Lenço verde
O Lenço Verde é um símbolo da luta pelo direito ao aborto que foi criado na Argentina. Em 2018, tornou-se popular em toda a América Latina e 4 anos mais tarde nos Estados Unidos da América. Teve como inspiração o lenço branco usado pelas Mães da Praça de Maio.
Origem[editar | editar código-fonte]
O Lenço Verde enquanto símbolo do direito ao aborto, surgiu em 2003 durante o 18º Encontro Nacional de Mulheres que decorreu na cidade Rosário na Argentina. Durante este encontro o direito ao aborto foi pela primeira vez uma das principais reivindicações, e a manifestação de encerramento ficou marcada pela utilização de lenços verdes.[1][2]
Dois anos mais tarde, em 2005, é lançada na Argentina, a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito e o Lenço Verde é adoptado como símbolo do movimento. Durante anos foi usado pelas activistas em manifestações recebidas com indiferença pela população e os meios de comunicação. [1]
Inspirado no Lenço Branco usado pelas Mães da Praça de Maio, as activistas optaram pela cor verde, por esta representar a esperança e por não estar associada a nenhum movimento social ou político argentino. [3] De acordo com uma das participantes no encontro, houve também uma razão prática que influenciou a escolha da cor, a intenção era distribuir lenços roxos, a cor do feminismo, mas não havia tecido suficiente nessa cor mas havia bastante verde disponível. [4][5]
O tom de verde usado está entre o 347 C e o 3415 C do sistema de cores da Pantone. Até 2018, era conhecido nas lojas de tecidos como "verde Benetton" mas rapidamente passou a ser conhecido com "Verde aborto legal". [3][6]
O lenço contem a frase: "Educação sexual para decidir, anticoncepcional para não abortar, aborto legal para não morrer". [7][8]
Popularização[editar | editar código-fonte]
Pouco a pouco o lenço foi-se tornando popular, utilizado nas manifestações Ni Una Menos atingiu a notoriedade pública em 2017, após o movimento Me too, com a marcha "Um grito global pelo aborto legal" que teve lugar no dia 28 de Setembro desse ano, tendo conseguido uma ampla cobertura da parte dos meios de comunicação que falaram de uma "maré verde". [1]
O lenço verde que é usado no pescoço, no pulso ou nas mochilas, é usado por celebridades e a Avôs da Praça de Maio também o adoptaram e usam-no nas suas manifestações semanais. [9][10]
Até 2018, a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal distribuía cerca de 8000 lenços por ano. Em 2018, foi distribuídos mais de 200.000. [5]
Como reacção, o movimento antiaborto argentino criou o lenço azul claro, a favor das duas vidas. [11]
Internacionalização[editar | editar código-fonte]
O Lenço Verde atravessa as fronteiras argentinas em 2018 e foi adoptado nos restantes países da América Latina pelos movimentos que lutam pelo direito ao aborto. [1] No Chile, por exemplo, o lenço foi usado com as mensagens "Aborto livre, seguro e gratuito" e "NãoBastam3Causas", referindo-se ao facto de que só era permitido abortar, quando a vida da mãe estivesse em risco, o feto não fosse viável ou a gravidez resultasse de uma violação. [12]
Em Espanha foi usado nas manifestações internacionais de apoio à Lei do Aborto na Argentina. [13] Em 2020, após a aprovação do projecto da Lei sobre o aborto em Espanha, a Ministra da Igualdade Irene Montero, compareceu a uma conferência de imprensa com o lenço no braço. [14]
Dois anos mais tarde, o Lenço Verde foi usado nos Estados Unidos da América, nas manifestações em defesa do direito ao aborto, contra a anulação do caso Roe vs Wade. [4][1]
Referências
- ↑ a b c d e «Pourquoi le vert est-il la couleur de la lutte pour le droit à l'avortement ?». Le Monde.fr (em francês). 13 de maio de 2022. Consultado em 21 de maio de 2022
- ↑ «Encuentro Nacional de Mujeres en Rosario - 2003: Plan de lucha nacional por el derecho al aborto». Diario Digital Femenino (em espanhol). 25 de setembro de 2016. Consultado em 22 de maio de 2022
- ↑ a b Nast, Condé (27 de fevereiro de 2020). «El pañuelo verde: su significado y su historia». Vogue (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ a b «Derecho al aborto . ¿Por qué un pañuelo verde es el símbolo del aborto legal?». La Izquierda Diario - Red internacional (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ a b de 2018, Por Carolina Muzi5 de Agosto. «La historia del pañuelo verde: cómo surgió el emblema del nuevo feminismo en Argentina». infobae (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «Derecho al aborto . ¿Por qué un pañuelo verde es el símbolo del aborto legal?». La Izquierda Diario - Red internacional (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «Educación sexual para decidir, anticonceptivos para no abortar, aborto legal y gratuito para no morir». www.cfemea.org.br. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «Como a pressão das mulheres abriu caminho para a legalização do aborto na Argentina». BBC News Brasil. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ Barros, Mercedes María; Quintana, María Marta (março de 2020). «El pañuelo como artefacto político: Desplazamientos y disputas por la calle». ISSN 2362-616X. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ Barro, Mercedes; Quintana, María Marta (2020). «El pañuelo como artefacto político: consideraciones sobre sus desplazamientos y disputas por la calle». Millcayac - Revista Digital de Ciencias Sociales (em espanhol) (12): 175–187. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «Argentine: le foulard vert, symbole du combat pour le droit à l'avortement». La Presse (em francês). 19 de julho de 2018. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «Chile inclui direito ao aborto em proposta da nova Constituição». Exame. 27 de junho de 2022. Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ Berges, Cristina Armunia (7 de agosto de 2018). «Feministas de todo el mundo agitarán sus pañuelos verdes este miércoles por la legalización del aborto en Argentina». ElDiario.es (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ «¿Cuál es el significado del pañuelo verde que llevaba Irene Montero en el Consejo de Ministros?». abc (em espanhol). 17 de maio de 2022. Consultado em 24 de julho de 2022
