Bothrops leucurus

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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Viperidae
Gênero: Bothrops
Espécie: B. leucurus
Nome binomial
Bothrops leucurus
Wagler, 1824
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Bothrops leucurus ou Jararaca-Malha-de-sapo é uma espécie de serpente da família Viperidae. Endêmica do Brasil, pode ser encontrada nos estados de Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo.[1][2]

É a serpente peçonhenta mais comum da Mata Atlântica do Nordeste do Brasil. Atinge 1,2 m de comprimento em média, mas há registros de até 1,5 m. O desmatamento tem favorecido sua expansão territorial.

Também são espécies típicas de climas áridos, semi-áridos e (h)úmidos.[3]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

O período reprodutivo das Jararaca-Malha-de-Sapo ocorre, normalmente, nos períodos de outono e inverno e o nascimento das novas espécies, no verão e primavera. Na natureza, quando dois machos "competem" por uma fêmea, fazem um tipo de "dança/combate". Após isso, o macho que saiu vitorioso nessa dança começa a se comportar de maneira a atrair a fêmea como o "mouting" que é a ondulação do dorso, o "Chin rub" que é o deslizamento da cabeça do macho sob o corpo da fêmea, e finalmente, para a cópula, o macho faz o movimento de "tail whip" que é o movimento rápido da sua cauda sobre a cauda da fêmea e o "tail raise" que ocorre quando a fêmea aceita o macho e ergue sua cauda em direção a este. [4]

A gestação das Bothrops Leucurus dura 147 dias. É uma gestação vivípara, ou seja, as cobras depositam ovos. O nascimento ocorre, preferencialmente, no verão e primavera e nascem, em média, 12 novos seres[5]

Dieta[editar | editar código-fonte]

A jararaca-malha-de-sapo tem hábito alimentar variado, consome de pequenos mamíferos até anuros, lagartos, serpentes e aves. O que difere tais hábitos são: sexo e idade da serpente.[6]

As fêmeas consomem mais animais endotérmicos do que os machos, pois a carga energética que os animais oferecem é maior.[6]

As serpentes mais novas costumam se alimentar de anuros e lagartos (seres ectotérmicos), já as serpentes mais maduras consomem pequenos mamíferos e até aves (seres endotérmicos)[6]. Uma característica que ajuda as serpentes mais novas a atrair seus alimentos é sua cauda. As serpentes mais novas possuem uma cauda mais clara que o resto do seu corpo, tal característica atrai os anuros e lagartos. Essa coloração caudar desaparece de acordo com o envelhecimento do animal. [7]

Veneno[editar | editar código-fonte]

O veneno das Bothrops Leucurus é uma combinação de Fosfolipase A2, miotoxinas, metaloproteinases hemorrágicas. [8]

Esse veneno pode causar hemorragia, lesões, necrose do membro afetado. Algumas pesquisas mostram que o veneno da Jararaca-Malha-de-Sapo pode causar alterações na coagulação do sangue, funcionamento dos rins e do coração. [9]

Essas serpentes possuem dentes inoculadores e uma fosseta loreal (uma abertura entre o olho e a narina que é um órgão termorreceptor). Há diferença entre a peçonha de cobras filhotes e adultas, as jovens são predominantemente coaguladoras, já as adultas possuem uma ação proleolítica maior do que a ação coagulante. [10]

As picadas de cobras ocorrem normalmente em braços e pernas e, em caso de picada, é importante que lave bem o local com água e sabão, manter o local da picada levantado e estendido em posição confortável, não utilizar substâncias como urina, vinagre ou café na lesão, visto que pode gerar uma infecção e piorar a situação e, claro, ir para o hospital mais próximo para que o soro antiofídico seja injetado. [11]

Relação com os humanos[editar | editar código-fonte]

Os ataques da Jararaca-Malha-de-Sapo representam 90% do total de ataques de cobras a humanos no Brasil. [12]

Por ser uma cobra de ampla distribuição geográfica e por causar muitos acidentes o seu estudo é de grande interesse médico para o desenvolvimento e produção de soros. [13]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Na língua indígena tupi, iararaká significa "que envenena a quem agarra". [14]

Características[editar | editar código-fonte]

