Firmo Neto

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Manuel Firmo da Cunha Neto (Amazonas, 7 de outubro de 1916Recife, 10 de fevereiro de 1998) foi um cineasta, cinegrafista, laboratorista, montador e fotógrafo brasileiro; pioneiro do cinema sonoro em Pernambuco.

Firmo Neto realizou em 1942 o primeiro filme sonoro do norte/nordeste totalmente constituído no Recife, “Coelho sai”. Foi pioneiro também no Recife fazendo comerciais para a televisão usando a técnica de animação e filmagens de bonecos e filmou a primeira propaganda exibida na televisão, feita em Pernambuco, efetivou várias reportagens como a inauguração do 1º calçamento da Avenida Caxangá na cidade do Recife, filmou a visita de Getúlio Vargas ao estado, realizou o documentário “Shistosomose Mansoni” com microfilmagem para o Ministério da Educação e Saúde, fez uma série de jornais cinematográficos, filmou por encomenda comícios de Francisco Julião e da primeira campanha de Miguel Arraes para agencias de publicidade e várias outras contribuições que retratam a história e cultura pernambucana.

Registrou a evolução urbana e social do Recife através de suas fotografias e seu acervo encontra-se em alguns dos mais importantes museus e entidades do Recife.

Ensinou durante vários anos a arte da fotografia e do cinema para numerosos estudantes da imagem, que passaram pelo curso que ministrava na Casa da Cultura do Recife.

Foi condecorado com a Medalha de Honra da Cidade do Recife e foi homenageado com a criação do Prêmio Ary Severo e Firmo Neto de roteiros de curta-metragem, que visa incentivar a produção cinematográfica em Pernambuco.

Biografia cronológica[editar | editar código-fonte]

