Mobilização estudantil em São Paulo em 2015
Mobilização estudantil em São Paulo em 2015 | |||||||||||||
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Protesto dos estudantes na Avenida Paulista, em São Paulo. | |||||||||||||
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Participantes do protesto | |||||||||||||
Governo do Estado sob a gestão de Geraldo Alckmin Secretaria da Educação |
Estudantes secundaristas MTST APEOESP UPES | ||||||||||||
Presos e feridos | |||||||||||||
33 manifestantes foram presos durante os atos.[1] |
A mobilização estudantil paulista de 2015 corresponde a uma série de manifestações e ocupações de escolas, realizadas por estudantes secundaristas em diversas regiões do Estado de São Paulo entre outubro e dezembro do mesmo ano, tendo como objetivo protestar contra a reorganização do ensino público paulista, proposta pelo governador Geraldo Alckmin e pelo então secretário de estado da educação, Herman Voorwald.
A mobilização terminou com 213 escolas públicas ocupadas e diversos protestos nas ruas, o que resultou na queda de Voorwald como secretário de Educação[2] e a suspensão do plano de reorganização pelo Governo de São Paulo.[3]
Contexto[editar | editar código-fonte]
Em 23 de setembro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo anuncia um projeto de reestruturação da rede escolar, que consistia em separar as unidades escolares de modo que cada uma passasse a oferecer apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio). A proposta também previa o fechamento de 94 escolas, que seriam disponibilizadas para outras funções na área de educação.[4]
Segundo o governo paulista, 311 mil alunos deveriam mudar de escola, 74 mil professores seriam atingidos pela mudança e 1.464 unidades escolares estariam envolvidas na reorganização.[4]
As ocupações[editar | editar código-fonte]
Em protesto ao plano do governo, os estudantes secundaristas começaram a ocupar escolas em 9 de novembro. A primeira escola a ser ocupada foi a Escola Estadual Diadema, em Diadema, na Grande São Paulo, seguida da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros.[5]
O Governo do Estado reagiu enviando um grande número de policiais militares e pedindo na Justiça a reintegração de posse das duas escolas, que chegou a ser concedida. Porém, a decisão foi derrubada pelo juiz Luis Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública. O governo recorreu da sentença e sofreu uma nova derrota no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde três desembargadores defenderam, em 23 de novembro, que os estudantes tinham direito a ocupar as escolas em protesto.[1]
As ocupações aumentaram à medida que o governo se negava a suspender a proposta. Entidades como a Apeoesp e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) declararam apoio aos estudantes e também ocuparam algumas escolas[carece de fontes]. O número de escolas ocupadas em todo o estado chegou a 200, segundo o governo, e a 213, de acordo a Apeoesp.[6]
Com as ocupações, o SARESP, exame para avaliar o nível de aprendizado na rede pública de ensino, não pode ser realizado em 174 escolas estaduais. Como ele é base para o cálculo do valor do bônus para professores, o governo anunciou que deixaria de pagar cerca de R$ 30 milhões em bônus para os docentes de escolas ocupadas.
Em fevereiro de 2016, foi lançado o documentário "Acabou A Paz, Isto Aqui Vai Virar O Chile", dirigido por Carlos Pronzato, com uma hora de duração[7] [8].
Em 2017, foi lançado o documentário "Escolas em Luta", dirigido por Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli, com 77 min. sobre as ocupações de escolas em São Paulo em 2015[9].
Também foi produzido o documentário "Espero tua (Re)volta", dirigido por Eliza Capai, que foi exibido no 69º Festival de Cinema de Berlin, em fevereiro de 2018[10].
Os protestos[editar | editar código-fonte]
Em dezembro, os estudantes começaram a deixar as escolas e fechar cruzamentos importantes de São Paulo. Os manifestantes muitas vezes levavam cadeiras escolares e se sentavam nos cruzamentos. Dezenas de vias foram bloqueadas, como as avenidas Faria Lima, Doutor Arnaldo, Nove de Julho e Tiradentes.
A PM usou, em muitas ocasiões, bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Houve o uso de cassetetes e agressões, e pelo menos 33 manifestantes foram presos durante os atos.[1]
Repercussão e suspensão do projeto[editar | editar código-fonte]
No dia 3 de dezembro, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo entraram com uma ação civil pública na Justiça pedindo a suspensão da reorganização escolar. As entidades afirmaram que a ação foi a última medida adotada após diversas tentativas de diálogo com o governo. [1]
No dia 4 de dezembro, a popularidade do governador Geraldo Alckmin cai para 28%, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, a pior registrada pelo seu governo. Pela primeira vez, o nível de desaprovação do governo Alckmin foi maior do que o seu nível de aprovação.[11] A pesquisa também abordou a reestruturação do ensino, onde 61% dos entrevistados se disseram contra o projeto, enquanto 55% apoiavam as ocupações.[12]
No mesmo dia 4, o governador anunciou a suspensão da reestruturação, e o secretário da Educação, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo.[1] Durante os protestos, Voorwald chegou a dizer que os resultados apresentados pela educação pública de São Paulo eram “vergonhosos”.[13]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Governo Geraldo Alckmin de São Paulo
- Protestos no Brasil em 2013
- Movimento estudantil brasileiro
- Mobilização estudantil no Brasil em 2016
Referências
- ↑ a b c d e «Ocupações, atos e polêmicas: veja histórico da reorganização escolar». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ «Após crise com reorganização, ex-presidente do TJ assume Educação de SP». UOL. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ «Alckmin suspende reorganização da rede de ensino estadual de SP». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ a b «Reorganização atinge 311 mil alunos e 'disponibiliza' 94 escolas de SP». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ «Alunos acampam em escola estadual de Diadema contra a reorganização da rede». UOL. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ «Ocupação contra projeto de Alckmin já chega a 213 escolas». Rede Brasil Atual. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ ACABOU A PAZ, ISTO AQUI VAI VIRAR CHILE, acesso em 10 de fevereiro de 2018.
- ↑ Documentário: Acabou A Paz, Isto Aqui Vai Virar O Chile, acesso em 10 de fevereiro de 2018.
- ↑ Escolas em Luta, BRA, 2017, acesso em 29 de novembro de 2017
- ↑ ESPERO TUA (RE)VOLTA, acesso em 22 de janeiro de 2018.
- ↑ «Popularidade de Alckmin atinge pior marca, aponta Datafolha». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
- ↑ «Popularidade de Alckmin cai e vai a 28%, aponta Datafolha». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016[ligação inativa]
- ↑ «Secretário de Alckmin diz ter vergonha da educação de SP». Valor Econômico. Consultado em 8 de fevereiro de 2016