Furacão Bertha (2008)

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Furacão Bertha
imagem ilustrativa de artigo Furacão Bertha (2008)
O furacão Bertha perto de seu pico de intensidade
História meteorológica
Formação 3 de julho de 2008
Dissipação 21 de julho de 2008
Ciclone tropical equivalente categoria 3
1-minuto sustentado (SSHWS)
Ventos mais fortes 205 km/h (125 mph)
Pressão mais baixa 952 hPa (mbar); 28.11 inHg
Efeitos gerais
Fatalidades 3 diretas
Danos mínimos
Áreas afetadas Bermudas (diretamente) e Costa leste dos Estados Unidos (indiretamente)
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Parte da Temporada de furacões no Atlântico de 2008


O furacão Bertha foi um raro furacão tipo Cabo Verde de começo de temporada e a tempestade tropical que se formou mais a leste num mês de julho em toda a história.[1] Bertha também tornou-se o ciclone tropical formado antes de Agosto com o maior tempo de atividade e também o ciclone tropical com o maior tempo de atividade desde o furacão Ivan em 2004.[2] Sendo o segundo sistema tropical nomeado da temporada de furacões no Atlântico de 2008, Bertha formou-se a partir de uma onda tropical que deixou a costa ocidental da África em 1 de julho e que se tornou a depressão tropical Dois-L a cerca de 405 km ao sul de Cabo Verde. O sistema fortaleceu-se rapidamente para uma tempestade tropical em 3 de julho e o Centro Nacional de Furacões atribuiu-lhe o nome Bertha. No final da noite (UTC), Bertha começou a se fortalecer sobre o Oceano Atlântico norte, a meio caminho entre as Pequenas Antilhas e a África. Bertha continuou a se fortalecer e tornou-se o primeiro furacão da temporada ciclônica de 2008 em 7 de julho, assim como também tornando-se o primeiro furacão 'maior' da temporada mais tarde naquele dia. O furacão começou a se enfraquecer durante 8 de julho devido a aproximação de um cavado de altos níveis ao seu nordeste. O sistema começou a seguir para norte-noroeste em direção a Bermudas antes de executar um pequeno loop ao seu sudeste em 12 e 13 de julho. Em 14 de julho, o sistema aproximou-se a cerca de 64 km de Bermudas antes de começar a seguir para nordeste, afastando-se das ilhas. Em 16 de julho, Bertha recurvou-se para sudeste sob a influência de um profundo ciclone extratropical antes de seguir novamente para nordeste, tornando-se um ciclone extratropical em 20 de julho.

Bertha causou ventos e chuvas fortes em Bermudas em 14 de julho, embora nenhum dano ou vítima fosse relatado. No entanto, o sistema gerou fortes ondas que atingiram a costa leste dos Estados Unidos, causando três mortes ao longo da costa de Nova Jérsei.

História meteorológica[editar | editar código-fonte]

O caminho de Bertha

No começo da madrugada (UTC) de 1 de julho, uma forte e grande onda tropical deixou a costa ocidental da África.[3] A onda era acomapanhada por uma área de baixa pressão mesmo antes de seguir para o Oceano Atlântico.[4] No começo da madrugada do dia seguinte, a área de baixa pressão de superfície começou a se organizar, apesar da baixa temperatura da superfície do mar,[4] além da própria onda ficar mais bem organizada.[5] O Centro Nacional de Furacões classificou o sistema para a depressão tropical Dois nas primeiras horas da manhã (UTC) de 3 de julho após o próprio sistema ser capaz de manter áreas de convecção perto de seu centro por no mínimo 12 horas.[6] A depressão se organizou mais e desenvolveu duas bandas distintas de convecção. Seis horas depois do sistema se tornar uma depressão tropical, foi classificado pelo NHC como uma tempestade tropical, recebendo o nome Bertha, a segunda tempestade tropical nomeada da temporada.[7] O Centro Nacional de Furacões notou que este ciclone tropical foi previsto com muita antecedência, sendo prevista a formação da tempestade cerca de uma semana antes por muitos modelos computacionais globais.[6]

