João Lobo

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João Lobo
João Lobo
© Bruna Lobo
Nome completo João V. Lôbo Maia
Pseudónimo(s) João Lobo
Nascimento
Brejo do Cruz, Paraíba, Brasil
Nacionalidade Brasil-Portugal
Progenitores Mãe: Jandira Maia
Pai: Avany Maia
Ocupação Artista Visual, Pesquisador e Realizador
Página oficial
http://www.joaolobo.com

João Lobo[1] é um artista visual e realizador luso-brasileiro que trabalha com fotografia e vídeo-arte. Autor de livros e filmes, atua como curador de fotografia e cinema. Doutor em Belas Artes, é pesquisador, docente, palestrante, formador em máster classes e workshops. Premiado internacionalmente, registra-se a sua produção artística no livro JOÃO LOBO: Coleção SENAC, Volume 15, Editora SENAC, São Paulo, Brasil. Realizou diversas exposições nacional[2][3] e internacional,[4][5] produziu e participou de eventos de fotografia[6] internacionais e desde 2006 cria trabalhos artísticos[7] com a imagem minimalista[8], pesquisa acadêmica e a realização de filmes experimentais.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido no interior da Paraíba, em Brejo de Cruz,[9][10] a vida de João Lobo[11] mudou quando começou a se interessar por imagens aos 20 e poucos anos, na década de 1980. Anos nos quais o país também mudava: saíamos dos anos de chumbo e andávamos em direção à luz.

No início, pequenos audiovisuais de caráter educativo. De lá para a fotografia profissional foi um passo rápido. Inquieto e curioso, o trabalho de fotojornalismo - primeira escolha na área fotográfica - não o satisfez. Sua vontade era ir além do fato, da imagem-notícia, da narrativa de um evento. Sua agitação pedia mais: queria experimentar, ir além do registro e, assim como os "velhos" fotógrafos do Photo-Secession, mostrar que a fotografia era sim capaz de produzir arte.

Suas buscas acabaram por encontrar fotógrafos como Ernst Haas, Ansel Adams, William Klein e Marc Riboud - Áreas diferentes, mas todos com grande criatividade e inovação de linguagem.

Essas experiências o levaram para o meio acadêmico, onde aprofundou conhecimentos teóricos e começou a lecionar para que seu trabalho não fosse tão solitário como se apresentava: "A universidade foi consequência do meu aprendizado. O meu estudo de fotografia sempre foi solitário." Assim como um cientista, sua aprendizagem foi a experiência, a tentativa do erro e do acerto. Isso o fez sair do Brasil e levar seus trabalhos para diversos países, como Portugal, Argentina, Espanha, França, Holanda e Chile.

Além de levar conhecimento, nessas viagens iniciou um intercâmbio com diversos fotógrafos. Em Villaguay, na Argentina, por exemplo, conheceu as imagens de Pedro Luis Raota - uma de suas grandes influências, pelo enquadramento, dramaticidade da luz e altos contrastes.

As imagens de João Lobo buscam desconstruir o real e servem como suporte e estímulo ao trabalho sempre inovador que o caracteriza. Talvez por isso as imagens do Raota o encantaram. Mas outros, também entre os brasileiros, tornaram-se, se não referência, pelo menos parte de seu museu imaginário: Klaus Mitteldorf e Hélio Oiticica, que apesar de não ser fotógrafo, realizou trabalhos importantes usando a fotografia.

João Lobo é um experimentalista[12] no sentido mais amplo da palavra. Trabalha com a luz,[13] com diferentes filmes, quebrando regras de exposição e processamento, obtendo resultados que quase sempre supreendem, e acaba produzindo imagens que nos causam um descondicionamento do olhar. Nada é visto da forma que realmente é. Isso é possível, com sucesso, porque sua base tradicional e acadêmica na fotografia é bastante consistente. Nada é por acaso, os riscos são calculados. Ele conhece muito de regras e padrões, a ponto de quebrá-los e, novamente, como qualquer cientista, ser capaz de reproduzir a experiência, obtendo os mesmos resultados - base necessária para a transmissão do conhecimento.

Talvez por isso o ato fotográfico tenha sido pouco para ele. Já há alguns anos desenvolve projetos na área didático-cultural que envolvem parte do Nordeste. A exemplo do que acontece em Paraty, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília, a Paraíba também tem seu festival da imagem, já há quatro anos. "Senti a necessidade de intercambiar idéias e projetos com outras culturas. Em 2004 produzi e realizei um intercâmbio em que quatro fotógrafos paraibanos mostraram suas produções por lá, e aqui, durante um festival de arte, expuseram cinco portenhos. O Parahyba Digital,[14] em sua terceira edição, mostrou-me a necessidade deste tipo de intercâmbio. Indica a viabilidade de juntar profissionais comungando um mesmo sentimento e somendo idéias que se propagaram com o tempo."

Voltado para a discussão de conceitos fotográficos e da fotografia digital, a cada ano João Lobo consegue, com grande esforço e apesar das dificuldades, reunir dezenas de profissionais e interessados na arte fotográfica em torno de objetivo comum: falar sobre imagem.

