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Usuário(a):Zac Salvatore/Testes/7

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Rita Lee
Zac Salvatore/Testes/7
Álbum de estúdio de Rita Lee
Lançamento 17 de agosto de 1979
Gravação Estúdios SIGLA
(São Paulo)
Gênero(s) Rock  · pop  · disco
Duração 33:33
Formato(s) CD  · cassete  · vinil
Gravadora(s) Som Livre  · EMI  · Universal
Produção Guto Graça Melo
Cronologia de Rita Lee
Babilônia
(1978)
Rita Lee
(1980)

Rita Lee, também conhecido como Mania de Você é o sétimo álbum de estúdio da artista musical brasileira Rita Lee. O seu lançamento ocorreu em 19 de outubro de 2010, através da Epic Records. O álbum marca um retorno musical às "raízes" de Shakira depois do electropop presente em She Wolf (2009). A cantora dividiu o álbum em três "sentidos": um romântico, um "rock and roll" e um "latino e tropical". Os últimos dois "sentidos" experimentam estilos como o rock e o merengue, respectivamente. Como co-produtora do projeto, Shakira alistou diversos colaboradores, incluindo Josh Abraham, El Cata, Gustavo Cerati, John Hill, Lester Mendez e Residente Calle 13.

Sale el Sol foi aclamado pela mídia especializada, a qual prezou a produção da influência da música merengue no álbum. Durante a cerimônia de 2011 do Grammy Latino, Sale el Sol ganhou o prêmio de Melhor Álbum Vocal Pop Feminino. Comercialmente, foi um sucesso ao redor da Europa e da América Latina, liderando as tabelas da Bélgica, da Croácia, da Espanha, da França, do México e de Portugal. Nos Estados Unidos, estreou na sétima posição na Billboard 200 e na liderança dos periódicos genéricos Top Latin Albums e Latin Pop Albums, conseguindo fortes vendas digitais na região.

Cinco singles foram lançados do álbum. O primeiro, "Loca", foi um sucesso mundial, atingindo o topo das tabelas de países como a Espanha e a Itália. A faixa-título foi lançada como a segunda faixa de trabalho e obteve um desempenho moderado. O terceiro, "Rabiosa", foi um sucesso comercial e listou-se entre os dez mais vendidos na Áustria, na Bélgica, na Espanha e na Itália. "Antes de las Seis" foi lançada como o quarto single e obteve um sucesso mediano. "Addicted to You" foi lançada como o último foco de promoção do disco e foi bem sucedida no México e na Polônia. Todos os cinco singles lançados do álbum foram bem sucedidos nas tabelas latinas dos Estados Unidos, sendo que "Loca" liderou as tabelas Hot Latin Songs, Latin Pop Airplay e Tropical Songs. Como forma de divulgação do material, Shakira apresentou algumas faixas do disco em programas televisivos e embarcou na turnê The Sun Comes Out World Tour, que também promoveu She Wolf.

"Quatro deles [policiais] chegaram de madrugada na rua Pelotas com uma ordem de busca, sem apresentar qualquer documento. 'Viemos buscar o quilo de maconha que a Rita Lee guarda aqui"

— Carey, em entrevista à MTV sobre seu estilo em Daydream.[1]

Já tendo encerrado desde 1972 sua passagem n'Os Mutantes — banda por onde participava como vocalista — Rita Lee estava rumando sua própria carreira, em conjunto com a banda Tutti Frutti, tendo inclusive lançado o álbum Fruto Proibido (1975) que extraiu sucessos, como "Agora só Falta Você" e "Ovelha Negra". O aclamado trabalho se tornou um dos maiores marcos de todos os tempos da indústria musical brasileira, e foi creditado por pavimentar todo o movimento rock brasileiro nas décadas que se seguiram. Entre turnês e festivais, em 1976 conheceu o músico Roberto de Carvalho. Eles se viram pela primeira vez durante o festival de Saquarema — um evento de rock realizado em São Paulo —, e foram apresentados através do cantor Ney Matogrosso, a qual Carvalho era guitarrista na época. Em trecho de entrevista concedida ao Universo Online, em março de 2023, Matogrosso contou detalhes do episódio: "Eu estava tocando no Beco [do Batman], em São Paulo, que era um lugar que existia lá. O Roberto tocava comigo e a Rita foi assistir ao show, mas eu vi que ela tinha gostado muito do guitarrista. Eu notei alguma coisa". Após assistir ao concerto, a cantora decidiu convidar Matogrosso para um jantar como um pretexto para conhecer melhor Carvalho: "Ela me disse: 'Eu vou fazer um jantar lá em casa. Pode levar o músico que você quiser.' E aí eu o levei. Ela me disse que eu poderia levar os músicos que eu quisesse, mas eu só quis levar ele". Lee e Carvalho ficaram juntos na mesma noite em que foram apresentados, a qual o guitarrista revela: "Ali a gente pela primeira vez conversou e se olhou. E alguma coisa aconteceu no nosso coração". No mesmo ano, ele foi inserido como integrante do Tutti Frutti, justo quando Rita sofrera uma crise de estafa durante as sessões de mixagem do álbum recém lançado Entradas e Bandeiras.