  • 1916: Nasceu em 7 de outubro em Providência, estado do Amazonas, Manuel Firmo da Cunha Neto.
  • 1927: Realizou o curso primário no Grupo Escolar Francisco Sá e Colégio Samuel Barreira em Sena Madureira / Acre.
  • 1931: Transferiu-se para o Ceará para fazer o curso ginasial no Colégio Militar do Ceará.
  • 1932: Comprou sua primeira máquina fotográfica e não pode ir para a Escola Superior de Guerra, pois possuía problemas cardíacos.
  • 1936: Concluiu o curso de Engenheiro Agrimensor no Colégio Militar do Ceará.
  • 1937: Transferiu-se para Recife para fazer o curso complementar de pré-médico no Ginásio Pernambucano.
  • 1939: Foi convidado para trabalhar na Meridional Filmes na qual fez a sua primeira filmagem, a cena filmada foi a saída dos alunos do Ateneu Pernambucano, neste mesmo ano casou com Maria de Lourdes da Costa Pinto e desta união nasceram sete filhos.
  • 1940: Fez o documentário sobre o calçamento da Avenida Caxangá, filmou a chegada do interventor Agamenon Magalhães ao Recife, a inauguração do Museu do Estado de Pernambuco e a Exposição Nacional de Pernambuco, ocorrida no Parque 13 de Maio.
  • 1941: Na Meridional realizou um documentário sonorizado com duração de dez minutos de uma festa de arte do Colégio Vera Cruz. Ate então, todos os filmes eram sonorizados no Rio de Janeiro, a partir desta produção sonorizada em Recife, surgiu à ideia de se fazer um longa-metragem que também fosse sonorizado no laboratório da Meridional.
  • 1942: Realizou o longa-metragem “Coelho Sai”, o primeiro filme sonoro realizado em Pernambuco. O filme era um musical com várias apresentações, que tinha como história a saudade de uma jovem pelo Recife e como pano de fundo a cultura e o carnaval pernambucano. Com produção de Newton Paiva, dono da Meridional Filmes, roteiro de Ernani Seve e Berguedof Elliot, participação dos atores Elpídio Câmara, Carlos Brasil, Edgar Cardoso e Geninha da Rosa Borges, nos números musicais apareciam a cantora Dirce Gonçalves, a dupla Alvarenga e Bentinho, o maracatu de Dona Santa e o caboclinho Tabajaras. A música do filme “O Coelho Sai”, era do Maestro Nelson Ferreira e originou o nome do longa-metragem. Firmo além da direção fez a sonorização, cenografia, fotografia, montagem e até a maquiagem dos atores.
    • O diretor de cinema norte americano Orson Welles, de passagem pelo Recife, foi convidado a visitar o estúdio da Meridional filmes, onde assistiu parte do filme ainda em fase de montagem, ficando encantado com as imagens do caboclinho e o maracatu..
  • 1945: A Meridional foi vendida e Firmo fundou uma empresa chamada Cinetécnica Firmo Neto.
  • 1946: Fez o documentário científico para o Ministério da Educação e Saúde sobre a Shistosomose Mansoni.
  • 1947: Filmou e fotografou para a Fox Films e Jornal Diário da Noite a estada do ator de cinema norte-americano Tyronne Power em NatalRio Grande do Norte.
  • 1948: Fez o Documentário científico sobre o Anel Vermelho do Coqueiro.
  • 1948 a 1954: Fez os jornais cinematográficos Notícias do Recife, Pernambuco em Marcha e Folha da Manhã na Tela.
  • 1952: Fez o Documentário sobre a morte de Agamenon Magalhães.
    • O cineasta Alberto Cavalcanti que veio ao Recife filmar “O canto do Mar”, assistiu e ficou bastante impressionado com a apresentação de dois documentários realizados por Firmo sobre a esquistossomose e bouba realizados em 1950.
  • 1956: Dedicou-se a realização de documentários sociais.
  • 1970: Descobre as vantagens do super 8 e percebeu que o novo formato desbancaria o 16 mm.
  • 1972: Monta um laboratório com todo equipamento necessário para a realização de filmes em Super 8.
    • Seu documentário sobre a XXX Exposição Nordestina de Animais de Pernambuco realizada para o Departamento de Produção Animal da Secretaria da Agricultura foi exibido na Exposição Internacional de animais de Moçambique, na África.
  • 1973: Foi diretor de fotografia de seis filmes pernambucanos no formato Super 8, para a II Jornada Nordestina de curta-metragem em Salvador (Bahia).
    • Iniciou as filmagens de “O Palavrão”, não podendo concluí-las por motivo de saúde.
  • 1974: Submeteu-se a uma cirurgia cardiovascular.
  • 1975: Iniciou o Curso Firmo Neto de cinema no Recife.
  • 1977: É encarregado pelo então secretario de Educação e Cultura do Recife, Ariano Suassuna, para realizar a limpeza do acervo da filmoteca da Prefeitura do Recife.
  • 1980: Foi convidado para transferir o curso de cinema para a Casa da Cultura (Antiga Casa de Detenção do Recife).
  • 1981: Realizou um depoimento para o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco e recebeu congratulações da Câmara Municipal do Recife pelos seus 40 anos de dedicação ao cinema em Pernambuco.
  • 1983: Festejou três anos de dedicação ao seu curso de cinema e fotografia na Casa da Cultura.
  • 1984: Foi agraciado com a Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco por sua relevante contribuição à cultura brasileira.
  • 1987: Recebeu as congratulações do Serviço Público Federal pelos 45 anos de estreia do filme “Coelho Sai”.
    • Nasceu a Associação Firmo Neto de Fotógrafos e Cineastas, uma iniciativa de seus ex-alunos.
  • 1988: Doou de um riquíssimo acervo de documentários para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro constituído de 98 latas contendo, em média, 10 min de película cada uma, o que significa mais de onze horas de documentários realizados pelo próprio doador nas décadas de 40, 50 e 60.
  • 1989: Recebeu da Câmara Municipal do Recife uma homenagem aos 50 anos de dedicação ao cinema e condecorado com a Medalha de Honra da Cidade do Recife.
  • 1991: Foi homenageado na Casa da Cultura pelos seus 75 anos de vida, 49 de cinema e 11 do seu curso de fotografia e cinema.
  • 1993: Atingiu a marca de mil alunos que receberam suas aulas sobre cinema.
  • 1997: Abandonou o ensino no curso por problemas de idade e saúde.
  • 1998:
    • Fevereiro: Faleceu no dia dez no Hospital das Clínicas com infecção respiratória, cardiológica e hipertensão.
    • Abril: A prefeitura do Recife, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, lançou o Concurso de Roteiros de curta-metragem Firmo Neto/Ari Severo.
    • Agosto: Foram divulgados os vencedores do concurso.
    • Foi doado por sua família todo o acervo da Casa da Cultura à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). O acervo encontra-se na Sala Firmo Neto no Museu da Imagem e do Som de Pernambuco.