Estes quase 30 anos transitando entre a prática e a teoria permitiram-lhe desenvolver um olhar crítico e um conhecimento da produção contemporânea, especialmente quando o assunto é arte, uma área em que muitos ainda patinam e se eximem de comentar. O sangue paraibano de João Lobo[15] não lhe permite isenção. É categórico ao afirmar: "A fotografia está no ápice de seu reconhecimento como arte. A gama de possibilidades que o digital proporcionou induziu o fotógrafo a mostrar suas produções mais abertamente e em maior escala."

Nisso, ele também tem razão. E, como bom crítico, não fica apenas num discurso saudosista ou criticando novas tecnologias. Ele consegue compreender a transformação de visualidade que o digital trouxe, não só para a fotografia mas para a arte de uma maneira geral: "Outro aspecto salutar é a maior interatividade entre fotografia e artes visuais. De um modo geral, isso facilita o aprendizado e define uma melhor contextualização no ambiente artístico."

Coerente com suas idéias e empenho na divulgação do conhecimento fotográfico, atualmente João Lobo desenvolve uma pesquisa sobre a história do nu na fotografia, mas sem deixar de lado sua produção fotográfica, como o ensaio fotográfico sobre as inscrições rupestres da Pedra do Ingá, na Paraíba.

Texto transcrito do Livro João Lobo,[16][17] autoria de Simonetta Persichetti, 2008.

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • Tessituras urbanas. Ed. UFPB, 2012.[18][2]
  • Across lens. Ed. UFPB, 2011.[18][4][19][20]
  • O essencial é invisível. João Pessoa: Forma, 2009.[18]
  • João Lobo Coleção Senac de Fotografia. São Paulo: Senac, 2008.[21][22][12]
  • Corpo e Alma. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2000.[18]
  • Apesar de Sertão. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 1996.[18]

Lista de Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Cultural, Instituto Itaú. «João Lobo». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 5 de abril de 2019 
  2. a b Cabral, Guilherme (27 de setembro de 2012). «Visão do Caos Urbano». Jornal A União. Consultado em 30 de julho de 2019 
  3. «Exposição Apresenta Artistas Paraibanos». Jornal da USP. 18 de setembro de 2012. Consultado em 29 de julho de 2019 
  4. a b «Fotógrafo João Lobo volta à capital da Paraíba». Jornal da Paraíba. 21 de dezembro de 2011. Consultado em 30 de julho de 2019 
  5. «Um fotógrafo processual». Jornal da Paraíba. 23 de maio de 2012. Consultado em 30 de julho de 2019 
  6. «Pró-Reitoria de Cultura da UEPB Promove Workshop sobre Teoria e Linguagem Fotográfica». Universidade Estadual de Campina Grande. 16 de setembro de 2014. Consultado em 29 de julho de 2019 
  7. Gesteira, Felipe; Paiva, Cláudio (1 de novembro de 2013). «A Arte Fotográfica Conspira em Favor da Memória Política e Sentimental da Cidade». Studium 41. Consultado em 29 de julho de 2019 
  8. Pereira, Chico (2014). Paraíba Memória Cultural. João Pessoa: Grafset. 149 páginas 
  9. «Câmara Municipal de Brejo do Cruz Realiza Sessão Solene e Homenageia Fotógrafo João Lobo». Brejo de Cruz em Foco. 23 de junho de 2017. Consultado em 29 de julho de 2019 
  10. Rabelo, Gerardo (30 de junho de 2017). «João Lobo é homenageado em sua terra natal». Consultado em 13 de setembro de 2019 
  11. Macedo, Camilo (12 de março de 2017). «João Lobo». Nomes que fizeram e fazem a história da Paraíba. Consultado em 30 de julho de 2019 
  12. a b «Fotógrafo Paraibano Lança Livro na UFRN». Nominuto.com. 3 de novembro de 2009. Consultado em 29 de julho de 2019 
  13. Costa, William (21 de dezembro de 2011). «Luz em Meio ao Caos». Jornal A União. Consultado em 29 de julho de 2019 
  14. «Portal Photos Evento põe João Pessoa na vanguarda da foto digital - Portal Photos». photos.com.br. Consultado em 5 de abril de 2019 
  15. «Fotografo paraibano radicado na Europa realiza exposição em João Pessoa». ClickPB. 1 de junho de 2017. Consultado em 29 de julho de 2019 
  16. Lobo, João; Persichetti (2008). João Lobo. São Paulo, SP: Editora Senac São Paulo. ISBN 9788573597332. OCLC 455395222 
  17. Gurgel, Alex (3 de abril de 2013). «O Fotógrafo João Lobo». Potiguar Notícias. Consultado em 29 de julho de 2019 
  18. a b c d e «Site Oficial» 
  19. Medeiros, Swã (6 de março de 2013). «Fotógrafo João Lobo Expõe Trabalho em João Pessoa». LeiaJá. Consultado em 29 de julho de 2019 
  20. «Fotógrafo Paraibano Lança Livros e Faz Exposição em João Pessoa». Jornal da Paraíba. 2 de junho de 2017. Consultado em 29 de julho de 2019 
  21. Lobo, João (Lobo Maia); Trigo, Thales. (2008). João Lobo. São Paulo, SP: Editora Senac São Paulo. ISBN 9788573597332. OCLC 455395222 
  22. «Fotógrafo Paraibano João Lobo Lança em Natal o Livro Coleção Senac». Tribuna do Norte. 27 de outubro de 2009. Consultado em 29 de julho de 2019