Desastre aéreo de Paraibuna

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Desastre aéreo de Paraibuna
Acidente aéreo


Acima, mockup do SAAB Scandia, similar ao acidentado. Abaixo Cessna 310, fabricado em 1957, similar ao acidentado.

Sumário
Data 26 de novembro de 1962 (61 anos)
Causa erro do piloto
Local Brasil Paraibuna, São Paulo
Total de mortos 26
Total de feridos nenhum (todos morreram em ambas as aeronaves)
Primeira aeronave
Origem Aeroporto de Congonhas, São Paulo
Destino Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro
Passageiros 18
Tripulantes 5
Sobreviventes nenhum
Segunda aeronave
Modelo Estados Unidos Cessna 310
Operador Brasil particular
Prefixo PT-BRQ
Primeiro voo 1962
Origem Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro
Destino Aeroporto Campo de Marte, São Paulo
Passageiros 2
Tripulantes 1
Sobreviventes nenhum

O Desastre aéreo de Paraibuna foi um acidente aéreo ocorrido no dia 26 de novembro de 1962, envolvendo duas aeronaves - um Saab 90 Scandia da VASP e um Cessna 310 particular - que após colidirem no ar, caíram na cidade de Paraibuna, São Paulo, matando todos os 26 passageiros e tripulantes das duas aeronaves.[1]

Aeronaves[editar | editar código-fonte]

Aeronaves Scandia, da VASP estacionadas no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, em 1965.

O SAAB 90 Scandia foi idealizado para substituir o Junkers Ju 52, que sofria escassez de peças por conta da Segunda Guerra Mundial. Porém com o fim do conflito, milhares de Douglas DC-3 ficaram ociosos, sendo vendidos pelo governo dos Estados Unidos e o Scandia foi perdendo mercado, sendo produzidas apenas 18 aeronaves, que após voarem pouco tempo na companhia aérea SAS e seriam vendidas para as empresas brasileiras Real Aerovias e VASP. A VASP operou todas as 18 aeronaves, incluindo o protótipo. A aeronave acidentada tinha o número de série 90107 e seria fabricada em 1951.[2] Nesse ano, a VASP adquiria seus 5 primeiros Scandia, aeronaves que se tornariam frequentes nos serviços entre Rio e São Paulo. Com a criação da ponte aérea em 1959, os voos se tornariam cada vez mais frequentes. A aeronave Cessna 310 era particular. Nova, a aeronave havia sido adquirida por James Tzeku–Sung diretamente de revendora Cessna credenciada no país.[1]

Acidente[editar | editar código-fonte]

Por volta das 8h40min a aeronave, SAAB 90 Scandia, da Vasp decolou do Aeroporto de Congonhas em São Paulo com destino ao Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, onde deveria pousar cerca de 1 hora depois, cumprindo mais um voo da Ponte aérea Rio-São Paulo. Transportava 18 passageiros e 3 tripulantes, sendo comandada pelo comandante Jack Torres Soares.[1]

A aeronave Cessna 310, de propriedade particular havia decolado quase na mesma hora do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro e deveria pousar no Aeroporto Campo de Marte em São Paulo e transportava 2 passageiros e 1 tripulante.

Ambas as aeronaves utilizavam a aerovia AB6[3]; enquanto o Scandia voava por meio de instrumentos (IFR), o Cessna fazia um voo sob Regras de voo visual (VFR). O controle aéreo havia instruído o Scandia a voar sob teto de 8000 pés, enquanto que o Cessna deveria manter teto de 8500 pés. Por motivos ignorados, o Cessna manteve teto de 8000 pés. Com isso, ambas as aeronaves colidiram de forma frontal, por volta da 9h10min, a 8000 pés de altitude, nas proximidades de Paraibuna, São Paulo. Com a colisão, as duas aeronaves explodiram, matando instantaneamente seus passageiros e tripulantes. Os destroços do Scandia cairiam num vale alagadiço, enquanto que o que restou do Cessna foi encontrado num local 5 km distante dos destroços do Scandia.[4].

Consequências[editar | editar código-fonte]

Esse seria o pior acidente ocorrido com uma aeronave Scandia. Posteriormente seriam proibidos voos do tipo VFR na ponte Aérea Rio-São Paulo[4]. Após mais alguns acidentes, a VASP aposentaria seus Scandia. O impacto desse acidente na sociedade mal tinha sido assimilado quando, no dia seguinte, um Boeing 707 realizando o voo internacional Varig 810 entre o Rio e Lima bateria numa montanha nas proximidades do Aeroporto de Lima matando todos os seus 97 ocupantes[5]. Um mês mais tarde cairia um Lockheed Constellation da Panair do Brasil nas proximidades de Manaus matando mais 50 pessoas[6]. Esses acidentes, somados aos demais ocorridos em 1963, contribuiriam para uma queda momentânea na venda de passagens aéreas no Brasil e obrigariam empresas aéreas e governo a investirem em melhorias no sistema aéreo nacional, que encontrava-se em grave crise naquele momento.[4].

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da; O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes; Porto Alegre Editora EDIPUCRS, 2008, pp 267–268.

Referências

  1. a b c Jornal do Brasil (27 de novembro de 1962). «Choque de aeronaves mata 26 em São Paulo». Ano LXXII, número 273, páginas 1 e 5. Consultado em 13 de agosto de 2012 
  2. «Accident description». Aviation Safety Network. Consultado em 13 de agosto de 2012 
  3. Betting, Gianfranco. «Histórico do Acidente». Jetsite. Consultado em 13 de agosto de 2012 [ligação inativa]
  4. a b c SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da (2008). O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes. [S.l.]: Editora EDIPUCRS, Porto Alegre. pp. 214–216. ISBN 978-85-7430-760-2 
  5. Jornal do Brasil (27 de novembro de 1962). «Jato do Brasil cai no Peru e mata 97». Ano LXXII, número 274, páginas 1 e 5. Consultado em 13 de agosto de 2012 
  6. Jornal do Brasil (17 de dezembro de 1962). «Localizado Constellation da Panair». AnoLXXII, Número 290, páginas 1 e 14. Consultado em 13 de agosto de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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