Chimpanzomem

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaChimpanzomem
Semelhanças genéticas entre hominídeos
Semelhanças genéticas entre hominídeos
Estado de conservação
hipotético ficcional
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primatas
Superfamília: Hominoidea
Família: Hominidae
Género: Homo sapiens x Chimpanzé
Brincadeira com imagem de Charles Darwin

O Chimpanzomem (Homo sapiens × Pan troglodytes) é um hipotético híbrido, um cruzamento, de humano com chimpanzé. Algumas mal sucedidas tentativas de produzir tal hibridização foram feitas pelo biólogo soviético Ilya Ivanovich Ivanov nos anos 20. Há ocasionais relatos de outras tentativas de tal hibridização, em especial no caso do chimpanzé Oliver (chimpanzé com face muito similar à de um homem) já nos anos 70, não havendo, porém, confirmações.

Nos anos 80 houve informações sobre tentativas dessa hibridização que teriam sido feitas em 1967 na China.

Também, a possibilidade de um cruzamento bem sucedido de um chimpanzé com um gorila, o chamado koolakamba, nunca foi confirmada.

Nomenclatura[editar | editar código-fonte]

O portmanteau "chimpanzomem" (no caso, primeiramente em inglês com humanzee) para esse híbrido parece ter começado a ser usada nos anos 80.[1] O portmanteau é mais antigo, datando da década de 1920, mas então não se refere a um híbrido, mas a um chimpanzé "parecido com humano", treinado para vestir roupas etc .[2]

De acordo com a convenção de dezembro de 2015, os híbridos são denominados assim: em 1º parte nome do pai (macho) + em 2º nome da mãe (fêmea), seguindo convenção de 1930 os híbridos de leão e tigre, que podem ser ligres ou tigreões,[3] um "Chimpanzomen" (Chuman) seria o híbrido de chimpanzé macho com fêmea humana e o "Hompanzé" (Humanzee) seria de um macho homem como uma fêmea chimpanzé.[4] Tal convecção somente passou a ter algum senso na primeira década do século XXI, tendo sido registrada em livro da Time-Life em 2015,[5] numa inspiração que pode ter vindo da Wikipédia em 2005.[6]

Viabilidade[editar | editar código-fonte]

A possibilidade de híbridos entre humanos e outros primatas foi assunto desde pelo menos o período medieval; Peter Damian (século XI) afirmou que lhe haviam mostrado a prole monstruosa de uma mulher humana que tinha acasalado com um macaco.[7] Linnaeus (1758) usou Homo troglodytes como o nome taxonômico para um hipotético híbrido humano com orangotango[8] Os chimpanzés e os seres humanos estão intimamente relacionados (partilhando 95% da sua sequência DNA e 99% das sequências das codificações DNA[9]), levando à uma especulação contestada de que um híbrido é possível.

Os seres humanos têm um par a menos de cromossomos do que outros primatas, com cromossomos de primata 2 e 4 se fundindo em um cromossomo maior (que contém restos do [centrômero] e telômero dos ancestraisl 2 e 4)[10] Ter números diferentes de cromossomos não é uma barreira absoluta à hibridação; Similar incongruências são relativamente comuns em espécies existentes, um fenômeno conhecido como polimorfismo cromossômico.

Todos os grandes símios têm estrutura genética semelhante. Os cromossomos 6, 13, 19, 21, 22 e X são estruturalmente os mesmos em todos os grandes primatas. Os cromossomos 3, 11, 14, 15, 18 e 20 combinam entre gorilas, chimpanzés e humanos. Chimpanzés e humanos combinam em 1, 2p, 2q, 5, 7-10, 12, 16 e Y também. Algumas referências mais antigas incluem Y como uma correspondência entre gorilas, chimpanzés e humanos, mas chimpanzés, bonobos e humanos recentemente foram localizados compartilhando uma grande transposição do cromossomo 1 para Y não encontrada em outros símios.[11]

