Dinarco Reis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dinarco Reis
Nascimento 22 de julho de 1904
Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro
Morte 1989
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Escola Militar do Realengo
Ocupação revolucionário

Dinarco Reis (Rio de Janeiro, 22 de julho de 19041989) foi um militar comunista brasileiro de renome internacional. Dirigente do Partido Comunista Brasileiro, Dinarco Reis tornou-se notório pela sua participação no Levante de 35, na Guerra Civil Espanhola (em especial na Batalha do Ebro) e na Resistência Francesa, além de ter sido membro da Aliança Nacional Libertadora.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Dinarco Reis nasceu no dia 22 de julho de 1904 no Rio de Janeiro, mais precisamente na Vila Isabel. No entanto, só foi registrado civilmente no dia 23. O padre que o batizou lhe atribuiu o prenome de José, por não ter considerado seu nome como cristão.[1] Sua infância foi conturbada devido à separação de seus pais, além de um duro período de privações econômicas. Por consequência, começou a trabalhar aos 14 anos como ajudante de eletricista. Tempos depois, mudou-se com sua tia para Belo Horizonte onde passou a juventude sem muitas complicações.

Carreira militar[editar | editar código-fonte]

Aos 20 anos ingressou na Escola de Aviação Militar como praça voluntário no Campo dos Afonsos. Como soldado, participou da campanha contra a Revolta Paulista de 1924 onde o tenentismo atuava na tentativa de derrubar o governo e realizar uma política liberal.[2] Em 1925 foi promovido a cabo e no ano seguinte, já como terceiro sargento, tornou-se instrutor de voo e mecânico-chefe de manutenção. Quatro anos mais tarde, com a eclosão da Revolução de 1930, participou ativamente da Aliança Liberal, época em que se relaciona com Cordeiro de Farias e Eduardo Gomes. Neste período, Dinarco sequestrou um avião, levando-o para Minas Gerais e juntou-se às forças rebeldes que acabariam por triunfar. Após o combate contra a Revolução Constitucionalista de 1932, matriculou-se na Escola Militar do Realengo para se comissionar como tenente e em 1934 obteve o posto de segundo-tenente da aviação militar.[2][3]

Levante Comunista[editar | editar código-fonte]

A Escola Militar era tradicionalmente envolvida em movimentos políticos, onde havia um pequeno grupo de alunos que estudavam o marxismo e viam no PCB uma política capaz de resolver os problemas brasileiros.[2] O jovem oficial fez a leitura do Manifesto Comunista em 1932 e já no ano seguinte ingressou nas fileiras do Partido. Assim como vários outros militantes do PCB, Dinarco integrou-se à Aliança Nacional Libertadora, cuja direção contava com inúmeros militares. Com a crescente repressão da Ditadura Vargas, o movimento seguiu o caminho da luta armada que culminou no Levante Comunista em 1935. Após a derrota do Levante, Dinarco foi preso e expulso das Forças Armadas.[4] Foi na prisão que conheceu dirigentes do movimento comunista nacional e internacional, recebendo ensinamentos teóricos que firmaram sua decisão pelo socialismo. Apesar de ter sido liberto da prisão no episódio que ficou conhecido como "macedada", Reis não fora completamente anistiado em vida.[5]

Guerra Civil Espanhola[editar | editar código-fonte]

Dinarco Reis então migrou para o Rio Grande do Sul e procurou exílio no Uruguai. No entanto, o mundo vivia um período de lutas contra o fascismo e o nazismo e era recomendação do PCB que seus militantes se apresentassem como voluntários na guerra. Seguindo essa orientação, Dinarco vai para a Espanha onde luta em defesa da República contra o franquismo, destacando-se na Batalha do Ebro.[1][6] Com a derrota dos socialistas, foi mandado para a França onde foi preso em um campo de concentração. Junto com seus camaradas David Capistrano, Hermenegildo Assis Brasil e Joaquim Silveira, conseguiu fugir para Paris e se ali juntaram à Resistência Francesa na luta contra o nazifascismo. Depois de muitos eventos passando por Portugal e Espanha, em 1942 chegou na Venezuela e então regressou ao Brasil, juntando-se aos náufragos dos navios torpedeados pelos alemães.[7] No ano seguinte, foi um dos principais organizadores da Conferência da Mantiqueira, quando foi eleito o Comitê Central do PCB que reorganizou o Partido enfraquecido pela perseguição do Estado Novo.[8]

Ditadura militar[editar | editar código-fonte]

Com o Golpe de Estado no Brasil em 1964 e a deposição do presidente constitucional João Goulart, Dinarco entrou na clandestinidade e organizou a resistência contra a ditadura, rejeitando a estratégia de luta armada para derrubar os militares do poder. Por ser integrante do Comitê Central do PCB, Dinarco exilou-se novamente como recomendação de preservação da direção, uma vez que entre 1973 e 1975 um terço do CC foi assassinado pela repressão e milhares de militantes foram submetidos à tortura.[9] Com a abertura lenta e gradual, a promulgação da Lei da Anistia em 28 de agosto de 1979, Dinarco Reis retornou ao país.[10]

Morte[editar | editar código-fonte]

Dinarco Reis faleceu em 1989 quando ainda estava em plena atividade, inclusive escrevendo e proferindo conferências. Faleceu sem ter sido anistiado pela Aeronáutica que o deu como morto desde o Levante de 1935. Sua anistia foi concedida ainda em 1989 somente após a sua morte.[1]

Referências

  1. a b c d Fundação Dinarco Reis (21 de julho de 2020). «116 anos de Dinarco Reis, dirigente nacional do PCB». PCB - Partido Comunista Brasileiro. Consultado em 5 de junho de 2021 
  2. a b c Fundação Dinarco Reis (22 de julho de 2019). «Dinarco Reis, o Tenente Vermelho». PCB - Partido Comunista Brasileiro. Consultado em 5 de junho de 2021 
  3. Battibugli, Thaís. (2004). «A solidariedade antifascista : brasileiros na guerra civil espanhola, 1936-1939». EDUSP. OCLC 62274298. Consultado em 5 de junho de 2021 
  4. «CBN - País - Começo do Estado Novo completa 80 anos, mas violações do regime ainda não foram investigadas». localhost. Consultado em 5 de junho de 2021 
  5. «Memorial da Democracia - 'Macedada' liberta 300 presos políticos». Memorial da Democracia. Consultado em 5 de junho de 2021 
  6. Almeida, Paulo Roberto de (1999). «BRASILEIROS NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA: COMBATENTES NA LUTA CONTRA O FASCISMO». Revista de Sociologia e Política. pp. 35–66. Consultado em 5 de junho de 2021 
  7. «Brasileiros na Guerra Civil Espanhola - Le Monde Diplomatique». diplomatique.org.br. Consultado em 5 de junho de 2021 
  8. «Dicionário Político - Conferência da Mantiqueira». www.marxists.org. Consultado em 5 de junho de 2021 
  9. «Breve Histórico do PCB». pcb.org.br. Consultado em 5 de junho de 2021 
  10. Namour, Roberta (9 de março de 2015). «Dinarco Reis: o militar que ingressou nas fileiras comunistas». Brasil 247. Consultado em 5 de junho de 2021