A tempestade tropical Bertha sobre Bermudas

Bertha continuou a seguir para oeste sob a influência de uma área de alta pressão subtropical.[8] Apesar do baixo cisalhamento do vento, Bertha manteve-se como uma fraca tempestade tropical devido à temperatura da superfície do mar baixa.[8] Nos dias seguintes, o sistema começou a seguir novamente sobre águas mais quentes, enquanto seguia para oeste a cerca de 40 km/h.[9] Bertha começou a se fortalecer em 6 de julho assim que imagens de satélite no canal microondas mostravam a formação de um olho.[10] A intensificação continuou na manhã de 7 de julho, quando Bertha tornou-se um furacão, o primeiro da temporada.[11] Mais tarde, a intensificação ficou mais rápida e Bertha fortaleceu-se para um furacão de categoria 3 na escala de furacões de Saffir-Simpson ainda naquela tarde.[12] Análises pós-tempestades indicaram que Bertha alcançou seu pico de intensidade com ventos máximos sustentados de 205 km/h.[4]

Em 8 de julho Bertha começou a se enfraquecer rapidamente devido ao aumento no cisalhamento do vento devido à passagem de um cavado de altos níveis ao seu nordeste e durante aquela manhã, Bertha foi desclassificado para um furacão de categoria 2. A tendência de enfraquecimento continuou e ainda naquela tarde, Bertha foi desclassificado para um furacão de categoria um, embora tenha voltado a se fortalecer para categoria 2 no dia seguinte com a diminuição do cisalhamento do vento.[4] No entanto, em 10 de julho, Bertha foi novamente desclassificado para um furacão de categoria 1 assim que um ciclo de substituição da parede do olho começou. O movimento de Bertha através do Atlântico tornou-se mais lento assim que as correntes atmosféricas cessaram e em 12 de julho, Bertha tornou-se estacionário a sul-sudeste de Bermudas. Após mover-se muito lentamente por cerca de um dia, Bertha provocou o afloramento das águas profundas através da agitação marítima causado pelos seus ventos, o que causou uma queda significativa da temperatura da superfície do mar, que subsequentemente causou um enfraquecimento adicional do sistema. Com isso, Bertha enfraqueceu-se para uma tempestade tropical.[13] Em 14 de julho, Bertha fez a sua maior aproximação de Bermudas, a cerca de 64 km das ilhas.[14] Após começar a seguir para nordeste, afastando-se de Bermudas, um profundo ciclone extratropical fez que bertha seguisse para sudeste em 16 de julho. Após o ciclone extratropical se afastar, Bertha retomou a sua direção de deslocamento para nordeste e voltou a se um furacão em 18 de julho.[15] Em 20 de julho, após 17 dias de atividade, Bertha novamente enfraqueceu-se para uma tempestade tropical e poucas horas depois começou a sofrer transição extratropical. Com isso, o NHC emitiu seu 70º e último aviso sobre o sistema ainda em 20 de julho, sendo que Bertha, naquele momento, já se encontrava aos arredores do paralelo 50°N.[16] O sistema extratropical remanescente de Bertha continuou a seguir em direção à Islândia até em 21 de julho, quando foi absorvido por um sistema extratropical maior.[4]

Preparativos[editar | editar código-fonte]

Em 7 de julho, os residentes de Bermudas começaram a estocar lâmpadas, tecidos à prova de água e lanternas devido à aproximação do furacão Bertha.[17] O ministro da Segurança Pública de Bermudas, o senador David Burch organizou uma reunião das Organizações de Medidas Emergenciais das ilhas para a noite de 9 de julho. Ele pediu também aos residentes locais a prepararem kits emergenciais de suprimentos, contendo lanternas, baterias, kit de primeiros socorros, alimentos não-perecíveis, água e utensílios descartáveis.[18] Em 10 de julho, o Departamento dos Parques de Bermudas pois em efeito alertas de mar agitado ao longo das praias South Shores assim que Bertha começou a produzir fortes ondas para a região.[19] Em 11 de julho, o Serviço Meteorológico das Bermudas emitiu um alerta de tempestade tropical para a ilha,[20] e 24 horas depois, o alerta foi substituído por um aviso de tempestade tropical.[21] Em 13 de julho, barricadas foram erguidas em todas as praias das ilhas, que fecharam todas as áreas para a natação e a prática de esportes.[22]

