Palmira Sérgio Lopes

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Palmira Sérgio Lopes (Areia, Paraíba, 19 de dezembro de 1938), conhecida como "Dona Palmira", é uma líder comunitária, educadora popular, agricultora e fitoterapeuta brasileira, desenvolvendo trabalho nas áreas de práticas populares, educação popular em saúde e associativismo comunitário.

História[editar | editar código-fonte]

Nascida no interior da Paraíba, foi criada pela avó, adquirindo conhecimentos ancestrais na utilização de plantas medicinais. Hoje, vive no Assentamento Novo Salvador, no município de Jacaraú, onde continua a realizar trabalhos comunitários e manipulação de fitoterápicos no Movimento Popular de Saúde da Paraíba (MOPS-PB). O movimento foi reformulado em 2013, passando a ter como apoiadora a Universidade Federal da Paraíba.[1][2]

Participou ativamente da Reforma sanitária no Brasil, que culminou com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), através de sua militância no MOPS-PB, junto de Eymard Mourão Vasconcelos, que coordena desde a década de 1980. Participou de movimentos pelo direito à terra, de mulheres, católicos e entidades políticas.[3] Tem participado ativamente das Conferências Nacionais de Saúde combatendo o uso de agrotóxicos na lavoura.[4]

Em 2010 foi homenageada no I Encontro Nordestino de Educação Popular em Saúde, promovido pelo Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde, e que foi um dos encontros preparatórios para a elaboração da Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Segundo o professor Pedro Cruz, além de ser objeto da distinção Palmira participou "também como protagonista, trazendo seu saber, suas experiências, suas reflexões e suas propostas, agregando consideravelmente no processo de construção da Política".[5] Em 2019 foi homenageada no Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, um dos principais encontros acadêmicos e científicos da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.[6]

Em 2019, Palmira publicou o livro Práticas populares de cuidado, ação comunitária e promoção da saúde: experiências e reflexões. No prefácio, o professor da Universidade Federal da Paraíba Eymard Vasconcelos a chamou de "referência nacional no trabalho de organização popular" e "uma grande animadora do movimento de saúde" da região de João Pessoa. "Ela também sempre foi grande parceira dos estudantes envolvidos nos projetos de extensão popular da UFPB, ajudando a ensiná-los sobre os caminhos do protagonismo popular em saúde. Seu gosto e seu saber sobre plantas medicinais foram ainda muito importantes na organização de iniciativas de valorização da fitoterapia na UFPB. [...] Em muitos eventos nacionais importantes, tem sido chamada para falar em nome do MOPS, pelo reconhecimento de sua integridade e compromisso histórico com as causas populares. E tem se posicionado, nesses espaços de grande visibilidade na mídia, de forma, ao mesmo tempo, simples e brilhante. [...] Representa um símbolo de grande significado pedagógico, tanto para os trabalhadores das políticas públicas como para as classes populares".[7] Segundo apreciação da Rede de Educação Popular e Saúde, a obra é um documento importante para "a compreensão da importância das práticas populares como medida complementar do cuidado em saúde", e contribui para "valorizar e reconhecer o trabalho desempenhado por essa Educadora Popular para que seja referenciada por suas ações e sabedorias e que seu trabalho sirva de inspiração para aqueles que buscam conhecimento na área".[8]

Segundo Iris Abílio, Palmira Lopes "é uma referência dentre os protagonistas das práticas populares de saúde, de Educação Popular e dos movimentos sociais no estado da Paraíba". Teve uma "participação importante na construção da Política Nacional de Educação Popular em Saúde, não se furtando a contribuir nas Políticas Nacionais de Práticas Integrativas e Complementares no SUS". Em suas atividades "demonstrou também um forte compromisso com os grupos oprimidos da sociedade, articulando-se também com a classe feminina nas lutas populares na qual se envolveu, revelando o lado político e o empoderamento das mulheres. Indo na contramão das opressões sofridas perante o conservadorismo muito presente naquela época, na qual as mulheres eram excluídas da parte econômica e política".[3]

Referências

  1. Tavares, V. «'Se o povo todo se unir, se todo mundo gritar forte, acho que seremos ouvidos'». Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  2. Araújo, R. S.; Botelho, B. O.; Cruz, P. J. S. C. (org.) (2019). «Ações em apoio a movimentos sociais populares: uma experiência de diálogo entre universidade e sociedade a partir da extensão». In: Lisboa, G. J.; et al. Extensão popular: caminhos em construção: caminhos para a construção de trabalhos sociais emancipatórios e humanizadores. 2. João Pessoa: CCTA. p. 29-52. 229 páginas. ISBN 978-85-9559-159-2 
  3. a b Abílio, I. S. (2017). Práticas integrativas e populares de cuidado, seus processo educativos e comunitários: sistematização da experiência de Palmira Sérgio Lopes (PDF). João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. 152 páginas 
  4. Quaresma, Flaviano. "Ato público em defesa do SUS e da democracia revelou historias, pessoas e rostos". Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, 12/10/2016
  5. Cruz, Pedro José Santos Carneiro. "A centralidade dos protagonistas do campo popular no agir em saúde: aprendizados na convivência com Pálmira Lopes". In: Lopes, Palmira Sérgio. Práticas populares de cuidado, ação comunitária e promoção da saúde: experiências e reflexões. Editora CCTA, 2019, pp. 125-137
  6. "Congresso na UFPB debate SUS e homenageia a educadora Palmira Lopes". Notícias UFPB, 12/08/2019
  7. Vasconcelos, Eymard Mourão. "Prefácio". In: Lopes, Palmira Sérgio. Práticas populares de cuidado, ação comunitária e promoção da saúde: experiências e reflexões. Editora CCTA, 2019, pp. 15-23
  8. "Livro sobre as práticas populares de saúde a partir da vida de Dona Palmira". Rede de Educação Popular e Saúde, 16/02/2020

Ligações externas[editar | editar código-fonte]