Os quatro Brasis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mapa das regiões propostas por Milton Santos
Mapa das regiões propostas por Milton Santos

"Os quatro Brasis" é uma proposta teórica e geográfica de regionalização do Brasil feita pelos geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira em 2001. Nessa regionalização o principal critério foi o meio "técnico-científico-informacional", o que leva em consideração a diferença da difusão da infraestrutura que dá suporte as redes de informações, mercadorias, capitais e pessoas entre os estados.[1] Usando esses critérios os geógrafos dividiram os estados em 4 regiões: Região Amazônica, Região Concentrada, Região Nordeste e Região Centro-Oeste.[1][2][3]

As Regiões[editar | editar código-fonte]

Região Amazônica[editar | editar código-fonte]

Contendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Amapá, a Região Amazônica é a maior de todas, tendo 3.576.056,034 km². A região têm pouca densidade demográfica, também tendo poucos centros urbanos, o que faz os estados da área terem que depender de atividades tradicionais para sustentar sua economia.[3][1]

As principais atividades econômicas da área são o extrativismo mineral e vegetal, agropecuária e aquicultura, com a mineração de ferro tendo destaque, principalmente no estado do Pará,[4] onde essa indústria faturou R$31 bilhões no primeiro trimestre de 2021.[5] A região Amazônica também tem alto potencial hidrelétrico - dado que o rio Amazonas é o maior do mundo -, mas mesmo assim, por causa de que só recentemente está sendo iniciada a exploração dos recursos dessa área, a região produz menos de 25% da energia hidrelétrica do Brasil.[6]

Região Concentrada[editar | editar código-fonte]

Sendo a menor região - tendo 1.501.394,988 km² -, a região concentrada é o centro tecnológico do país, sendo onde o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é o maior e mais contínuo no Brasil. A região consiste dos estados do Sul e Sudeste, com as capitais dos estados que a compõem sendo centros importantes do país, com a cidade de São Paulo se destacando como polo nacional.[3][1]

Segundo Milton Santos, a região Concentrada seria “composta de denso sistema de fluxos, em razão dos elevados índices de urbanização, por atividade comercial intensa e alto padrão de tomada de decisões do território brasileiro, abrigando atividades modernas e globalizadas, como alguns setores financeiros e de serviços”. A área é a mais densa demograficamente e a mais industrializada do país, mas mesmo assim ainda participa em outro setores da indústria, como a metalurgia, extração de petróleo, turismo e o plantio de produtos como o café, cana-de-açúcar e laranja.[7][8][4]

Região Nordeste[editar | editar código-fonte]

Seguindo as delimitações oficiais dadas pelo IBGE, a região Nordeste apresenta, de modo geral, índices sociais baixos, embora esses estão apresentando melhoras nas últimas décadas, e alta desigualdade entre as sub-regiões, que são a Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.[3][1] O turismo é muito prevalente no Nordeste, principalmente em cidades litorâneas e praias, gerando fonte de renda e emprego na área.

A Zona da Mata é a área mais desenvolvida da região, tendo indústrias diversas e espaços urbanos que se assemelham a aqueles no Sudeste, enquanto isso, o resto da região é menos desenvolvido e mais dependente de atividades do setor primário.[8] A agropecuária é principalmente predominante no Sertão e no Agreste, onde os principais produtos plantados são a cana-de-açúcar, cacau, milho, algodão, feijão, mandioca e a soja, com a pecuária sendo prevalente em grande parte no Maranhão, Piauí e Bahia. Mesmo o Nordeste contendo vários aspectos técnico-científico-informacionais - como o maior parque tecnológico do Brasil -, esses estão na sua maior parte concentrados nas grandes cidades do litoral, com outras áreas geralmente sendo subdesenvolvidas e pobres.[4]

Região Centro-Oeste[editar | editar código-fonte]

Abrangendo os estados de Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal, a região cresceu principalmente pela alta migração de fazendeiros da região Concentrada para a busca de novas terras e o programa da marcha para o Oeste.[3][1] Apesar da economia do Centro-Oeste ser voltada ao setor primário, a região têm alta tecnologia e desenvolvimento paralelo à Concentrada, tendo um índice técnico-científico-informacional alto.[4]

A economia do Centro-Oeste é voltada à agropecuária, com a região produzindo vários tipos de grãos e outros produtos como milho, cana-de-açúcar, girassol, feijão e principalmente a soja, com o Mato Grosso sendo o maior estado produtor de soja no Brasil. A pecuária é focada na avicultura e suinocultura, com bovinos estando presente em números menores. O extrativismo consiste da extração da madeira e de metais como ouro, ferro e níquel. Mesmo o setor secundário estando presente, ele é, na maior parte, baseado no setor primário, cobrindo áreas como a produção de celulose, laticínios, alimentícia e ração, mas mesmo assim, ainda existem outras áreas desse setor, como a automobilística e farmacêutica.[4]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. A área das regiões foi obtida por somando ou subtraindo dados de regiões e estados oficiais, para a Amazônica foi subtraída a área do Tocantins da da região Norte, para a região Centro-Oeste foi somada a do Centro-Oeste dado pelo IBGE e a do Tocantins, e para a Concentrada foi somada a área das regiões Sul e Sudeste.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f Borges Costa, Wesley; Neris Moreira, Michelle; Goreth e Silva Nery, Maria (2012). REPENSANDO A REGIONALIZAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA TEORIA DO MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL. Goiânia: [s.n.] 
  2. «Brasil: Divisão Regional de Milton Santos - Disciplina - Geografia». www.geografia.seed.pr.gov.br. Consultado em 19 de novembro de 2022 
  3. a b c d e Santos, Mílton (2001). O Brasil : território e sociedade no início do século XXI. Maria Laura Silveira. Rio de Janeiro: Editora Record. OCLC 47135498 
  4. a b c d e Baer, Werner (2003). A economia brasileira 2. ed. rev. atual. ampl ed. São Paulo: Nobel. OCLC 1193394950 
  5. Rodrigues, Léo (22 de abril de 2021). «Produção do setor mineral cresce 15% no primeiro trimestre». Agência Brasil. Consultado em 19 de novembro de 2022 
  6. «Economia da Região Norte e seus principais aspectos». MDS Brasil. Consultado em 19 de novembro de 2022 
  7. «Região Concentrada- Milton Santos». GeoAplicação. 2 de abril de 2020. Consultado em 20 de novembro de 2022 
  8. a b Alabi Lucci, Elian; Lazaro Branco, Anselmo; Mendonça, Cláudio (2010). Território E Sociedade No Mundo Globalizado. Geografia Geral E Do Brasil. [S.l.]: Saraiva. ISBN 978-8502102217