Eleições estaduais em Sergipe em 1962

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1958 Brasil 1966
Eleições estaduais em  Sergipe em 1962
7 de outubro de 1962
(Turno único)
Candidato Seixas Dória Leandro Maciel
Partido PSD UDN
Natural de Propriá, SE Rosário do Catete, SE
Vice Celso Carvalho Manuel Sobral
Votos 67.514 58.825
Porcentagem 53,44% 46,56%
Candidato mais votado por município:
  Seixas Dória (34)
  Leandro Maciel (25)
  Sem informação (2)
  Empate (1)

As eleições estaduais em Sergipe em 1962 ocorreram em 7 de outubro como parte das eleições em 22 estados brasileiros e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima. Foram eleitos o governador Seixas Dória, o vice-governador Celso Carvalho, os senadores Leite Neto e Júlio César Leite, sete deputados federais e trinta e dois estaduais na última eleição direta realizada antes do Regime Militar de 1964, não havendo eleições no Distrito Federal e no território federal de Fernando de Noronha.[1][nota 2][nota 3]

Nascido em Propriá, o professor Seixas Dória formou-se advogado na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense em 1946.[nota 4] Diretor do Correio de Aracaju e membro da Academia Sergipana de Letras, foi secretário da prefeitura de Aracaju ingressando na UDN ao fim do Estado Novo em 1945, elegendo-se deputado estadual nesta legenda em 1947 e 1950. Eleito deputado federal em 1954, uniu-se à Frente Parlamentar Nacionalista e após ser reeleito em 1958, foi vice-líder do governo Jânio Quadros na Câmara dos Deputados e após a renúncia do presidente em 25 de agosto de 1961, integrou-se ao grupo parlamentar chamado de Banda de música da UDN.[2][3]

Após deixar UDN por divergências com o partido acerca da sucessão estadual, elegeu-se governador de Sergipe via PSD em 1962,[4][5] foi deposto e preso com a instauração do Regime Militar de 1964. Levado para Salvador e depois Fernando de Noronha, foi libertado mediante um habeas corpus expedido pelo Superior Tribunal Militar em agosto de 1964.[2] Em 4 de julho de 1966 teve seus direitos políticos suspensos por dez anos pelo Ato Institucional Número Dois, dedicando-se então à agropecuária e à literatura,[6][7] retornando efetivamente à vida política na década de 1980.[3]

O advogado Celso Carvalho formou-se na Universidade Federal da Bahia em 1946. De volta a Sergipe ingressou no PSD e em 19 de outubro de 1947 foi eleito prefeito de Simão Dias, cidade onde nasceu.[nota 5] Ao fim do mandato foi pretor judiciário de Campo do Brito e pretor substituto nos municípios de Frei Paulo e Ribeirópolis.[nota 6] Com a extinção das pretorias passou a advogar em Simão Dias e retornou à política elegendo-se deputado estadual em 1954 e 1958 e vice-governador de Sergipe em 1962.[8] Com a deposição de Seixas Dória pelos militares, assumiu o governo estadual e depois filiou-se à ARENA.[9]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 126.339 votos nominais.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Seixas Dória
PSD
Ver abaixo
-
-
UDN, PST
67.514
53,44%
Leandro Maciel
UDN
Ver abaixo
-
-
UDN (sem coligação)
58.825
46,56%
Fontes:[1]
  Eleito

Resultado da eleição para vice-governador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 114.337 votos nominais.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Ver acima
-
Celso Carvalho
PSD
-
UDN, PST
59.551
52,08%
Ver acima
-
Manoel Conde Sobral
PTB
-
PTB (sem coligação)
54.786
47,92%
Fontes:[1]
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

Leite Neto[editar | editar código-fonte]

Advogado e odontólogo formado na Universidade Federal da Bahia e professor da Universidade Federal de Sergipe, nasceu em Riachuelo e foi também jornalista. Um dos fundadores de A República e O Estado de Sergipe, presidiu a Associação Sergipana de Imprensa e tornou-se membro da Academia Sergipana de Letras. Genro de Carvalho Neto, estreou na política elegendo-se deputado estadual constituinte em outubro de 1934 atuando na concepção da Constituição Estadual, mas teve o mandato extinto pelo Estado Novo. Diretor da penitenciária do estado e professor da Escola Técnica de Comércio de Sergipe na interventoria de Erônides de Carvalho, foi secretário-geral do estado nas interventorias de Milton Azevedo e Maynard Gomes. Filiado ao PSD, chegou ao posto de interventor federal em Sergipe entre 27 de outubro e 5 de novembro de 1945, mas renunciou a tempo de eleger-se deputado federal naquele ano.[10] Sob essa condição integrou a Assembleia Nacional Constituinte que promulgou a Constituição de 1946[11] sendo reeleito em 1950, 1954 e 1958.[12] Eleito senador em 1962, faleceu em 10 de dezembro de 1964 e sua cadeira foi entregue ao seu irmão, José Rollemberg Leite.[13][14]

Júlio César Leite[editar | editar código-fonte]

Também nascido em Riachuelo, o industrial Júlio César Leite formou-se advogado em 1917 pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.[nota 7] De volta a Sergipe foi chefe de polícia e secretário-geral do estado antes de ir para o PR e eleger-se senador em 1950.[15] Derrotado ao buscar a reeleição em 1958, conquistou um novo mandato via PSD em 1962, migrando para a ARENA com a imposição do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964.[16] Seu irmão, Augusto César Leite, representou os sergipanos no Congresso Nacional como deputado federal e senador entre o fim da República Velha e o Estado Novo,[17] além disso é tio dos também senadores Leite Neto e José Rollemberg Leite, com uma ressalva: este último também foi governador de Sergipe.

