Mobilização estudantil em São Paulo em 2015

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mobilização estudantil em São Paulo em 2015

Protesto dos estudantes na Avenida Paulista, em São Paulo.
Período Outubro de 2015 – Dezembro de 2015
Local 213 Escolas públicas do Estado de São Paulo
Resultado Vitória dos Manifestantes:

O governador (Geraldo Alckmin) suspende a reestruturação, 42 dias depois do anúncio do projeto.

Após o anúncio da suspensão do projeto, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorward, pediu para deixar o cargo

Causas Proposta da nova organização da rede estadual de ensino paulista.
Objetivos Revogação da reorganização escolar proposta pelo Governo de São Paulo
Características Ocupação de Escolas

Fechamento de Cruzamentos Bloqueio de Ruas e Avenidas

Participantes do protesto
Governo do Estado sob a gestão de Geraldo Alckmin
Secretaria da Educação
Estudantes secundaristas
MTST
APEOESP
UPES
Presos e feridos
33 manifestantes foram presos durante os atos.[1]

A mobilização estudantil paulista de 2015 corresponde a uma série de manifestações e ocupações de escolas, realizadas por estudantes secundaristas em diversas regiões do Estado de São Paulo entre outubro e dezembro do mesmo ano, tendo como objetivo protestar contra a reorganização do ensino público paulista, proposta pelo governador Geraldo Alckmin e pelo então secretário de estado da educação, Herman Voorwald.

A mobilização terminou com 213 escolas públicas ocupadas e diversos protestos nas ruas, o que resultou na queda de Voorwald como secretário de Educação[2] e a suspensão do plano de reorganização pelo Governo de São Paulo.[3]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em 23 de setembro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo anuncia um projeto de reestruturação da rede escolar, que consistia em separar as unidades escolares de modo que cada uma passasse a oferecer apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio). A proposta também previa o fechamento de 94 escolas, que seriam disponibilizadas para outras funções na área de educação.[4]

Segundo o governo paulista, 311 mil alunos deveriam mudar de escola, 74 mil professores seriam atingidos pela mudança e 1.464 unidades escolares estariam envolvidas na reorganização.[4]

As ocupações[editar | editar código-fonte]

Em protesto ao plano do governo, os estudantes secundaristas começaram a ocupar escolas em 9 de novembro. A primeira escola a ser ocupada foi a Escola Estadual Diadema, em Diadema, na Grande São Paulo, seguida da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros.[5]

O Governo do Estado reagiu enviando um grande número de policiais militares e pedindo na Justiça a reintegração de posse das duas escolas, que chegou a ser concedida. Porém, a decisão foi derrubada pelo juiz Luis Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública. O governo recorreu da sentença e sofreu uma nova derrota no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde três desembargadores defenderam, em 23 de novembro, que os estudantes tinham direito a ocupar as escolas em protesto.[1]

As ocupações aumentaram à medida que o governo se negava a suspender a proposta. Entidades como a Apeoesp e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) declararam apoio aos estudantes e também ocuparam algumas escolas[carece de fontes?]. O número de escolas ocupadas em todo o estado chegou a 200, segundo o governo, e a 213, de acordo a Apeoesp.[6]

Com as ocupações, o SARESP, exame para avaliar o nível de aprendizado na rede pública de ensino, não pode ser realizado em 174 escolas estaduais. Como ele é base para o cálculo do valor do bônus para professores, o governo anunciou que deixaria de pagar cerca de R$ 30 milhões em bônus para os docentes de escolas ocupadas.

Protestos dos estudantes secundaristas na Avenida Nove de Julho, em 2015.

Em fevereiro de 2016, foi lançado o documentário "Acabou A Paz, Isto Aqui Vai Virar O Chile", dirigido por Carlos Pronzato, com uma hora de duração[7] [8].

Em 2017, foi lançado o documentário "Escolas em Luta", dirigido por Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli, com 77 min. sobre as ocupações de escolas em São Paulo em 2015[9].

Também foi produzido o documentário "Espero tua (Re)volta", dirigido por Eliza Capai, que foi exibido no 69º Festival de Cinema de Berlin, em fevereiro de 2018[10].

Os protestos[editar | editar código-fonte]

Em dezembro, os estudantes começaram a deixar as escolas e fechar cruzamentos importantes de São Paulo. Os manifestantes muitas vezes levavam cadeiras escolares e se sentavam nos cruzamentos. Dezenas de vias foram bloqueadas, como as avenidas Faria Lima, Doutor Arnaldo, Nove de Julho e Tiradentes.

A PM usou, em muitas ocasiões, bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Houve o uso de cassetetes e agressões, e pelo menos 33 manifestantes foram presos durante os atos.[1]

Repercussão e suspensão do projeto[editar | editar código-fonte]

No dia 3 de dezembro, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo entraram com uma ação civil pública na Justiça pedindo a suspensão da reorganização escolar. As entidades afirmaram que a ação foi a última medida adotada após diversas tentativas de diálogo com o governo. [1]

No dia 4 de dezembro, a popularidade do governador Geraldo Alckmin cai para 28%, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, a pior registrada pelo seu governo. Pela primeira vez, o nível de desaprovação do governo Alckmin foi maior do que o seu nível de aprovação.[11] A pesquisa também abordou a reestruturação do ensino, onde 61% dos entrevistados se disseram contra o projeto, enquanto 55% apoiavam as ocupações.[12]

No mesmo dia 4, o governador anunciou a suspensão da reestruturação, e o secretário da Educação, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo.[1] Durante os protestos, Voorwald chegou a dizer que os resultados apresentados pela educação pública de São Paulo eram “vergonhosos”.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e «Ocupações, atos e polêmicas: veja histórico da reorganização escolar». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  2. «Após crise com reorganização, ex-presidente do TJ assume Educação de SP». UOL. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  3. «Alckmin suspende reorganização da rede de ensino estadual de SP». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  4. a b «Reorganização atinge 311 mil alunos e 'disponibiliza' 94 escolas de SP». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  5. «Alunos acampam em escola estadual de Diadema contra a reorganização da rede». UOL. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  6. «Ocupação contra projeto de Alckmin já chega a 213 escolas». Rede Brasil Atual. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  7. ACABOU A PAZ, ISTO AQUI VAI VIRAR CHILE, acesso em 10 de fevereiro de 2018.
  8. Documentário: Acabou A Paz, Isto Aqui Vai Virar O Chile, acesso em 10 de fevereiro de 2018.
  9. Escolas em Luta, BRA, 2017, acesso em 29 de novembro de 2017
  10. ESPERO TUA (RE)VOLTA, acesso em 22 de janeiro de 2018.
  11. «Popularidade de Alckmin atinge pior marca, aponta Datafolha». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 
  12. «Popularidade de Alckmin cai e vai a 28%, aponta Datafolha». G1. Consultado em 8 de fevereiro de 2016 [ligação inativa]
  13. «Secretário de Alckmin diz ter vergonha da educação de SP». Valor Econômico. Consultado em 8 de fevereiro de 2016