O Outono da Idade Média

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Herfsttij der Middeleeuwen
O Outono da Idade Média (BR)
O Outono da Idade Média
Capa da primeira edição em Holandês (1919)
Autor(es) Johan Huizinga
Idioma Holandês
Assunto Idade Média
Gênero Historiografia
Editora H. D. Tjeenk Willink & Zoon
Lançamento 1919
Edição brasileira
Tradução Francis Petra Janssen
Revisão Tereza Aline Pereira de Queiroz
Editora Cosac Naify
Lançamento 2010

O Outono da Idade Média: Estudo sobre as formas de vida e de pensamento dos séculos XIV e XV na França e nos Países Baixos (em holandês: Herfsttij der Middeleeuwen: Studie over levens en gedachtenvormen der veertiende en vijftiende eeuw in Frankrijk en de Nederlanden) é um livro escrito pelo historiador holandês Johan Huizinga, publicado em 1919.

Edições[editar | editar código-fonte]

O livro foi editado e revisto pelo autor diversas vezes, atingindo sua versão final na quinta edição, publicada em 1940. A primeira tradução para o português, publicada em 1996, foi feita a partir da edição abreviada em língua inglesa (The Waning of the Middle Ages), e levou o título de "O Declínio da Idade Média".[1] A edição de 2010, elaborada pela Cosac Naify, foi a primeira a traduzir diretamente do holandês para o português brasileiro, incluindo todo o texto e as ilustrações da versão final holandesa. Enquanto o autor ainda era vivo, a obra recebeu traduções para o alemão, o inglês, o francês e o sueco. Ao final do século XX, o livro já estava traduzido para o russo, o lituano, o português, o espanhol, o italiano e o japonês.[2]

Proposta do livro[editar | editar código-fonte]

O autor faz o uso preponderante de fontes literárias, especialmente as crônicas, e de obras de arte para representar a vida e a mentalidade das sociedades francesa e neerlandesa entre os séculos XIV e XV. Este fato lhe rendeu severas críticas, de forma que inicialmente o livro obteve maior circulação nos estudos literários do que na historiografia.[3] Hoje em dia, O Outono da Idade Média é considerado um marco na história cultural moderna e nos estudos medievais.[4]

Desconfiando da veracidade das crônicas da época, o medievalista de hoje prefere se basear ao máximo em fontes oficiais e, com isso, corre às vezes o risco de cometer um erro grave. Os documentos têm pouco a dizer sobre o colorido que tanto distingue aqueles tempos dos nossos.
— Huizinga[5]

Contrário à visão corrente na historiografia de seu tempo, que tradicionalmente olhava para a história cultural do século XV como o início do Renascimento e do período moderno, Huizinga apresentou esta época como o auge da cultura medieval, sua manifestação mais rica e complexa, que, todavia, estava em vias de desaparecer. É assim que pode ser entendido o caráter "outonal" sugerido no título. Nas palavras de Huizinga:

Com quanto zelo procurou-se na civilização da Idade Média pelos embriões da cultura moderna; com tanto empenho, que às vezes era como se a história cultural da Idade Média não passasse de um advento da Renascença. Apesar disso, em todo lugar naquela época, uma vez considerada morta e enterrada, já se via o novo germinar, e tudo parecia apontar para uma futura perfeição. [...] Isso prova que se deve considerar os séculos XIV e XV não como o anúncio da Renascença, mas como o final da Idade Média, o último sopro da civilização medieval, como uma árvore com frutos muito maduros, completamente desenvolvida.
— Huizinga[6]

Traduções[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Damas 2013, p. 231.
  2. Krul 1997, p. 353.
  3. Damas 2013, p. 198.
  4. Burke 2005, p. 19.
  5. Huizinga 2010, p. 19.
  6. Huizinga 2010, p. 6.

Bibliografia citada[editar | editar código-fonte]

  • Burke, Peter (2005). O que é história cultural?. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. ISBN 9788537808696 .
  • Huizinga, Johan (2010). O Outono da Idade Média. São Paulo: Cosac & Naify. ISBN 978-85-7503-756-0 .
  • Krul, Wessel (1997). «In the Mirror of van Eyck: Johan Huizinga's Autumn of the Middle Ages». Journal of Medieval and Early Modern Studies (em inglês). 3 (27): 296-384 .
  • Damas, Naiara (2013). As formas da História: Johan Huizinga e a História da Cultura como Morfologia (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro .

Bibliografia complementar[editar | editar código-fonte]

  • Der Lem, A. (2011). «Como surgiu O Outono da Idade Média». O Outono da Idade Média. São Paulo: Companhia das Letras. ISBN 978-85-7503-756-0 .
  • Kennedy, J. C. (1999). «The Autumns of Johan Huizinga». Studies in Medievalism (em inglês). 9 (27): 209-217 .
  • Peters, Edward; Simons, Walter (1999). «The New Huizinga and the Old Middle Ages». Review Speculum (em inglês). 74 (3): 587-620 .

Ligações externas[editar | editar código-fonte]