cúbico no centro da Mesquita Sagrada (al-Masjid al-Haram) em Meca, na região de Hejaz, na Arábia Saudita. Além de ser utilizada como quibla, é também o local mais sagrado para os muçulmanos, também conhecida como a Casa de Deus (Bait Allah) e onde o tauafe (ritual de circunvolução) é realizado durante as peregrinações do haje e da umra. A Caaba tem uma planta aproximadamente retangular com seus quatro cantos quase apontados para os pontos cardeais.[1] De acordo com o Alcorão, foi construída por Abraão e Ismael, ambos profetas do islamismo. Poucos registros históricos permanecem detalhando a história da Caaba antes da ascensão da religião, mas nas gerações anteriores a Maomé, a Caaba tinha sido usada como um santuário da religião árabe pré-islâmica.[2]
A função de quibla da Caaba (ou da Mesquita Sagrada em que está localizada) baseia-se nos versos 144, 149 e 150 do capítulo Al-Baqara do Alcorão, cada um dos quais contendo um comando para "virar o rosto em direção à Mesquita Sagrada" (fawalli wajhaka shatr al-Masjid il-Haram).[3] De acordo com as tradições islâmicas, esses versos foram revelados no mês de rajabe ou xabã do segundo ano islâmico (624), cerca de quinze ou dezesseis meses após a fuga de Maomé para Medina.[4][5] Antes dessas revelações, Maomé e os muçulmanos em Medina usavam Jerusalém como quibla orando em direção à cidade. Essa era a mesma direção utilizada pelos judeus de Medina em suas orações — direção chamada de mizrah. A tradição islâmica diz que esses versos foram revelados durante uma congregação de oração; Maomé e seus seguidores teriam imediatamente mudado sua direção de Jerusalém para Meca no meio do ritual de oração. O local desse evento ficou conhecido como Masjid al-Qiblatayn ("Mesquita das Duas Quiblas").[5]
Existem diferentes relatos sobre a direção da quibla de quando Maomé estava em Meca (antes de sua fuga para Medina). De acordo com um relato citado pelo historiador al-Tabari e o exegeta (tipo de intérprete textual) al-Baidawi, Maomé orava em direção à Caaba. Outro relato, citado pelo historiador al-Baladuri e por al-Tabari também, diz que Maomé orava em direção a Jerusalém enquanto estava em Meca. Outro relato, mencionado na biografia de Maomé escrita por Ibne Hixame, diz que ele teria orado de forma que estivesse direcionado à Caaba e a Jerusalém simultaneamente.[5] Hoje, muçulmanos de todos os ramos, incluindo sunitas e xiitas, rezam em direção à Caaba. Historicamente, uma exceção foram os carmatas, uma seita xiita sincrética hoje extinta que rejeitou usar a Caaba como quibla; em 930, eles saquearam Meca e por um tempo levaram a Pedra Negra da Caaba para seu centro de poder em al-Hasa, com a intenção de iniciar uma nova era no islamismo.[6][7]
Significado religioso
[editar | editar código-fonte]《A/O Salá》
Etimologicamente, a palavra árabe quibla (قبلة) quer dizer "direção". Em ritual e direito islâmico, refere-se a uma direção especial para a qual se direcionam os muçulmanos durante orações e outros contextos religiosos.[5] Os acadêmicos religiosos islâmicos concordam que se direcionar à quibla é uma condição necessária para a validade do salá — oração ritualística islâmica — em condições normais.[8] Exceções disso incluem orações realizadas durante guerras ou situações que inflijam medo, bem como orações não obrigatórias durante viagem.[9] O hádice (tradição de Maomé) também prescreve que os muçulmanos devem se direcionar à quibla ao entrar no ihram (veste sagrada para o haje), após a jamrah do meio (ritual de arremesso de pedras) durante a peregrinação. A etiqueta islâmica (adabe) pede que os muçulmanos voltem a cabeça de animais quando são abatidos e o rosto dos mortos quando estão enterrados em direção à quibla. A quibla também é a direção preferida ao fazer uma súplica e é evitada quando se vai defecar, urinar ou cuspir.[5]
Dentro de mesquitas, a direção geralmente é indicada por um mirabe, um nicho construído na parede que fica voltada para a quibla. ^^^^ Em uma oração congregacional, o Imam fica nele ou perto disso, na frente do resto da congregação. O Mihrab tornou-se parte da mesquita durante o período de Omayad e sua forma foi padronizada durante o período abássido; Antes disso, a Qibla de uma mesquita era conhecida da orientação de uma de suas paredes, chamada de parede Qibla. O termo Mihrab em si é atestado apenas uma vez no Alcorão, mas refere-se a um lugar de oração dos israelitas, em vez de uma parte de uma mesquita. [10] [a] Mesquita de Amr Ibn al - como em Fustat, no Egito, Uma das mesquitas mais antigas, é conhecida por ter sido construída originalmente sem um Mihrab, embora tenha sido adicionado desde então [11]