Suplente efetivado[editar | editar código-fonte]

José Rollemberg Leite[editar | editar código-fonte]

Natural de Riachuelo, o engenheiro civil José Rollemberg Leite formou-se na Universidade Federal de Ouro Preto[nota 8] em 1935 e quando voltou a Sergipe, lecionou em escolas públicas, no Instituto Federal de Sergipe e na Universidade Federal de Sergipe assumindo a direção do Departamento de Educação na interventoria de Milton Azevedo e a chefia do Departamento de Obras Públicas na interventoria de Maynard Gomes. Irmão de Leite Neto e sobrinho de Augusto César Leite e Júlio César Leite, ingressou no PSD elegendo-se governador de Sergipe em 1947.[18] Afastado temporariamente da política, foi por duas vezes diretor estadual do Serviço Social da Indústria e assumiu a direção da Escola de Minas de Ouro Preto. Derrotado ao disputar o governo sergipano em 1958, elegeu-se suplente de senador na chapa de seu irmão, Leite Neto, em 1962 e foi efetivado após a morte do titular.[19] No curso do mandato escolheu a ARENA devido a imposição do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964.

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 232.338 votos nominais.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Leite Neto
PSD
José Rollemberg Leite
PSD
-
Aliança Social Democrática
(PSD, PR, PST)
63.553
27,35%
Júlio César Leite
PSD
Dylton Costa
PSD
-
Aliança Social Democrática
(PSD, PR, PST)
59.154
25,46%
Luís Garcia
UDN
Augusto Franco
UDN
-
UDN, PST
57.666
24,82%
Eraldo Lemos
UDN
Antônio Torres Júnior
UDN
-
UDN, PST
51.965
22,37%
Fontes:[1][nota 9]
  Eleitos

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  UDN: 4
  PSD: 2
  PR: 1
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Euvaldo Diniz[nota 10] UDN 18.028 Laranjeiras  Sergipe
Euclides Mendonça[nota 11] UDN 13.486 Ribeirópolis  Sergipe
Arnaldo Garcez PSD 11.640 Itaporanga d'Ajuda  Sergipe
José Carlos Teixeira PSD 11.403 Itabaiana  Sergipe
Armando Rollemberg[nota 12] PR 11.401 Japaratuba  Sergipe
Lourival Batista UDN 10.017 Entre Rios Bahia Bahia
João Machado Rollemberg UDN 9.905 Japoatã  Sergipe
Fontes:[1][20][21]

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Foram eleitos 32 deputados estaduais distribuídos da seguinte forma: UDN treze, Coligação PR/PDC sete, PSD cinco, PRT quatro, PTB dois, Coligação PSP/PST um.

Representação eleita

  UDN: 13
  PR: 7
  PSD: 5
  PRT: 4
  PTB: 2
  PSP: 1
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Cleto Sampaio Maia PRT 2.979 2,35% Cristinápolis  Sergipe
José dos Santos Mendonça UDN 2.951 2,33% Barra dos Coqueiros  Sergipe
Durval Militão de Araújo PTB 2.851 2,25% Aracaju  Sergipe
Pedro Almeida Valadares PR 2.835 2,24% Simão Dias  Sergipe
Wolney de Melo UDN 2.737 2,16% Aracaju  Sergipe
Sebastião de Aguiar Figueiredo UDN 2.724 2,15% Rosário do Catete  Sergipe
Fernando Ribeiro Franco UDN 2.699 2,13% Aracaju  Sergipe
Antônio de Oliveira Mendonça UDN 2.603 2,06% Ribeirópolis  Sergipe
Oseas Cavalcanti Batista UDN 2.600 2,05% Cristinápolis  Sergipe
Gilton Garcia UDN 2.537 2,00% Aracaju  Sergipe
Roosevelt Dantas Cardoso de Menezes PR 2.438 1,92% Aracaju  Sergipe
Fernando Prado Leite PR 2.271 1,79% Aracaju  Sergipe
Djenal Queiroz PSD 2.149 1,70% Frei Paulo  Sergipe
João Valeriano dos Santos UDN 2.121 1,67% Porto da Folha  Sergipe
Balthazar Francisco dos Santos PSD 2.120 1,67% Ribeirópolis  Sergipe
Horácio de Góis PSD 2.060 1,63% Riachão do Dantas  Sergipe
João Teles da Costa PSD 2.058 1,62% Frei Paulo  Sergipe
José Jacomildes Barreto UDN 2.053 1,62% Boquim  Sergipe
José Nivaldo dos Santos PR 2.036 1,61% Boquim  Sergipe
Antônio Francisco de Jesus UDN 1.962 1,55% Itabaiana  Sergipe
Pedro Barreto Siqueira PR 1.959 1,55% Estância  Sergipe
Viana de Assis PR 1.951 1,54% Aracaju  Sergipe
Francisco Passos UDN 1.926 1,52% Ribeirópolis  Sergipe
José Onias de Carvalho PSP 1.904 1,50% São José do Belmonte  Pernambuco
José Almeida Fontes UDN 1.798 1,42% Neópolis  Sergipe
José Raimundo Ribeiro PRT 1.750 1,38% Lagarto  Sergipe
Francisco Sales Sobral UDN 1.746 1,38% Itaporanga d'Ajuda  Sergipe
Manoel Francisco Teles PSD 1.742 1,37% Itabaiana  Sergipe
Cândido Dortas Mendonça PTB 1.637 1,29% Simão Dias  Sergipe
Aloísio Tavares Santos PR 1.449 1,14% Nossa Senhora do Socorro  Sergipe
Raimundo Araújo PRT 1.403 1,11% Maruim  Sergipe
Elísio Carmelo PRT 1.244 0,98% São Cristóvão  Sergipe
Fontes:[1]

