Capela de São Bartolomeu (Alvito)

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Capela de São Bartolomeu
Nomes alternativos Ermida de São Bartolomeu
Estilo dominante Gótico e manuelino
Construção Século XVI
Património Nacional
Classificação  Imóvel de Interesse Público
(Decreto n.º 67/97)
DGPC 74119
SIPA 944
Geografia
País Portugal Portugal
Região Alentejo
Coordenadas 38° 14' 56.6" N 8° 01' 08.0" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Capela de São Bartolomeu, também conhecida como Ermida de São Bartolomeu, é um monumento religioso no Município de Alvito, em Portugal.

Em 31 de Dezembro de 1997, a capela foi classificada como Imóvel de Interesse Público.[1][2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O imóvel situa-se num local isolado, na Herdade de São Bartolomeu, a cerca de meio quilómetro de distância da vila de Alvito, no sentido ocidental.[3] Implanta-se no alto de um pequeno cabeço,[3] permitindo um bom controlo visual para poente e Sul.[4] Consiste num edifício de pequenas dimensões, de planta rectangular, e formada apenas por uma nave e uma capela-mor de planta quadrada,[3] sendo a cabeceira virada para oriente.[4] Na fachada principal abre-se uma simples porta de verga recta, sendo esta a única abertura em todo o edifício, embora originalmente existisse pelo menos um orifício na fachada Norte, e uma janela no lado esquerdo do portal, que foi entaipada.[3] Destaca-se a presença de grandes contrafortes nas paredes laterais, elementos que são normalmente encontrados nos santuários fortificados na região do Alentejo, imitando, de forma mais simples, a combinação de estilos manuelinos e Mudéjares da Ermida de São Brás, em Évora.[3] O edifício integra-se nos estilos gótico e manuelino,[4] podendo ter feito originalmente parte de um conjunto de santuários rurais, que do ponto de vista arquitectónico integram-se no gótico final alentejano.[2] Com efeito, em Alvito encontra-se um outro edifício religioso muito semelhante a este em termos de volumetria e espaços internos, a Ermida de São Sebastião.[2]

No interior, é de especial interesse o conjunto das abóbadas em cruzaria de ogivas, suportadas por mísulas, e com chaves destacadas.[3] O acesso à capela-mor é feito através de um arco triunfal.[3] Tanto as paredes como as abóbadas estavam originalmente decoradas com pinturas murais do século XVI, no estilo manuelino,[2] das quais sobreviveram apenas alguns vestígios nas abóbadas.[3] As pinturas na capela-mor retratam anjos músicos, enquanto que as da nave apresentam cenas apocalípticas com os Quatro Evangelistas em tetramorfo.[3] Muito provavelmente o conjunto incluiria imagens do padroeiro e de outros santos, mas estas já desapareceram.[3]

Em termos de espólio, foram encontrados materiais de construção como tégulas e ímbrices e lateres, placas de mármore, e parte de uma coluna, e peças em cerâmica comum e opus signinum, incluindo fragmentos de ânforas.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Na cabeceira da capela foram descobertos os vestígios de uma estrutura circular, que poderia corresponder a uma ábside de volta perfeita, construída num aparelho em pedras de médias dimensões, unidas por opus caementicium, formando uma parede com 0,85 m de espessura.[4] No lado ocidental da capela, junto ao portal e ao canto Nordeste, verifica-se igualmente a existência de muros com opus caementicium.[4] Também no lado de fora do edifício, junto à parede no lado Norte, encontram-se as ruínas de um baptistério paleocristão, com uma cavidade em forma de cruz, de pequenas dimensões, e vários alinhamentos em pedra no seu interior.[4] Estes indícios provam que o local foi anteriormente ocupado por um outro edifício religioso muito mais antigo, provavelmente da época romana, tardo-romana ou da Idade Média.[4] Do período romano são também alguns tijolos que foram reutilizados na construção da capela, além de uma sepultura em tijoleira nas imediações, e outros materiais, com uma área de dispersão de cerca de 500 m².[4] A ermida foi construída sobre uma plataforma artificial, sugerindo a presença de ruínas de edifícios no subsolo.[4] Assim, é possível que este local tenha sido originalmente ocupado por uma villa romana, que gradualmente se converteu num vicus na transição do século V para o VI, quando esta povoação terá ganho a categoria de paróquia.[4] Este povoado teve uma certa importância até cerca de 1261, podendo ser identificado como a antiga vila de Muya d'Arem, ou Mugia d'Arem, termo que surge nos documentos medievais relativos à doação de Alvito, e a formação do seu couto.[4] Foi também pelo nome de Mujadarem ou Mugia d'Arem que foi conhecido o Convento de São Francisco, em Alvito.[5] Outro elemento de especial interesse é o nome do caminho até à herdade, Estrada do Galaz, que pode ser uma adaptação de Galaaz, um cavaleiro que surge nas lendas arturianas como tendo procurado pelo Santo Graal.[3]

A capela em si foi provavelmente construída nos princípios do século XVI, sendo o documento mais antigo que a refere de 1575.[3] Poderá ter sido edificada no mesmo período em que estavam a ser terminadas as obras do Castelo de Alvito.[3] Ainda em meados desse século terão sido executadas as pinturas murais.[2]

O edifício deixou depois de ter funções religiosas, sendo em 1993 utilizada como armazém ligado à agricultura.[2] Entre 2000 e 2004, foi alvo de trabalhos arqueológicos, no âmbito da preparação da Carta Arqueológica do Concelho de Alvito, e depois de 2004 a 2006, devido às obras do canal entre a Barragem de Odivelas ao Adutor de Alvito-Pisão. [4] Em 2012, foram encontrados materiais osteológicos humanos à superfície na capela, após o abatimento do solo provocado por tocas de coelhos, testemunhando que aquele local tinha sido utilizado como área sepulcral.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. PORTUGAL. Decreto n.º 67/97, de 31 de Dezembro. Ministério da Cultura. Publicado no Diário da República n.º 301/97, de 31 de Dezembro, Série I-B.
  2. a b c d e f g MENDONÇA, Isabel; FALCÃO, José; PEREIRA, Ricardo (1996) [1993]. «Capela de São Bartolomeu». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 20 de Janeiro de 2023 
  3. a b c d e f g h i j k l m «Capela de São Bartolomeu». Património Cultural. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 24 de Junho de 2023 
  4. a b c d e f g h i j k l m «Capela de São Bartolomeu». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 21 de Janeiro de 2023 
  5. «Concelho de Alvito» (PDF). Album Alentejano: Distrito de Beja. Lisboa: Imprensa Beleza. Dezembro de 1931. p. 65. Consultado em 21 de Janeiro de 2023. Arquivado do original (PDF) em 20 de Janeiro de 2022 – via Biblioteca Digital do Alentejo 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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