Grande Prêmio Presidente Emílio Médici

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Grande Prêmio Presidente Emílio Médici de F1 1974

Grande Prêmio Presidente Emílio Médici.
Detalhes da corrida
Data 3 de fevereiro de 1974
Local Autódromo de Brasília, Brasília, Brasil

O Grande Prêmio Presidente Emílio Médici foi uma corrida de Fórmula 1 realizada em Brasília, no Distrito Federal, no dia 3 de fevereiro de 1974. A corrida foi uma das três realizadas naquele ano que não valiam pontos para a temporada regular da competição, tendo sido feita para inaugurar o Autódromo de Brasília - mais tarde renomeado para Autódromo Internacional Nelson Piquet.

O argentino Carlos Reutemann se classificou na pole e o brasileiro Emerson Fittipaldi fez a volta mais rápida e venceu. Essa foi a única edição do Grande Prêmio, e também a única vez que a capital brasileira recebeu uma corrida da Fórmula 1.[1][2][3]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A corrida inaugural de Brasília em 1960. A cidade já tinha uma tradição automobilística, e receberia a Fórmula 1 na inauguração de seu autódromo.

A construção do autódromo foram iniciadas no período do Milagre Econômico do Regime Militar Brasileiro, que incentivava grande obras para demonstrar os avanços do Brasil. A capital federal, que, mesmo jovem, já tinha tradição automobilística, e era mais uma cidade a ganhar um autódromo após mais de dez anos de corridas de rua devido a falta de um circuito adequado. [4]

Uma semana antes da inauguração da pista, o Grande Prêmio do Brasil de 1974 tinha sido disputado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A maior parte das equipes ficou para disputar a segunda prova em solo brasileiro. Não foram a Brasília a Scuderia Ferrari e o Team Lotus.[5]

Qualificação[editar | editar código-fonte]

Wilson Fittipaldi Júnior não estava correndo na temporada de Fórmula 1, mas participou da corrida em Brasília.

O traçado da nova pista tinha 5.475 metros e doze curvas, todas de média e alta velocidade, e foi bastante elogiado pelos pilotos. Na classificação, o argentino Carlos Reutemann ficou com a pole position, seguindo de perto pelo brasileiro Emerson Fittipaldi, apenas nove segundos atrás dele. A segunda fila foi composta pelo sul-africano Jody Scheckter e pelo também brasileiro José Carlos Pace. Além de Fittipaldi e Pace, havia um terceiro brasileiro: o irmão de Emerson, Wilson Fittipaldi Júnior também correu - ele não estava na temporada de 1974, e usou a corrida para testes, com o objetivo de lançar sua própria equipe no futuro.[3]

Resultados da classificação[editar | editar código-fonte]

Pos. Não. Motorista Construtor Carro Volta Dif.
1 7 Argentina Carlos Reutemann Brabham - Cosworth Brabham BT44 1: 51.18 +0,00
2 5 Brasil Emerson Fittipaldi McLaren - Cosworth McLaren M23 1: 51,27 +0,09
3 3 África do Sul Jody Scheckter Tyrrell - Cosworth Tyrrell 006 1: 51,40 +0,13
4 18 Brasil Carlos Pace Surtees - Cosworth Surtees TS16 1: 51,40 +0,00
5 20 Itália Arturo Merzario Iso-Marlboro - Cosworth Iso-Marlboro FW 1: 53,43 +2,03
6 14 França Jean-Pierre Beltoise BRM BRM P160 1: 54,44 +1,01
7 8 Brasil Wilson Fittipaldi Brabham - Cosworth Brabham BT44 1: 54,62 +0,18
8 19 Alemanha Jochen Mass Surtees - Cosworth Surtees TS16 1: 55,53 +0,91
9 15 França Henri Pescarolo BRM BRM P160 1: 55,88 +0,35
10 10 Howden Ganley March - Cosworth March 741 1: 57,61 +1,73
11 9 Alemanha Hans-Joachim Stuck March - Cosworth March 741 1: 58.10 +0,49
12 24 Reino Unido James Hunt March - Cosworth March731G 2: 04.95 +6,85

O dia da prova[editar | editar código-fonte]

Os portões abriram ao público as 7h30 da manhã do dia 3 de fevereiro de 1974, um domingo. Mais de cem mil pessoas eram esperadas pela organização para uma grande festa de abertura do circuito, que incluía uma solenidade, uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça e a entrega da medalha da solidariedade ao piloto inglês David Purley, que cerca de um ano antes havia tentado salvar, sem sucesso, o compatriota Roger Williamson de um acidente, numa imagem que correu o mundo.[5][6]

Uma história curiosa do Grande Prêmio é que o futuro tricampeão da Fórmula 1, Nelson Piquet, trabalhou nos boxes da Brabham para conseguir dinheiro e também conhecer o ambiente da categoria. Em 1981, Carlos Reutemann, após perder o título para Piquet por um ponto, comentou que perdeu "para o garoto que um dia limpou as rodas do meu carro". Além de ter eternizado seu nome nas competições a motor, Nelson Piquet também se tornou, em 1996, arrendatário do autódromo da capital, que foi renomeado com seu nome.[3]

