Bia Kicis

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Bia Kicis
Bia Kicis
Kicis em 2023
Deputada federal pelo Distrito Federal
Período 1 de fevereiro de 2019
até a atualidade
Legislatura 56ª (2019–2023)
57ª (2023–2027)
Dados pessoais
Nascimento 19 de setembro de 1961 (62 anos)
Resende, RJ
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade de Brasília
Partido
Profissão

Beatriz Kicis Torrents de Sordi, mais conhecida como Bia Kicis (Resende, 19 de setembro de 1961), é uma advogada, ativista, youtuber e política brasileira, filiada ao Partido Liberal (PL) e atualmente deputada federal pelo Distrito Federal.[1] É procuradora aposentada do Distrito Federal.

De posicionamentos políticos reacionários, tornou-se conhecida por seu ativismo em pautas como o voto impresso e o movimento "Escola sem Partido".[2] Foi eleita deputada federal pelo Distrito Federal nas eleições de 2018 pelo PRP.[3] Tem sido definida como uma política de extrema-direita e próxima a Jair Bolsonaro.[4][5][6]

Atualmente, também é colunista no portal Pleno News.[7]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 19 de setembro de 1961, em Resende, Rio de Janeiro.[8] Filha de Rubeni Torrents Pereira, engenheiro militar reformado, e de Leda Pfeil Kicis Torrents Pereira, formada em psicologia. Kicis formou-se em direito pela Universidade de Brasília.[9]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Aos 23 anos teve seu primeiro trabalho, como advogada, no SERPRO. Em 1992, foi aprovada no concurso público para o cargo de Procuradora do Distrito Federal, sendo empossada em 13 de maio de 1992. Chegou à Chefia de Gabinete do Procurador-Geral, em dois mandatos diferentes; foi Procuradora-Geral Adjunta e Corregedora-Geral da Procuradoria, por dois mandatos. Aposentou-se no cargo de Subprocuradora-Geral do Distrito Federal em Janeiro de 2016.

Em 2015, fundou o Instituto Resgata Brasil. Também em 2015, foi convidada para ser um dos representantes, em Brasília, do Movimento Revoltados ON LINE. A partir de então, enveredou pelo ativismo político, na defesa das causas reacionárias e pelo combate à corrupção.

Política[editar | editar código-fonte]

Em 2018, lançou a sua candidatura a Deputada Federal pelo Distrito Federal. Devido a restrições da Executiva Estadual do PSL, precisou filiar-se ao PRP. Foi eleita, pelo PRP, com 86.415 votos. Devido ao PRP não ter atingido a cláusula de barreira, fez, imediatamente após a sua posse, a filiação ao PSL.

Já como integrante da bancada do PSL, foi indicada e assumiu a Vice-presidência da CCJC – Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a Vice-liderança do Governo no Congresso Nacional, além de assumir a Presidência da Executiva do PSL, no Distrito Federal. Em 10 de março de 2021, foi eleita para o cargo de presidente da CCJC substituindo Felipe Francischini.[10]

Bia Kicis foi autora do Projeto de lei 4650/20, que retira a obrigatoriedade do uso de máscaras para evitar a contaminação do coronavírus. A deputada afirmou que “não há evidências científicas para assegurar que o uso de máscara protege a população, principalmente quando se trata de máscaras de fabricação artesanal”.[11]

Em 2022 foi reeleita Deputada Federal pelo Distrito Federal com 214.733 votos.[12] Foi relatora da PEC que alterou as regras de perda da nacionalidade, que extinguiu a perda automática da cidadania brasileira de quem adquire uma outra.[13]

Notícias falsas e desinformação sobre a pandemia[editar | editar código-fonte]

Em 9 de janeiro de 2019, em entrevista ao CB.Poder, passou algumas informações sobre Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula; uma checagem de fatos divulgada no Correio Braziliense demonstrou que a deputada veiculou informações falsas sobre o messmo. Algumas delas já eram conhecidas na internet.[14]

