Paleodieta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A paleodieta ou dieta paleolítica[1] é uma dieta contemporânea que consiste numa alimentação à base de plantas selvagens, carne, peixe e ovos, habitualmente consumidos pelo Homo sapiens durante o Paleolítico, período durante o qual começou a ser desenvolvida a agricultura.[2] Tornou-se popular em meados da década de 1970 através do gastroenterologista Walter L. Voegtlin[3] e prontamente foi estudada por numerosos autores e pesquisadores e exposta em diversos livros[4][5][6] e jornais e revistas académicos[7]

Construída sobre os princípios da medicina darwiniana,[8] este conceito nutricional é baseado na premissa de que os humanos estão geneticamente adaptados para a dieta dos seus ancestrais paleolíticos e que a genética humana pouco mudou desde o tempo do florescimento da agricultura. Portanto, segundo a teoria, a dieta ideal para a saúde e bem-estar humanos deve parecer-se com a dos seus ancestrais paleolíticos.[9][10]

Proponentes da paleodieta diferem um pouco nas suas prescrições dietéticas, mas todos eles concordam que as pessoas, hoje em dia, deviam comer principalmente carne, peixe, vegetais, frutos, e evitar ou limitar cereais, legumes e leguminosas, laticínios, sal e açúcar refinado.

Assim como qualquer plano alimentar, existem restrições e críticas deste modelo. Abaixo alguns pontos que sempre são levantados pelos críticos e estudiosos do assunto:

  • “A evolução humana não parou no Paleolítico, então não há nenhuma razão para que devamos seguir uma dieta Paleo.”

A resposta dos defensores para este argumento é que mesmo que tenhamos evoluído e nosso organismo tenha se adaptado à vida moderna, isso representa muito pouco perto dos milhões de anos que o ser humano tem de histórico alimentar. As alergias ao glúten e lactose de parte da população mostra que essas adaptações ainda apresentam limitações.

  • "A dieta do paleolítico é perigosa porque permite a carne vermelha, que entope nossas artérias e encurta nossa expectativa de vida."

Os argumentos contrários a esta afirmação pregam que existe um viés ao associar o consumo de carne vermelha à doenças cardiovasculares, uma vez que existem pessoas que consomem carne vermelha em excesso, porém, também consomem açucares e gorduras em excesso e não praticam nenhuma atividade física. Logo, a relação está mais próxima ao fato da pessoa ter uma vida desequilibrada e não ao consumo de carne vermelha.[11]

  • “Não há nenhuma evidência para apoiar a dieta do Paleolítico.”

Comprovações arqueológicas mostram que a partir do momento em que o homem passou de caçador-coletor para uma dieta baseada na agricultura sua saúde apresentou um declínio.[12]

Comprovações Antropológicas apontam que caçadores-coletores eram mais saudáveis no que se refere a condicionamento físico e isso está relacionado não só ao habito do exercício físico mas também da dieta que era seguida.[13]

Comprovações bioquímicas relatam que a dieta paleolítica é rica nos 40 nutrientes que o corpo necessita e qualquer dieta que provenha uma quantidade inferior tende a encurtar a saúde e a vida do ser humano.[14]

Comprovações clínicas mostram que a dieta paleolítica colaborou para algumas mudanças positivas em alguns pacientes como o peso, circunferência da cintura, na proteína C-reativa (um marcador de inflamação), no açúcar no sangue, pressão arterial, sensibilidade à insulina e marcadores de lipídios como o colesterol LDL, triglicérides e HDL.[15]

É importante ressaltar que a inserção deste novo modelo alimentar para qualquer pessoa deve ser acompanhado por profissionais especializados, pois eles tem o conhecimento necessário para se fazer as devidas adaptações, caso sejam necessárias.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. CHALLEM, Jack, Medical Journal Watch: Context and Applications, in Alternative & Complementary Therapies, nº 13, pág. 330-334, 1 de dezembro de 2007
  2. LINDBERG, Staffan, Palaeolithic diet ("stone age" diet), in Scandinavian Journal of Food & Nutrition, nº 49, pág. 75-77, Junho de 2005
  3. VOEGTLIN, Walter L, The stone age diet: Based on in-depth studies of human ecology and the diet of man, Vantage Press, 1975, 0533013143
  4. EATON, S. Boyd, SHOSTAK, Marjorie, KONNER, Melvin, The Paleolithic Prescription: A Program of Diet & Exercise and a Design for Living, Harper & Row, Nova Iorque, 1988, 0060158719
  5. AUDETTE, Raymond V., GILCHRIST, Troy, EADES, Michael R., Neanderthin : Eat Like a Caveman to Achieve a Lean, Strong, Healthy Body, St. Martin's Paperbacks, Nova Iorque, 2000, 0312975910
  6. CORDAIN, Loren, The Paleo Diet: Lose Weight and Get Healthy by Eating the Food You Were Designed to Eat, Wiley, Nova Iorque, 2002, 0471267554
  7. Eaton SB, Konner M, Paleolithic nutrition. A consideration of its nature and current implications, in N. Engl. J. Med., nº 312, pág. 283-289, 1985
  8. «Eaton SB, Strassman BI, Nesse RM, Neel JV, Ewald PW, Williams GC, Weder AB, Eaton SB 3rd, Lindeberg S, Konner MJ, Mysterud I, Cordain L., Evolutionary health promotion, in Prev Med, nº 34, pág. 109-118, Fevereiro de 2002» (PDF). Consultado em 23 de março de 2008. Arquivado do original (PDF) em 17 de dezembro de 2008 
  9. Lindeberg S, Cordain L, Eaton SB, Biological and clinical potential of a Paleolithic diet, in J Nutri Environ Med, nº 13, pág. 149-160, 2003
  10. Cordain L, Eaton SB, Sebastian A, Mann N, Lindeberg S, Watkins BA, O'Keefe JH, Brand-Miller J, Origins and evolution of the Western diet: health implications for the 21st century, in Am. J. Clin. Nutr., nº 81, pág. 341-354
  11. Department of Epidemiology (RM, SKW, DM), Harvard School of Public Health; Division of Cardiovascular Medicine and Channing Laboratory (DM), Department of Medicine, Brigham and Women’s Hospital and Harvard Medical School, Boston, MACorresponding author: Renata Micha, R.D., Ph.D., 677 Huntington Ave Bldg 3-913, Boston, MA 02115, Phone: 617-432-7518, Fax: 617-566-7805, Email: ude.dravrah.hpsh@ahcimr (17 de maio de 2010). «Red and processed meat consumption and risk of incident coronary heart disease, stroke, and diabetes: A systematic review and meta-analysis». American Heart Association. Consultado em 1 de maio de 2015 
  12. Jared Diamond (1 de maio de 1999). «The Worst Mistake in the History of the Human Race». Discover Magazine. Consultado em 1 de maio de 2015 
  13. Pedro Carrera-Bastos, Maelan Fontes-Villalba, James H O’Keefe,; et al. (9 de março de 2001). «The western diet and lifestyle and diseases of civilization». Dovepress. Consultado em 1 de maio de 2015 
  14. Maillot M1, Darmon N, Darmon M, Lafay L, Drewnowski A. (7 de julho de 2007). «Nutrient-dense food groups have high energy costs: an econometric approach to nutrient profiling.». INSERM, U476 Nutrition Humaine et Lipides, Marseille, F-13385 France. Consultado em 1 de maio de 2015 
  15. Chris Kresser, M.S., L.AC. (16 de janeiro de 2014). «In Defense of the Paleo Diet». The Daily Beast. Consultado em 1 de maio de 2015