Em 24 de agosto do mesmo ano, após iniciar uma turnê para promove-lo, Lee — que na época estava grávida de três meses —, teve sua casa na Vila Mariana, em São Paulo, invadida pela polícia. De acordo com os agentes, eles foram à residência da cantora após receberem denúncias sobre uso de drogas durante um show no Teatro Aquarius. Os policias entraram, reviraram e, mais tarde, disseram ter encontrado 300 gramas de maconha, restos de cigarros e um narguilê no local. Ao ser levada para a delegacia, falou ao delegado que a maconha encontrada não era dela, já que ela estava grávida e, naquele momento, não estava fazendo uso de drogas. Mas os agentes não acreditaram em sua explicação e a levaram presa. Contudo, a prisão estava relacionada à ditadura imposta pelo governo militar, e as polícias estavam comprometidas com uma guerra declarada a usuários de drogas. Segundo a cantora, ela foi usada como "troféu": uma vez que ela simbolizava a liberdade sexual feminina em um período muito conservador do país. Várias de suas músicas foram consideradas eróticas demais, censuradas ou modificadas para não ferir a "moral e os bons costumes" do regime. Além disso, de acordo com o relato da artista, a maconha teria sido implantada em sua casa como uma retaliação a um depoimento que ela prestou a favor de uma senhora, que relembrou a morte de seu filho durante outra apresentação da artista, em Itaquera, e a pediu para depor na audiência sobre o assassinato do rapaz, conforme explica em sua biografia:

"Fiquei tocada com a história da mulher e topei. No dia seguinte, fui ao fórum e contei a cena. Mal sabia que estava metendo a colher no caldeirão corporativo da polícia paulista. Recebi o troco três dias depois, quando quatro deles chegam de madrugada na rua Pelotas com uma ordem de busca sem apresentar qualquer documento. Apenas dizendo‚ "Viemos buscar o quilo de maconha que a Rita Lee guarda aqui'".

— Carey em entrevista sobre a sua transição para o hip-hop para o The Sun.

No período em que esteve presa, grávida de seu primeiro filho, Lee sofreu maus tratos. Elis Regina apoiou-a nesse período, declarando-se contrária à sua prisão e visitando-a frequentemente. Lee conseguiu ser liberta após um mês e meio de cárcere, e foi condenada a um ano de prisão domiciliar e multa de 50 salários mínimos. Naquele período de reclusão, a cantora morou na casa de seus pais. Ela podia sair diariamente, a partir das 7h, mas tinha que estar de volta às 19h. Na entrevista ao jornal O Globo de novembro de 1976, a cantora disse que, apesar da acolhida das outras detentas, viveu momentos de muita tristeza na cadeia, sem saber quando sairia dali. "Se eu não estivesse grávida, acho que não suportaria. Ele me deu muita força, naquele momento de desespero".No final da década de 1970 que Roberto de Carvalho entra na carreira e na vida amorosa de Rita Lee, tornando-se seu novo parceiro musical e afetivo. O guitarrista, que participou da gravação de Babilônia, começou a exercer forte influência musical no trabalho da companheira. “O álbum da cantora do ano de 1979 traz marcas dessa nova fase, que se apropria da marcha carnavalesca, das características da disco music, do bolero, sem abandonar o velho rock and roll, agora maisbrando, mais palatável. Rita Lee se torna uma estrela do pop nacional. Faz turnês com grandes shows pelo país, e tem um público equiparado apenas ao do “rei” Roberto Carlos.

Paulo Coelho (foto), assina a autoria de três canções de Fruto Proibido.