Notas

  1. Recusou-se a transmitir o cargo ao governador eleito e renunciou um dia antes do fim do mandato sendo substituído por Horácio de Góis.
  2. Os territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima elegeram apenas um deputado federal cada.
  3. Os estados de Alagoas, Goiás, Guanabara, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina elegeram seus governadores em 3 de outubro de 1965, embora o pleito alagoano não tenha sido validado por questões legais. Esse calendário eleitoral flexível existia porque os governadores desses estados tinham cinco anos de mandato enquanto os demais tinham quatro.
  4. Na época a referida instituição de ensino era denominada "Faculdade de Direito de Niterói".
  5. Após o fim do Estado Novo, o calendário das eleições municipais variava em cada um dos vinte estados brasileiros e nesse ínterim Sergipe foi o quarto a realizá-las.
  6. "Pretoria" era um cargo judiciário hoje extinto e situado um grau abaixo do juiz de Direito.
  7. Tomando por base a denominação vigente na época, Júlio César Leite graduou-se pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro.
  8. Na época de sua graduação o nome da referida instituição era Escola de Minas de Ouro Preto, posteriormente incorporada à Universidade Federal de Ouro Preto.
  9. A partir de 1962 a eleição dos senadores importaria a dos suplentes com eles registrados.
  10. Faleceu num acidente aéreo na Serra dos Órgãos (RJ) em 4 de setembro de 1964 e por isso foi efetivado Walter Batista.
  11. Faleceu em Itabaiana em 8 de agosto de 1963 sendo efetivado Francisco Macedo e com a morte deste assumiu Passos Porto.
  12. Renunciou o mandato em 29 de julho de 1963 em prol de Ariosto Amado para assumir o cargo de ministro do Tribunal Federal de Recursos.

Referências

  1. a b c d e f BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1962». Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  2. a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Seixas Dória no CPDOC». Consultado em 4 de junho de 2020 
  3. a b Redação (31 de janeiro de 2012). «Relembre a carreira de Seixas Dória». g1.globo.com. G1 Sergipe. Consultado em 4 de junho de 2020 
  4. Carlos Castelo Branco (14 de outubro de 1962). «É cedo ainda para saber se a esquerda cresceu nas eleições do dia 7. Primeiro caderno – pág. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 4 de junho de 2020 
  5. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Verbete do Partido Social Democrático (1945-1965) no CPDOC». Consultado em 4 de junho de 2020 
  6. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Seixas Dória». Consultado em 4 de junho de 2020 
  7. Fredson Navarro; Marina Fontenele (31 de janeiro de 2012). «Morre ex-governador de Sergipe, Seixas Dória». g1.globo.com. G1 Sergipe. Consultado em 4 de junho de 2020 
  8. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Celso Carvalho no CPDOC». Consultado em 5 de junho de 2020 
  9. BRASIL. Governo de Sergipe. «Déda lembra trajetória do ex-governador Celso de Carvalho». Consultado em 5 de junho de 2020 
  10. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Leite Neto no CPDOC». Consultado em 5 de junho de 2020 
  11. BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1946». Consultado em 5 de junho de 2020 
  12. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Leite Neto». Consultado em 5 de junho de 2020 
  13. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Leite Neto». Consultado em 5 de junho de 2020 
  14. Redação (11 de dezembro de 1964). «Morre no Rio o senador Leite Neto. Primeiro Caderno – p. 05». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  15. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Júlio César Leite no CPDOC». Consultado em 5 de junho de 2020 
  16. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Júlio César Leite». Consultado em 5 de junho de 2020 
  17. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Augusto César Leite». Consultado em 3 de junho de 2020 
  18. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de José Rollemberg Leite no CPDOC». Consultado em 5 de junho de 2020 
  19. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador José Rollemberg Leite». Consultado em 5 de junho de 2020 
  20. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  21. BRASIL. Presidência da República. «Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 20 de abril de 2018