Língua nominativa-acusativa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O posicionamento morfosintáctico de tipo nominativo-acusativo, com marcagem de caso explícito, é indicado por círculos (acusativo marcado) e losangos azuis (nominativo marcado).

Uma língua nominativa-acusativa[1] (ou simplesmente acusativa)[2] é aquela na qual o sujeito dum verbo intransitivo (papel S) e o sujeito dum verbo transitivo (papel A) recebem um tratamento diferente do objecto directo do verbo transitivo (papel O). O tratamento pode consistir em pôr-lhe um afixo especial de caso, na ordem gramatical ou outra maneira de distinguir a função de cada argumento verbal.[3] Isto é, uma língua nominativa trata S e A da mesma forma e O de maneira diferente. Nas línguas nominativo-acusativas com caso gramatical S e A costumam ser marcados com o caso nominativo e O com o caso acusativo, daí o nome. Se não existe marca de caso, a língua emprega a ordem das palavras (como em inglês, língua na qual o sujeito aparece antes do que o verbo e o objecto depois).[2]

Todas as línguas europeias, menos o basco, são nominativo-acusativas. Este tipo de línguas contrastam com as de tipo ergativo-absolutivo. Na língua Dyirbal do norte da Austrália que é ergativa-absolutiva o S das frases intransitivas e o O das frases transitivas são tratados da mesma maneira,[1] usam o caso absolutivo para o S das frases intransitivas e o caso ergativo com o S das frases transitivas.[1] Daí que estas línguas sejam chamadas absolutivo-ergativas.

Exemplos[editar | editar código-fonte]

O alinhamento nominativo-acusativo aprecia-se muito claramente nas línguas com casos como o latim ou muitas outras línguas indo-europeias antigas.[4][5] Nestas línguas vê-se que o sujeito dos verbos transitivos (1b) recebe a mesma marca de caso que o sujeito dos verbos intransitivos (1a) (este caso chama-se usualmente nominativo), enquanto que o objecto dos verbos transitivos recebe uma marca diferente (acusativo):[6]

(latim)
(1a) homo pervenit = 'o homem chegou'
(1b) homo puerum vidit = 'o homem viu a criança'
(1c) puer hominem vidit = 'a criança viu o homem'

Isto contrasta com uma língua ergativo-absolutiva como o basco:[7]

(basco)
(2a) gizona etorri da = 'o homem chegou'
(2b) gizonak mutila ikusi du = 'o homem viu a criança'
(2c) mutilak gizona ikusi du = 'a criança viu o homem'

Referências

  1. a b c Eliseu, André (21 de janeiro de 2014). Sintaxe do Português. [S.l.]: Leya. ISBN 9722125354 
  2. a b Montero, Xesús Alonso; Alvarez, Rosario (1 de janeiro de 1999). Cinguidos por unha arela común: homenaxe ó profesor Xesús Alonso Montero (em espanhol). [S.l.]: Univ Santiago de Compostela. ISBN 9788481218060 
  3. Adrados, Francisco Rodríguez (1 de janeiro de 1988). Nuevos estudios de lingüística indoeuropea (em espanhol). [S.l.]: Editorial CSIC - CSIC Press. ISBN 9788400066529 
  4. Traill, Elizabeth Luna; Avila, Alejandra Vigueras; Pinal, Gloria Estela Baez (1 de janeiro de 2005). Diccionario básico de lingüística (em espanhol). [S.l.]: UNAM. ISBN 9789703222988 
  5. García, Ángel López (1 de janeiro de 1994). Lingüística general y aplicada (3a ed.) (em espanhol). [S.l.]: Universitat de València. ISBN 9788437015194 
  6. Resnick, Melvyn C. (1 de janeiro de 1981). Introducción a la historia de la lengua española (em espanhol). [S.l.]: Georgetown University Press. ISBN 0878400834 
  7. Verdú, José Fernando Domene (17 de novembro de 2011). La lengua Vasca: originalidad y riqueza de una lengua diferente: originalidad y riqueza de una lengua diferente (em espanhol). [S.l.]: Editorial Club Universitario. ISBN 9788484549864 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre linguística ou um linguista é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.