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Vidrado

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Garrafa com revestimento vidrado, datada do século XVI e proveniente do Irão. Museu Metropolitano de Arte

Vidrado ou Vidrado cerâmico é uma camada ou revestimento numa substância vítrea, aquecida de modo a fundir-se com um objecto cerâmico com finalidade decorativa, de melhoria das propriedades mecânicas ou impermeabilização.[1]

O vidrado é funcionalmente importante para recipientes em louça, que de outra forma não seriam apropriados para a armazenagem de líquidos devido à porosidade do material. O vidrado é também usado em grés e porcelana com objetivos funcionais e decorativos. Para além dos aspe(c)tos funcionais, as formas decorativas abrangem uma variedade de acabamentos de superfície, incluindo um grande leque de variações em termos de brilho, tonalidade e cor final. Os vidrados podem também salientar desenhos e texturas subjacentes, que tanto podem ser a textura natural da argila ou desenhos pintados, gravados ou cinzelados.

Os vidrados cerâmicos geralmente contêm sílica na formação do vidro, combinada com uma mistura de óxidos de metal como sódio, potássio e cálcio, que agem como fundente e permitem ao vidrado fundir-se a uma designada temperatura; assim como alumina com a função de endurecer o vidrado e evitar que escorra da peça; corantes como óxido de ferro, carbonato de cobre; e por vezes opacificantes como óxido de estanho ou oxido de zircónio.

Taça em sobre-vidrado, século IX, Iraque
Desenhos em cobalto azul

O vidrado pode ser aplicado através da pulverização a seco da mistura sobre a superfície do suporte cerâmico, ou inserindo sal ou sódio no forno a alta temperatura de modo a criar uma atmosfera de vapor de sódio que interage com os óxidos de alumínio no suporte e precipita a formação de vidro. Os vidrados líquidos — suspensão de vários minerais pulverizados e óxidos metálicos — pode ser aplicado através da imersão direta das peças na suspensão, espalhando o vidrado pela peça; ou através da pulverização com aerógrafo ou ferramenta similar.[2]

Para evitar que o suporte cerâmico ao qual foi adicionado vidrado se cole ao forno durante o aquecimento, uma pequena parte do item é deixada sem vidrado, ou são usados tripés refractários como suporte, que são removidos e eliminados depois do processo. Por vezes, podem ser observadas pequenas marcas dos tripés no produto final.

Baixo-vidrado

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A decoração aplicada sob o vidrado é designada por baixo vidrado. O baixo vidrado é aplicado diretamente na superfície cerâmica, e pode ser queimado a cru, greenware ou biscoito queimado (queima inicial de alguns artigos antes do vidrado ser aplicado e queimados novamente). O vidrado líquido, normalmente transparente, é aplicado sobre a decoração. O pigmento funde-se com o vidrado, e aparenta estar sob uma camada de vidrado transparente.[3] Entre os exemplos do uso de baixo-vidrado ao longo da história destacam-se as porcelanas "azuis e brancas" produzidas em Spode, Delfware, China, e a porcelana de Imari no Japão. A tonalidade forte de azul é conseguida com o uso de cobalto como corante, quer na forma de óxido ou carbonato, ainda hoje amplamente usados.[4]

Sobre-vidrado

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A decoração ou pintura aplicada por cima da camada de vidrado é designada por sobre-vidrado. Os vários métodos incluem a aplicação de uma ou mais camadas ou revestimento de vidrado numa peça de cerâmica, ou a aplicação de uma substância não-vidrada como esmalte ou metais (folha de ouro, por exemplo) sobre o vidrado.

As cores no sobre-vidrado são obtidas a partir de vidrados de baixa temperatura. O suporte é pré-quecido, aplicado o sobre-vidrado, e o conjunto é novamente aquecido. Uma vez queimado e retirado do forno, a textura torna-se polida pela acção do vidrado.

Durante o Período Kofun do Japão, a cerâmica era decorada com vidrados à base de cinzas resultantes da queima de madeira, que lhe conferia uma tonalidade esverdeada. Entre 552 e 794, foram introduzidos diferentes vidrados coloridos. Durante a dinastia Tang foram amplamente usadas três cores, desaparecendo gradualmente e nunca tendo sido conhecida a composição exacta do vidrado. Contudo, o vidrado à base de cinza natural foi de uso comum por todo o país.

Desde meados do século VIII, o uso de vidrado cerâmico tem sido predominante na arte islâmica e na cerâmica islâmica, e trabalhado de forma erudita e complexa.[5] O vidrado opaco à base de estanho está entre as primeiras tecnologias desenvolvidas no mundo islâmico, sendo os exemplares mais antigos os encontrados em Baçorá, datados do século VIII e em tons de azul. Outro contributo significativo foi o desenvolvimento do grés no que é hoje o Iraque durante o século IX.[6] De entre os vários pólos de inovação cerâmica no mundo islâmico destacam-se Fostate entre 975 e 1075, Damasco entre os séculos XII e XVII e Tabriz entre 1470 e 1550.[7] No século XIII, motivos vegetalistas eram representados em tons de vermelho, azul, verde, amarelo e preto. Os sobre-vidrados tornaram-se populares devido ao aspecto polido que conferiam à cerâmica.

  1. Ching, Francis D.K. (1995). A Visual Dictionary of Architecture. New York: John Wiley and Sons. p. 32. ISBN 0-471-82451-3 Verifique |isbn= (ajuda) 
  2. A. Escardino et al. "Interação entre Camadas de Esmalte Durante a Queima: Resistência Química dos Vidrados Resultantes". consultar online
  3. «Glossário de cerâmica». Consultado em 24 de outubro de 2011. Arquivado do original em 10 de outubro de 2011 
  4. ‘Ceramics Glaze Technology.’ J.R.Taylor & A.C.Bull. The Institute Of Ceramics & Pergamon Press. Oxford. 1986
  5. Mason (1995), p. 1
  6. Mason (1995), p. 5
  7. Mason (1995), p. 7
  • Hamer, Frank and Janet. The Potter's Dictionary of Materials and Techniques. A & C Black Publishers, Limited, London, England, Third Edition 1991. ISBN 0-8122-3112-0.