Num encontro mágico com meu querido Paulo Coelho,surgiu a ideia de um compacto-bomba com uma música para escandalizar de vez os bons costumes da MPB. Entregargalhadas, compusemos “Arrombou a Festa”, inspiradana “Festa de Arromba”, hit jovenguardiano. Lembro que parafraseamos várias pérolas que Raul comentava naintimidade sobre artistas brasileiros. Tirando Elis, não poupamos ninguém.

https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=030015_09&pesq=Rita%20Lee&pasta=ano%20197&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=99367

Estrutura musical

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Musicalmente, Rita Lee apresenta um notável afastamento dos álbuns anteriores da artista — que eram altamente influenciados por sub-gêneros do rock e blues —, contendo uma sonoridade inspirada por novos estilos como o pop e a disco music; este último bastante em voga na década de 1970. Suas canções tratam predominantemente de temas como amor, sexo e feminismo. Profissionais notaram que Lee soava ainda mais livre, leve e solta para abordar esses assuntos. O álbum é aberto por "Chega Mais", uma faixa pop com nítidas influências de disco, descrita pela própria intérprete, em sua autobiografia, como "uma música dance com pegada brasileira" e um primeiro ensaio do que ela passaria a chamar de "rockarnaval". O som de um sintetizador analógico, é a principal "marca registrada" de Olivetti, criador do arranjo, mas trazendo um flerte com a velha tradição das músicas carnavalescas do Brasil. Na letra da canção é possível perceber um eu poético que interpela um convite ao amante. Esse convite se dá a partir de um jogo de sedução do qual ambos fazem parte. Assim, pelo discurso do eu poético, é permitido notar que, ainda que uma das partes, a masculina, coloque-se no jogo da sedução — "Eu conheço essa cara / Essa fala, esse cheiro/ Essa tara de louco / Esse fogo, esse jeito" —, é a parte feminina aquela que assume a posição ativa da situação e diz "chega mais". O rock em seu estado mais puro surge em "Papai Me Empresta o Carro". Com riff de guitarra na introdução, seus versos, como: "Papai me empreste o carro / To precisando dele pra levar minha garota ao cinema/ Papai não crio problema / Não tenho grana pra pagar um motel", abordam o comportamento do adolescente quando descobre a sexualidade e precisa encontrar um local privado para ficar com a sua namorada. A música teve alguns problemas com a censura da ditadura militar vigente no Brasil na época, "não por proselitismo político, mas porque os censores acharam muito forte, falando muito em sexo", como descrito na reportagem do Jornal do Brasil.

Segunda faixa do disco, "Agora só Falta Você" é uma música de empoderamento banhado com a guitarra de Carlini e que acompanhou Lee durante toda a sua carreira, passando a ser considerada, inclusive, um hino feminista.

"Ovelha Negra" apresenta um hipnótico solo de guitarra executado por Carlini.

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A terceira faixa, "Doce Vampiro", é uma balada que mostra uma mulher romântica e sensual que recorre à metáfora do vampiro romântico para comparar o tipo de relacionamento que mantém com a pessoa amada. A carga de erotismo e sedução é construída ao longo da canção com várias metáforas, como: "Vou abrir a porta / pra você entrar / que me bebe quente / como um licor / brindando a morte e fazendo amor". A forma sutil como ela fala do desejo sexual entre dois amantes fica bastante evidente quando ela diz que seu "doce vampiro" aparece para "sugar o calor" do seu corpo; uma analogia sutil ao ato sexual entre os dois. Definida por jornalistas como um disco-rock, "Corre-Corre" é uma crítica confessional humorada, que aborda as frustrações e expectativas que muitas pessoas tem quando chega o final do ano. A música cinco é "Mania de Você". Trata-se de uma letra "incomum" para a época, pois retratava uma mulher expressando sua paixão e prazer. Em termos de arranjo, conta com a presença do baixo sintetizado e do sintetizador de Olivetti, além das flautas tocadas pela própria intérprete, um violão e um violão de 12 cordas tocado por Sérgio Dias Baptista.

