Interior do Amapá

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Panorama da cidade de Oiapoque, município localizado ao norte do estado

O interior do Amapá, ou interior amapaense, é a região que abrange todo o estado brasileiro supracitado, que pertence à Região Norte do país, exceto a Grande Macapá. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Amapá excluindo a região metropolitana de sua capital, em 2013, era de 188 843 habitantes, ou seja, 25,7% de todo o estado.[1] A sociedade amapaense é uma das mais miscigenada do país, com forte presença de paraenses, cearenses, maranhenses, Mineiros e goianos. O fluxo migratório para o estado continua intenso, apesar de ter diminuído nos últimos anos, e ele se concentra principalmente nas sedes municipais onde residem 89,76% da população.[2]

Essa área caracteriza-se por sua baixa industrialização e agronegócio em desenvolvimento. Grandes áreas do interior ainda são de floresta densa, algumas protegidas por lei, e outras são reservas extrativistas que exploram desde a castanha-do-brasil até o açaí.[3] A exploração de madeira no estado também gera empregos, contudo, ainda precisa de mais fiscalização pois muitos utilizam o desmatamento ilegal para a produção de carvão vegetal.[4] Na década de 1970, o interior amapaense é beneficiado com a construção da usina hidrelétrica Coaracy Nunes, o que impulsionou o desenvolvimento sócio-econômico do Amapá.[5]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Segundo dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano de 2013, a população da unidade federativa excluindo a região metropolitana de sua capital, era de 188 843 habitantes.[1]


Cultura[editar | editar código-fonte]

O Amapá possui um conjunto cultural muito rico e bastante peculiar com forte influência de índios e negros. Na culinária amapaense, os principais pratos são: pato no tucupi, a tapioca, caldeirada de tucunaré, vatapá, tacacá, maniçoba, farinha, farofa de pirarucu etc. Algumas frutas nativas do estado são: bacaba, cupuaçu, graviola, açaí, taperebá, bacuri, graviola, castanha-do-brasil e várias outras que são utilizadas não só para sucos, mas também para o preparo de doces, bolos, biscoitos, tortas e sorvetes. Há uma grande variedade de peixes nos rios da região, com detaque para: araunã, dourada, filhote, gurijuba, jiju, piramutaba, pescada, pirarucú, piranha, pirapitinga, sarda, tambaquí, tucunaré, traíra, tamuatá, dentre outros.[6]

A religiosidade também tem forte influência na sociedade amapaense. As principais festividades do estado nasceram da devoção de fiéis a santos católicos, por exemplo, a Festa do Divino Espírito Santo, o Círio de Nazaré (que é realizado na cidade de Macapá) e a Festa de São Thiago (realizada em Mazagão). A principal dança do estado, o Marabaixo, une a tradição católica e o folclore amazônico em uma dança com tambores, saias rodadas e coloridas e músicas que lembram o lamento da senzala.

O folclore amapaense também apresenta grande diversidade pois engloba lendas, crenças e costumes tradicionais do estado. Uma das mais conhecidas lendas do estado é a da Pedra do Guindaste, que conta a história de uma cobra gigante que, durante a maré revolta, sai de debaixo do monumento para tomar água, de maneira que a mesma nunca conseguiu cobrir a pedra. Há também lendas muito conhecidas como a do Tarumã e do rio Oiapoque.

Estrutura urbana[editar | editar código-fonte]

Transportes[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: BR 156
Ver artigo principal: BR 210
BR-156 na altura de Calçoene

Os principais meios de transporte da região são o fluvial e o rodoviário. O ferroviário, no entanto, foi utilizado até 2015.[7] O primeiro se justifica pela infinidade de rios do Amapá sendo o Oiapoque, o Jari, o Maracá e o Araguari os principais e mais utilizados para o transporte de passageiros e pescadores. Quanto às rodovias, o estado é cortado por duas federais: a BR-156 (que tem 822,9 km de extensão) e a BR-210 (com 471 km), e quatro rodovias estaduais: AP-010 (que tem apenas 29 km), AP-020, AP-030 e a AP-070 (com extensão de 141 km). Nenhuma destas rodovias, todavia, é totalmente pavimentada e algumas, como é o caso da AP-010, nunca receberam este serviço e são de chão batido. A AP-070, chamada de Rodovia Alceu Paulo Ramos, começou a receber pavimentação em fevereiro de 2013 e a de conclusão das obras é de dois anos.[8]

As estradas federais contam com asfaltamento em alguns pontos de sua extensão. A BR-156 (que liga Laranjal do Jari a Oiapoque passando por Macapá) tem 347 quilômetros pavimentados. Este total compreende o percurso entre a capital e Calçoene. A partir desta cidade, são 216 km até Oiapoque, município que se localiza no extremo norte do estado, em trechos acidentados e com atoleiros. Nas comunidades do Carnot (em Calçoene) e do Cassiporé (Oiapoque), a rodovia torna-se de difícil acesso em períodos chuvosos. Já a BR-210, popularmente chamada de Perimetral Norte, tem pavimentação de Macapá até o município de Porto Grande, a partir deste ponto são 102 km de estrada em leito natural até Serra do Navio.[9]

O estado conta com a Estrada de Ferro Amapá (EFA) como principal rota de ligação sobre trilhos, entre o Porto de Santana e a Serra do Navio. A ferrovia, de 194 km de extensão e bitola de 1,435 m, foi construída pela mineradora Icomi em 1957 para o transporte de manganês proveniente das reservas locais e de cargas gerais para fins de exportação, bem como para o transporte de passageiros, onde foram abertas estações e paradas para atender aos mesmos nas cidades atravessadas pela linha férrea, muitas vezes carregando a pequena produção agrícola familiar. Após a paralisação das operações da Icomi em 1997, a EFA foi entregue ao estado do Amapá, que em 2006, a concedeu para a MMX Mineração.[10]