Este grau de semelhança cromossômica é aproximadamente equivalente ao encontrado em Equus (gênero dos cavalos, zebras e outros). A interferência de cavalos e asnos é comum, embora a esterilidade da prole (mula) seja quase universal (com apenas cerca de 60 exceções registradas na história dos equinos[12]). Complexidades semelhantes e esterilidade prevalente referem-se a híbridos de zebra de cavalo, ou zorse, cuja disparidade cromossômica é muito grande, com cavalos tendo tipicamente 32 pares de cromossomos e zebras entre 16 e 23 dependendo da espécie. Em paralelo direto ao caso chimpanzé-humano, o cavalo de Przewalski (Equus przewalskii) com 33 pares de cromossomos e o cavalo doméstico (E. caballus) com 32 pares cruzaram entre si e geram uma prole semi-fértil: os híbridos masculinos foram fértes com fêmeas de cavalos fêmeas..[13]

Em 1977, o pesquisador J. Michael Bedford[14] descobriu que esperma humano poderia penetrar as membranas externas protetoras de um óvulo de gibão. A pesquisa de Bedford também mostrou que os espermatozoides humanos não se ligariam à superfície de zona de pelúcida de primatas não-hominoides (babuíno, macaco rhesus e macaco-esquilo) concluindo que, embora a especificidade dos espermatozóides humanos não esteja confinada apenas ao homem, provavelmente está restrita ao grupo Hominoidea.

Houve um caso de um orangutango fêmea sendo mantido para a escravidão sexual por seres humanos, contudo nenhuma gravidez foi constatada.[15]

Tentativas de hibridização[editar | editar código-fonte]

Não houve espécimes cientificamente verificados de um híbrido humano-chimpanzé, mas houve relatos fundamentados de tentativas malsucedidas de hibridação entre humano e chimpanzé na União Soviética na década de 1920 e vários relatórios não fundamentados sobre tentativas semelhantes durante a segunda metade do século XX..

Ilya Ivanovich Ivanov foi a primeira pessoa a tentar criar um híbrido humano-chimpanzé por inseminação artificial.[16] Ivanov delineou sua ideia já em 1910 em uma apresentação ao Congresso Mundial de Zoólogos em Graz. Sabe-se somente que houve "um encontro de zoólogos" e o ano, porém, mais dados não são conhecidos.Na década de 1920, Ivanov realizou uma série de experimentos, trabalhando com espermatozoides humanos e chimpanzés, mas ele não conseguiu uma gravidez. Em 1929, ele organizou um conjunto de experimentos envolvendo espermatozoides não humanos e voluntárias humana, mas isso foi adiado pela morte de seu último orangotango. No ano seguinte, ele caiu sob críticas políticas do governo soviético e foi condenado ao exílio no Cazaquistão, onde trabalhou no Instituto Veterinário-Zootécnico Cazaque, tendo morrido por causa de um acidente vascular cerebral dois anos mais tarde..[17]

Na década de 1970, um chimpanzé conhecido Oliver foi popularizado como um possível mutante ou até mesmo um chimpanzomem.[18] Um exame dos cromossomos de Oliver na Universidade de Chicago em 1996 revelou que Oliver tinha quarenta e oito, e não quarenta e sete cromossomos, refutando assim uma afirmação anterior de que ele não tinha uma contagem normal de cromossomos para um chimpanzé.[19] A morfologia craniana de Oliver, forma de orelha, sardas e calvície estavam de acordo com o intervalo de variabilidade exibido pelo chimpanzé comum[20] Os cientistas realizaram mais estudos com Oliver, cujos resultados foram publicados no American Journal of Physical Anthropology.[21]

Na década de 1980, houve relatos de uma experiência de cruzamento humano-chimpanzé conduzida na República Popular da China em 1967 e sobre uma posterior retomada planejada de tais experimentos.

Em 1981, Ji Yongxiang, chefe de um hospital em Shengyang, alegou ter feito parte de uma experiência de 1967 em Shengyang em que uma fêmea tinha sido impregnada com esperma humano. De acordo com este relato, o experimento veio a dar em nada porque foi interrompido pela Revolução Cultural, com os cientistas responsáveis enviados para trabalhar na fazenda e a chimpanzé prenha morrendo por negligência.