Em outubro de 2019, compartilhou um vídeo que o presidente Jair Bolsonaro postara em suas redes sociais. Nele, três homens, que seriam das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), associavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à organização criminosa. Mais tarde, a deputada apagou a mensagem e disse ser notícia falsa.[15] Em junho de 2020, uma reportagem da Agência Pública mostrou que as redes sociais de Bia Kicis estão sob controle de empresas próximas ao governo Bolsonaro.[16]

Segundo levantamento do Aos Fatos em dezembro de 2020, Bia Kicis foi uma das personalidades políticas que mais divulgaram desinformação na pandemia de COVID-19.[17]

Em janeiro de 2021, a deputada foi apontada pela reportagem da Agência Pública como uma das responsáveis por incentivar a invasão do Capitólio dos Estados Unidos.[18] Em fevereiro de 2021, a justiça arquivou um pedido de censura de Bia Kicis ao site Aos Fatos, após este ter apontado que a deputada era a congressista que mais disseminava notícias falsas sobre a COVID-19.[19]

Possível expulsão do PSL[editar | editar código-fonte]

Em dezembro de 2019, o então presidente do PSL, Luciano Bivar, decidiu expulsar a deputada da coligação por grave infração ética e infidelidade partidária.[20] Apesar disso, ela ainda permaneceu na legenda.

Uma nova ameaça de expulsão de Bia Kicis do PSL aconteceu em julho de 2020, após uma votação na Câmara em relação à PEC do Fundeb, na qual ela e mais cinco deputados do mesmo partido votaram contra o projeto. Dessa forma uma representação contra ela foi enviada ao conselho de ética do partido. Bia Kicis também perdeu a vice-liderança do governo na Câmara após seu voto.[21]

Acusação de racismo[editar | editar código-fonte]

Em 27 de novembro de 2020, a deputada federal Bia Kicis publicou, em suas redes sociais, uma montagem com os rostos dos ex-ministros Sérgio Moro (Justiça) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) pintados de negro, sugerindo que ambos poderiam buscar vagas de emprego na rede Magazine Luiza, em referência ao programa de trainee apenas para negros anunciado pela empresa. A montagem mostra o rosto de Moro pintado, com uma peruca e a mensagem: "Desempregado, blogueiro Sérgio Moro faz mudança no visual para tentar emprego no Magazine Luiza". Ao lado, traz o rosto de Mandetta, também com peruca e a mensagem: "Sem emprego e cansado de errar o pico." O ex-ministro Mandetta acusou a postagem de racista e chula.[22] Em 17 de novembro de 2021, o STF autorizou a investigação do caso. O ofendido afirma que “na oportunidade, a Deputada Federal cometeu o delito tipificado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei n. 7.716/1989, pois com sua postagem, praticou, induziu e incitou a discriminação e o preconceito de raça e cor, no caso concreto a raça negra e a cor preta.” a PGR apoia a investigação.[23]

Ataques ao STF e apoio a intervenção militar[editar | editar código-fonte]

Segundo o levantamento do Aos Fatos de maio de 2020, Bia Kicis e um grupo de sete deputados investigados no Inquérito das fake news publicaram em média duas postagens por dia em rede social em um período de três meses, com desinformação ou mencionando o STF de forma crítica.[24]

Em maio de 2020, Bia Kicis admitiu usar a imunidade parlamentar e xingou o ministro Celso de Mello. Dentre as ofensas proferidas, o chamou de "juiz de merda".[25]

Em fevereiro de 2021, a Polícia Federal encontrou na casa do blogueiro Allan dos Santos material apontando que Bia Kicis se reuniu com o mesmo, onde defendeu uma intervenção militar no Brasil.[26] A deputada tinha mencionado algo semelhante em maio de 2020, no plenário da Câmara dos Deputados, onde alegou que a "constituição previu, sim, um poder moderador", citando o constitucionalista Ives Gandra Martins, defensor da tese, argumento que foi amplamente usado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para criticar o Supremo. Porém, essa tese é refutada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).[27]

CCJ[editar | editar código-fonte]

