Anita Novinsky

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Anita Novinsky
Nome completo Anita Waingort Novinsky
Conhecido(a) por Especialista na Inquisição portuguesa no Brasil
Nascimento 22 de novembro de 1922
Stachow, Polônia
Morte 20 de julho de 2021 (98 anos)
São Paulo, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileira
polonesa
Cônjuge Mauricio Novinsky
Alma mater Universidade de São Paulo (graduação e doutorado)
Orientador(es)(as) Myriam Ellis
Instituições Universidade de São Paulo
Campo(s) História, História do Brasil, História de Portugal, História do Judaísmo
Tese Cristãos novos na Bahia (1970)

Anita Waingort Novinsky (Stachow, 22 de novembro de 1922São Paulo, 20 de julho de 2021[1]) foi uma historiadora, pesquisadora e professora universitária brasileira.

Considerada uma das pioneiras da ciência no Brasil pelo CNPq,[2] Anita era especialista na Inquisição portuguesa no Brasil, os costumes dos cripto-judeus deste país e o renascimento da consciência judaica destes, 200 anos após o fim da Inquisição no Brasil.[3]

Professora titular emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), foi a primeira a descobrir e a revelar a origem judaica de grande parte dos portugueses que vieram para o Brasil para escapar do Tribunal do Santo Ofício, instituição da Igreja Católica que perseguia, julgava e punia os judeus de Portugal.[4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Anita nasceu na cidade de Stachow, na Polônia, em 1922.[5] Chegou ao Brasil, com os pais, com apenas dois anos. Estudou no Colégio Mackenzie e foi instruída no judaísmo pela mãe, que pertencia a uma família extremamente ortodoxa. Na sua casa, as festividades judaicas eram comemoradas e seguidas regularmente. Seu pai, original de Kielce (Polônia), era sionista, tendo sido um dos fundadores do partido sionista em São Paulo.[6]

Ingressou aos 18 anos no curso de filosofia da Universidade de São Paulo (USP), em 1956, onde foi aconselhada pelo professor Lourival Gomes Machado a pesquisar o papel da Inquisição na história do Brasil, tema que os livros de história omitiam ou pouco falavam.[6]

Especializou-se em psicologia pela USP em 1958, depois especializou-se em Racismo no Mundo Ibérico pela École des hautes études en sciences sociales em 1977, seguindo para o doutorado em História Social pela USP, com um estágio de pós-doutorado na Universidade de Paris em 1983. Foi Livre Docente da Universidade de São Paulo.[5] até o fim de sua vida.[7]

Nos anos 1970, Anita inaugurou uma importante linha de pesquisa no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP: os estudos inquisitoriais sobre o prisma da história das mentalidades.[8]

Depois dos atentados às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2011, Anita percebeu que seus estudos e de sua equipe deveriam ser voltados para o mundo e assim fundou o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância dentro do Departamento de História da Universidade de São Paulo.[9] O laboratório foi fechado após disputas políticas internas entre os pesquisadores.[6]

A Universidade Federal Rural de Pernambuco tem uma cátedra que leva seu nome desde 2015, pertencente ao Departamento de Ciências Sociais.[10] Novinsky é considerada uma autoridade no tema da Inquisição.[11] Em 2013, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico outorgou a Novinsky a distinção de Pioneira da Ciência no Brasil em honra de sua trajetória como investigadora.[2]

A Inquisição no Brasil[editar | editar código-fonte]

O documentário A Estrela Oculta do Sertão, que versa sobre comunidades de criptojudeus no Nordeste do Brasil, está baseado parcialmente nas pesquisas de Anita, incluindo uma entrevista com ela.[carece de fontes?]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Anita foi casada com o engenheiro Mauricio Novinsky, com quem teve duas filhas.[12]

Morte[editar | editar código-fonte]

