Guerra Luso-Castelhana (1250-1253)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Guerra Luso-Castelhana (1250-1253)

Mapa oitocentista do Algarve.
Data 1250-1253
Local Algarve
Desfecho Vitória Portuguesa.
  • Pacto Luso-Castelhano de 1253
  • Portugal retém o Algarve
  • Portugal retém Aroche, Aracena e Aiamonte
Beligerantes
Reino de Portugal Reino de Leão e Castela
Comandantes
Afonso III Fernando III de Castela
Afonso X de Castela

A Guerra Luso-Castelhana de 1250 a 1253 foi um conflito militar que opôs a Coroa Portuguesa à Coroa de Leão e Castela pela posse do Algarve.

História[editar | editar código-fonte]

Portugal encontrava-se envolvido na reconquista de território aos mouros há já vários séculos. Em 1238 o rei D. Dinis ocupou Aiamonte e, em 1249, o rei D. Afonso III concluiu a conquista do Algarve com uma campanha militar em que tomou as últimas cidades ainda em poder muçulmano, nomeadamente Faro, Albufeira, Loulé, Porches e Aljezur. A maioria do Algarve fora conquistado pelos cavaleiros da Ordem de Santiago.

Após a conquista de Faro, D. Afonso III não favoreceu a Ordem de Santiago com aquela cidade, possivelmente para limitar a influência dos espadatários no Algarve, antes entregou a sua alcaidaria a Estevão Pires de Tavares, um apoiante do rei que figurara no ataque.[1]

Aben Mafom, emir do Algarve, havia-se porém feito vassalo e tributário do rei de Castela, Fernando III, que por esta razão considerava pertencer-lhe o território e em 1250 invadiu o Algarve.[2]

Em 1251, D. Afonso III atravessou o Guadiana e ocupou as vilas mouras de Aroche e Aracena.[3] Afonso X de Castela, por sua vez, atacou Alcoutim e cercou Tavira.[3]

Uma trégua foi, então, negociada entre D. Fernando III e D. Afonso III mas o rei D. Fernando III morreu em 1252 e sucedeu-lhe no trono o seu filho, Afonso X de Castela, que neste mesmo ano desprezou a trégua e contestou a posse do Algarve, de Aroche, Aiamonte e Aracena.[4] É possível que tenha sido por isto que em Novembro Afonso X se instalou em Badajoz, próximo da fronteira portuguesa, e as suas tropas invadiram o Algarve.[4]

As notícias da guerra entre Portugal e Castela chegaram a Roma e em Janeiro de 1253 o Papa Inocêncio IV interveio no sentido de pressionar os dois reis a negociarem a paz, ainda que reconhecesse os direitos de Portugal à posse do Algarve.[4][5] Ficou acordado que D. Afonso III casar-se-ia com D. Beatriz, filha bastarda de Afonso X.[5] Portugal exerceria a soberania do Algarve e do território a leste do Guadiana mas o usufruto recairia sobre Castela até um filho de Afonso III fazer sete anos.[5] D. Afonso III era, porém já comprometido com a condessa D. Matilde de Bolonha, que protestou, mas faleceu em 1258, deixando assim a questão naturalmente resolvida.

A questão pela posse do Algarve foi resolvida em 1267 mediante a assinatura do Tratado de Badajoz entre Portugal e Castela. Aroche, Aracena e Aiamonte seriam entregues a Castela mediante a assinatura do Tratado de Alcanizes, em troca de outras vilas raianas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Coutinho, 1998, p. 856.
  2. H. V. Livermore: A New History of Portugal, Cambridge University Press, 1966, p. 80.
  3. a b Coutinho, V. (2019). "O Fim Da Reconquista e a Construção/Reconstrução de Fortificações na Região Fronteiriça do Algarve". História: Revista Da Faculdade De Letras Da Universidade Do Porto, volume 15, nº2, 1998, P. 857.
  4. a b c Joseph F. O'Callaghan: The Learned King: The Reign of Alfonso X of Castile, University of Pennsylvania Press, p. 157.
  5. a b c H. V. Livermore: A New History of Portugal, Cambridge University Press, 1966, p. 81.