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Utamaro o Meguru Gonin no Onna

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Utamaro o Meguru Gonin no Onna
歌麿をめぐる五人の女
Cinco Mulheres à Volta de Utamaro (PRT)
Utamaro e Suas Cinco Mulheres (BRA)
Utamaro o Meguru Gonin no Onna
As atrizes, esquerda para a direita em primeiro plano, Toshiko Iizuka, Kinuyo Tanaka, Eiko Ōhara e Hiroko Kawasaki em cena do filme
 Japão
1946 •  preto-e-branco •  95[a] min 
Direção Kenji Mizoguchi
Roteiro
  • Yoshikata Yoda (adptação)
  • Kanji Kunieda (romance original)
[1]
Elenco
Música
  • Tamezō Mochizuki
  • Hisato Ōsawa
[2]
Cinematografia Minoru Miki[2]
Edição Shintarō Miyamoto[2]
Companhia(s) produtora(s) Shochiku[2]
Distribuição Shochiku[2]
Lançamento
  • dezembro de 1946 (1946-12) (Japão)
[b]
Idioma japonês

Utamaro o Meguru Gonin no Onna (歌麿をめぐる五人の女? lit. "cinco mulheres cercando Utamaro") (bra: Utamaro e Suas Cinco Mulheres/prt: Cinco Mulheres à Volta de Utamaro)[6][7] é um filme de drama histórico japonês de 1946 dirigido por Kenji Mizoguchi.[5][1][2] É baseado no romance homônimo de Kanji Kunieda, sendo sua obra um relato ficcional da vida do artista de ukiyo-e Kitagawa Utamaro.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Edo (atual Tōkyō ) no século XVIII. Durante um desfile das famílias dos samurais e de suas concubinas, Seinosuke Koide, um samurai e artista afiliado a escola Kanō, visita uma gráfica onde percebe que o estilo ukiyo-e de Utamaro gera mais atenção do que seu estilo de pintura chinesa. Enfurecido, ele sai em busca de Utamaro, anunciando que lhe dará uma lição ou até mesmo matá-lo. Utamaro, embora avisado, encontra Koide numa casa de chá onde lhe propõe uma competição de pintura em vez de um duelo de espadas, com o qual o seu perseguidor concorda. Koide posteriormente reconhece a superioridade de Utamaro e o declara vencedor, seguindo-o como seu discípulo.

Utamaro ouve que o melhor tatuador de Edo não tem a confiança necessária para desenhar nas costas de Orui, uma cortesã local, mas muito famosa por sua beleza. Ele pede permissão a ela para pintar um esboço de tatuagem para que, assim, o tatuador pinte por cima, o que ela aceita com orgulho. Shozaburo, filho de um comerciante, apaixona-se por Orui e foge com ela para o campo, deixando para trás sua noiva Okita, que já foi modelo de Utamaro.

Utamaro vai para a beira de um lago com seus amigos e espia Oran, a linda filha de um plebeu, entre um grupo de garotas tomando banho. Ele a leva para ser sua nova modelo. Mais tarde, ele é condenado a 50 dias algemado por uma fazer uma série de impressões de Toyotomi Hideyoshi que ofenderam os funcionários da corte.

Okita localiza Shozaburo e Orui e leva seu noivo de volta para Edo, mas depois descobre que ele ainda está vendo Orui. Ela mata os dois a facadas e depois vai até a casa de Utamaro explicando que, embora saiba que enfrentará a morte pelo seu crime, ela precisa ser fiel aos seus próprios sentimentos. Utamaro finalmente teve suas algemas removidas e imediatamente volta a desenhar. O filme termina com uma coleção de suas gravuras mais famosas caindo uma a uma diante da câmera.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Elenco principal:[1]

  • Minosuke Bando – Utamaro
  • Kōtarō Bando – Seinosuke Koide
  • Shotaro Nakamura – Shozaburo
  • Kinuyo Tanaka - Okita, noiva de Shozaburo
  • Eiko Ohara – Yukie, noiva de Seinosuke
  • Toshiko Iizuka – Orui, a cortesã tatuada
  • Hiroko Kawasaki – Oran, filha de um plebeu
  • Kiniko Shiratao – Oshin, o dono do bordel

