Herman Kruk

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Herman Kruk (1896-1943) foi um Bibliotecário e vítima do holocausto.

Segundo David E. Fishman, professor, pesquisador e escritor do livro [1]"Os homens que salvavam livros", Kruk era um socialista democrático, dedicado membro do Bund. Para ele, as bibliotecas eram as ferramentas por meio do qual os trabalhadores iriam se erguer e ganhar consciência de classe, a fim de poder forjar uma sociedade justa.

Kruk era responsável pela grande Biblioteca Grosser de Varsóvia até 1939, refugiou-se em Vilnius, na altura ocupada pelos soviéticos, para escapar à ocupação nazista na Polónia. Em 1941, quando os alemães invadiram por fim a Lituânia, tentou ainda escapar, sem sucesso, para a União Soviética. Após várias tentativas infrutíferas de fuga, Kruk decidiu então permanecer no Gueto de Vilna e aí dedicar-se à reconstrução da nova biblioteca judaica. Nessa biblioteca trabalhou constantemente enquanto não foi deportado. Renovou as salas, recebeu inúmeros livros (que chegavam em grandes quantidades provenientes das casas vazias à medida que a população do gueto ia sendo deportada), refez a catalogação da coleção depois dos nazis terem confiscado e destruído o catálogo.

Kruk, fez parte da "Brigada do Papel" um grupo de eruditos, que obrigados a trabalhar na triagem de livros judeus saqueados pelos nazistas, contrabandeou algumas obras para serem escondidas no Gueto, "bairro" que judeus moravam amontoados - uma especie de prisão que os nazistas os impuseram - para que nem todas as obras fossem dizimadas ou levadas para a Alemanha. Pela ajuda que conseguiu com a resistencia do Gueto, intitulada FPO, o bibliotecário ofereceu ajuda, escondendo armas dentro da biblioteca.

Desempenhou um trabalho infatigável, apesar da raiva e do desespero constante. Assistiu à queda demográfica do gueto de 70.000 para 50.000 e 20.000 pessoas. Durante todo esse tempo (1941 a 1943) cerca de 25% do gueto utilizou os serviços da biblioteca que se resumiam ao empréstimo de livros e consulta do catálogo. Nos seus relatórios revelou que os leitores requisitavam sobretudo livros sobre guerra, massacres étnicos (e.g. dos turcos sobre os arménios) e também livros infantis.

Segundo Kruk o horror era tão grande que a “evasão” através dos livros tinha de ser feita com obras que revelassem horrores idênticos ou piores aos que estavam a viver. Em Setembro de 1943, pouco antes da liquidação final do gueto, Kruk foi deportado para o campo de concentração de Kruga, na Estónia, onde morreu.

  1. Fishman, David E. (2018). Os homens que salvavam livros. São Paulo: Vestígio