Yellow Cake (livro)
Yellow Cake | |
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Autor(es) | Alexandre von Baumgarten |
Editora | Editora Três |
Lançamento | 1985 |
Yellow Cake'[1] é um livro, supostamente de ficção, sobre uma operação de tráfico de urânio a partir do Brasil para o Oriente Médio. O livro foi publicado em 1985 como um encarte especial na revista Status, da Editora Três. Do manuscrito original, algumas páginas desapareceram após a morte do autor, Alexandre von Baumgarten, assassinado em 1982.[2] Apesar de conter elementos de ficção, a estória é inteiramente baseada em fatos verídicos.[3]
Segundo o livro, a venda ilegal de urânio extraído do Brasil para reabastecer os reatores nucleares iraquianos.[4] O Brasil vendeu 27 toneladas de yellowcake para o regime de Saddam Hussein através do Serviço Nacional de Informações (SNI), com a participação do proprietário da fábrica de material bélico Engesa, José Luiz Whitaker Ribeiro, e do então governador Paulo Maluf.[5] O yellowcake é a primeira fase de beneficiamento do urânio, fundamental para a produção do combustível das usinas nucleares, ou do plutônio, essencial para a bomba atômica, mas geralmente é utilizado em equipamentos médicos. O negócio foi confirmado em 1991, depois da Guerra do Golfo, quando inspetores da Organização das Nações Unidas descobriram o arsenal iraquiano.[6]
Segundo o livro, o General Otávio Aguiar de Medeiros, do Serviço Nacional de Informações (SNI), foi um agente do Mossad no Brasil.[3] Pouco depois de Israel bombardear o canteiro de obras de um reator nuclear, bem como uma central de pesquisas no Iraque, na madrugada de 7 de junho de 1981, o General Otávio Aguiar de Medeiros embarcou para Paris, onde teve uma reunião com militares israelenses.[5]
A partir da década de 1970, durante o Governo Ernesto Geisel (1974-1979), o Iraque foi visto como um aliado estratégico do Brasil. O Iraque chegou a trocar petróleo por frango congelado e por carros de combate EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu. Em um jantar no Lago Sul, em 1982, em Brasília, representantes de Saddam Hussein, empresários e diplomatas brasileiros articularam não só a cooperação na área nuclear, mas também a científica e tecnológica. Empresas como a Odebrecht (atual Novonor), Camargo Corrêa e Mendes Júnior se instalaram em Bagdá com operários, administradores e engenheiros.[6] O tema está documentado nos livros Histórias Secretas do Brasil Nuclear e Brasil, a Bomba Oculta,[7] este último lançado também na Alemanha[8] pelo Instituto de Análises Estratégicas (Institut für Strategieanalysen),[9] da jornalista Tania Malheiros.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ http://www.consciencia.org/docs/yellowcake.pdf
- ↑ «Arquivo Veja - Sarney arma seu ciclo». Consultado em 31 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2009
- ↑ a b http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R05135.pdf
- ↑ José Cleves (12 de março de 2013). «Os arquivos e os segredos da ditadura». Observatório da Imprensa. Consultado em 2 de janeiro de 2015
- ↑ a b Sarney arma seu ciclo Arquivado em 3 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine.. Revista Veja, 9 de setembro de 1987.
- ↑ a b A conexão Brasil. ISTOÉ, 25 de setembro de 2002.
- ↑ Malheiros, Tania. Brasil, a bomba oculta: O programa nuclear brasileiro. Rio de Janeiro: Gryphus, 1993.
- ↑ Malheiros, Tania. Brasiliens geheime Bombe: Das brasilianische Atomprogramm. Tradução: Maria Conceição da Costa e Paulo Carvalho da Silva Filho. Frankfurt am Main: Report-Verlag, 1995.
- ↑ http://www.strategieanalysen.at (em alemão)