Política da Bahia

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Política da Bahia
Lei máxima estadual Constituição de 1989
Eleitores 10 185 417 (2014)[1]
Últimas eleições estaduais 2022
Poder executivo
Governador Jerônimo Rodrigues

(PT)

Vice-Governador Geraldo Júnior (MDB)
Residência oficial Palácio de Ondina
Página eletrônica governamental www.ba.gov.br
Poder legislativo
Parlamento Assembleia Legislativa da Bahia
63 deputados estaduais
19.ª legislatura
Corte de contas Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia
Representação federal parlamentar
Senado Federal do Brasil 3 senadores:
Otto Alencar (PSD)
Angelo Coronel (PSD)
Jaques Wagner (PT)
Câmara dos Deputados do Brasil 39 deputados federais

A política da Bahia se processa no âmbito do federalismo brasileiro, no qual o Estado da Bahia é uma das 27 unidades federativas brasileiras. Assim sendo, tem certa autonomia dentro da estrutura governamental brasileira e situa-se intermediariamente, entre a esfera federal e a municipal. Tal autonomia implica a existência de poderes Executivo, Judiciário e Legislativo próprios, porém, que seguem as características nacionais do republicanismo, democracia representativa, federalismo.[2]

A Bahia é regida pela Constituição do Estado da Bahia de 1989, que foi promulgada em 5 de outubro de 1989. E esta define os municípios como unidades político-administrativas autônomas (hoje totalizam 417 baianos) e o município de Salvador, a Capital do Estado; são mencionadas também regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões para fins administrativos.[2]

História[editar | editar código-fonte]

A história da política no estado brasileiro da Bahia confunde-se, muitas vezes, com a política do país — e boa parte dela equivale à mesma, uma vez que Salvador por muitos anos foi a capital da Colônia. Contando sempre com expoentes no cenário político nacional, a Bahia é um dos mais representativos estados da Federação.

Primórdios[editar | editar código-fonte]

Já desde o descobrimento, com a Carta de Pero Vaz de Caminha, que as terras baianas conheceram a política em suas nuances mais intrincadas: ali o missivista pleiteia a El Rei por parentes, bem como delineia para a possibilidade de conquista do novo território.

Com a instituição das Capitanias, a formação de grandes engenhos produtores da cana-de-açúcar proporcionou uma estrutura social patriarcal. Em Salvador, entretanto, as disputas por cargos, por posições na sociedade, agitavam a vida colonial. Figuras como Gregório de Matos deixam registradas linhas em que se lê queixas do fraco poder da Câmara ante o governo:

A Câmara não acode:… Não pode.
Pois não tem todo o poder?… Não quer.
É que o Governo a convence?… Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence!

Sentimentos republicanos e emancipacionistas[editar | editar código-fonte]

Repercutem na Bahia com intensidade as ideias decorrentes da Independência americana e da Revolução Francesa. A Conjuração Baiana, ao contrário da mineira, conta ampla participação popular e de elementos da classe menos favorecida: os negros.

Este sentimento permeou a vida na capital e por todo o Recôncavo. As vilas reagem ao domínio português, e as lutas na Bahia têm início mesmo antes da Proclamação de Independência, fazendo-se em acirradas lutas na Guerra de Independência.

No plano político destacam-se figuras como o Visconde de Cairu e o Marquês de Abrantes. Sob muito sangue, a Bahia conquista sua emancipação e aclama seu Imperador a D. Pedro I.

Segundo Reinado[editar | editar código-fonte]

Com uma economia quase exclusivamente baseada no escravagismo, no estado entretanto floresceram os maiores defensores da Abolição: Castro Alves, Luís Gama, Rui Barbosa, dentre tantos outros, propugnavam pelo fim desta aberração - e ainda conspiravam pela Proclamação da República.

República Velha[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Partido Republicano Baiano

Sobressai no cenário nacional a figura de Ruy Barbosa, candidato à Presidência, derrotado. Ruy, entretanto, foi figura de proa nos primórdios do novo regime brasileiro.

No Estado, diversos partidos políticos se sucedem na disputa pelo poder, e o coronelismo encontra verdadeiro campo fértil para seu florescimento, do qual a maior figura de todas foi Horácio de Matos — verdadeiro senhor do sertão.

