Afonso XII de Espanha

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Afonso XII
Rei da Espanha
Afonso XII de Espanha
Rei da Espanha
Reinado 28 de dezembro de 1874
a 25 de novembro de 1885
Antecessor(a) Amadeu I (Deposto em 1873)
Sucessor(a) Afonso XIII (Sob uma regência)
 
Nascimento 28 de novembro de 1857
  Madrid, Espanha
Morte 25 de novembro de 1885 (27 anos)
  Madrid, Espanha
Sepultado em São Lourenço de El Escorial,
El Escorial, Espanha
Nome completo  
Alfonso Francisco de Asís Fernando Pío Juan María de la Concepción Gregorio Pelayo
Esposas Mercedes de Orléans (1878–1878)
Maria Cristina da Áustria (1879–1885)
Descendência Mercedes, Princesa das Astúrias
Maria Teresa de Espanha
Afonso XIII de Espanha
Casa Bourbon
Pai Francisco, Duque de Cádis
Mãe Isabel II de Espanha
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Afonso XII
Brasão

Afonso XII (Madrid, 28 de novembro de 1857 – Madrid, 25 de novembro de 1885), apelidado de "o Pacificador",[1] foi Rei da Espanha de 1874 até sua morte, tendo subido ao trono após um golpe de estado que restaurou a monarquia e encerrou a Primeira República Espanhola.

Era filho da rainha Isabel II e seu marido Francisco, Duque de Cádis. Afonso foi forçado a ir para o exílio ainda criança depois da Revolução de 1868, que depôs sua mãe. Estudou na Áustria e na França. Isabel abdicou formalmente a seu favor em 1870 e ele voltou para a Espanha em 1874 como seu rei. Afonso morreu de tuberculose aos 27 anos de idade e foi sucedido por seu filho ainda não nascido, que se tornou o rei Afonso XIII ao nascer no ano seguinte.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Afonso XII na infância.

Nasceu no Palácio Real de Madrid a 28 de Novembro de 1857, era filho da rainha Isabel II de Espanha e do seu marido e primo, Francisco, Duque de Cádis. O marido de Isabel II era conhecido por sua impotência e homossexualidade[2][3] e muitos historiadores atribuem a paternidade de Afonso XII a um dos amantes da rainha, o capitão Enrique Puigmoltó y Mayans.[4][5] Afonso XII era até mesmo conhecido como o "Puigmoltejo".[6][7]

Entre os seus preceptores encontravam-se o general Álvarez Osorio e o arcebispo de Burgos, este último eleito pela rainha Isabel, após consulta com o papa Pio IX. Em 1868, sendo ainda uma criança, a rainha é destronada pela Revolução de 1868, "La Gloriosa", obrigando a família real a partir para o exílio. A saída da Europa do novo príncipe implicou a experiência de se encontrar com outros sistemas políticos como o francês, o austríaco e o britânico.

Seu primeiro centro exterior foi o colégio Stanislas em Paris, cidade na qual se instalou a família real. A 29 de Setembro de 1869, a família muda-se transitoriamente para Genebra, onde além de receber aulas particulares, frequenta a academia pública da cidade. Para dar continuidade à sua educação é eleita a Academia Real e Imperial Teresiana de Viena. Por último frequenta a Academia militar de Sandhurst em Inglaterra. Neste país o futuro rei conheceu o constitucionalismo real inglês. Da correspondência de Afonso com a rainha durante todas as suas estadas nos diferentes colégios e academias, põe-se em evidência a relativa estreiteza econômica em que se movimentava a família real nesses anos.

A 25 de Junho de 1870, sua mãe, a rainha, abdica os seus direitos dinásticos, num documento assinado em Paris, em favor do seu filho Afonso.

Enquanto isso, em Espanha sucediam-se diferentes formas de governo: Governo Provisório (18681870), monarquia democrática de Amadeu I (18711873) e a I República (18731874). Esta foi liquidada no mês de Janeiro pelo golpe de Estado do general Pavia, e abriu-se um segundo período de Governos provisórios. Durante esta etapa histórica —o Sexênio Revolucionário—, a causa afonsina esteve representada nas Cortes por Antonio Cánovas del Castillo.

Estátua equestre de Afonso XII em Madrid (Mariano Benlliure, 1909).

Acesso à coroa[editar | editar código-fonte]

A 1 de Dezembro de 1874, Afonso publicou o Manifesto de Sandhurst, apresentando-se aos espanhóis como um príncipe católico, espanhol, constitucional, liberal e desejoso de servir à nação.

A 29 de Dezembro de 1874 produziu-se a restauração da monarquia, ao dar o general Arsenio Martínez-Campos um golpe de estado em Sagunto (Valência) em favor do acesso ao trono do príncipe Afonso. Naquele momento, o Chefe de Estado era o general Serrano. O Chefe de Governo era Sagasta. Em Janeiro de 1875 chegou à Espanha e foi proclamado rei ante as Cortes Generales.

Reinado[editar | editar código-fonte]

O seu reinado consistiu principalmente em consolidar a monarquia e a estabilidade institucional, reparando os danos que as lutas internas dos anos do chamado Sexênio Revolucionário deixaram, ganhando a alcunha de «o Pacificador». Foi aprovada a nova Constituição de 1876 e durante esse mesmo ano terminou a guerra carlista, dirigida pelo pretendente Carlos VII (o próprio monarca esteve presente no campo de batalha para presenciar o seu final). Os foros Bascos e Navarros foram reduzidos e conseguiu-se que cessassem, transitoriamente, as hostilidades em Cuba com a assinatura da Paz de Zanjón.