Impactos[editar | editar código-fonte]

Como uma tempestade tropical, Bertha produziu chuvas sobre Cabo Verde. No entanto, nenhuma vítima ou prejuízo foi relatado.[23]

Ciclones tropicais mais chuvosos em Bermudas
Totais mais altos de precipitação acumulada desde 1939
Precipitação Ciclone tropical
Pos. (mm) (in)
1 186,7 7,35 Furacão de Outubro de 1939[24]
2 151,4 5,96 Cristobal (2002)
3 148,0 5,86 Nicole (2004)[25]
4 126,2 4,97 Franklin (2005)
5 124,0 4,88 Harvey (2005)[26]
6 123,2 4,85 Furacão de Setembro de 1948[24]
7 121,2 4,77 Bertha (2008)[27]
8 115,3 4,54 Alice (1973)[28]
9 113,5 4,47 Gustav (2002)[29]
10 80,0 3,15 Karen (2001)[30]

Todos os voos de partida e de chegada da ilha foram afetados em 14 de julho assim que Bertha fez a sua aproximação final da ilha. O JetBlue e o Delta Air cancelaram seus voos enquanto que a American Airlines transferiu todos os seus voos para o dia anterior, escapando da chegada da tempestade tropical. A British Airlines atrasou seus voos para a tarde daquele dia, esperando que a tempestade poderia passar sobre a ilha exatamente no momento de seus voos.[22][31] O serviço de balsa para St. Georges foi cancelado durante todo aquele dia,[22] e todas as outras rotas saindo do porto de Hamilton foram cancelados após operarem normalmente durante aquela manhã.[32] Algumas rodovias ficaram inundadas e galhos de árvores foram quebrados em toda a ilha. Os ventos derrubaram linhas de transmissão de eletricidade, mas técnicos da Companhia de Luz e Energia de Bermuda começou a consertar os danos imediatamente, mesmo sob a ação da tempestade.[32]

Mesmo quando Bertha estava passando a leste da ilha e causando ventos equivalentes a uma tempestade tropical, preocupações de que o sistema poderia voltar a se fortalecer para um furacão antes de deixar a ilha fez que o governo de Bermudas emitisse um alerta de furacão.[33] Um total de 119 mm de chuva acumulou-se no aeroporto internacional local.[34]

O furacão produziu fortes ondas e correntes costeiras ao longo da costa leste dos Estados Unidos. Houve cerca de 1.500 pedidos de resgate, sendo que três mortes foram relatadas ao longo da costa de Nova Jérsei.[4][35]

Recordes[editar | editar código-fonte]

O furacão Bertha agora detém os recordes da formação mais a leste de uma tempestade tropical num mês de julho, no meridiano 24,7°O, a formação mais a leste de um furacão num mês de julho, no meridiano 50,2°O, e a formação mais a leste de um furacão 'maior' antes do mês de Agosto, no meridiano 52,1°O. Bertha também é o sexto furacão mais intenso antes dum mês de Agosto na história e o terceiro furacão mais intenso num mês de julho, somente atrás dos furacões Dennis e Emily, em 2005.[36] Bertha também se tornou o segundo ciclone tropical com mais tempo de atividade num mês de julho em 12 de julho, ficando em primeiro neste quesito a partir de 15 de julho. Bertha também tornou-se o furacão com mais tempo de atividade desde o furacão Ivan em 2004.[37]

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Furacão Bertha (2008)

