José Joffily Bezerra de Mello

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José Joffily

José Joffily
Deputado federal pela Paraíba
Período 1º- 1946 até 1951
2º- 1951 até 1955
3º- 1955 até 1959
4º- 1959 até 1963
Dados pessoais
Nascimento 25 de março de 1914
Pocinhos, Paraíba, Brasil
Morte 9 de janeiro de 1994 (79 anos)
Londrina, Paraná, Brasil
Alma mater Faculdade de Direito do Recife
Cônjuge Maria José Mindelo Joffily Bezerra
Partido PSD, PSB.
Profissão Político, Empresário e Historiador.

José Joffily Bezerra de Mello (Pocinhos [nota 1], 25 de março de 1914Londrina, 9 de janeiro de 1994) foi um polímata brasileiro, tendo se destacado principalmente como político, empresário e historiador.[2][3]

Família[editar | editar código-fonte]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Educação formal[editar | editar código-fonte]

Neto pelo lado materno do historiador e jornalista Irineu Joffily. Filho do funcionário dos Correios e Telégrafos Antônio Bezerra de Melo e da professora estadual, D. Maria Joffily. Teve apenas um irmão, Guilherme Joffily, médico e seu cabo eleitoral nas disputas políticas.[6]

Fez o curso primário no Grupo Escolar Tomás Mindelo e o secundário no Liceu Paraibano e no Colégio Diocesano Pio X, ambos na capital paraibana. Iniciou o curso de direito na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e concluiu, em 1938, na Faculdade de Direito do Recife.[4]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Começou sua vida pública aos 16 anos como líder estudantil secundarista. Alistou-se no batalhão de voluntários na Revolução de 1930. Tendo participado do assalto ao 22º Batalhão de Caçadores, que foi o estopim da Revolução em solo paraibano, sob o comando de Juarez Távora e Antenor Navarro.[4]

Em 1935 foi acusado de envolvimento no levante deflagrado pelos comunistas em nome da Aliança Nacional Libertadora no mês de novembro, com o objetivo de derrubar o governo de Getúlio Vargas e implantar no país um “governo popular revolucionário”. Detido, Joffily teve negado pela Corte Suprema (como era então chamado o Supremo Tribunal Federal) o habeas-corpus impetrado em seu favor em fevereiro de 1936, sendo libertado somente mais tarde.[4]

Ocupou os cargos de assistente técnico do Departamento de Cooperativismo do estado da Paraíba, em 1939, de diretor comercial dos Serviços Elétricos da Paraíba, de promotor público em Pernambuco, em 1940, de diretor da Penitenciária Agrícola de Itamaracá, entre 1941 e 1942.[4]

Durante o período de 1942 a 1945, foi Secretário de Agricultura Viação e Obras Públicas da Paraíba, na gestão de Rui Carneiro.[7][4]

Deputado Federal[editar | editar código-fonte]

Com a redemocratização do país em 1945, elegeu-se em dezembro desse ano deputado federal pela Paraíba à Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD), do qual foi um dos fundadores em seu estado. Reeleito deputado federal em 1950, em 1954 e em 1958.[8]

Participou da influente "ala moça" do PSD, ao lado de Ulysses Guimarães, Vieira de Melo, Renato Archer e outros, dando apoio ao Governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira.[9]

De abril de 1956 até o final da legislatura, em janeiro de 1959, foi líder e vice-líder da maioria e do PSD na Câmara dos Deputados, tornando-se também um dos líderes e fundadores da Frente Parlamentar Nacionalista (FPN). A Frente Parlamentar Nacionalista constituiu um grupo de pressão defensor de uma plataforma nacionalista, destacando-se entre suas reivindicações a regulamentação da remessa de lucros para o exterior e o controle estatal sobre a exploração dos recursos naturais básicos.[4]

Foi porta-voz das Reformas de Base, notadamente, da Reforma Agrária, na Câmara Federal e atuante incentivador das Ligas Camponesas na Paraíba. Como representante da FPN, Joffily foi relator da Comissão Especial de Reforma Agrária na Câmara dos Deputados.[6]

Em outubro de 1962 concorreu ao Senado pela Paraíba na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas não logrou eleger-se.[4][10] No mesmo pleito tentou a reeleição como deputado federal, pelo PSB, também sem êxito.[11][12]

Em 1963, foi nomeado, pelo presidente João Goulart, Membro do Conselho Nacional da Economia.[9]

Cassação[editar | editar código-fonte]

Em 9 de abril de 1964, pelo Ato Institucional nº 1 do Comando Supremo da Revolução (Golpe Civil-Militar de 1964) teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, na primeira lista,[13] junto com outros 99 cidadãos brasileiros.