Episódios traumáticos permeiam a vida política do Estado: a Guerra de Canudos, levada a efeito no governo de Luiz Vianna, encerra o século XIX sob a mancha de um "requinte da perversidade humana", no dizer do deputado baiano Cezar Zama.

Em 1912 o quadro de indefinição na disputa do governo pelas oligarquias proporcionou um inusitado episódio, com o bombardeio de Salvador.

Até o final do velho regime oligárquico, a Bahia assiste o domínio dos coronéis, capitaneados por José Joaquim Seabra, Ruy, e outros.

A intervenção do Estado Novo[editar | editar código-fonte]

O fim da falha democracia, com o Golpe desferido por Getúlio Vargas, traz para a Bahia, assim como aos demais estados, a figura do Interventor. Entretanto, no estado foi nomeado o cearense Juracy Magalhães que, jovem militar, viria a fazer carreira política no Estado e influir até mesmo quando, cerca de três décadas mais tarde, o Brasil mergulhou na Ditadura militar.

Redemocratização[editar | editar código-fonte]

Ao fim da II Guerra Mundial, Octávio Mangabeira - talvez o maior político do estado, com visões socialistas, é eleito governador, numa espécie de ensaio da constante disputa entre o conservadorismo e setores ditos progressistas. Juracy Magalhães retorna ao poder e, sendo sucedido por Lomanto Júnior, sob o governo deste ocorre o golpe militar. É o ambiente propício para o surgimento de uma nova forma de hegemonia, de coronelismo e do remoto patriarcado…

Sob as sombras da ditadura[editar | editar código-fonte]

Um ambicioso deputado federal é nomeado pelo regime, no final da década de 1960, Prefeito de Salvador. Realiza, graças ao bom trânsito junto aos ditadores, uma administração que acompanha o chamado Milagre Econômico. Credencia-se para, em 1971, ser nomeado governador e, desde então, com um breve interregno na década de 1980, constituir o mais duradouro domínio da política baiana: Antônio Carlos Magalhães.

Apelidado de "ACM", sua política personalista fez construir no Estado um legado que tentou transmitir ao filho, Luís Eduardo Magalhães - que teria sido um dos prováveis Presidentes, dado como se dera sua projeção nacional, até o falecimento, quando ocupava a Presidência da Câmara dos Deputados. ACM tenta projetar sua imagem em substituição, mas fracassa quando Presidente do Senado, por uma sucessão de escândalos que o forçam à renúncia.

O Carlismo é a forma pela qual o poder quase hegemônico da política direitista domina o Estado da Bahia, e sobrevive no Século XXI como uma das forças hegemônicas.

Estrutura governamental[editar | editar código-fonte]

Poder executivo[editar | editar código-fonte]

Governadoria do estado da Bahia, de onde o governador despacha

O poder Executivo é exercido pelo governador Jerônimo Rodrigues e pelo vice-governador Geraldo Júnior, com o auxílio dos secretários de estado. O Palácio de Ondina, situado no bairro de Ondina, é a sede do governo.

Poder judiciário[editar | editar código-fonte]

Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça da Bahia.

Seus principais organismos estão instalados no prédio do Tribunal de Justiça, no Centro Administrativo da Bahia.

Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de direito.

O principal órgão responsável pela ordem dos advogados no estado, assim como em toda a nação é a Ordem dos Advogados do Brasil — Seção Bahia (OAB-BA).

Poder legislativo[editar | editar código-fonte]

O poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa, constituída pelos representantes do povo (deputados estaduais) eleitos em votação direta para o mandato de quatro anos, e pelos tribunais de contas. A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) possui sessenta e três Deputados Estaduais. Cabe à ALBA, com a sanção (aprovação) do governador do estado, dispor sobre todas as matérias de competência do estado e especificamente sobre:

Prédio Luís Eduardo Magalhães da Assembleia Legislativa.
  • Tributos, arrecadação e distribuição de rendas
  • Planos e programas estaduais, regionais e setoriais de desenvolvimento
  • Criação, transformação, extinção de cargos, empregos e funções públicas na administração direta, autárquica e fundacional e fixação da remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias
  • Organização judiciária do Ministério Público, da Procuradoria-Geral do Estado, da Defensoria Pública, do Tribunal de Contas, da Polícia Militar, da Polícia Civil e demais órgãos da administração pública
  • Normas suplementares de direito urbanístico, bem como de planejamento e execução de políticas urbanas

O Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), através de seus Conselheiros, auxilia a Assembleia Legislativa na apreciação das contas prestadas anualmente pelo governador do estado, no julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis (fundações, empresas etc.) por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público estadual, e as contas que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. Além desse, há também o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA).