De acordo com Timothy McNulty de Chicago Tribune, o relatório foi baseado em um artigo de um “paper” de Wenhui Bao de Xangai. Li Guong do departamento de pesquisa de genética da Academia Chinesa de Ciências foi citado como confirmando a existência do experimento anterior à Revolução Cultural e os planos para retomar os testes.[22]

Evidências[editar | editar código-fonte]

Há evidências para um processo de especiação complexa a partir do último antepassado comum chimpanzé-humano, vindo depois a separação. Trata-se de épocas anteriores à emergência do "Homo" e diz respeito à hibridação entre Pan e Ardipithecus ou Orrorin.

Diferentes cromossomos parecem ter se dividido em diferentes momentos, sugerindo que a hibridização em larga escala pode ter ocorrido ao longo de um período de até quatro milhões de anos levando às duas linhagens emergentes (humanos e chimpanzés) há seis milhões de anos.[23] A semelhança do cromossomo X em humanos e chimpanzés pode sugerir hibridização tão recente quanto há quatro milhões de anos. Essa última conclusão deve ser considerada como incerta, com propostas alternativas disponíveis para explicar o tempo de divergência aparentemente curto para o cromossomo X.[24]

Na ficcão[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. Se os chineses tiverem êxito em suas tentativas atuais de inseminação-artificial para cruzar um ser humano com um chimpanzé, produzindo o romance e útil" humanzee ", seria possivelmente uma matéria patenteável"
  2. C.f. "Snooky the Humanzee", um chimpanzé ator na década de 1920. (http://www.silentera.com/video/collSnookyTheChimpHV.html silentera.com), [http: Lev Soudek, Structure of Substandard Words in British and American English , Vydavatel'stvo SAV, 1967, p.199.
  3. "When the sire is a lion the result is termed a Liger, whilst the converse is a Tigon." Edward George Boulenger, World natural history, B. T. Batsford ltd., 1937, p. 40.
  4. Naming Hybrid Big Cats from Messybeast.com accessed march 15, 2009
  5. TIME-LIFE Mysteries of the Unknown: Inside the World of the Strange and Unexplained, Time Inc. Books, 2015: "WHO KNEW? In the 1920s, a soviet scientist tried but failed to breed humans with apes to produce a hybrid cryptid called a humanzee, chuman or manpanzee."
  6. "Humanzee", revision as of 19:49, 4 October 2005
  7. PL 145, p. 789. Ait [Alexander papa ] enim quia nuper comes Gulielmus in Liguriae partibus habitans marem habebat simiae, qui vulgo maimo dicitur, cum quo et uxor eius, ut erat impudica prorsus ac petulans, lascivius iocabatur. Nam et ego duos eius filios vidi, quos de episcopo quodam plectibilis lupa pepererat
  8. Tubbs, P.K. 1985: OPINION 1368. THE GENERIC NAMES PAN AND PANTHERA (MAMMALIA, CARNIVORA): AVAILABLE AS FROM OKEN, 1816. Bulletin of zoological nomenclature, 42: 365-370. ISSN 0007-5167 Internet Archive BHL BioStor corrigendum in Bulletin of zoological nomenclature, 45: 304. (1988) Internet Archive http://www.biodiversitylibrary.org/item/44486#4 BHL
  9. «Chimps are human, gene study implies». New Scientist. Consultado em 24 de fevereiro de 2006 
  10. IJdo JW, Baldini A, Ward DC, Reeders ST, Wells RA (outubro de 1991). «Origin of human chromosome 2: an ancestral telomere–telomere fusion». Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 88 (20): 9051–5. PMC 52649Acessível livremente. PMID 1924367. doi:10.1073/pnas.88.20.9051 
  11. Wimmer R, Kirsch S, Rappold GA, Schempp W (2002). «Direct Evidence for a Pan–Homo Clade». Chromosome Research. 10 (1): 55–61. PMID 11863072. doi:10.1023/A:1014222311431 