Em 1965 foi processado pela Lei de Segurança Nacional por iniciativa da 7ª Região Militar do Recife. No último trimestre daquele ano foi decretada a sua prisão preventiva quando foi recolhido ao quartel Caetano de Faria, no Rio de Janeiro, onde residia.

Em 5 de janeiro de 1966 foi solto, através de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal Militar.

Vida empresarial, pesquisas históricas e falecimento[editar | editar código-fonte]

Após a cassação passou a se dedicar à pesquisa histórica, às atividades literárias e empresariais. Ingressou na iniciativa privada como corretor de seguros, no Rio de Janeiro.[9]

Posteriormente, radicou-se em Londrina, onde, em 1977, assumiu o cargo de diretor-presidente da Herbitécnica Defensivos Agrícolas, uma das principais fábricas de herbicidas do País.[9] Foi também diretor do Grupo Financeiro Campina Grande.

Em agosto de 1979, foi beneficiado pela Lei da Anistia.[4]

Em 1979, às vésperas do cinquentenário da Revolução de 1930, lança o livro, "Revolta e revolução. 50 anos depois", que foi premiado pela Academia Paulistana de História, considerado seu melhor estudo.[14]

Em 1982, é novamente premiado, ao publicar, a biografia de seu avô materno: "Entre a monarquia e a republica: ideias e lutas de Ireneo Joffily". Em 1985, por ocasião dos quatrocentos anos de conquista e fundação da Paraíba, publica o seu livro mais ousado: "Porto político", onde denuncia as falcatruas das oligarquias do Estado durante a construção do porto da capital paraibana.[6][3][15]

Seu livro "Anayde Beiriz" (no qual, destaca os aspectos trágicos e simultaneamente românticos da Revolução de 1930) foi a inspiração para o filme Parahyba Mulher Macho, de 1983, que foi roteirizado por seu filho e dirigido por Tizuka Yamazaki.[12][16]

Assumiu a Cadeira de número 24 da Academia Paraibana de Letras, em 25 de novembro de 1983.[2]

Foi casado com Maria José Mindelo Joffily Bezerra, com quem teve dois filhos: o economista, executivo e bancário Francisco de Assis e o cineasta José Joffily Filho.[6][9]

Faleceu em Londrina no dia 9 de janeiro de 1994. Até a data de sua morte, José Joffily era o último representante da Paraíba na constituinte de 1946 ainda vivo.[9]

Desempenho em eleições[editar | editar código-fonte]

Ano Eleição Partido Cargo Votos % Resultado Ref
1945 Estadual na Paraíba PSD
Deputado Federal
7.076 5,12% Eleito [17]
1950 Estadual na Paraíba 17.198 6,78% Eleito [18]
1954 Estadual na Paraíba 20.840 8,93% Eleito [19]
1958 Estadual na Paraíba 18.256 7,42% Eleito [20]
1962 Estadual na Paraíba PSB 7.970 2,92% Não Eleito [11]
Senador
45.348 8,93% Não Eleito [10]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

Publicou os seguintes livros:[2][6][21]

  • Industrialização da Paraíba - Esquêma de suas possibilidades. João Pessoa, PB: A União, 1945.
  • O Plano SALTE - Setor Alimentos. Rio de Janeiro, RJ: Imprensa Nacional, 1948.
  • Distorções e Revisões. Londrina, PR: Gráfica Líder, 1976.
  • Revolta e Revolução - 50 anos depois. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1979.
  • Anayde Beiriz - Paixão e Morte na Revolução de 30. Rio de Janeiro, RJ: CBAG, 1980.
  • Entre a Monarquia e a Republica - Ideias e Lutas de Ireneo Joffily. Rio de Janeiro, RJ: Kosmos, 1982.
  • Morte na Ulen Company - Cinqüenta anos depois. Rio de Janeiro, RJ: Editora Record, 1983.
  • Porto Político. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1983.
  • Mudanças e Mundancistas.
  • A Constituinte de 1946, Pernambuco: Fundação Joaquim Nabuco, 1985.
  • Londres, Londrina. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1985.
  • Harry Berger. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1987.
  • O Caso Panther. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1988.
  • Manifesto a Sucessão Estadual. Londrina: Gráfica Líder, 1990.
  • Nos Tempos de Branca Dias. Londrina, PR: Pé Vermelho Editora, 1993.