A corrida[editar | editar código-fonte]

O Grande Prêmio teve quarenta voltas disputadas, iniciadas às 11h30. Reutemann segurou a liderança após a largada, mas foi seguido de perto por Emerson Fittipaldi. O italiano Arturo Merzario ultrapassou Scheckter e Pace e segurou a posição até a terceira volta, deixando os dois primeiros colocados livres por algum tempo. Ele acabou ultrapassado por Scheckter, que começou a se aproximar de Fittipaldi, obrigando o brasileiro a ir pra cima de Reutemann. A ultrapassagem aconteceu na sexta volta e Fittipaldi não deixou mais a liderança, tendo vencido a segunda corrida seguida - ele também havia ganhado o GP do Brasil na semana anterior. Já Reutemann começou a ter problemas com o motor, e Scheckter o ultrapassou também. O argentino acabou abandonando na 11ª volta.

Emerson Fittipaldi recebendo do presidente Médici o troféu de primeiro lugar.

Fora do pelotão da frente, o irmão de Emerson, Wilson, fez uma corrida de recuperação, chegando ao final em quinto. O outro brasileiro, José Carlos Pace, acabou tendo problemas e perdeu várias voltas, tendo completado apenas 35, uma a mais que o alemão Hans-Joachim Stuck, que teve problemas no motor. No fim, além do trio que foi ao pódio, Emerson, Scheckter e Merzario, outros cinco pilotos terminaram as quarenta voltas: o alemão Jochen Mass, Wilson Fittipaldi Júnior, o neozelandês Howden Ganley e os franceses Henri Pescarolo e Jean-Pierre Beltoise. Além de Reutemann e Stuck, James Hunt, citado pela edição do Correio Braziliense do dia da prova como uma nova promessa da categoria - deixou a corrida, ainda na primeira volta.[5]

O troféu foi dado para Emerson Fittipaldi pelo presidente Emílio Médici, que estava assistindo a prova com seu nome.[3]

A corrida inaugural foi a única corrida das categorias de topo dos esportes a motor realizados no autódromo de Brasília. Provas da MotoGP, em 2014, e da Fórmula Indy, em 2015, seriam realizadas, mas acabaram canceladas.[7][8]

Resultado da corrida[editar | editar código-fonte]

Pos N. Piloto Construtor Tempo / Voltas Grid
1 5 Brasil Emerson Fittipaldi McLaren - Cosworth 1: 15: 22.75, 174.26 km / h 2
2 3 África do Sul Jody Scheckter Tyrrell - Cosworth +0: 12,40 3
3 20 Itália Arturo Merzario Iso-Marlboro - Cosworth +0: 27.10 5
4 19 Alemanha Jochen Mass Surtees - Cosworth +1: 38,84 8
5 8 Brasil Wilson Fittipaldi Brabham - Cosworth 39 voltas 7
6 10 Nova Zelândia Howden Ganley March - Cosworth 39 voltas 10
7 15 França Henri Pescarolo BRM 39 voltas 9
8 14 França Jean-Pierre Beltoise BRM 38 voltas 6
9 18 Brasil Carlos Pace Surtees - Cosworth 35 voltas 4
10 9 Alemanha Hans-Joachim Stuck March - Cosworth 34 voltas / Motor 11
Ret 7 Argentina Carlos Reutemann Brabham - Cosworth 12 voltas / pistão furado 1
Ret 24 Reino Unido James Hunt March - Cosworth 1 volta / ligação de engrenagem 12

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «1974 Non-World Championship Formula One Races» 
  2. «The Grand Premio Presidente Medici» (em inglês) 
  3. a b c d «Emerson Fittipaldi venceu única corrida de Fórmula 1 disputada em Brasília, há 45 anos». Globoesporte.com. 3 de fevereiro de 2019. Consultado em 24 de julho de 2020 
  4. «No tempo em que o ronco dos motores abalava Brasília… vrum, vrum!». Agência Brasília. 26 de março de 2020. Consultado em 2 de agosto de 2020 
  5. a b c «Pilotos da F-1 abrem hoje o autódromo». Correio Braziliense. 3 de fevereiro de 1974. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  6. «David Purley protagonizou ato de heroísmo na F1 e sobreviveu a acidente fortíssimo». ge. 26 de janeiro de 2019. Consultado em 3 de agosto de 2020 
  7. «Governo do Distrito Federal cancela etapa da Fórmula Indy em Brasília». ge. 29 de janeiro de 2015. Consultado em 2 de agosto de 2020 
  8. «Etapa de MotoGP em Brasília é cancelada». Veja. 27 de janeiro de 2014. Consultado em 2 de agosto de 2020