Em fevereiro de 2021, Bia Kicis foi indicada para presidir o CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Sua indicação foi alvo de críticas de membros da Câmara e do STF. Foi lembrado que ela é investigada no Inquérito das Fake News e que a deputada, por ser bolsonarista, causaria desgaste com sua "batalha ideológica" no novo cargo.[28]

Após a indicação de Bia Kicis ao CCJ, o Congresso em Foco,[29] o Aos Fatos[30] e o jornal Metrópoles publicaram artigos relembrando das polêmicas e das notícias falsas que a congressista promoveu.[31] Escrevendo para O Antagonista, Wilson Lima apontou Jair Bolsonaro como o responsável pela indicação de Bia Kicis ao CCJ pois "o presidente afirmou a assessores e parlamentares que gostaria de ter um fiel aliado presidindo o colegiado mais importante da Casa. Essa manifestação ficou tácita durante uma reunião com a bancada bolsonarista, realizada em 27 de janeiro último. Na ocasião, Bolsonaro afirmou que “se Deus quiser, (iria) participar e influir na presidência da Câmara”. Bolsonaro quer um aliado no comando da CCJ para acelerar a sua pauta de costumes. Além disso, a CCJ também é responsável por analisar recursos do plenário da Câmara, pedidos de anistia e de intervenção federal.[32] Ela foi eleita no dia 10 de março de 2021 com 41 votos. Na posse, disse que será "uma presidente da CCJ serena, democrática e inclusiva, a fim de zelar pela transparência e pela proporcionalidade garantida pelo nosso Regimento”.[33]

No dia 17 de maio de 2021, deputados acusaram Bia Kicis de censurá-los na CCJ.[34]

Desempenho eleitoral[editar | editar código-fonte]

Ano Eleição Partido Candidato a Votos % Resultado Ref.
2018 Distrital do Distrito Federal PRP Deputada Federal 86.415 6,00% Eleita [35]
2022 Distrital do Distrito Federal PL 214.733 13,32% Eleita [36]

