Água lunar

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Estas imagens mostram uma cratera lunar muito jovem no lado oculto, conforme fotografado pelo Moon Mineralogy Mapper a bordo do Chandrayaan-1
A imagem mostra a distribuição de gelo de superfície no polo sul da Lua (esquerda) e polo norte (à direita) como visto pelo espectrômetro do Moon Mineralogy Mapper (M 3) da NASA a bordo do orbitador indiano Chandrayaan-1

Água lunar é a água que está presente na Lua. Moléculas de água difusas podem persistir na superfície lunar iluminada pelo Sol, conforme descoberto pelo observatório SOFIA[1] em 2020. Gradualmente, o vapor de água é decomposto pela luz solar, deixando o hidrogênio e o oxigênio perdidos no espaço sideral. Os cientistas encontraram gelo de água nas crateras frias e permanentemente sombreadas nos polos lunares. As moléculas de água também estão presentes na atmosfera lunar, que é extremamente fina e tênue.[2][3]

A água (H2O) e o grupo hidroxila quimicamente relacionado (-OH), existem em formas quimicamente ligadas como hidratos e hidróxidos a minerais lunares (em vez de água livre), e as evidências sugerem fortemente que este é o caso em baixas concentrações como para grande parte da superfície da Lua.[4] De fato, da matéria superficial, calcula-se que a água adsorvida existe em concentrações de traços de 10 a 1 000 partes por milhão.[5] Evidências inconclusivas de gelo de água livre nos polos lunares se acumularam durante a segunda metade do século XX a partir de uma variedade de observações sugerindo a presença de hidrogênio.

Em 18 de agosto de 1976, a sonda soviética Luna 24 pousou em Mare Crisium, coletou amostras das profundezas de 118, 143 e 184 cm do regolito lunar, e depois os levou para a Terra. Em fevereiro de 1978, foi publicado que a análise laboratorial dessas amostras mostrou que continham 0,1% de água em sua massa.[6][7] As medições espectrais mostraram mínimos perto de 3, 5 e 6 µm, bandas de vibração de valência distintas para moléculas de água, com intensidades duas ou três vezes maiores que o nível de ruído.[8]

Em 24 de setembro de 2009, foi noticiado que o espectrômetro do Moon Mineralogy Mapper (M3) da NASA, a bordo do orbitador indiano Chandrayaan-1, detectou características de absorção próximo de 2,8-3,0 µm na superfície lunar. Em 14 de novembro de 2008 a Índia fez o Moon Impact Probe, a bordo da sonda Chandrayaan-1, pousar na cratera Shackleton, onde foi confirmada a presença de gelo de água. Para corpos de silicato, tais características são tipicamente atribuídas a materiais contendo hidroxila e/ou água.[9] Em agosto de 2018 a NASA confirmou que o M3 mostrou que o gelo de água está presente na superfície dos polos lunares.[10][11] A água foi confirmada pela NASA na superfície ensolarada da Lua em 26 de outubro de 2020.[12]

A água pode ter chegado à Lua em escalas de tempo geológicas através bombardeio regular de cometas, asteroides e meteoroides[13] ou continuamente produzida in situ pelos íons de hidrogênio (prótons) do vento solar impactando minerais contendo oxigênio.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «NASA - SOFIA discovers water on sunlit surface of the Moon». NASA. 26 de outubro de 2020 
  2. «Atmosphere of the Moon». space.com. Consultado em 25 de maio de 2015 
  3. «Is There an Atmosphere on the Moon? | NASA». nasa.gov. 7 de junho de 2013. Consultado em 25 de maio de 2015 
  4. Lucey, Paul G. (23 de outubro de 2009). «A Lunar Waterworld». Science. 326 (5952): 531–532. Bibcode:2009Sci...326..531L. PMID 19779147. doi:10.1126/science.1181471 
  5. Clark, Roger N. (23 de outubro de 2009). «Detection of Adsorbed Water and Hydroxyl on the Moon». Science. 326 (5952): 562–564. Bibcode:2009Sci...326..562C. PMID 19779152. doi:10.1126/science.1178105 
  6. Akhmanova, M; Dement'ev, B; Markov, M (Fevereiro de 1978). «Water in the regolith of Mare Crisium (Luna-24)?». Geokhimiya (em russo) (285) 
  7. Akhmanova, M; Dement'ev, B; Markov, M (1978). «Possible Water in Luna 24 Regolith from the Sea of Crises». Geochemistry International. 15 (166) 
  8. Markov, M.N.; Petrov, V.S.; Akhmanova, M.V.; Dement'ev, B.V. (1980). Infrared reflection spectra of the moon and lunar soil. COSPAR Colloquia Series. 20. Bangalore, India. pp. 189–192. ISBN 978-0-08-024437-2. doi:10.1016/S0964-2749(13)60040-2 
  9. Pieters, C. M.; Goswami, J. N.; Clark, R. N.; Annadurai, M.; Boardman, J.; Buratti, B.; Combe, J. -P.; Dyar, M. D.; Green, R. (2009). «Character and Spatial Distribution of OH/H2O on the Surface of the Moon Seen by M3 on Chandrayaan-1». Science. 326 (5952): 568–572. Bibcode:2009Sci...326..568P. PMID 19779151. doi:10.1126/science.1178658 
  10. https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7218 Ice Confirmed at the Moon's Poles
  11. Water on the Moon: Direct evidence from Chandrayaan-1's Moon Impact Probe. Published on 2010/04/07.
  12. «NASA's SOFIA Discovers Water on Sunlit Surface of Moon». NASA. NASA. 26 de outubro de 2020. Consultado em 26 de outubro de 2020 
  13. Elston, D.P. (1968) "Character and Geologic Habitat of Potential Deposits of Water, Carbon and Rare Gases on the Moon", Geological Problems in Lunar and Planetary Research, Proceedings of AAS/IAP Symposium, AAS Science and Technology Series, Supplement to Advances in the Astronautical Sciences., p. 441
  14. «NASA – Lunar Prospector». lunar.arc.nasa.gov. Consultado em 25 de maio de 2015. Arquivado do original em 14 de setembro de 2016