Anita morreu em 20 de julho de 2021, na capital paulista, aos 98 anos.[13][14] Ela foi sepultada no Cemitério Israelita do Butantã.[15]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Cristãos-novos na Bahia: 1624-1654. Perspectiva, Edusp, 1972.
  • Bens confiscados a Cristãos-novos no Brasil, século XVIII. Editora Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1978, Lisboa
  • Inquisição. Cristãos Novos na Bahia, 11ª edición. Editorial Perspectiva, São Paulo, 2007.
  • Gabinete de Investigação: uma “caça aos judeus” sem precedentes. Brasil-Holanda, séculos XVII e XVIII. Editora Humanitas, São Paulo, 2007.
  • O Santo Ofício da Inquisição no Maranhão. A Inquisição de 1731. Editorial Universidad Estatal de Maranhão, São Luiz, Maranhão, 2006.
  • Inquisição: Prisioneiros do Brasil. Editorial Expressão e Cultura, Río de Janeiro, 2002.
  • Ibéria Judaica. Roteiros da Memória. Editorial Expressão, Río de Janeiro y EDUSP, São Paulo, 1996.
  • Inquisição. Ensaios sobre Mentalidades, Heresias e Arte. Editorial Expressão e Cultura, Río de Janeiro, 1992
  • Inquisição. Rol dos Culpados. Editorial Expressão e Cultura, Río de Janeiro, 1992
  • O olhar Judaico em Machado de Assis. Editorial Expressão e Cultura, Río de Janeiro, 1990.
  • Inquisição: Inventários de bens confiscados a cristãos novos no Brasil Editorial Imprensa Nacional. Casa de la Moneda, Lisboa, 1978.
  • Padre Antônio Vieira, a Inquisição e os Judeus
  • Os judeus que construíram o Brasil, 2016.

Referências

  1. «Escola Novinsky: o legado de Anita». Consultado em 12 de dezembro de 2022 
  2. a b «Pioneiras da Ciência no Brasil - 6ª Edição». CNPq. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  3. Natália Portinari (11 de abril de 2013). «Historiadora defende importância da cultura judaica na formação do Brasil». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  4. Antonio Silvio Lefèvre, ed. (21 de setembro de 2021). «Anita Novinsky, a historiadora que revelou as origens judaicas do Brasil». O Estado de São Paulo. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  5. a b «Anita Waingort Novinsky». USP - Departamento de História. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  6. a b c Brumer, Anita; Dreizik, Marcia. «Das pesquisas sobre a Inquisição e os cristãos-novos no Brasil ao Museu da Tolerância da Universidade de São Paulo: Entrevista com Anita Novinsky». WebMosaica. 3 (2). ISSN 2175-6163. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  7. «Anita Waingort Novinsky: O judeu Raposo Tavares e os jesuítas». Folha de S. Paulo. 11 de abril de 2013. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  8. «Obrigado por tudo, Profa. Dra. Anita Waingort Novinsky». Bnai-Brith. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  9. «USP anuncia projeto de museu para a tolerância». Estado de São Paulo. Consultado em 6 de novembro de 2017 
  10. «O Judeu Joaquim Nabuco». Consultado em 6 de novembro de 2017 
  11. Gorenstein, Lina; Carneiro, Maria Lucia Tucci (organizadoras) (2005). Ensaios sobre a intolerância: inquisição, marranismo e anti-semitismo 2ª ed. [S.l.]: Associação Editorial Humanitas. ISBN 85-98292-79-6 
  12. Christina Queiroz (ed.). «Raízes judaicas do Brasil». Revista Pesquisa Fapesp. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  13. «Morre a historiadora Anita Novinsky, autora de 'Cristãos Novos na Bahia: A Inquisição no Brasil'». Alô Alô Bahia. 21 de julho de 2021. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  14. «Nota de falecimento: Anita Waingort Novinsky». Universidade de São Paulo. Consultado em 7 de outubro de 2023 
  15. Maria Luiza Tucci Carneiro, ed. (26 de julho de 2021). «Escola Novinsky: o legado de Anita». Jornal da USP. Consultado em 7 de outubro de 2023