Na primeira metade da década de 2010, o controle da ferrovia foi repassado à mineradora Zamin, que após o desabamento do porto na Grande Macapá e sucessivas crises financeiras, teve sua licitação extinta em 2015. Desde então, o transporte ferroviário no Amapá encontra-se com suas operações paralisadas, tanto para cargas como para passageiros.[11]

Educação[editar | editar código-fonte]

Brasão do Instituto Federal do Amapá

O interior do Amapá conta com campi da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), a principal instituição de ensino superior do estado. Estes campi se encontram nos municípios de Laranjal do Jari, Oiapoque e Mazagão e estão sendo construídas unidades em Porto Grande e Tartarugalzinho. No ranking das melhores universidades do Brasil, a Folha de S.Paulo classificou, em 2013, a Unifap como a 163º melhor universidade brasileira.[12]

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP) é uma instituição federal de ensino técnico e superior criada em 29 de dezembro de 2008 através da Lei nº 11.892. Com exceção dos campi das cidades de Macapá e Santana, o IFAP tem apenas um campus no interior do estado, o de Laranjal do Jari. Localizado na rua Nilo Peçanha, o instituto iniciou suas atividades em 8 de setembro de 2010 com 420 alunos.[13]

Saúde pública[editar | editar código-fonte]

Um dos principais hospitais do interior amapaense é o Hospital de Oiapoque. Como se sabe, Oiapoque localiza-se no extremo norte do estado e é a cidade mais distante da capital, Macapá. As obras de expansão do hospital foram concluídas em novembro de 2013, segundo informações da Secretaria estadual de infraestrutura, e este foi reinaugurado em dezembro do mesmo ano. Localizado na rua Presidente Kennedy, no centro da cidade, o estabelecimento de saúde é de média complexidade e possui quarenta leitos.[14] No sul do estado, o Hospital de Laranjal do Jari, que atende aos municípios do vale do Jari, é outra importante unidade de saúde. Localizado em uma das principais avenidas da cidade, a Tancredo Neves, na altura do bairro do Agreste, conta com 18 médicos e 47 leitos.

A realidade da saúde pública na maioria dos municípios, todavia, é de extrema dificuldade, seja pela falta de médicos e remédios, seja pela estrutura inadequada das unidades de saúde. Um dos dados que evidencia estes problemas é o número de médicos para cada grupo de mil habitantes. O Amapá possui uma das piores médias do país (0,95) e está longe da média indicada pela Organização Mundial da Saúde.

Saneamento básico[editar | editar código-fonte]

A universalização do abastecimento de água na região está longe de se tornar realidade, pois em muitos municípios a maioria da população não conta com os serviços de água e esgoto. Entretanto, em algumas cidades amapaenses o fornecimento de água chega a 100% da população como em Cutias que, em 3 de maio de 2014, inaugurou sua nova Estação de Tratamento de Água (ETA) que custou R$ 1,35 milhão.[15] Em Vitória do Jari, no sul do estado, o plano da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA) é levar água para 85% das residências do município até o final de 2014.[16]

Referências

  1. a b c Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1º de julho de 2013). «Estimativas da população residente nos municípios brasileiros com data em 1º de julho de 2013» (PDF). Consultado em 9 de setembro de 2013. Cópia arquivada em 9 de setembro de 2013 
  2. UOL. «Habitantes por zona rural e urbana em cada município: Amapá». Consultado em 14 de junho de 2014 
  3. ICMBio. «Resex do Rio Cajari». Consultado em 14 de junho de 2014 
  4. Imazon. «O Setor Madeireiro no Amapá: Situação Atual e Perspectivas para o Desenvolvimento Sustentável». Consultado em 30 de junho de 2013 [ligação inativa]
  5. Eletronorte. http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/pilares/geracao/estados/amapa/. Consultado em 30 de junho de 2013  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  6. Guiadoturista.net. «Cultura - Amapá». Consultado em 23 de junho de 2014. Arquivado do original em 27 de junho de 2014 
  7. «Ex condutor dos trens da EFA faz desabafo sobre abandono da ferrovia». Cleber Barbosa. 22 de março de 2019. Consultado em 6 de março de 2022 
  8. GEA. «Rodovia AP 070». Consultado em 17 de junho de 2014. Arquivado do original em 22 de agosto de 2013 
  9. G1 AP (5 de julho de 2013). «No Amapá, chega a 40 anos espera de rodovias por asfalto». Consultado em 5 de julho de 2013 
  10. Setti, João Bosco (2008). Brazilian railroads. [S.l.]: Memória do Trem 
  11. «Sem uso, estação e ferrovia de 194 km no Amapá são alvos de saques e invasões há cinco anos». G1. Consultado em 6 de março de 2022 
  12. UNIFAP (15 de fevereiro de 2013). «Unifap começa implantação do campus em Tartarugalzinho» (em Português). Consultado em 5 de maio de 2014 
  13. G1 AP (24 de abril de 2014). «Ifap abre inscrições para processo seletivo de cursos técnicos». Consultado em 5 de maio de 2014 
  14. «Hospital Estadual de Oiapoque». Consultado em 5 de junho de 2014 [ligação inativa]
  15. GEA (4 de maio de 2014). «Água tratada chega para 100% dos moradores de Cutias do Araguari». Consultado em 4 de maio de 2014 [ligação inativa]
  16. GEA (22 de agosto de 2013). «Governador cumpre promessa: universalização da água em Vitória do Jari começa a virar realidade». Consultado em 22 de agosto de 2013 [ligação inativa]