Determinação
[editar | editar código-fonte]Base teórica: círculo máximo
[editar | editar código-fonte]Um círculo máximo, também chamado de grande círculo ou ortódromo, é qualquer círculo na superfície de uma esfera cujo centro se localiza no mesmo lugar do da esfera. A título de exemplo, todas as linhas de longitude são círculos máximos da Terra, enquanto que das de longitude o equador é a única que é também um círculo máximo (pois as outras estão centradas ao norte ou ao sul do centro da Terra). [22] O círculo máximo é a base teórica na maioria dos modelos que buscam determinar matematicamente a direção da quibla de uma localidade. Em tais modelos, a quibla é definida como o círculo máximo cuja direção o permite passar, ao mesmo tempo, pela localidade e pela Caaba. [23] [24] Uma das propriedades de um círculo máximo é que ele indica o caminho mais curto entre um par de pontos ao longo dele ^^^ — e essa é a base de seu uso para determinar a qibla. O grande círculo é usado da mesma forma para encontrar o caminho de vôo mais curto conectando os dois locais - portanto, o qibla calculado usando o método do grande círculo é geralmente perto da direção da localidade para Meca. [25] Como o elipsóide é uma figura mais precisa da Terra do que uma esfera perfeita, os pesquisadores modernos investigaram o uso de modelos elipsoidais para calcular a qibla, substituindo o grande círculo pela geodésica em um elipsóide. Isso resulta em cálculos mais complicados, enquanto a melhoria na precisão cai bem dentro da precisão típica da configuração de uma mesquita ou da colocação de um tapete. [26] Por exemplo, cálculos usando o modelo elipsoidal GRS 80 produzem o qibla de 18 ° 47′06 ″ para um local em São Francisco, enquanto o método do grande círculo produz 18 ° 51′05 ″. [27]
Cálculo com trigonometria esférica
[editar | editar código-fonte]Por sombras
[editar | editar código-fonte]Observado da Terra, o sol parece "mudar" entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio sazonalmente; além disso, aparenta se mover de leste a oeste diariamente como consequência da rotação do planeta. A combinação desses dois movimentos aparentes significa que todos os dias o sol atravessa o meridiano uma vez, geralmente não precisamente por cima, mas a norte ou sul do observador. Em locais entre os dois trópicos — latitudes inferiores a 23,5° norte ou sul — em certos momentos do ano (geralmente duas vezes por ano) o sol passa quase diretamente acima. Isso acontece quando o sol atravessa o meridiano enquanto está na latitude local ao mesmo tempo.[10]
Mapa-múndi
[editar | editar código-fonte]A trigonometria esférica fornece o caminho mais curto de qualquer ponto da Terra à Caaba, embora a direção indicada possa parecer contra-intuitiva quando imaginada em um mapa-múndi plano. A título de exemplo, no Alasca, a quibla obtida por meio da trigonometria esférica quase aponta diretamente o norte.[11] Esse aparente contra-senso é causado pelas projeções usadas por mapas-múndi, que por necessidade distorcem a superfície da Terra. Uma linha reta mostrada pelo mapa-múndi usando a projeção de Mercator, chamada de loxodromia, é usada por uma minoria de muçulmanos para indicar a quibla.[12] [c] Essa linha pode resultar em direções com diferenças consideráveis para alguns locais; em algumas partes da América do Norte, por exemplo, o mapa plano mostra Meca a sudeste, enquanto que o cálculo do círculo máximo aponta para o nordeste.[11] No Japão, o mapa a mostra ao sudoeste, enquanto que o círculo máximo, ao noroeste.[13] A maioria dos muçulmanos, entretanto, segue o método do círculo máximo.[11]
Métodos tradicionais
[editar | editar código-fonte]Por instrumentos
[editar | editar código-fonte]História dos métodos
[editar | editar código-fonte]Instrumentos
[editar | editar código-fonte]- ↑ Wensinck 1978, p. 317.
- ↑ Wensinck 1978, p. 318.
- ↑ Hadi Bashori 2015, pp. 97–98.
- ↑ Hadi Bashori 2015, p. 104.
- ↑ a b c d e Wensinck 1986, p. 82.
- ↑ Wensinck 1978, p. 321.
- ↑ Daftary 2007, p. 149.
- ↑ Hadi Bashori 2015, p. 103.
- ↑ Hadi Bashori 2015, p. 91.
- ↑ Raharto & Surya 2011, p. 25.
- ↑ a b c Di Justo 2007.
- ↑ Almakky & Snyder 1996, pp. 31–32.
- ↑ Hadi Bashori 2015, p. 110.