Produções realizadas e solicitantes[editar | editar código-fonte]

  • Anel Vermelho do Coqueiro (Instituto de Pesquisas Agronômicas)
  • Bonecos animados (Delta Turismo – comercial)
  • Bouba (Departamento de Saúde Pública)
  • Caroá (José de Vasconcelos)
  • Carnaval do Recife (Prefeitura Municipal do Recife)
  • Carnaval do Recife – cenas de rua, Dona Santa Rainha do Maracatu Elefante. (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Centenário de Cajazeiras (Prefeitura Municipal de Cajazeiras)
  • Centenário de Joaquim Nabuco (Secretaria da Educação)
  • Coelho sai (Meridional Filmes)
  • Comercial para televisão (Aguardante de cana Pitú)
  • Compromissos de novos conscritos sediados no Recife (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Congresso das Municipalidades (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Congresso de Tuberculose (Comissão Executiva – Dr. Miguel Arcanjo)
  • Cortume São Francisco (Rio Grande do Norte)
  • Corrida do fogo simbólico (Meridional Filmes)
  • Desenhos animados (Biscoitos Sagres – comercial)
  • Doces Gaibú (Comerciais para cinema)
  • Documentário para Aurora Duarte
  • Documentário sobre o calçamento da Avenida Caxangá
  • Espetáculo do Teatro de Estudante (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Exposição Nordestina de Animais (Departamento da Produção Animal)
  • Esplenectomia (Filme de intervenções cirúrgicas)
  • Festa de Arte (Colégio Vera Cruz)
  • Festa do Algodão – Serra Talhada/PE (Secretaria de Agricultura)
  • Festa de Nossa Senhora do Carmo (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Festa do tomate (Carlos de Brito S.A.)
  • Filme de longa metragem “Coelho Sai” (Meridional Filmes)
  • O Fumo em Arapiraca (Cultivadores de Fumo de Alagoas)
  • Folha da Manhã na Tela (Nº 1 ao 8) (Governo de Agamenon Magalhães)
  • Homenagem a Bernardo Vieira de Melo (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Inauguração da Discoteca Pública Municipal (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Notícias do Recife I
  • O trote (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Notícias do Recife II
  • Escolas Profissionais Dom Bosco (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Notícias do Recife III
    • Prefeito Mendes de Morais no Recife
    • Centenário do Santa Isabel
    • Inauguração da Ponte do Derby
    • Dia da Marinha
  • Concerto Popular no Jardim 13 de maio (Diretoria de Documentação e Cultura)
  • Pernambuco em Marcha (Nº 1 ao 11) (Secretaria da Agricultura)
  • Posse do Governador Agamenon Magalhães (Partido Social Democrático)
  • Posse do Governador Flavio Ribeiro Coutinho (Governo da Paraíba)
  • Por que o SESI (Documentário para televisão)
  • A Prefeitura a serviço do povo – 1º aniversário do Governo Pelópidas da Silveira (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Primeiro aniversário do Governo Barbosa Lima Sobrinho (Empresa Técnica Cinematográfica)
  • Quarenta horas de vibração cívica – visita do Presidente Getúlio Vargas a Pernambuco. (Meridional Filmes)
  • Reação de Galli Mainini (Legião Brasileira de Assistência)
  • Reunião do BNN (Banco Nacional do Norte)
  • Shistosomose Mansoni (Ministério da Saúde)
  • Tyrone Power em Natal (Fox Films)
  • Usina Higienizadora do Leite (Brasilco S.A.)
  • Visita do Ministro da Marinha a Pernambuco (Meridional Filmes)

Referências[editar | editar código-fonte]

  • ÁFRICA vê documentário de Pernambuco. Diário de Pernambuco, Recife, 7 jun. 1972.
  • ARAUJO, Luciana. Coelho Sai. In: _________. A crônica de cinema no Recife dos anos 50. Recife: FUNDARPE, 1997.
  • BELÈM, Alexandre. Cinema pernambucano fica mudo. Jornal do Comércio, Recife, 12 fev. 1998. Caderno C.
  • BORBA, Vildeane da Rocha. Projeto Firmo Neto: Um resgate de Memória. Recife: UFPE, 2005.
  • BOTTO, Márcia. Geninha da Rosa Borges: a dama do teatro. Recife: CEPE, 1997.
  • CUNHA, Heitor. Saem vencedores do prêmio Firmo Neto: cada um deles vai receber R$ 35 mil para filmes. Diário de Pernambuco, Recife, 18 ago. 1998.
  • CUNHA Neto, Manuel Firmo da. Depoimento [15 out. 1981]. Entrevistadores: Geninha Rosa Borges, Orley Mesquita, Mayeber de Carvalho, Petrônio Mesquita, Agenor Coutinho, Ricardo José da Costa Pinto Neto. Recife: MISPE, 1981. 2 rolos, son., 75min.

*D’OLIVEIRA, Fernanda. Firmo Neto: 40 anos de dedicação ao cinema. Diário de Pernambuco, Recife, 26 ago. 1981. Viver, p. 1.