O rock "Elvira Pagã" – que leva no seu título o nome artístico da atriz e vedete Elvira Olivieri Cozzolino – trata das visões superficiais que se tem das mulheres, evidente em trechos como; "Todos os homens desse nosso planeta/ pensam que mulher é tal e qual um capeta/ conta a história que Eva inventou a maçã". Ela inicia a música com o teor que irá seguir até o fim, apontando a forma como os homens pensam das mulheres, colocando aqui uma ideia de que estes as restringem a uma única categoria, ignorando todas as subjetividades que cada uma possui e que é indispensável em suas construções. Ela aponta no trecho da música citada anteriormente, as separações feitas pelos homens quando se trata de mulher. A própria Cozzolino ficou tão encantada com a faixa, que pintou um quadro e deu de presente para Lee alguns anos depois. A penúltima obra é "Maria Mole". Esta, foi compreendida à época como a "caricatura de um reggae" voltada para crianças, narrando a história de Maria-mole e seu namorado, o Rocambole, se beijando enquanto se engolem. "Arrombou a Festa II" é uma humorada "crítica" sobre o rumo que tomava a música brasileira da época. É atualização de uma canção homônima realizada dois anos antes (1977), também por Lee. Desta vez, os alvos do deboche dela são Alcione, Fafá de Belém, Sidney Magal, Cauby Peixoto, Lady Zu e Miss Lene. Segundo ela conta em sua autobiografia, a letra é inspirada na canção "Festa de Arromba" (1965), gravada por Roberto e Erasmo Carlos.

Crítica profissional

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Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
AllMusic 3 de 5 estrelas.[2]
Rolling Stone Brasil 4 de 5 estrelas.[3]

Rita Lee foi elogiado pela mídia especializada, a qual prezou a produção. Embora alguns tenham recebido com estranhamento a influência da música disco em sua composição. Para um crítico do Diario da Noite, este era o trabalho em que Lee exibia "maior sensibilidade" até então. Ao passo em que classifica as "qualidades técnicas, musicais e das letras" como "superior a de todos os discos anteriores da artista". Ezequiel Nevez, do Diario de Pernambuco, avaliou a obra positivamente. Ele citou as faixas "Doce Vampiro" e "Chega Mais" como destaques de seu repertório, a qual define como sendo, todo "aberto, sem radicalismo, muito claro em suas propostas".[33] O mesmo editor, dessa vez escrevendo para o Jornal da Manhã, também prezou o álbum por apresentar Lee "esbanjando maturidade, inteligência, bom humor, coragem e personalidade incontestáveis. Desafiando o chauvinista clube do bolinha (a MPB inteira)". Dizendo, ainda, que "ela revela — mais do que nunca — seu potencial vocal e musical assumindo totalmente sua explosiva personalidade". Um crítico do Correio Braziliense, recomendou o projeto ao seus leitores, argumentando que Lee entrega "24 canais superproduzidos, o melhor que pode ser feito em 12 faixas de música nacional roqueira". Complementa, dizendo que: "Rita se cria e se repete, arrombando a festa, no centro de cuja a sala da aquela mijada em nosso monstros, sagrados ou não, e acaba saindo com os próprios sapatos encharcados". Paulo Cavalcanti, em avaliação retrospectiva para a Rolling Stone Brasil, deu cinco estrelas totais para o álbum. Na avaliação do autor, este é um dos trabalhos mais substimados do catálogo da artista e o que mostrava de maneira "cada vez mais influente" as contribuições de Carvalho.

Walmir de Medeiros Lima, da revista Música, não deixou de elogiar o trabalho, principalmente em relação às letras, a qual descreveu como sendo "ótimas", mas também observou que o projeto "não tem o mesmo pique rítmico de Babilônia". Em uma avaliação negativa, Tárik de Souza, do extinto Jornal da República, observa que no álbum a artista "fez as pazes" com o samba ao incluir "uma discreta batucadazinha" em "Chega Mais": contudo, define a obra como sendo um "aprimoramento constante de uma divisa simplista", como se Lee estivesse dizendo "resolvi continuar brincando, mas através da brincadeira vou dando meus toques, falando de uma porção de coisas". O jornalista, concluí que "em rocks ou baladas [...] que mais parecem jingles de tão colantes, Lee nada mais faz do que bulir travessamente na mitologia do show-bizz como uma retardatária e deslumbrada Alice no País das Maravilhas. Ao contrário da múltipla fábula de Lewis Carroll [sic], no entanto, a personagem encarnada por ela é literal e uníssona, como acontece na frequente superposição de seus vocais monocórdios no disco". De igual forma, Roberto Moura, do Pasquim, embora tenha preferido "Arrombou a Festa II" que em sua versão anterior, desprestigiou "Papai me Empresta o Carro" dizendo que "cantar dramas existenciais dos filhos da burguesia da quase sempre nessas bobagens".