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Utamaro o Meguru Gonin no Onna foi feito durante os sete anos da ocupação aliada do Japão que o país presenciou após à Segunda Guerra Mundial. Na época, a produção cinematográfica era supervisionada por representantes das forças de ocupação, e os jidaigeki (filmes de época) raramente eram feitos, pois eram vistos como sendo inerentemente nacionalistas ou militaristas.[8][9] Para ter a permissão necessária para fazer o filme, Mizoguchi argumentou que Utamaro era "um pintor democrático e popular"[10] e concordou em enfatizar o tema da emancipação feminina.[11]

Embora Utamaro o Meguru Gonin no Onna seja baseado nos acontecimentos da vida de Kitagawa Utamaro, o longa tem sido frequentemente visto como uma obra autobiográfica pelos críticos.[8][9] Em seu artigo de 2003 para o Senses of Cinema, Freda Freiberg escreveu: "A equação Utamaro = Mizoguchi tem sido irresistível para a maioria dos críticos, pois os dois artistas tinham muito em comum. Ambos trabalharam em um meio popular de produção em massa operado por empresários, e irritados com regimes de censura opressivos; ambos frequentavam os bairros de prazer e procuravam a companhia de gueixas;"[8]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, os críticos de seu país natal acreditaram que o filme não correspondia aos elevados padrões habituais alcançados pelo diretor, opinião que foi em partes reavaliada e modificada nos anos posteriores.[8] As resenhas de críticos ocidentais contemporâneos coletadas no Rotten Tomatoes consideram Utamaro o Meguru Gonin no Onna uma obra interessante, embora não a mais importante, de Mizoguchi.[12] O estudioso de cinema Alexander Jacoby chamou-o de "trabalho mais suave" que o diretor fez durante os anos de ocupação.[13] Em sua crítica para o Time Out, Tony Rayns classificou-o como "menos emocional, mais formalizado, mais misterioso e muito mais ousado esteticamente" do que as futuras produções de Mizoguchi.[14]

Notas

  1. Ambos Japanese Movie Database[1] e Kinenote[2] dão 74 minutos o tempo de duração. Ao contrário disso, o National Film Archive of Japan dá uma duração de 95 minutos,[3] que é idêntico ao tempo de duração da versão Blu-ray lançada pela Artificial Eye em 2012.[4]
  2. Shochiku Co.[5] e o Japanese Movie Database[1] listam 15 de dezembro de 1946 como data de lançamento, já o Kinenote coloca 17 de dezembro de 1946 como data de estreia do filme.[2]

Referências

  1. a b c d e «歌麿をめぐる五人の女 (Utamaro and His Five Women)» (em japonês). Japanese Movie Database. Consultado em 6 de maio de 2022 
  2. a b c d e f g h «歌麿をめぐる五人の女 (Utamaro and His Five Women)» (em japonês). Kinenote. Consultado em 6 de maio de 2022 
  3. «歌麿をめぐる五人の女 (Utamaro and His Five Women)». National Film Archive of Japan (em japonês). Consultado em 6 de maio de 2022 
  4. «The Mizoguchi Collection». DVD Beaver. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  5. a b «歌麿をめぐる五人の女 (Utamaro and His Five Women)» (em japonês). Shochiku Co. Consultado em 6 de maio de 2022 
  6. «Utamaro e Suas Cinco Mulheres (1946)». Cineplayers. 29 de novembro de 2018. Consultado em 18 de junho de 2024 
  7. Cinco Mulheres à Volta de Utamaro - SAPO Mag, consultado em 18 de junho de 2024 
  8. a b c d Freiberg, Freda (março de 2003). «Utamaro and his Five Women». Senses of Cinema. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  9. a b «The Best Japanese Film of Every Year – From 1925 to Now». British Film Institute. Consultado em 3 de janeiro de 2022 
  10. Phillips; Stringer, eds. (2007). Japanese Cinema: Texts and Contexts. London and New York: Routledge. ISBN 9780415328470 
  11. Hirano, Kyoko (1992). Mr. Smith Goes to Tokyo: Japanese Cinema Under the American Occupation, 1945–1952. Washington and London: Smithsonian Institution Press. ISBN 1-56098-157-1 
  12. «Utamaro and His Five Women». Rotten Tomatoes. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  13. Jacoby, Alexander (2008). Critical Handbook of Japanese Film Directors: From the Silent Era to the Present Day. Berkeley: Stone Bridge Press. ISBN 978-1-933330-53-2 
  14. Time Out Film Guide Seventh Edition 1999 ed. [S.l.]: Penguin Books. 1998 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]