Referências

  1. «Bolsonaro acompanha filiação de deputados aliados ao PL». Poder360. 12 de março de 2022. Consultado em 12 de março de 2022 
  2. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,a-ativista-que-uniu-bolsonaro-e-guedes,70002568135
  3. https://g1.globo.com/df/distrito-federal/eleicoes/2018/noticia/2018/10/07/veja-quem-sao-os-oito-deputados-federais-eleitos-pelo-distrito-federal.ghtml
  4. «Câmara confirma extremista Bia Kicis na presidência da CCJ». Rede Brasil Atual. 10 de março de 2021. Consultado em 17 de abril de 2021 
  5. Gr, Redação do Jornal; Bahia, e (10 de março de 2021). «Investigada pelo STF, extremista Bia Kicis é eleita presidente da CCJ da Câmara dos Deputados». Jornal Grande Bahia (JGB). Consultado em 17 de abril de 2021 
  6. Welle (www.dw.com), Deutsche. «Deputada de extrema direita assume presidência da comissão mais importante da Câmara | DW | 10.03.2021». DW.COM. Consultado em 17 de abril de 2021 
  7. «Grupo de mídia evangélica que pertence a senador bolsonarista é um dos que mais dissemina desinformação, afirmam pesquisadores». Agência Pública. Consultado em 27 de janeiro de 2021 
  8. «Deputado(a) Federal Bia Kicis». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 23 de julho de 2020 
  9. Linder, Julia (8 de agosto de 2019). «Gonet afirmou a Bolsonaro que não pretende atrapalhar governo caso assuma PGR, diz Bia Kicis». Estadão. Consultado em 23 de julho de 2020 
  10. «Deputada Bia Kicis é eleita presidente da CCJ da Câmara». Valor Econômico. Consultado em 10 de março de 2021 
  11. «Projeto desobriga o uso de máscara para combate à pandemia de Covid-19 - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 1 de abril de 2021 
  12. «Veja quem são os oito deputados federais eleitos pelo DF». G1. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  13. «Comissão aprova PEC que mantém cidadania brasileira de quem obtém outra nacionalidade - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 4 de novembro de 2023 
  14. «Fizemos a checagem da entrevista da deputada Bia Kicis ao CB.Pode». Correio Braziliense. 10 de janeiro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  15. «Bolsonaro posta vídeo que associa Farc a Lula; deputada do PSL diz ser fake». Uol. 26 de outubro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  16. Alice Maciel, Ethel Rudnitzki. «Investigada por fake news, Kicis contratou serviços de mídias sociais de apoiadores do governo». Agência Pública. Consultado em 16 de junho de 2020 
  17. «Deputados governistas lideram desinformação sobre Covid-19 entre parlamentares no Twitter». Aos Fatos. Consultado em 1 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 17 de dezembro de 2020 
  18. Blogueiros bolsonaristas investigados por atos antidemocráticos apoiam invasão do Capitólio, Agência Pública, 8 de janeiro de 2021, Wikidata Q104841716, cópia arquivada em 8 de Janeiro de 2021 
  19. Ana Kruger (5 de fevereiro de 2021). «Justiça arquiva pedido de censura feito por Bia Kicis contra site Aos Fatos». Congresso em Foco. UOL. Consultado em 6 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 6 de fevereiro de 2021 
  20. Campos, Ana Maria (13 de dezembro de 2019). «Deputada Bia Kicis é expulsa do PSL». CB Poder |. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  21. «Chico Alves - PSL deve expulsar Bia Kicis e outros cinco que votaram contra o Fundeb». noticias.uol.com.br. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  22. «Bia Kicis é acusada de racismo por montagem de Moro e Mandetta». Poder360. Consultado em 3 de fevereiro de 2021 
  23. Povo, Gazeta do. «Lewandowski autoriza investigação contra Bia Kicis por post com "blackface" de Moro e Mandetta». Gazeta do Povo. Consultado em 14 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 14 de janeiro de 2022 
  24. «Deputados investigados por 'fake news' publicam dois tweets críticos ao STF por dia em três meses». Aos Fatos. 28 de maio de 2020. Consultado em 19 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2021 
  25. «Alvo do inquérito das fake news, Bia Kicis xingou Celso de Mello: "Juiz de merda"». Congresso em Foco. UOL. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  26. «PF apreende na casa de Allan dos Santos material referente a Bia Kicis». Estado de Minas. 3 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 5 de fevereiro de 2021 
  27. «Apontada como nova presidente da CCJ, Bia Kicis já defendeu possibilidade de intervenção militar». Yahoo!. 3 de fevereiro de 2021. Consultado em 7 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2021 
  28. «Indicação da deputada Bia Kicis à CCJ sofre resistência na Câmara e no STF». Metrópoles. 4 de janeiro de 2021. Consultado em 4 de fevereiro de 2021 
  29. «Veja as principais polêmicas envolvendo a deputada Bia Kicis». Congresso em Foco. UOL. 4 de fevereiro de 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 5 de fevereiro de 2021 
  30. Amanda Ribeiro e Bernardo Barbosa. «Cotada para presidir CCJ, Bia Kicis já publicou desinformação sobre temas que comissão pode avaliar». Aos Fatos. Consultado em 8 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2021 
  31. «Da parapsicologia ao negacionismo: quem é Bia Kicis, deputada cotada para presidir a CCJ da Câmara». Metrópoles. 6 de fevereiro de 2021. Consultado em 8 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2021 
  32. Wilson Lima (8 de fevereiro de 2021). «Bolsonaro trabalha para ter aliado no controle da CCJ». O Antagonista. Consultado em 7 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2021 
  33. «Bia Kicis é eleita presidente da Comissão de Constituição e Justiça - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 14 de janeiro de 2022 
  34. «Na CCJ, Bia Kicis censura deputados e é criticada». Congresso em Foco. Consultado em 17 de maio de 2021 
  35. «Resultado da votação para Bia Kicis no Distrito Federal». Gazeta do Povo. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  36. «Bia Kicis é reeleita deputada federal com maior número de votos no DF». Metropoles. Consultado em 3 de outubro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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