Lançamento arte e promoção

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A contra-capa do álbum exibi uma foto do marido de Lee, Roberto de Carvalho (foto), portando uma guitarra elétrica.

Em 17 de agosto de 1979, a Som Livre lançou o álbum em formatos físicos: vinil. Anos mais tarde, foi relançado também nos formatos CD e fita cassete. A arte da capa do disco foi notada por exibir Lee exalando um apelo ao sensual; na imagem, ela aparece olhando por cima do ombro direito, num vestido verde de ombro de fora, tatuagem com seu nome impresso na pele e que intitula o disco, o cabelo em tons de cobre e vermelho que compõe junto com o batom fortemente delineado em vermelho uma moldura para olhos verdes artificialmente trabalhados eletronicamente. A contra capa em fundo branco traz uma foto em que se retrata fragilmente a cantora, agora como mãe, segurando uma flauta transversal abaixo da barriga de oito meses sendo protegida por Carvalho. O músico vestindo uma camisa que traz a logo-marca/tatuagem no peito, empunha uma guitarra preta, cujo Jefferson William Gohl, professor universitário e autor do artigo Rita Lee e a canção pop em tempos de censura, sentiu que pode ser interpretada de várias formas: como arma de defesa ou órgão viril com o qual ele assume a responsabilidade pela gravidez que protege. O olhar sério de Carvalho remetido a câmera fotográfica parece ser um recado sobre a responsabilidade musical a qual o instrumentista assume, ao qual o seu instrumento funciona simbolicamente nesta representação. Uma espécie de discurso sem palavras que diz algo como "sou eu quem responde agora pelos caminhos e escolhas estético musicais da artista/mulher Rita Lee". Estas escolhas de capa e contracapa, repetem a polarização entre a romântica que assume sua paixão, e a mãe que oferece sensibilidade e atributos de doçura e se acolhe no ombro do marido e companheiro musical.

Como forma de divulgar o álbum, Lee se apresentou em alguns programas de televisão. No programa Globo de Ouro, da Rede Globo, ela pode ser vista executando"Mania de Você". Um vídeo musical para a mesma canção foi exibido no programa Fantástico. Em seguida, a cantora interpretou a faixa em outros programas da emissora, como o Brasil 79 e na série Malu Mulher; nesse último, no qual, a música era utilizada nas cenas de romance da persongem principal. Além de participar do especial do especial Mulher 80, ao lado de algumas das principais cantoras brasileiras da época, como Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina, Fafá de Belém, Simone e Zezé Motta; na atração, ela se apresentou cantando "Mania de Você". Em pleno periodo de ditadura militar no país, a canção foi utilizada em um comercial da marca de roupas Ellus, exibido pela Rede Globo. Considerado imoral para o período, a gravação exibia imagens de casais parecidos com Lee e Carvalho que tiram a roupa e mergulham em uma piscina e os dizeres "Tire a roupa, mania de você" acompanham a cena. Apesar da Ellus fazer parte do rol de patrocinadores da emissora, eles não fecharam um contrato de divulgação em que Lee figurasse como garota propaganda o que irritou a artista e levou a depoimentos a imprensa que esclareciam as relações entre ela e a empresa, mas desqualificava as práticas abusivas de marketing. Na opinião de Gohl, a tentativa da Rede Globo era muito simplesmente de ligar um fato jornalístico a uma canção de sucesso, mas apelava justamente para a percepção de moralidade que as pessoas detinham das imagens advindas da canção de Rita Lee e do comercial que oportunamente explorava também a projeção que a canção alcançava naquele momento. A parte disso, uma turnê como era utilizado por Lee para apoiar seus álbuns, não foi realizada neste, devido a a cantora estar se recuperando de sua recente gestação. Com isso, seu aguardando retorno aos palcos foi adiado para o ano seguinte.

Impacto e legado

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Rita Lee no Vivo Rio, em 2009.

O pesquisador José Antônio Barbosa, em seu artigo As faces de Eva: o universo feminino no léxico de Rita Lee, analisa que a participação de Carvalho no trabalho de Lee, tornou-a uma artista mais palatavel, tanto em termos de imagem quanto de musicalmente, para ser consumida por novos públicos. Acrescentando que "das características da disco music, do bolero, sem abandonar o velho rock and roll, agora mais brando. Lee deixa o lugar marginal até então ocupado na canção popular, e passa a ser uma estrela pop". De acordo com o historiador Jairo Severiano, em seu livro A canção no tempo – 85 anos de músicas brasileiras, especificamente com as canções "Chega Mais" e "Mania de Você" o disco de 1979 "acaba se transformando em um ponto de chegada e ao mesmo tempo de partida de novas propostas, com as quais a artista realiza um verdadeiro crossover em sua carreira. O autor avalia que a obra ampliou a faixa etária de público da artista "em direção as duas extremidades, as crianças e os quarentões que lhe ouviam e a colocavam em outro patamar sem renegar essencialmente suas afiliações iniciais. Sob esta ótica, Roberto de Carvalho oferece as bases de sustentação ao acabamento sofisticado em seu novo estilo".