  12. Kay, Katty (2 de outubro de 2002). «Morocco's miracle mule». BBC News. Consultado em 14 de setembro de 2014 
  13. Chandley, AC; Short, RV; Allen, WR (1975). «Cytogenetic studies of three equine hybrids». Journal of Reproductive Fertility (23): 356–70. PMID 1060807 
  14. Bedford JM (agosto de 1977). «Sperm/egg interaction: the specificity of human spermatozoa». Anat. Rec. 188 (4): 477–87. PMID 409311. doi:10.1002/ar.1091880407 
  15. [1]
  16. Rossiianov, Kirill (2002). «Beyond species: Il'ya Ivanov and his experiments on cross-breeding humans with anthropoid apes». Science in Context. 15 (2): 277–316. PMID 12467272. doi:10.1017/S0269889702000455 
  17. New Scientist 20 August 2008.
  18. «10. Oliver the Mutant Chimp». Consultado em 11 de março de 2006. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2005 
  19. Anonymous (1996). «Mutant Chimp Gets Gene Check». Science. 274 (5288). 727 páginas. doi:10.1126/science.274.5288.727e 
  20. Hill, WCO; in Bourne, GH (1969). Anatomy, behavior, and diseases of chimpanzees (The Chimpanzee. 1. [S.l.]: S. Karger. pp. 22–49 
  21. Ely JJ, Leland M, Martino M, Swett W, Moore CM (1998). «Technical note: chromosomal and mtDNA analysis of Oliver». Am. J. Phys. Anthropol. 105 (3): 395–403. PMID 9545080. doi:10.1002/(SICI)1096-8644(199803)105:3<395::AID-AJPA8>3.0.CO;2-Q 
  22. "Li Guong, of the genetics research bureau of the Academy of Science treats it seriously. 'My personal view is that it is possible [...] We also did experimental work on this before the Cultural Revolution, but we were stopped. At the moment, we plan to arrange further tests.'" Timothy McNulty, "Chinese Aim To Implant Human Sperm In Chimps", St. Petersburg Independent 12 February 1981, p. 19. "Chinese May Resume Experiments to Create 'Near-Human' Ape", Houston Post (from Chicago Tribune), 15 February 1981, p. 19, cited after Justin Leiber, Can Animals and Machines be Persons?: A Dialogue, Hackett Publishing, 1985
  23. Patterson N, Richter DJ, Gnerre S, Lander ES, Reich D (junho de 2006). «Genetic evidence for complex speciation of humans and chimpanzees». Nature. 441 (7097): 1103–8. Bibcode:2006Natur.441.1103P. PMID 16710306. doi:10.1038/nature04789 
  24. Wakeley J (março de 2008). «Complex speciation of humans and chimpanzees». Nature. 452 (7184): E3–4; discussion E4. Bibcode:2008Natur.452....3W. PMID 18337768. doi:10.1038/nature06805  "Patterson et al. suggest that the apparently short divergence time between humans and chimpanzees on the X chromosome is explained by a massive interspecific hybridization event in the ancestry of these two species. However, Patterson et al. do not statistically test their own null model of simple speciation before concluding that speciation was complex, and—even if the null model could be rejected—they do not consider other explanations of a short divergence time on the X chromosome. These include natural selection on the X chromosome in the common ancestor of humans and chimpanzees, changes in the ratio of male-to-female mutation rates over time, and less extreme versions of divergence with gene flow. I therefore believe that their claim of hybridization is unwarranted." Wade, Nicholas. "Two Splits Between Human and Chimp Lines Suggested", The New York Times, 18 May 2006. For a chromosomal homology map between these species see. Pratas, D; Silva,R; Pinho, A; Ferreira, P (18 de maio de 2015). «An alignment-free method to find and visualise rearrangements between pairs of DNA sequences.». Scientific Reports. 5. 10203 páginas. PMID 25984837. doi:10.1038/srep10203 
  25. [2]
  26. New York Times review of the novel, Lucy, by Laurence Gonzales