Referências

  1. Jeff Masters (2008). «Tropical Storm Bertha forms--and sets a record». Wunderground (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2008. Arquivado do original em 1 de maio de 2012 
  2. «Atlantic Hurricane Database». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 13 de julho de 2008 
  3. Blake (2008). «July 1 6z Tropical Weather Outlook». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2008 
  4. a b c d e f Rhome, Jamie R. (15 de outubro de 2008). «Tropical Cyclone Report Hurricane Bertha» (PDF). Centro Nacional de Furacões (em inglês). Consultado em 5 de novembro de 2008 
  5. Cangialosi (2008). «July 2 2:05a EDT Tropical Weather Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2008 
  6. a b Blake (2008). «Tropical Depression Two Advisory 1 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2008 
  7. Brown (2008). «Tropical Depression Two Advisory 2 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2008 
  8. a b Knabb (2008). «Tropical Storm Bertha Advisory 5 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2008 
  9. Knabb (2008). «Tropical Storm Bertha Advisory 13 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2008 
  10. Avila (2008). «Tropical Storm Bertha Advisory 16 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2008 
  11. Avila (2008). «Tropical Storm Bertha Advisory 17 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2008 
  12. Rhome (2008). «Tropical Storm Bertha Advisory 18 Discussion». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2008 
  13. http://www.nhc.noaa.gov/text/refresh/MIATCDAT2+shtml/122037.shtml
  14. http://www.nhc.noaa.gov/archive/2008/al02/al022008.public_a.046.shtml?
  15. Blake (2008). «Hurricane Bertha Public Advisory 63». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 9 de julho de 2008 
  16. http://www.nhc.noaa.gov/archive/2008/al02/al022008.public.070.shtml?
  17. Staff Writer (9 de julho de 2008). «No titulo». Bermuda Sun 
  18. Tim Smith (9 de julho de 2008). «EMO meets today to discuss Hurricane Bertha». The Royal Gazette (em inglês). Consultado em 9 de julho de 2008. Arquivado do original em 14 de setembro de 2008 
  19. Staff Writer (11 de julho de 2008). «Bertha back to Category One». The Royal Gazette (em inglês). Consultado em 11 de julho de 2007. Arquivado do original em 14 de setembro de 2008 
  20. http://www.nhc.noaa.gov/archive/2008/al02/al022008.fstadv.034.shtml?
  21. http://www.nhc.noaa.gov/archive/2008/al02/al022008.fstadv.038.shtml?
  22. a b c Amanda Dale (14 de julho de 2008). «Bertha loses strength». The Royal Gazette (em inglês). Consultado em 14 de julho de 2008. Arquivado do original em 23 de setembro de 2008 
  23. Rhome (2008). «Tropical Storm Bertha Public Advisory #4». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2008 
  24. a b "Beware the Hurricane" by Terry Tucker.
  25. Bermuda Weather Service (2004). «Weather Summary for October 2004» (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2007. Arquivado do original em 5 de fevereiro de 2012 
  26. Bermuda Weather Service (2005). «Bermuda Weather Summary for August 2005» (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2007. Arquivado do original em 27 de setembro de 2007 
  27. David Roth. Tropical Cyclone Rainfall Maxima. Arquivado em 4 de julho de 2008, no Wayback Machine. Retrieved on 15/03/2007.
  28. John R. Hope. Hurricane Alice. Retrieved on 08/03/2007.
  29. Bermuda Weather Service (2001). «Bermuda Weather Summary for September 2002» (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2007. Arquivado do original em 17 de novembro de 2002 
  30. Bermuda Weather Service (2001). «Bermuda Weather Summary for October 2001» (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2007. Arquivado do original em 18 de dezembro de 2005 
  31. Don Burgess (14 de agosto de 2008). «Flights cancelled as storm buffets Bermuda». The Bermuda Sun (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2008 
  32. a b Tim Hall (14 de julho de 2008). «Causeway expected to remain open; buses to keep running». Bermuda Sun (em inglês). Consultado em 14 de julho de 2008 
  33. http://www.nhc.noaa.gov/archive/2008/al02/al022008.update.07141855.shtml?
  34. David M. Roth Tropical Cyclone Point Maxima. Arquivado em 4 de julho de 2008, no Wayback Machine. Retrieved on 14/07/2008.
  35. «Three Swimmers Drown at Jersey Shore over the Weekend». The Reporter (em inglês). 14 de julho de 2008. Consultado em 15 de julho de 2008 
  36. Jeff Masters (2008). «Hurricane Bertha: 6th strongest early season hurricane on record». Wunderground (em inglês). Consultado em 8 de julho de 2008. Arquivado do original em 9 de julho de 2008 
  37. National Hurricane Center. Atlantic Hurricane Database. Retrieved on 13/07/2008.