Com as músicas do álbum, especificamente "Mania de Você", a artista foi creditada por contribuír para um maior grau de liberdade sexual entre as mulheres na indústria da música brasileira. Jéssica Rodrigues Araújo Cunha, autora de A Importância da Produção Musical de Rita Lee (2010), considerou o lirismo da faixa "demonstra que o sexo pode ser buscado pela mulher com o objetivo do prazer, já que na sociedade brasileira ainda pairava – e paira – sobre o ar, certa moralidade relacionada ao sexo e a mulher". Barbosa explica que através da obra "enuncia-se um discurso sobre o amor, a relação conjugal e o desejo sexual de forma despojada e nunca antes explicitamente tratada na canção de uma compositora e cantora feminina. Em "Elvira Pagã", do mesmo álbum, põem-se em discussão as imagens de mulher sustentadas pelos homens de uma sociedade machista e opressora do sexo feminino. Verificamos, sobretudo a partir das canções desse disco, o ponto de vista de uma mulher tratando de assuntos de que antes praticamente só homens tratavam nas canções. Cunha aponta como essa, assim como várias outras letras do catálogo da artista, exeplificam como Lee possuia "a preocupação de exaltar mulheres brasileiras que foram figuras importantes para debates sobre, liberdade e igualdade. Suas letras acompanham as transformações do mundo e da sua história, a artista fala de mulheres que tiveram grande importância, mas que não obtiveram um grande reconhecimento, e ela enquanto uma artista de grande repercussão, expressa em seu trabalho o papel que o gênero desempenha na sua vida e na vida de outras mulheres, famosas ou anônimas".

Da mesma forma, Luiz Tatit assinala que as faixas "falam sobre o amor, a relação conjugal e o desejo sexual de forma despojada, como mulher alguma havia feito antes na música brasileira e "é possível verificar que, a partir das canções desse disco, sobretudo, o ponto de vista da mulher sobre assuntos variados – antes restritos ao unverso masculino – começa a ser observado e discutido". Renato Gonçalves Ferreira Filho, em Rita Lee, mulher-alienígena, afirma que "sob certo aspecto, ela se mostrava em linha de sintonia com composições de homens e mulheres que emergiram com força na música brasileira, especialmente nos anos 1970, pondo em evidência o corpo como território do prazer, em contraposição à moral sexual hegemônica". Para a acadêmica feminista Ana Karla Marcelino, a artista foi "uma notável representante musical da luta contra a ideologia patriarcal dominante, escrevendo músicas que criticam os estereótipos atribuídos às mulheres", citando "Elvira Pagã" como um desses exemplos, de "mulheres por ela homenageadas", que "representam a quebra de paradigmas e uma crítica aos estereótipos femininos". Marcelino acrescenta que mulheres cantadas por Lee se assimilam a ela, que em sua carreira foi "mais uma mulher que viveu à frente de seu tempo, mostrando que rock também se faz com útero e ovário". A parte disso, canções do álbum foram utilizadas como trilha sonoras ou para intitular de diversas produções televisivas ao longo dos anos. "Chega Mais" dá título à novela de mesmo nome que foi ao ar em 1980, pela Rede Globo, enquanto o SBT usou a mesma canção como tema de abertura e nome de seu programa matinal em 2023. Em 2024, a mesma emissora estreou Mania de Você.

Alinhamento de faixas

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Todas as faixas compostas e escritas por Rita Lee e Roberto de Carvalho, exceto onde indicado.

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Chega Mais"    03:50
2. "Papai me Empresta o Carro"    03:08
3. "Doce Vampiro"  Rita Lee 04:24
4. "Corre-Corre"    04:40
5. "Mania de Você"    04:51
6. "Elvira Pagã"    03:17
7. "Maria Mole"   05:17
8. "Arrombou a Festa II"   03:33
Duração total:
33:00
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