  • __________________. Firmo Neto, 51 anos de cinema: “o trabalho me mantém de pé”. Diário de Pernambuco, Recife, 11 out. 1990. Viver, p. 1.
  • FARIAS, Andréa. Um homem e dois amores. Jornal do Comércio, Recife, 30 jul. 1989.
  • FERNANDES, Roziane. Pioneiro do cinema vive do amor à arte. Diário de Pernambuco, Recife, 15 abr. 1990. Cidade.
  • FIGUEIRÔA, Alexandre. A hora da virada: cinema nacional começa a reagir. Jornal do Comércio, 05 nov. 1991. Caderno C.
  • ___________________. Cinema Pernambucano: uma história em ciclos. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000.
  • ___________________. O Cinema Super 8 em Pernambuco: Do lazer doméstico à resistencia cultural. Recife: Fundarpe, 1994.
  • ___________________. Uma lenda viva do cinema pernambucano. Jornal do Comércio, Recife, 11 jun. 1995. Cinema.
  • FIRMO Neto está prestes a atingir os 1.000 alunos. Jornal do Comércio, Recife, 12 jun. 1993. Seu Bairro.
  • GÓES, Kéthuly. Firmo Neto: infecção respiratória mata um mestre. Diário de Pernambuco, Recife, 12 fev. 1998. Viver, p. 6.
  • ____________. Firmo Neto e a vida por trás da câmera. Diário de Pernambuco, Recife, 31 out. 1991. Viver, p. 1.
  • GUSMÂO, Flavia de. “Coelho Sai” ha 45 anos o Recife entrava na era do cinema falado. Jornal do Commercio, Recife, 27 nov. 1987.
  • ISIDORO, Manoel. Firmo Neto: seis décadas de fotografia. Jornal do Comércio, Recife, 30 mai. 1992. Seu Bairro.
  • MARIA NETO, José. “O importante não é falar, mas ser ouvido”: Meios e entremeios da Propaganda de Agamenon Magalhães em Pernambuco (1937 – 45). Saeculum. nº 10, 2004. João Pessoa, UFPB.
  • MARTINS JR, Jorge. Rossellini e o filme que não aconteceu. Continente Multicultural, v.1, n.10, 2001.
  • MEIA hora com TyronnePower no Parnamerim. Diário da Noite. 16 set. 1947.
  • MENDEZ, Tudor Pedrosa. Projeto Firmo Neto: Contextualização da obra e vida na historia do cinema pernambucano. Recife: UFPE, 2005.
  • MENDONÇA FILHO, Kleber. Um homem prisioneiro da imagem. Jornal do Comércio, Recife, 12 fev. 1998. Caderno C.
  • ___________________. Prêmio Firmo Neto dá força a cineastas locais. Jornal do Comércio, Recife, 30 abr. 1998. Caderno C.

MORAES NETO, Geneton. A jornada de curta metragem e as transas do movimento de cinema marginal do Recife. Diário de Pernambuco, Recife, 15 jul. 1973. Aldeia global. P.6.

  • MOURA, Fabíola. O cinema no Nordeste: a história do 1º filme sonoro de Pernambuco, Coelho Sai. Recife: UFPE, 1993.
  • PERNAMBUCO. O mestre da técnica. Diário Oficial de Pernambuco. Recife, p. 10-11, jul. 1989. Suplemento Cultural.
  • PEDROSA, Júlio. Uma história de amor à imagem. Jornal do Comércio, Recife, 31 jul. 1994. Caderno C.
  • POLO, Marco. Acervo de filme educativo está condenado à extinção. Diário de Pernambuco, Recife, 3 set. 1977.
  • PORTELA, Wilde; SPENCER, Fernando. Firmo Neto: há cinqüenta anos vendo a vida atrás da câmera. Diário de Pernambuco, Recife, 05 nov. 1989. Viver.
  • ROCHA, José Maria Tenório. Firmo Neto: honra e glória da fotografia pernambucana. Gazeta de Alagoas, Maceió, 15 nov. 1992.
  • SPENCER, Fernando. Firmo Neto: pioneiro do cinema sonoro no Recife que não parou. Diário de Pernambuco, Recife, 24 fev. 1984. Viver, p. 1.
  • _________________. Firmo Neto: um pioneiro que faz tudo. Diário de Pernambuco, Recife, 28 mai. 1970.
  • TRÊS Roteiros vencem o Firmo Neto. Jornal do Comércio, Recife, 18 ago. 1998. Cinema.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]