Partidos políticos e eleições[editar | editar código-fonte]

Diretório estaduais dos partidos políticos[editar | editar código-fonte]

Nome do partido Sigla Número eleitoral Presidente estadual
Republicanos - 10 Márcio Carlos Marinho[3]
Partido Progressista PP 11 Mário Negromonte Júnior[4]
Partido Democrático Trabalhista PDT 12 Félix Júnior[5]
Partido dos Trabalhadores PT 13 Éden Valadares[6]
Partido Trabalhista Brasileiro PTB 14 Jonival Lucas da Silva Júnior[7]
Movimento Democrático Brasileiro MDB 15 Alex Freitas [8]
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PSTU 16 Não disponível
Partido Social Liberal PSL 17 Antonio Olívio Vasconcelos[9]
Podemos PODE 19 Luis Maurício Bacellar Batista[10]
Partido Social Cristão PSC 20 Eliel Lima Santana[11]
Partido Comunista Brasileiro PCB 21 Não disponível
Partido Liberal PL 22 César Borges[12]
Cidadania - 23 Ederval Araújo Xavier[13]
Democratas DEM 25 José Carlos Aleluia[14]
Democracia Cristã DC 27 Antonio Albino Leal da Silva[15]
Partido Renovador Trabalhista Brasileiro PRTB 28 Rogério Tadeu da Luz[16]
Partido da Causa Operária PCO 29 Não disponível
Partido Humanista da Solidariedade PHS 31 Miguel Rehem[17]
Partido da Mobilização Nacional PMN 33 Antonio Carlos Bosco Massarollo[18]
Partido Trabalhista Cristão PTC 36 Rivailton Pinto Veloso da Silva[19]
Partido Socialista Brasileiro PSB 40 Lídice da Mata e Souza[20]
Partido Verde PV 43 Alan Lacerda Leite[21]
Partido Republicano Progressista PRP 44 Ailton Lordelo Guimarães[22]
Partido da Social Democracia Brasileira PSDB 45 Sérgio Passos[23]
Partido Socialismo e Liberdade PSOL 50 Marcos Mendes[24]
Patriota PATRI 51 Uezer Licer Mota Marquez[25]
Partido Pátria Livre PPL 54 Não disponível
Partido Social Democrático PSD 55 Otto Alencar[26]
Partido Comunista do Brasil PCdoB 65 Daniel Gomes de Almeida[27]
Avante AVANTE 70 Dilma Gramacho[28]
Unidade Popular UP 80 Eslaine Silva da Paixão[29]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Aumenta o número de eleitores baianos, mas número de abstenção preocupa». BATV - Catálogo de Vídeos. G1. 28 de julho de 2014. Consultado em 31 de julho de 2014 
  2. a b Constituição de 1989 do Estado da Bahia no Wikisource em português.
  3. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 2 de outubro de 2015 
  4. «Presidente do Progressistas». Consultado em 15 de novembro de 2023 
  5. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  6. «Presidente do PT Bahia». Consultado em 15 de novembro de 2023 
  7. [1]
  8. «Presidente do MDB». Consultado em 15 de novembro de 2023 
  9. [2]
  10. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 18 de julho de 2013 
  11. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 7 de agosto de 2013 
  12. [3]
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 8 de setembro de 2014 
  14. [4]
  15. [5]
  16. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 18 de agosto de 2013 
  17. [6]
  18. [7]
  19. [8]
  20. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 8 de novembro de 2015 
  21. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 6 de junho de 2013 
  22. [9][ligação inativa]
  23. [10]
  24. [11][ligação inativa]
  25. [12]
  26. [13]
  27. [14]
  28. [15]
  29. [16]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikisource
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