A jararaca-malha-de-sapo possui duas fossetas loreais que funcionam como um termorreceptor. Essas fossetas se localizam entre os olhos e a narina. Sua arcada dentária é formada por um par de dentes anteriores modificados em presas inoculadoras de venenos, grandes, móveis, totalmente canaliculadas e recobertas por uma bainha protetora. Sua cabeça é triangular, com escamas pequenas e irregulares no topo e a cauda possui escamas lisas sem muitas modificações em seu padrão. Possui uma coloração geral marrom]] e cinza. Essa cor modifica de acordo com a idade da cobra, possui manchas negras e um "V" invertido, possui uma faixa ocular definida e o ventre axadrezado com cores amareladas e cinza. Uma diferença dessas cobras está na presença de uma escama lacunolabial (a segunda escama supralabial fundida com a escama prelacunal), escamas supralabiais com manchas negras, cerca de 225 escamas ventrais e mais do que 6 escamas intersupraoculares. [15]

São seres de hábito noturno e a maioria dos exemplares vive na Mata Atlântica, sendo as mais jovens encontradas próximas a rios, e as adultas nas serras. Tal ocorre por causa da disponibilidade de presas que muda de acordo com a idade da cobra. [16]

O tempo de vida estimado destas cobras em ambiente natural e preservado é de 10 anos.[17]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A Jararaca-Malha-de-Sapo é uma serpente Viperidae de hábitos terrestres e noturnos, é encontrada em campos, matas, cerrado, mato plantado, se alimenta de anuros e roedores, é ovivípara, seu período de maior atividade é de outubro a maio, meses mais quentes e (h)úmidos, e nos meses mais frios não são muito ativas, passando a maior parte do seu tempo abrigadas]] em tocas. Esses comportamentos ocorrem, principalmente, pela escassez de presas durante a época. A forma de locomoção é feita através da ondulação lateral, locomoção retilínea ou em acordeão. Alguns métodos de defesa são utilizados por essa cobra como a imobilidade, fuga, retração e bote, quando se sentem ameaçadas, eles costumam bater a cauda no solo, como sinal de alerta. [18]

Referências

  1. LIRA-DA-SILVA, R. M. (2009). «Bothrops leucurus Wagler, 1824 (Serpentes; Viperidae): natural history, venom and envenomation». Gazeta Médica da Bahia. 79: 56-65 
  2. CARVALHO JR, R.R.; NASCIMENTO, L.B. (2005). «Bothrops leucurus – Geographical Distribution». Herpetological Review. 36. 469 páginas 
  3. Lira-da-Silva, Rejâne (2009). «BOTHROPS LEUCURUS BOTHROPS LEUCURUS WAGLER, 1824 (SERPENTES; VIPERIDAE)» 
  4. Laun, Tatiana. «Comportamento reprodutivo da Bothrops Leucurus (Serpentes, Viperidae)» 
  5. Lira-da-Silva, Rejâne. «Exemplos Regionais de Animais - Projeto Qualibio» 
  6. a b c Oliveira, Pâmela (2013). «HISTÓRIA NATURAL DE Bothrops leucurus WAGLER, 1824 (SERPENTES, VIPERIDAE) DA MATA ATLÂNTICA DA PARAIBA, BRASIL» (PDF)  line feed character character in |titulo= at position 63 (ajuda)
  7. Giozza, Aída (setembro de 2020). [file:///C:/Users/01202210945/Downloads/2020_A%C3%ADdaPereiraGiozza%20(1).pdf «Evolution of Caudal Luring in Viperidae OPPEL 1811»] Verifique valor |url= (ajuda) (PDF) 
  8. Antão, Vitória (2010). «ATIVIDADE MIOTÓXICA DO VENENO DE BOTHROPS LEUCURUS SOBRE A MUSCULATURA ESQUELÉTICA DE CAMUNDONGO APÓS ENVENENAMENTO EXPERIMENTAL» (PDF)  line feed character character in |titulo= at position 51 (ajuda)
  9. Alcântara, Alex Sandre. «veneno da jararaca term mistério desvendado» 
  10. Pereira, I.D. «Ofidismo» 
  11. Saúde, Ministério. (PDF) https://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/prevencao_medidas_acidentes_serpentes_peconhentas.pdf  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  12. Alcântra, Alex Sander. «Veneno da jararaca tem mecanismo desvendado» 
  13. Wuger, Wolofgang. http://www.qualibio.ufba.br/058.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  14. https://www.dicio.com.br/jararaca/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  15. Wuger, Wolofgang. «Exemplos regionais de animais» 
  16. Oliveira, Pâmela. «História natural de Bothrops leucurus» 
  17. Bernarde, Sérgio. «curiosidades sobre as cobras» 
  18. Sazima, Ivan. «Um estudo da biologia comportamental das jararacas.» (PDF) 
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