Afonso XII realizou, em 1883, uma visita oficial à Bélgica, Áustria, Alemanha e França. Na Alemanha aceitou a sua nomeação como coronel de honra de um regimento da guarnição de Alsácia, território conquistado pelos alemães e cuja soberania reclamava França. Este facto deu lugar a uma recepção hostil ao monarca espanhol por parte da população de Paris durante a sua visita oficial a França.

A Alemanha tentou ocupar as ilhas Carolinas, naquele momento debaixo do domínio espanhol, provocando um incidente entre os dois países que terminou em favor da Espanha com a assinatura de um acordo hispano-alemão em 1885. Nesse mesmo ano desencadeou-se um surto de cólera em Aranjuez. O monarca, sem contar com a aprovação do governo, visitou os enfermos, gesto que foi apreciado pela população. Pouco tempo depois, a 25 de Novembro, Afonso XII faleceu de tuberculose no Palacio Real de El Pardo, em Madrid.

Casou-se em primeiras núpcias com Mercedes de Orleães e depois com a arquiduquesa Maria Cristina da Áustria, de quem teve três filhos.

Quando morreu, sua mulher encontrava-se grávida e foi nomeada regente até ao nascimento de seu filho, Afonso XIII.

Filhos[editar | editar código-fonte]

1.º casamento[editar | editar código-fonte]

O primeiro casamento foi no dia 23 de janeiro de 1878 com a sua prima Maria das Mercedes de Orleães, filha dos duques de Montpensier que faleceu de tifo meses depois. Não houve filhos desta união.

2.º casamento[editar | editar código-fonte]

O segundo casamento foi no dia 29 de novembro de 1879 com María Cristina de Habsburgo-Lorena, prima segunda do imperador Francisco José I da Áustria com quem teve 3 (três) filhos:

União fora do casamento[editar | editar código-fonte]

Fora de sua prole legítima, Afonso XII deixou, ao menos, 2 (dois) filhos ilegítimos com a contralto Elena Sanz. Estes filhos não possuíam direito algum ao trono espanhol. São eles:

  • Afonso (1880-1970)
  • Fernando (1881-1922)
Monumento a Afonso XII de Espanha em Madrid

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16. Carlos III da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
8. Carlos IV da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Maria Amália da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
4. Francisco de Paula da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Felipe I de Parma
 
 
 
 
 
 
 
9. Maria Luísa de Parma
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Luísa Isabel da França
 
 
 
 
 
 
 
2. Francisco de Assis, Duque de Cádis
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Fernando I das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
10. Francisco I das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Maria Carolina da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
5. Luísa Carlota das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Carlos IV da Espanha (= 8, 12)
 
 
 
 
 
 
 
11. Maria Isabel da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Maria Luísa de Parma (= 9, 13)
 
 
 
 
 
 
 
1. Afonso XII da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. Carlos III da Espanha (= 16)
 
 
 
 
 
 
 
12. Carlos IV da Espanha (= 8)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Maria Amália da Saxônia (= 17)
 
 
 
 
 
 
 
6. Fernando VII da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Felipe I de Parma (= 18)
 
 
 
 
 
 
 
13. Maria Luísa de Parma (= 9)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. Luísa Isabel da França (= 19)
 
 
 
 
 
 
 
3. Isabel II da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Fernando I das Duas Sicílias (= 20)
 
 
 
 
 
 
 
14. Francisco I das Duas Sicílias (= 10)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Maria Carolina da Áustria (= 21)
 
 
 
 
 
 
 
7. Maria Cristina das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Carlos IV da Espanha (= 8, 12, 22)
 
 
 
 
 
 
 
15. Maria Isabel da Espanha (= 11)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Maria Luísa de Parma (= 9, 13, 23)
 
 
 
 
 
 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Fernández Sirvent, Rafael (2011). «Biografía de Alfonso XII de Borbón (1875-1885)». Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes 
  2. Burdiel, 1998, p. 203.
  3. Vilches, 2006, pp. 769-788.
  4. Bernecker, Walther L.; Collado-Seidel, Carlos; Hoser, Paul; Los reyes de España: dieciocho retratos históricos desde los Reyes Católicos hasta la actualidad. Siglo XXI de España Editores, 1999
  5. Fontana, Josep (2007). La época del liberalismo. Vol. 6 de la Historia de España, dirigida por Josep Fontana y Ramón Villares. Barcelona: Crítica/Marcial Pons. p. 297. ISBN 978-84-8432-876-6.
  6. Zavala, José María. La maldición de los Borbones: De la locura de Felipe V a la encrucijada de Felipe VI. Penguin Random House Grupo Editorial España. ISBN 9788401346675.
  7. Burgo Tajadura, 2008, p. 242.

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • M. Espadas, C. Seco e F. Villacorta, Alfonso XII y su época, Cuadernos de Historia 16, ISBN 84-85229-77-0

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Afonso XII de Espanha
Casa de Bourbon
Ramo da Casa de Capeto
28 de novembro de 1857 – 25 de novembro de 1885
Primeira República Espanhola
Rei da Espanha
28 de dezembro de 1874 – 25 de novembro de 1885
Sucedido por
Afonso XIII
Precedido por
Isabel

Príncipe das Astúrias
28 de novembro de 1857 – 30 de setembro de 1868
Sucedido por
Mercedes
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