Homenagens e condecorações[editar | editar código-fonte]

Recebeu as seguintes homenagens e condecorações:

Notas e referências

Notas

  1. Na época do nascimento de José Joffily, Pocinhos ainda era um distrito de Campina Grande[1]

Referências

  1. «História do Município de Pocinhos». Prefeitura Municipal de Pocinhos. Consultado em 7 de junho de 2014 
  2. a b c «Nº 24 - (1º SUCESSOR) JOSÉ JOFFILY BEZERRA DE MELO». novo.aplpb.com.br. Consultado em 1 de junho de 2023 
  3. a b «Porto do Sanhauá: 'Um Porto Político'». Consultado em 1 de junho de 2023 
  4. a b c d e f g h i Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «JOSE JOFFILY BEZERRA DE MELO». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 1 de junho de 2023 
  5. «Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Benfica/PA: DOM JOÃO IRINEU JOFFLY (1924-1931) - 3º ARCEBISPO A TOMAR POSSE DA ARQUIDIOCESE DE BELÉM». Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Benfica/PA. Consultado em 1 de junho de 2023 
  6. a b c d e SILVA, Favianni; BRUGGE, Úrsula Lima (2013). «José Joffily: parlamentar e historiador.» (PDF). Universidade Federal do Ceará (UFC). XII ENCONTRO CEARENSE DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. ISBN 978-85-7915-171-2. Consultado em 1 de junho de 2023 
  7. «GENTE DA GENTE: José Jóffily Bezerra de Melo». Consultado em 1 de junho de 2023 
  8. «Biografia do(a) Deputado(a) Federal JOSÉ JOFFILY». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 1 de junho de 2023 
  9. a b c d e f Lucena, Humberto (12 de janeiro de 1994). «Pronunciamento no Senado Federal por ocasião da morte de José Joffily». Portal Atividade Legislativa - Senado Federal. Consultado em 1 de junho de 2023 
  10. a b Sistema, Histórico de eleições. «Resultado da Eleição para o Senado em 1962 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  11. a b Sistema, Histórico de eleições. «Resultado da Eleição para Deputado Federal em 1962 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  12. a b «Pronunciamento de Antonio Mariz em 12/01/1994 - Pronunciamentos - Senado Federal». www25.senado.leg.br. Consultado em 1 de junho de 2023 
  13. «Primeira Lista de Cassação - AI1». www.acervoditadura.rs.gov.br. Consultado em 8 de junho de 2014 
  14. BEZERRA, Dinarte Varela. 1930, a Paraíba e o inconsciente político da revolução: a narrativa como ato socialmente simbólico. 2009. 227 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional; Cultura e Representações) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.
  15. «'Do Porto Político à Política no Porto ou uma fábula sobre tecnocracia e roedores', por Ângelo Emílio da Silva Pessoa». WSCOM. 30 de maio de 2020. Consultado em 2 de junho de 2023 
  16. SILVA, Maria Hilda da. “Na trama do destino”: Anayde Beiriz, uma história de gênero, memória e representação na Parahyba nas décadas de 1920-1930. 2017. 96f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em História) - Centro de Formação de Professores, Universidade Federal de Campina Grande, Cajazeiras, Paraíba, Brasil, 2017.
  17. Sistema, Histórico de eleições. «Resultado das Eleições 1945 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  18. Sistema, Histórico de eleições. «Resultado das Eleições 1950 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  19. Sistema, Histórico de eleições. «Resultado das Eleições 1954 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  20. Sistema, Histórico de eleições. «Resultado das Eleições 1958 na Paraíba». TRE - PB. Consultado em 1 de junho de 2023 
  21. «Porto do Sanhauá: 'Um Porto Político'». Consultado em 1 de junho de 2023 
  22. «Ementário das Resoluções do Consuni 1963-1989». Universidade Federal da Paraíba. Consultado em 8 de junho de 2014. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  23. «Joffily, tributo à coerência política | tabloide digital». millarch.org. Consultado em 1 de junho de 2023